CENA DEZESSEIS
O CENARIO É O MESMO DO PRIMEIRO ATO.
NO CANTO DO PALCO ESTÁ PRESO A FANTASIA DE UM PALHAÇO.
AO ABRIR O PANO O MALANDRO PAULISTA, ESTÁ ESTIRADO AO LADO DE UM DOS BANCOS.O MALANDRO CARIOCA ENTRA DE BERMUDÃO, DESCALÇO, SEM CAMISA E DE BONÉ VIRADO COM A ABA PARA TRÁS.
SOBRE O BONÉ ESTÁ PRESO UM ÓCULO S ESCURO.
MALANDRO CARIOCA (ENTRANDO )
E aí bicho, está caido aí.
MALANDRO PAULISTA (NADA RESPONDE SOMENTE ERGUE A CABEÇA)
MALANDRO CARIOCA
Eu sempre achei que você vacila, em qualquer esquina você caí e fica como se fosse uma vaca louca
MALANDRO PAULISTA ERGUENDO A CABEÇA E APOIANDO OS BRAÇOS NO SOLO )
Eu tava quase sonhando bicho.
MALANDRO CARIOCA
Otário, depois você se zanga quando eu lhe chamo de prego.
MALANDRO PAULISTA
Que prego mano, eu tô esperto
MALANDRO CARIOCA
Esperto mané e, desmaiando neste local.
MALANDRO PAULISTA
Você zomba de tudo.
MALANDRO CARIOCA
Não mano velho, eu quero "mermo" é que você fique ligeiro, para não cair em cilada. Você é o meu "broder", entendeu "papalégua" ?
MALANDRO PAULISTA
Aonde vai ser a boca de rango, hoje ?
MALANDRO CARIOCA
Já acordou com fome, fuleiro
MALANDRO PAULISTA
Só. Fiquei a noite no clarão.
MALANDRO CARIOCA
A fumaça ontem , deve ter sido muito doida.
MALANDRO PAULISTA
Que fumaça, que nada "rapá".
MALANDRO CARIOCA
Então, por que tá tiriricado , a essa hora.
MALANDRO PAULISTA ( ESPREGUIÇANDO – SE )
Trabalhei bastante ontem
MALANDRO CARIOCA
Então agente tem algum, hoje ?
MALANDRO PAULISTA
Nada de papel, o camarada combinou de pegar depois.
MALANDRO CARIOCA
Tá com grupo par "ribad'eu".
MALANDRO PAULISTA
Tem nada de grupo rapá ,eu falo a real.
MALANDRO CARIOCA
Real o que ,eu fico de olho nas tuas coisas e agora tu vem com, um sete um
MALANDRO PAULISTA
Tira esse olho bomba de cima do meu dinheiro, vagabundo.
MALANDRO CARIOCA
Ô rabo de búfalo ,você acha que eu to acreditando nesse teu pio.
MALANDRO PAULISTA
Carioca, prestou atenção no padre Olavo, com aquele sermão dele, ontem.
MALANDRO CARIOCA (COM A MÃO NO QUEIXO)
Ouvi e entender
MALANDRO PAULISTA
Você gostou ?
Gostei
MALANDRO PAULISTA
Nunca eu tinha ouvido ele discursar
MALANDRO CARIOCA
Fala bem.
MALANDRO PAULISTA
Fez do sermão uma revolução
MALANDRO CARIOCA
Esse é o tipo de linguajar, chamado de linguajar vermelho.
MALANDRO PAULISTA
Por que vermelho e, não: amarelo, azul, verde ?
MALANDRO CARIOCA
é chamado de vermelho por que é uma linguagem socialista, uma linguagem que prega liberdade e soberania.
MALANDRO PAULISTA
Então foi um sermão vermelho ?
MALANDRO CARIOCA
Digamos que sim
MALANDRO PAULISTA
Isso é normal ?
MALANDRO CARIOCA
Entre os religiosos sim, cocada.
MALANDRO PAULISTA
olha aqui malandro, vamos versar um rap.
MALANDRO CARIOCA
Você não sabe versar
MALANDRO PAULISTA
Quem falou que eu não sei, cara pálida.
MALANDRO CARIOCA
Você sabe é puxar fole
MALANDRO PAULISTA
Pára jereba
MALANDRO CARIOCA ( BUSCA O VINHO QUE ESTÁ NA PORTA DE ENTRADA DO PALCO )
então deixa eu consertar
MALANDRO PAULISTA ( LEVANTANDO-SE E ARRUMANDO-SE)
Meu amigo Carioca
Vou versar com esperança
Um dia eu fui criança
E no outro uma bonança
MALANDRO CARIOCA (SORRINDO )
O que é isso, não entendi, batata.
MALANDRO PAULISTA ( DANDO UM GOLE NA GARRAFA )
É o rap da bondade
MALANDRO CARIOCA ( DÁ UM GOLE TAMBÉM )
Malandro que é malandro
Não dorme em beira de pista
Desliza por um caminho
como se fosse um artista
Bebe vinho, doce tinto
E ganha tudo sozinho
MALANDRO PAULISTA
O que é isso, doido ?
MALANDRO CARIOCA ( DANDO GARGALHADAS )
É o rap do roubo.
MALANDRO PAULISTA ( DANÇANDO)
Eu falo pra você uma tese nua e crua
O pobre se esconde entre uma curva
Ou uma rua
O riso se opõe ao delírio do aflito
A tese que eu defendo é a mesma que agita
A alma, a pele, e o medo de achar
que o riso de um bobo
Tem o valor de um tiro.
MALANDRO CARIOCA (SORRINDENTE E GRITANDO )
É isso aí doido maluco ,agora é a minha vez velho e, o bicho vai pegar.
MALANDRO PAULISTA ( BERRANDO )
Então muda cahorrão
MALANDRO CARIOCA (DANÇANDO )
Deixa comigo, deixa comigo
Lá na favela todo mundo se comunga
Não tem essa de retaliação
Igreja, polícia, bandido, todo mundo é irmão
Agua e óleo, vira logo, carne e unha
Sabão de côco, ainda lava a tua cara
O teu choro, só espanta a velha praga
então me diga , o por que de tanta tara
pra mim, tu parece um mal amado.
MALANDRO PAULISTA ( CANTANDO )
Aí manceta, vou arriar
MALANDRO CARIOCA (CANTANDO)
Manda bicho, bicho louco.
MALANDRO PAULISTA
A tua casa é a rua sem limite
Não há aqui, um malandro que imite
A tua tese não aguenta um qualquer
Eu vivo doido, procurando se quiser
um abrigo, pra guardar minha mulher
O tempo passa e a chuva vem
A nuvem passa e o sol também
O povo grita e o sino toca
é a hora de dizer amém.
MALANDRO PAULISTA
legal doidão
MALANDRO CARIOCA
Melhor que isso, só faculdade
MALANDRO PAULISTA
Entendi, atrás de cada doido, uma maldade
MALANDRO CARIOCA
Pode ser.
MALANDRO PAULISTA
Qualquer coisa assim que se anima
MALANDRO CARIOCA
Um trabalho assim, de mansinho ?
MALANDRO PAULISTA
Não , eu quero é vinho.
MALANDRO CARIOCA
Vai trabalhara vagabundo, senão alguém quebra o teu focinho.
