terça-feira, 2 de novembro de 2010

DO VIGESSIMO AO VIGESSIMO TERCEIRO CAPITULO DO ROMANCE - água com bacuri



VIGESSIMO CAPITULO DE AGUA COM BACURI

 

PRIMEIRA PARTE


As pessoas haviam deixado a rua, apenas alguns vizinhos fazia
companhia para a dona Carmém.
Tocou o telefone.
- Alô ? Indagou Ana Luiza com a voz rouca e continuou:
- Com quem eu falo ?
- Eu sou Flávinho, Ana Luiza, tudo bem ?
- Nem tudo está bem.
- O que acontece ?
- O Edinho sumiu rapaz, já faz-se quatro dias, foi a escola e de lá
ninguém sabe, ninguém viu, parece que a terra abriu-se e ele enfiou-se
dentro.
- A sua mãe está, aí ?
- Sim, mas irreconhecível, totalmente desesperada, não come faz uns
dois dias, tem tomado apenas calmantes e mais calmantes, dorme muito
pouco, entendo que ele deveria pelo menos ligar para ela, não achas ?
Quer falar com ela.
- Sim.
- Aqui na cidade está o maior reboliço, até a polícia está atenta por
que estamos pensando em todas as hipóteses, até a que ele pode ter
sido sequestrado.
- Que horror me Deus do céu.
- Ela já esta vindo queridinho, vou entregar-lhe o telefone.
- Alô, disse dona Carmém.
- Como a senhora está ?
- Arriada.
E começou a chorar.
Edinho ouvia a conversa friamente até quando a irmã conversava, com a
voz da mãe ele emocionou-se e ela continuou a falar:
- Arrancaram um pedaço de mim e agora eu não sei como ele está. Não
sei se já comeu se esta vestido ou nu, ele nunca fez mal a ninguém, é
um anjo.
- Eu sei disso, respondeu Flávinho.
- Ajude-me filho, pelo amor do Criador. Reze peça a Deus para trazê-lo
de volta ao nosso meio. Eu não vou aguentar. Aqui a casa é sempre
cheia de gente, é o que me conforta, até a sua irmã a Maria, esteve
aqui colaborando, nestas horas vale tudo.
- Quero que a senhora tenha um pouco de calma, precisas ter
equilíbrio, sei que é difícil nessas horas e, quem sou eu para falar
isso a senhora, mas nem tudo está perdido o "guri" vai aparecer.
- Se Deus quiser e ele quer.
Edinho ficou deitado de bruços, soluçando como se fosse uma criança,
não trocou uma palavra sequer com o parceiro apenas observava tudo.
Flávinho continuava a conversar com a dona Carmém.
- Peço-lhe que tenha esperança e não perca a fé jamais. Eu lhe convido
a ser forte e não se deixar curvar diante da primeira perda, não fique
aflita, por que a calmaria está para chegar como disse Jesus, isso é
apenas uma tempestade. Não se reprima tanto a fé é que move as
montanhas.
- Eu tenho fé meu filho, respondeu ela.
- Vou desligar e poderei retornar a ligação daqui a uma hora ?
- Pode sim e, deves ligar quantas vezes quiser. Eu não durmo mais, não
sei o que