MALANDRO PAULISTA
Huuuuum! Não, eu quero é vinho.
MALANDRO CARIOCA
Vai cair lá no Glicéreo, vai ver como é bom cair em Albergue.
MALANDRO PAULISTA
Iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiixi, eu quero é vinho.
MALANDRO CARIOCA
Você chega no Glicéreo, tem a Clara Machadão
eu não sei se ela é mulher
Se é doida ou sapatão
Eu só sei que ela fala
Bate em homem e ainda declara
Se correr o bicho pegar Se ficar o bicho come
Se chorar fica com fome
Se gritar perde o jantar
E não carrega celular.
MALANDRO PAULISTA ( BERRANDO E DANDO UM TRAGO)
Essa valeu, maluco doido.
MALANDRO CARIOCA
Vou arriar
MALANDRO PAULISTA
Huuuuuum, eu quero tomar vinho e comer caviar.
MALANDRO CARIOCA
Maluco doido, bicho maluco
Não deixe mosca, pousar no meu suco
MALANDRO PAULISTA
Mande lá.
MALANDRO CARIOCA
Segura a a onda mané, vou arriar
Tenho nota falsa pra te mostrar
Trago uns pano pra você comprar
Tem "tec-tel" e "volta ao mundo"
Tem tergal e giramundo
em qualquer lugar
Sem encontra um vagabundo
MALANDRO PAULISTA
E aí mané, apelou.
MALANDRO CARIOCA
Qualé otário, come a sua língua
MALANDRO PAULISTA
Vou versar uma canção
Pra mexer com o coração
Vou sabotar uma mina
Que leve a minha oração
Vou chama-la serpentina
Escrever a ela um verso
Dentro da televisão.
MALANDRO CARIOCA
O pato virou poeta
O poeta virou pato
Em cada esquina uma nota
Em cada nota uma esquina.
Se o poeta virou pato
Se em cada esquina uma nota
A vida é uma esquina
Num atoleiro de bosta
MALANDRO PAULISTA
Maluco doido, doido maluco
Bicho doidão, cachorro doido
Tem dias que o sol aquece
Tem noite que a lua chora As vezes chamo Teresa
As vezes chamo Raimunda
As vezes é boa de cara As vezes ruim de bunda
MALANDRO CARIOCA
Borra ,borra
MALANDRO PAULISTA ( SAINDO )
Doido maluco
MALANDRO CARIOCA (AO PUBLICO )
Legalizou-se a esculhambação neste país.
CENA DEZESETE
ENTRA A IRMÃ CAROLINA ( AGITADÍSSIMA )
É com o senhor mesmo que eu quero falar.
MALANDRO CARIOCA NÃO A RESPONDE, INGNORANDO-A.
IRMÃ CAROLINA
Não ouviste eu falar consigo ?
MALANDRO CARIOCA ( ESPIRRANDO )
Atchiiiiiiiiiiiiiiiiiim
IRMÃ CAROLINA
Não ouves o que eu te digo ?
MALANDRO CARIOCA (IRÕNICO)
Quem é a moça que me encomoda ?
IRMÃ CAROLINA ( BASTANTE ALTERADA )
Respeito senhor.
MALANDRO CARIOCA
Três peito não pode ,isso não, então a pessoa é aleijada, não é normal.
IRMÃ CAROLINA
O senhor é um cara de pau.
MALANDRO CARIOCA
Tá tudo errado beata eu conheço; soldadinho de chumbo ,pinóquio ,panela de barro, mas cara de pau, não.
IRMÃ CAROLINA
O senhor é um abobrão.
MALANDRO CARIOCA
Vê se me erra, vai pousar em outro terreiro, mandar esse espirito ruim pousar em outro corpo.
IRMÃ CAROLINA
Seu cara pálida, eu não sossegarei enquanto não tomar de suas mãos todo o vinho, que surrupiaram de minha igreja
MALANDRO CARIOCA
Não sei do que falas
IRMÃ CAROLINA
Sabes muito bem, seu afrontador
MALANDRO CARIOCA
Não entendo o seu linguajar.
IRMÃ CAROLINA
Vamos logo, o padre quer falar contigo.
MALANDRO CARIOCA
Quem é o padre ?
IRMÃ CAROLINA
Não se faça de desentendido.
MALANDRO CARIOCA
Não sei quem é ,então não irei.
IRMÃ CAROLINA
não desafie a minha autoridade
MALANDRO CARIOCA
Fale a ele que eu estou cansado
IRMÃ CAROLINA
Cansado de que cidadão ?
MALANDRO CARIOCA
Estava fazendo um show.
IRMÃ CAROLINA
Show, que show ? Por acaso tu és artista ?
MALANDRO CARIOCA
Sim.
IRMÃ CAROLINA
Isso é uma estupidez.
MALANDRO CARIOCA
Aos seus olhos, ao olhar do poeta, eu sou uma estrela.
IRMÃ CAROLINA
Vamos senhor, eu vim aqui lhe buscar.
MALANDRO CARIOCA
Trouxeste carro ?
IRMÃ CAROLINA
Que carro, cidadão ?
MALANDRO CARIOCA
Uma mercedes ou uma BMW ,mas se por acaso não encontrar nenhum desses eu aceito qualquer um da marca, que seja a de último lançamento.
IRMÃ CAROLINA
Estás me achando com cara de palhaço ?
MALANDRO CARIOCA
Por enquanto, ainda não chegamos ao circo.
IRMÃ CAROLINA
Vou chamar a polícia.
MALANDRO CARIOCA
polícia não gosta de malandro pobre, só de quem tem matrufa. Já viu a polícia querer conversa com ladrão de galinha. Só se alguém da uma pressionada.
IRMÃ CAROLINA
É isso que eu vou fazer.
MALANDRO CARIOCA
Cuidado(PAUSA), o tiro pode sair pela culatra.
IRMÃ CAROLINA
Eu tenho que tirar você daqui.
MALANDRO CARIOCA
Ô moça, você não tem "cemancol" não ?
Não percebes que está me incomodando com essa história de padre ? Eu não gozo de padre porra nenhuma.
Quem gosta de padre é freira e beata ,deu para entender ? Eu to cansado, acabei de vim de um show de RAP ,que eu e o meu parceiro Paulista fizemos e, a bem vestida, vem aqui me incomodar, oras carambolas, Vai brigar com o Papa.
IRMÃ CAROLINA
Veja como fala comigo, seu desclassificado.
MALANDRO CARIOCA
Não me incomode
IRMÃ CAROLINA
Vamos logo se bode velho.
MALANDRO CARIOCA
Diga a ele que estou ocupado.
IRMÃ CAROLINA
Mentira, não estás fazendo nada.
MALANDRO CARIOCA
Estou.
IRMÃ CAROLINA
Fazendo o que ?
MALANDRO CARIOCA
Estou pensando em agendar uma reunião com o governador.
IRMÃ CAROLINA (GRITANDO)
O senhor está de brincadeira
MALANDRO CARIOCA
Sem gritos para não machucar os meus tímpanos.
IRMÃ CAROLINA
Falo no tom que eu quiser.
MALANDRO CARIOCA
Tem razão, gente fina é outra coisa.
IRMÃ CAROLINA (OLHANDO FEIO PARA ELE)
Meu senhor ..... ......
MALANDRO CARIOCA ( ABRINDO OS BRAÇOS )
....... e o meu Deus.
IRMÃ CAROLINA
Não me irrite
MALANDRO CARIOCA
Cuidado para não dá um treco
IRMÃ CAROLINA
Vou chamar um camburão.
MALANDRO CARIOCA
Isso naão. Eu quero ir em um carro de luxo.
IRMÃ CAROLINA
Vou chamar o rebecão
MALANDRO CARIOCA
Isso é carro de vigésima categoria, na classificação, passeio
IRMÃ CAROLINA
Vou chamar os burucutus do exército.
MALANDRO CARIOCA
Olá minha senhora, estás parecendo a Clara Machadão, lá do Albergue do Glicéreo, aonde o meu amigo Paulista caí, todas as noites. Ela parece uma desvairada, ensandecida, imagina que manda em alguma coisa e que tem um poder enorme na mão. No final de tudo é um pau mandado.
IRMÃ CAROLINA
Veja como o senhor fala comigo ,eu não estou aqui para ouvi os seus disparates de revoltado e muito menos para me expor a comparações. Eu estou aqui para lhe tirar deste lugar e levar-te até a casa paroquial.
MALANDRO CARIOCA
O que é que tem lá ?
IRMÃ CAROLINA
Não sei.
MALANDRO CARIOCA
Tem bolo de chocolate ?
IRMÃ CAROLINA
Não
MALANDRO CARIOCA
Tem bolo de morango ao leite condensado ?
IRMÃ CAROLINA
Não
MALANDRO CARIOCA
Tem bolo de queijo ralado feito no liqüidificador ?
MALANDRO PAULISTA
Não
MALANDRO CARIOCA
Então tem suco de bacuri.
IRMÃ CAROLINA
Não.
MALANDRO CARIOCA
Então tem uma jarra de açaí ?
IRMÃ CAROLINA
Não.
MALANDRO CARIOCA
Então tem churrasco no espetinho ?
IRMÃ CAROLINA
Não
MALANDRO CARIOCA
Então tem uma caipirinha
IRMÃ CAROLINA
Não
MALANDRO CARIOCA
Então tem um chopinho gelado para agente saborear quase ao som do silencio da tarde ?
IRMÃ CAROLINA
Não.
MALANDRO CARIOCA
Então tem um vinhozinho, geladinho, finíssimo para agente desgustar com umas rodelas de queijo ao som de uma música sacra ?
CENA DEZOITO
NESSE MOMENTO O DIALOGO DO MALANDRO CARIOCA COM A IRMÃ CAROLINA É INTERROMPIDO, POR QUE O MALANDRO PAULISTA INVADE O PALCO CORRENDO E GRITANDO MAIS ALTO, IMPACIENTE E PULANDO.
MALANDRO PAULISTA ENTRANDO
Ô carioca, fala para mim seu desgraçado, onde vai ser essa boca de rango, que tu arrumou e não havia comentado ? Cachorro, você ia me deixar de fora se eu não tivesse ouvido a conversa.
MALANDRO CARIOCA
Que comida seu boca de rango, ficaste zureta ?
MALANDRO PAULISTA ( CONTANDO NOS DEDOS )
O doido falou em chocolate, bolo de morango, suco de bacuri, açaí, chope, caipirinha ( LAMBENDO OS BEIÇOS) eu estava quase sonhando, bati até na cara, para ver se acordava rápido.
MALANDRO CARIOCA
Deverias ter continuado dormindo, afinal bom mesmo é sonhar, vai dormir seu miserável.
MALANDRO PAULISTA
Me enganaram de novo.
MALANDRO CARIOCA
Você é o próprio símbolo do engano.
MALANDRO PAULISTA
Dei azar.
MALANDRO CARIOCA ( VIRANDO PARA A IRMÃ CAROLINA )
Você veio me buscar para ir na casa paroquial, o que diabo eu vou fazer lá se não tem uma fruta para matar a minha fome ?
IRMÃ CAROLINA
Lá não é hotel, meu senhor.
MALANDRO CARIOCA
E quem disse que eu estou procurando pensão ?
IRMÃ CAROLINA
Arriba cidadão.
MALANDRO PAULISTA
Não estou entendendo nada.
IRMÃ CAROLINA
O senhor também tá se fazendo de enlouquecido.
MALANDRO PAULISTA
Sim, todos aqui somos doidos
MALANDRO CARIOCA
E alguns, mais que outros
IRMÃ CAROLINA
Exigi tratamento digno
MALANDRO PAULISTA
A freira enlouqueceu.
MALANDRO PAULISTA
Enlouqueceu, e agora o que é que eu faço com a sua cabeça, de capivara molhada ?
MALANDRO PAULISTA (RINDO)
Vende no açougue, lá no morro.
IRMÃ CAROLINA
Vou buscar alguém para arrancar vocês daqui
MALANDRO PAULISTA
O que está acontecendo ?
MALANDRO CARIOCA
Ela está agitada.
IRMÃ CAROLINA (SAINDO)
Dias melhores virão.
MALANDRO PAULISTA ( COM A MÃO NA BOCA )
Não entendo
MALANDRO CARIOCA
Você é proibido entender.
MALANDRO PAULISTA
O que houve ?
MALANDRO CARIOCA
Esquece
MALANDRO PAULISTA
Não consigo
MALANDRO CARIOCA
Já almoçou hoje ?
MALANDRO PAULISTA
Não.
MALANDRO CARIOCA
Por que você não foi lá na Igreja da Achiropita, no bairro da Bela Vista, ali na 13 de Maio ? Lá eles dão comida todo dia, é só chegar de manhã, pegar a sua senha e ficar lá trancafiado da 07:00 as 11:00 hs, que bate o rango. O general lá chama-se Marçal ,é um crioulo alto, magro e comprido, tem o olhar de uma cobra caninana e parece está 24 h., ligado em tudo o que acontece em volta das dependências paroquianas.
MALANDRO PAULISTA
Não sabia
MALANDRO CARIOCA
Qualé mané, tá moscando ?
MALNDRO PAULISTA
Tô com sede
MALANDRO CARIOCA
É só descer lá embaixo do viaduto do Glicéreo, todos os dias de segunda a sexta feira, eles dão lanches às 13:00hs, através da entidade " Minha rua Minha Casa", até parece que és bobo, quem não sabe que é o maior come e dorme desta cidade.
MALANDRO PAULISTA
Sou não.
MALANDRO CARIOCA
Que maluco é você bebel ?
MALANDRO PAULISTA
Puxa, você parece que carrega uma agenda de onde se come de graça.
MALANDRO CARIOCA
É preciso está esperto "mermo".
MALANDRO PAULISTA
Eu quero é sair desta vida, preciso arrumar um emprego. Tenho família.
MALANDRO CARIOCA ( ABRINDO OS BRAÇOS )
Qualé rapá ? Essa é uma ladainha de todo mano, quando tá caído.
MALANDRO PAULISTA
Tô falando na maior, de boa.
MALANDRO CARIOCA
Quando o vagabundo está de boa ele não se lembra em guardar nada. Só quer zueira.
MALANDRO PAULISTA
Não é o meu caso.
MALANDRO CARIOCA
É o nosso caso
MALANDRO PAULISTA
Pode ser. Pode ter acontecido comigo.
MALANDRO CARIOCA
Maluco ,você tem família ?
MALANDRO PAULISTA
Tenho
MALANDRO CARIOCA
Eu não tenho ninguém
MALANDRO PAULISTA
E você tem amigos ?
MALANDRO CARIOCA
Não tenho.
MALANDRO PAULISTA
E você acha que eu tenho amigos ?
MALANDRO CARIOCA
O que tu achas
MALANDRO PAULISTA
Eu, acho que tenho doido.
MALANDRO CARIOCA
O que tu achas ?
MALANDRO PAULISTA
Eu acho que tenho
MALANDRO CARIOCA
E quem é o teu amigo ?
MALANDRO PAULISTA
A minha imaginação
MALANDRO CARIOCA ( BATE PALMAS )
Muito inteligente a sua resposta
MALANDRO PAULISTA
Ô maluco, você só sabe que temos amigos quando agente se encontra doente e desempregado.
MALANDRO PAULISTA
Agora o doido me fez pensar
MALANDRO PAULISTA
É uma missão pesada Carioca, agente querer ser amigo de uma pessoa. É muito difícil e começa por que ninguém quer ser amigo de ninguém..
MALANDRO CARIOCA
Tem razão.
MALANDRO PAULISTA
Carioca, se você pensar bem, tem hora que na vida o coração balança, a alma adormece e o cérebro chega a chorar.
MALANDRO CARIOCA
Eu sei disso.
MALANDRO PAULISTA
Então é preciso ser forte, não se abalar com a primeira tempestade e, não se iludir jamais com as palavras bonitas, que se ouve no cotidiano
MALANDRO CARIOCA
Estou ouvindo o meu poeta
MALANDRO PAULISTA
É preciso decantar a vida e traduzi-la, bom é ter uma vida malandra e nunca ser um eterno malandro na vida.
MALANDRO CARIOCA
Meu coração agora parou para escutar
MALANDRO PAULISTA
Comungamos da mesma amizade e, já que não tens família, que façamos de nossas pegadas, algo de companheirismo, vamos dizer assim; para juntos seguirmos até o fim do texto.
MALANDRO CARIOCA ( SE VESTE DE PALHAÇO NO PALCO, ENQUANTO O MALANDRO PAULISTA FICA SENTADO EM UM DOS BANCOS, ALEM DE CONTAR COM DOIS COPOS E UM LITRO DE VINHO À MOSTRA, O PALCO ESTÁ A MEIA LUZ )
MALANDRO CARIOCA
Eu quero que a luz da vida brilhe para todos.
Eu sinceramente já duvido em quem acreditar.
O sistema me fez assim, meio maluco e meio malandro, candidamente eu não sei até onde isso é vantajoso na vida humana, mas sei que é divertido, para fazer o povo ri.( MEXENDO OS BRAÇOS )
Eu posso ser um palhaço, sem a fantasia de um palhaço.
Posso não ter a boca pintada como um palhaço, mas posso mesmo sem pintar a boca como um palhaço, ter o riso largo e fértil ou inofensivo como o riso rasgado de um palhaço.
Eu queria ter o sorriso do palhaço.
Eu sei que eu não possuo as pernas tortas como o palhaço e nem o anadar trupicante (IMITANDO O ANADAR DE UM PALHAÇO ), desse artista infantil que encanta a criançada e deslumbra os seus sonhos, mas eu posso se quiser, desenhar o meu mundo de fantasias, como faz o velho artista que constrói com as suas lendas e apoiado em suas quimeras, sobrevive em um mundo deslumbrante de encantos mil e ilusões tais.
Eu não tenho a cara de um palhaço.
Eu não tenho o nariz de um palhaço, mas para o seu mundo, para o castelo encantado que você desenhou, a minha piada não cabe, mas eu lhes peço para decantar e aplaudir a minha poesia (PAUSA )
Que não seja motivo de chacota o meu linguajar e o meu texto e, nem há de vingar sobre ninguém o meu dialeto.
Eu preciso da doçura da poesia pura e, o estardalhaço de uma amizade sem fim.
Eu também tenho o meu desvario, o meu mundo que eu próprio construir, como o palhaço que em seu circo, constrói o seu sorriso e ressuscita nas crianças a alegria.
Eu fiquei sozinho neste mundo, abandonado e abandonando as pessoas que me rodeavam. Algumas vezes pensei que amei, mentir a mm mesmo e aprece que jamais fui amado. Sei que sou respeitado por muitos e com alguns eu tenho e terei um eterno relacionamento de amor e ódio, assim como é fogo e água , o doce e o amargo, o azedo e o salgado. Algo assim que me expõe a uma vaidade tão tirana, que as vezes agride ao sentimento daquele que mesmo frágil, tende aparecer muito forte.
Eu sou assim, o palhaço também é assim.
Quem em sua sã consciência, já viu um palhaço chorar (PAUSA)
Palhaço não fora criado para chora, e muito menos para alimentar tristeza.. Eu quero á que as pessoas sorriem sempre, que elas se esbaldem em suas conquistas e se afoguem em suas alegrias – assim é o velho palhaço.
Foram tantos que eu vi no circo. Foram tantos que me arrancaram o riso e com a sua cara achatada, as suas sobranceias largas, roubaram o meu desejo de felicidade e estamparam na minha cara todo o seu riso.
Eu não queria que este mundo acabasse ,nem que ficasse dúvida do meu contentamento.
Que há de brilhar eternamente a nossa esperança.
E enquanto houver esperança, aumenta a chance de cada pessoa ser feliz.
Não é preciso fazer triagem para sorrir, por que este artista o faz espontaneamente e por isso ele conquista a criançada para conquistar o seu mundo.
Que o encontro dos lábios das crianças, sejam fartos e abundantes, que a alegria dos pequenos sejam enormes como o devaneio de um palhaço, que toma conta do seu circo e explora o riso das crianças adormecidas.
Eu sou tão só, mas não quero jamais ser amargo.
Quero como o copo virgem, rodopiar sobre lábios infantis e de ingênuos pensamentos encher o meu pesar e derrama o meu contentamento. Quero sacudir os meus braços, como o palhaço desajeitado, que desliza sobre o manto de um palco e se equilibra sobre o aplauso de uma platéia inquieta e desvairada. Mesmo a passos largos, com seus sapatos largos e, o brilho eterno do olhar para conquistar a sua alma e o seu espaço.
Eu escolher mora sozinho, mas eu que não sei se eu quis ficar sozinho, as vezes eu penso que o sistema me jogou a estar tão sozinho. Eu também não quero que você sinta nem pena de mm ou muito menos pesar para as minhas pegadas que ficaram por aí atiradas ao relento e tantas outras que mesmo inconseqüente foram apagadas ou encoberta pela areia.
Como se fosse um "causo"; de você eu quero apenas o seu aplauso.
E neste aplauso eu quero derramar o meu riso e afogar a minha alegria, contentar o seu olhar com o meu talento e erguer-se da cadeira para deixar o coração pulsar e palpitar sob o meu peito dolorido e apaixonado.
Como é contagiante o coração de um palhaço.
Cheio de bondade e pulsações exorbitantes.
Eu quero com o cair da noite, derramar sobre a garganta a doçura deste vinho e, extravasar o meu sentimento de amor e de perdão.
Vou além, quero conquistar as paredes coronárias do teu corpo e invejar a correnteza do teu sangue que escorre pelos poros da tua alma.
........ que afoga a ilusão do teu pensar e, despenca no altar da tua doce sedução.
Que o rabisco da tua língua, umedeça as papilas do teu modo de pensar e como o palhaço que não pensa, como um tolo ele sorrir, por que o seu mundo encantado é o sorriso e o aviso alienaste do encanto é o deslumbro dos que pairam sobre o manto, do espaço, que se firma pelas mãos, do pequeno polegar.
Mas eu sei que eu vivo triste, é verdade que isso existe, eu as vezes calo, outras tanto eu falo e desabafo, tento de todas as formas esquecer, não recordar, por que eu não quero que a morte invade a minha calma e, aflige a minha alma, que ainda teima em não chorar.
Por tudo isso eu quero ser como o palhaço, dele agente não recorda quem é o pai e nem sabe quem o fez, dele agente não sabe quem é o irmão, se ele tem, isso não é questão. O que todo mundo sabe, é que o palhaço existe e ele sorrir, mesmo para esconder a dor, mesmo para fingir que amou ou esconder atrás do seu sorriso a mágoa de um eterno sonhador.
Hoje eu quero homenagear este artista, que comigo divide a sua alegria, que não cansa com a trilha do momento, que convive de alma pura com o lamento e, como um doce namorado expõe em versos seus delicados sentimentos. Hoje em cada esquina tem uma cara de palhaço, em cada canto expõe-se o canto de um palhaço. Isso mesmo, aquela figura de rosto branco, camisa azul, calça branca, sapatos enormes pretos, com a gola folgada pintada de preto e amarelo.
Boca grande, nariz vermelho de bola, cílios enormes, cabelos arredondados, é essa gente, a imagem infantil que eu desenhei no meu encalço desse velho animador que atende por palhaço.
Que a sua ginga seja mais que alegria.
Que jamais a sua dor lhe propicie: delírios,ansiedade ou cause a morte.
Que o circo seja sempre o eterno palco, de um giramundo, onde o sorriso nunca fuja do teu rosto, seu eterno vagabundo.
Como o trem desafia a ferrovia e dela o seu elo de alegria, como sacode os seus vagões em grandes gritos, com rangidos, com laridos e mais gemidos, que tudo isso traduzido seja amenos, a saída de um passo a contendo.
Neste meu momento de elegia pura a este artista que se exibe em trapézios imaginário, eu desenho o meu sermão alienante, rabiscando sobre folha lisa, um poema, mesmo que seja feito a mão desenhado por caneta "bic" em papel d pão.
Que o meu fim não seja um etero desprezo por aqueles que me chamam e me rodeiam, eu sei que a vida em si causa medo, quer seja a tarde ou mais cedo, que dure sempre ou com desprezo, como se fosse algo que se desprende, a la lata de cerveja.
O meu riso é a atua cor que se levanta, o meu poema é a dor que mais avança, o teu ego que as vezes se levanta, e se desgasta feito nuvem, que só passa quando a chuva vai embora. Eu queria tanto que vocês entendessem o meu lamento, a dor causada por um triste sentimento, que invade a alma como um chambre que envolve a noiva e não deixa de plainar.
Eu quero aqui retratar o meu momento de alegria, de uma eterna embolia, que avança sob a égia da vitória, que incomoda mais que a mais vil tosse, que berra e que chora ou arrebenta o peito daquele que menos possa. ( CAMINHANDO PELO PALCO Á MEIA LUZ).
Enfim, que o meu ídolo jamais fale em cansaço, nem se importe com o sorriso de um dourado "deus" da raça, que tudo passe, sobre a vida infantil que é uma graça, que se eleja um capitão e erga a taça, mas que não falte neste mundo o sorriso de um palhaço, sob aplaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaauso.
O PALCO FICA TOTALMENTE CLARO.
MALANDRO PAULISTA ERGUE-SE DO BANCO E NO CENTRO DO PALCO DÁ UM ABRAÇO NO AMIGO.
MALANDRO PAULISTA
Você é um artista
MALANDRO CARIOCA ( CHORANDO )
Não, sou um ..... ......
MALANDRO PAULISTA
Palhaço não chora..... palhaço sorrir.
MALANDRO CARIOCA ( TIRANDO A FANTASIA E COLOCANDO NO FUNDO DO PALCO )
Eu não sou o palhaço
MALANDRO PAULISTA
É a cópia
MALANDRO CARIOCA
foi a forma carinhosa que eu encontrei para homenagear essa artista, tão secular quando o sorriso da criança e o cheiro doce dos campos floridos na primavera.
MALANDRO PAULISTA
Tá emocionado
MALANDRO CARIOCA
Gratificado
MALANDRO PAULISTA
Senta-se
MALANDRO CARIOCA ( SENTADO E JÁ SEM A FANTASIA )
O que fazer ?
MALANDRO PAULISTA ( JUNTANDO O LITRO DE VINHO NO CANTO DO PALCO, JUNTA OS COPOS, ENTREGA TUDO AO CARIOCA E SENTA-SE DO LADO DELE , BATENDO AS COSTA DELE)
Além de Malandro é bom de lábia ,heim ?
MALANDRO CARIOCA (SAINDO )
Vou me recuperar ( SAI )
MALANDRO PAULISTA ( EM PÉ )
Meu, foi um arraso o que o doido fez, velho. Eu sempre entendi que não se analisa o livro pela capa, é preciso analisar o conteúdo. O bicho doidão me surpreendeu, foi um furor, arraaaaaaasô. O maluco incorporou o espirito de um grande ator, fez o rei do riso. Olha moçada eu estou arrepiado(CHAMANDO ATENÇÃO )
hei você, que não quer nada com a vida, pensa que o tempo e: pororoca e vadiagem, acorde e tome mais cuidado, as vezes as coisa não são tão bela como agente faz sonhar.
Malandro, e eu que pensei que aquele pateta fosse apenas um mísero "boca de rango". Eu sinceramente pensei que estivesse diante de um ator hollyudiano. Quase delirei, não lhe fiz um sinal para não interrompê-lo. Olhem foi demais. ( COM AS MÃOS SOBRE O PEITO ) Ufa, foi de atropelar o pobre do sacristão, como se diz lá no sertão.
CENA DEZENOVE
IRMÃ CAROLINA ENTRANDO, DESTA VEZ ELA ENTRA DESTEMIDA E ARROGANTE
Cadê ele ?
MALANDRO PAULISTA
Ele quem ?
IRMÃ CAROLINA
O seu coparça
MALANDRO PAULISTA (FRANZINDO A TESTA )
Coparça ?
IRMÃ CAROLINA
Sim.
MALANDRO PASULISTA
A senhora não acha que está faltando com respeito com a minha pessoa
IRMÃ CAROLINA
Não.
MALANDRO PAULISTA
Veja como fala comigo, eu sou de outra bocada, qualé, vai esculachar o mano agora ? Quantas vezes a minha pessoa faltou com respeito com a sua ?
IRMÃ CAROLINA
Faltou sim, tanto você quanto aquele excomungado, faltaram com respeito inclusive com a igreja, quando do sumiço do vinho.
MALANDRO PAULISTA
Quem lhe afirmou que eu peguei o bagulho.
IRMÃ CAROLINA
Nas minhas preces eu lhe vejo você
MALANDRO CARIOCA
Tá bom além de freira agora é mãe de Santo.
IRMÃ CAROLINA (SERIA )
Respeito Senhor.
MALANDRO PAULISTA
Ô senhor, eu estava quieto no meu canto, sossegado igual água parada e, vem lá não sei de onde, azucrinar a minha vida.
IRMÃ CAROLINA
Aonde foi o Carioca ?
MALANDRO PAULISTA ( IRONICO)
Morreu.
IRMÃ CAROLINA
Fale sério seu moço.
MALANDRO PAULISTA
Morreu
IRMÃ CAROLINA
Vou falar ao padre Olavo
MALANDRO PAULISTA
Morreu.
IRMÃ CAROLINA
Então, quem matou aquele velhaco ?
MALANDRO PAULISTA
Morreu.
IRMÃ CAROLINA
Seu moço, você só sabe dizer morreu ? Aonde ele morreu ?
MALANDRO PAULISTA
Não foi ele que morreu. Foi você doida.
IRMÃ CAROLINA
Não vou perdoar os teus pecados
MALANDRO PAULISTA (ZOMBANDO)
Pretensiosa , já quer ser Deus.
IRMÃ CAROLINA (DANDO-LHE ORDEM )
Você vá atrás do seu amigo e, faça o favor de levá-lo ao vigário
MALANDRO PAULISTA
A sua pessoa era mais humilde, quando chegou aqui na cidade. Falava baixo, era tudo na muita simplicidade, eu começo a desconfiar que a sua pessoa deve estar ganhando algum qualquer na função que lhe deram aí com o padre. Tomara eu esteja enganado.
IRMÃ CAROLINA
Vá logo, isso é uma ordem. ( SAI DO PALCO )
MALANDRO PAULISTA FICA SOZINHO E O PALCO VOLTA A FICAR A MEIA LUZ.
MALANDRO PAULISTA
Vocês perceberam como são as coisas (PAUSA)
A pessoa estuda, estuda e, em vez de reformar os seus hábitos, ela passa a tratar a pessoa com truculência, com arrogância, como se ela fosse um general e a vida um eterno quartel.
De quem eu estou falando (PAUSA)? Estou mostrando casos assim, semelhante o da irmã Carolina .
Ou ela é doida ,doida ou é uma descontrolada emocionalmente, e daquelas que jorra tudo para fora em um segundo e depois veste-se com o melhor "hábito" no convento e posta-se como uma deusa na primeira fila do altar ao lado dos mais importantes.
Assim é o ser humano, essa falsidade "crassa", que o empurra de um lado para o outro como se fosse "mururu" que sobe e desce a ribanceira conforme a maré .É preciso que o ser humano seja reciclado, organizado em seus sentidos, recolocado em sua razão e passe a analisar os valores espirituais, de suas reações.
É preciso que o seu comportamento, mude pelo amor que ele tem ao próximo e nunca pela piedade, que ela sinta de uma vanguarda que se foi e que não pára de sangrar. Assim, como o jardim precisa de chuva para florir e fazer arrebentar do solo toda a vida vegetal, o homem também tem por finalidade semear na terra, justiça e sabedoria.
Quero dizer a todos vocês que não sou poeta, e nem vou versar como faz o Carioca, mas vou render as minhas honras, a este escritor jovem, amante, moderno, que versa um reverso de poema como a sutileza de uma "alínea", que se importante muda a vida das pessoas.
A este Maranhense, Arariense e Humanista espirituoso, eu lhe saúdo pela eficácia, pela ação cultural, já que isto nada mais é do que um texto teatral e nunca uma sonhada obra de literatura.
Mas, vou confessar a vocês que o canto explode junto ao coração da minha amada e, que o sonho de ser um eterno apaixonado, ainda doura nos lábios daquele moço que sonhou um dia ser amado.
Não vou versar com as nuvens ,nem delatar as noites que viveu meu coração. Mas vou encontrar a minha metade, enxugar as lágrimas que se derrete em emoção e juntar tudo sob o mesmo teto e derreter o sol com a mão.
Não vou remexer o bau das minhas maluquices e, nem tagarelar para agradar a burguesia, eu também quero saciar o meu romantismo, sem lamentar o passado que eu vivi, mas tirar lição de tudo: dá dor que pariu a desigualdade, até a ânsia de querer ser feliz. Se a vida é uma grande arte, eu sou um ator que representa muito bem esse dom de viver.
CENA VINTE
O PALCO VOLTA A CLAREAR TOTALMENTE. ENTRA A IRMÃ CAROLINA E COMEÇA A ANDAR APRESSADAMENTE DE UM LADO PARA O OUTRO, APRESSADAMENTE.
MALANDRO PAULISTA
De novo, toda hora.
IRMÃ CAROLINA
O que é que há, seu moço ?
MALANDRO PAULISTA
Está andando igual a barata tonta
IRMÃ CAROLINA
Aonde está o seu amigo ?
MALANDRO PAULISTA
Escafedeu-se.
IRMÃ CAROLINA
Fale baixo.
MALANDRO PAULISTA
Qualé, irmã vai querer ditar normas agora ?
IRMÃ CAROLINA
Queira me acompanhar, meu senhor.
MALANDRO PAULISTA
Aonde vamos ?
IRMÃ CAROLINA
Deixe de indagação
MALANDRO PAULISTA
Alto lá, a Senhora é religiosa mesmo, ou é Chefe da Casa de Dentenção ?
IRMÃ CAROLINA
Se não me acompanhar por bem, podes arrepender-se
MALANDRO PAULISTA
Eu não vou
IRMÃ CAROLINA
Vou chamar a polícia
MALANDRO PAULISTA
De novo ?
IRMÃ CAROLINA
Não esqueci o nosso vinho
MALANDRO PAULISTA
O que eu tenho a ver com isso ?
IRMÃ CAROLINA
Tudo
MALANDRO PAULISTA
Vou lhe denunciar por calúnia
IRMÃ CAROLINA
Quem é você ?
MALANDRO PAULISTA
Eu sou um cidadão nacional tal qual a senhora e, e um pouco mais culto, certamente.
IRMÃ CAROLINA
Duvido
MALANDRO PAULISTA
Eu não quero mais bater boca, senão agente acaba se nivelando ao mesmo patamar e isso eu não vou permitir
IRMÃ CAROLINA
É verdade não somos do mesmo nível, uns tem formação outros não, uns roubam vinho e outros não
MALANDRO PAULISTA
Não imaginei que era preconceiutuosa
IRMÃ CAROLINA
Eu sou conceituosa, é diferente.
MALANDRO PAULISTA ( SAINDO DO PALCO )
Fique aí, tome conta do palco, ele é todo teu.
IRMÃ CAROLINA FICA SOZINHA NO PALCO, RODOPIA COMO SE DANÇASSE UMA VALSA ESCORREGANDO PELOS QUATROS CANTOS DO PALCO, CANTANDO OU RECITANDO
O teu olhar é como nuvem passageira
desloca de um ponto ligeiro
numa ansia louca ,quase turva
querendo se transformar em chuva.
O amor que cai
embebe a alma humana e
canta uma canção que envolve o corpo e a mente
e derrama suavemente a sua áurea
e a sua cor.
(FALANDO FIRME EM DIREÇÃO AO PUBLICO)
Que entre o Padre Olavo e ouçam o que ele tem a dizer.
ELA SE RETIRA DO PALCO
CENA VINTE E UM
PADRE OLAVO ENTRA COM O SEU UNIFORME TRADICIONAL DE SARCEDOTE E VERMELHO, CONDUZ A SUA INSEPARAVEL BENGALA E O SEU SOMBREIRO TIPO MEXICANO, USA SEUS ÓCULOS.
PADRE OLAVO COM OS DOIS BRAÇOS ESTENDIDOS UNIDOS PARA FRENTE, A BENGALA ESTÁ AO LADO LARGADA NO CHÃO E COM A VOZ EMPOSTADA ELE COMEÇA
Meus irmãos em Cristo Jesus ,estou aqui outra vez diante de vós, talvez pela última vez por que para tudo existe, uma coisa chamada tempo..
Há tempo para caminhar e cada um de nós escolhe com a permissão de Deus, quando é o melhor período para largar. Cada ser, sabe até aonde vai as suas forças e as suas resistências, portanto, há tempo para escolher.
Ainda há tempo para meditar: Meditar sobre qualquer coisa, principalmente sobre as coisas do bem.
Meditar por exemplo: quem tem interesse para que exista tanta gente desempregada neste país ? Por que o velho tem que ser jogado e abandonado em asilos, pelos seus parentes ? Quase sempre são os filhos, alguns eternos ingratos que como recompensa aos pais, que tanto lutou para educaá-los, sustentá-los, o prêmio é o abandono e o esquecimento.
Você já parou para pensar o tamanho da dor que sente uma pessoa, nessa situação ? Certamente o filho é um sem alma, sem dor e sem piedade .Quem é, que tem interesse em manter na Praça da Sé, no Centro da Cidade de São Paulo ou mesmo na Candelária no centro da Cidade do Rio de Janeiro, tanta criança abandonada ao "deus" dará ?
Essas crianças são as mesmas que cheiram cola, cometem pequenos furtos, ou fazem parte de uma rede que alimenta grandes delitos e fogem da lei por serem de menores, ou pior, a lei não lhe imputa nenhuma repreensão educativa por que a justiça não lhe prega as suas digitais.
Quer seja no centro da Cidade de São Paulo, quer seja no centro da Cidade do Rio de Janeiro, ou na Zona Sul desta Paulista Desvairada, todo mundo sabe o que acontece, apenas o poder público se finge de cego e empurra o problema com a barriga.
Meditar por exemplo: o por que do aumento descabido do trabalho informal neste país, sendo que em alguns lugares, explora-se o trabalho infantil e a mão de obra barata, importando o trabalho do nordestino, quando da safra da cana de açúcar ou mesmo explorando o trabalho escravo em grandes fazendas pelo país afora. Eu sei que vocês estão s perguntando, isso existe ? Eu respondo com toda a convicção, que isso é verdadeiro.
E aonde é que existe isso ?
Meus irmãos, isso existe aqui no nosso país ,eu não estou falando de um problema lá na: Índia, Afeganistão, Bangladesh. Não estou falando de países que se aglutinam no fundão da Mãe África, com todo respeito e sentimento que eu tenho por aquele continente. Todas essas marzelas, acontecem aqui, sob o nosso olhar, neste chão enorme chamado Brasil.
Meditar sim: Quem tem interesse em manter neste país a prostituição infantil ? Explorar através do comercio carnal, essa desgraça que fere a dignidade da juventude e arregaça-lhe o auto estima. Quem é o interessado nos tráfico de órgãos neste país ? Quem é que lucra com isso ?Quem é que patrocina essa carnificina toda, que assola esta Pátria, que revolta as famílias de bem e ainda deixa essas pessoas imunes . Por que a justiça deste País, não prega as digitais nas costas dessa gente e coloca todas atrás das grades ? Eu também quero saber.
Amados amigos meus, irmãos meus que acreditam na Ressurreição do Cristo, lutemos para que essas coisas não avancem mais. Todos nós amados irmãos, temos o direito de sonhar e, é por isso que igual a todo brasileiro eu sonho com dias melhores. Vamos nos aglutinar em favor da legalidade das coisas, vamos nos unir em prol da vida, que é uma dádiva de Deus.
Meus irmãos a minha alma clama por igualdade social e o meu coração chora pedindo socorro quando tudo tende a se acabar. A cada dia que eu passo pelas ruas desta cidade entristece cada vez mais a minha áurea, mas em compensação eu não perco jamais a coragem de lutar e denunciar o ilegal. Eu sonho por que eu sou um sonhador e não morrerei sem ver as pessoas, isso mesmo, senão todas mas quase todas vivendo e convivendo em uma confraternização onde todos se ajudem e se respeitem.
Mesmo que tenhamos de levantar a bandeira da luta armada, semelhante a uma mãe que levanta-se quando alguém quer atacar o seu filho, mesmo que seja preciso degradai-se contra um sistema arcaico, dominante e dominador, mesmo que tenhamos que ocupar longadouros públicos, e nos expor, ainda assim vale apenas lutar por uma vida digna e tolerante.
Não é preciso vestir-se de vermelho, azul, verde ou amarelo, o que se faz necessário é que para eliminar toda essa desordem "ética" e "moral" que cresceu e alardeou-se por este país afora, basta cada um de nós querer fazer a sua parte.
Todas as vezes em que fiquei diante da frase:
..... e o sol da liberdade em raios fugidos, brilhou no céu da Pátria nesse instante", eu paro, reflito e pergunto a vocês.
Em qual Pátria brilha esse sol, tão reluzente cantado em prosa e verso e reverso ?
Aqui no Brasil eu sei que não é.
Aqui o que brilha são povos em situação de rua, jogados em Albergues, Asilos para Idosos, que no fundo parece mais depósitos humanos que mantém-se ativos graças a instituições de caridade que abrem as suas portas para uma acolhida.
Aqui o que brilha sob este céu de brigadeiro é o desemprego e o desrespeito a Cidadania. O que brilha é uma juventude desesperanças e desastrada com um poder publico que de presente lhe sonega oportunidades. O sol da liberdade que brilha aqui, expõe os raios fúlgidos da violência urbana, do terror como se fosse uma guerra civil que ronda os meios urbanos e a arrogância d quem está do outro lado do balcão e olha a massa por cima dos óculos de graus alucinantes e luxuosos.
O sol da liberdade que passa por aqui em raios fúlgidos, é o mesmo que aquece o comercio ilegal de mulheres, como o que é feito despudorosamente em algumas regiões mais pobre deste país e tem a Espanha como destino para ali legalizar-se como prostituta.
É o mesmo sol que encobre a morte da criança indígena ou a negra, por malária, por desnutrição ou a temida febre amarela que agente imaginava já haver irradicalizada. Agora para expor mais ainda a incompetência de alguns com a má vontade de tantos surge ainda a morte por raiva humana, causada por uma espécie de morcegos nas regiões norte e nordeste deste país.
Esse sol da liberdade trás o sarampo, a catapora, a cachumba e ressuscita tantas outras marzelas que eu não me canso de pensar, como a inércia do poder público, pode patrocinar tanta miséria junta com tanta falta de sensibilidade humana.(PAUSA )Ineptos ( PAUSA )
Mas queremos todos que esse sol mude de lado, que com ele venha a esperança e com ela a realidade, para que todos nós possamos sairmos deste marasmo e vivificar um momento grandioso de fraternidade. Que os raios fúlgidos recaía sobre nós e imputamo-nos ousadia, coragem, disposição para avançarmos e mudar esse quadro obscuro, que toma conta da população brasileira, mas que manipulado como ela é acaba passando despercebido e agente as vezes finge que não acontece e tudo ronda ao nosso lado.
Vou recordar um fato, era o ano de 1654, ali em São lis, Capital do Estado do Maranhão, no chamado "Sermão de Santo Antônio ou Sermão dos Peixes " o Padre Antônio Vieira, um dos maiores oradores da língua Portuguesa em sua época, já dizia, abrindo texto do seu Sermão Anti Corrupção, repetindo e refletindo em cima da frase de Jesus Cristo " Vós sois o sal da terra". Neste Sermão ele repreende tudo o que eu denuncio aqui: a maldita habilidade que o homem tem para se corromper. Uns se corrompem com uma garrafa de vinho. Portanto, naquele dia repetiu o Padre Antônio Vieira na nossa doce e bela São Luís do Maranhão.
Disse ele: "Já que não querem vocês me ouvi, deixem –me pelos menos ouvi os peixes". Ainda copiando Antônio Vieira, que dizia, o pregador tem duas missões que jamais pode fugir a ela.
Primeiro: Conservar-se são.
Segundo: Preservar-se para não se deixar corromper-se.
Essas propriedades foram deixadas por Santo Antônio, o Português. Este também dizia: o bom pregador também tem obrigações e propriedades.
Primeira Propriedade – Louvar aquilo que é bem
Segunda Propriedade - É repreender a corrupção.
Amigos irmãos em Cristo, combatendo com o bom combate agente chega lá, e com isso certamente faremos uma grande aliança com a nossa consciência e abriremos as portas das oportunidades, que tanto lutamos por ela, em uma condição de igualdade.
Eu fico aqui diante de vocês, imaginando sobre a nossa bela São Luiz, de voz empostada, o padre com toda a sua sabedoria dizendo:
" Os pregadores são o sal da terra e, portanto os devem conservá-la na fé cristã. O estado atual de corrupção no mundo deve-se a falha do pregador( que não prega a verdadeira doutrina e nem age de acordo com ela, mas segundo os seus próprios interesses pessoais)
Simula dirigir-se então aos peixes e não aos homens( à imagem do anedotário Santo Antônio). Tomando o que os peixes tem de bom, propõe ao pregador as funções RÊMORA – que é a resistência a paixão do ouvinte e TORPEDO – que se faz temer perla autoridade e QUATRO OLHOS – a visão que recompensa o castigo e SARDINHAS - que é o sustento para os pobres".
Por outro lado, combate os defeitos dos ouvintes, à imagem de tipos defeituosos de tipos entre os peixes. Por exemplo; prestem muita atenção como em 1654 , já existia e se hoje existe não sei se é uma mera coincidência.
RONCADORES – Os que ameaçam sendo fracos
PREGADORES – São os parasitas e bajuladores que dependem do poder alheio
VOADORES – Ambiciosos que se enganam com a sua condição e, enfim os que são como
POLVOS – Que são os padres oportunistas, sem caracter, todos apreciadores de bens alheio.
Quis fazer esta homenagem à aquele que foi um dos que decantou o meu Estado, nesse resumo de um dos seus muitos Sermões.
Eu de coração, desejo a todos a paz, aquela do Cristo , eu vos dou, à todos sem distinção de cor, raça ou credo, eu vos deixo a minha alegria em prol de terem ficado comigo, até este momento, ora sorrindo, outrora aplaudindo, ou em algum momento de meditação e saindo daqui sabendo que a vida é muito mais que " o riso e o aplauso ", para um texto de teatro moderno e simples, muitíssimo simples (GRITANDO COM A BENGALA EM PUNHO )
Arriba, que se arribem todos.
NESTE MOMENTO OS DOIS MALANDROS VAI AO MEIO DO PUBLICO QUE ASSISTEM À ENCENAÇÃO E AMBOS DESTRIBUEM TRES GARRAFAS DE VINHO SUAVE, SERVINDO O MÁXIMO DE ASSISTENTES POSSIVEIS.. DEPOIS DE DESTRIBUIR O VINHO IRMÃ CAROLINA
ENTRA DESESPERADA NO PALCO AGITADA
IRMÃ CAROLINA
Padre ! padre
PADRE OLAVO ( ASSUSTANDO-SE)
O que aconteceu ? Diga.
IRMÃ CAROLINA
O vinho ... o vinho
AMBOS SE ENTREOLHAM.
CENA VINTE E DOIS
DEPOIS DE DESTRIBUIREM O VINHO AO PUBLICO, SOBEM AO PALCO O MALANDRO CARIOCA E O MALANDRO PAULISTA DE MÃOS DADAS E JUNTAM-SE AO LADO DO PADRE E DA FREIRA. MALANDRO PAULISTA VESTE; UM BERMUDÃO COLORIDO, UMA CAMISA SOCIAL ABOTOADA ATÉ O PESCOÇO, USA BONÉ, TÊNIS COM MEIA SOQUETE. MALANDRO CARIOCA, APARECE FANTASIADO DE PALHAÇO, COMPLETAMENTE COM TODOS OS APRETECHOS COM OS QUAIS SE FANTASIA UM PALHAÇO.
PADRE OLAVO ( AO VÊ-LO)
Cadê o vinho ?
MALANDRO PAULISTA
O vinho Carioca ?
MALANDRO CARIOCA
O vinho eu distribuir para o meu grande público que riu comigo até agora, afinal o por que o padre tem que beber o vinho sozinho ?
PADRE OLAVO E IRMÃ CAROLINA ( JUNTOS )
E agora ?
MALANDRO CARIOCA ( CAMINHANDO FANTASIADO DE PALHAÇO, COM OS BRAÇOS ABERTOS EM DIREÇÃO AO PUBLICO NA PONTA DO PALCO E FALANDO ALTO )
" Vou homenagear Adriano Suassuna, aquele pernambucano arretado:Somente para quem tomou vinho (PAUSA ) e para quem não pode beber ou eu não quis servir. (RINDO) Eu dou o que é meu: Se não há como vocês me pagar, vou exigir de vocês uma recompensa que não custa nada para este causo e, que para nós, é algo eficiente".
Queremos o seu aplauso, por favor.
( E SE CURVA DIANTE DO PUBLICO E CORRE PARA ABRAÇAR OS OUTROS , O PADRE OLAVO,O MALANDRO PAULISTA E A IRMÃ CAROLINA, ENQUANTO O PUBLICO APAUDEM E
................... o pano cai lentamente.
Fiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim.
Texto Teatral : SERMÃO VERMELHO
AUTOR: José Maria Sousa Costa
São Paulo – Brasil, 03 de Novembro de 2005
Centro Cultural de São Paulo
16:56 hs.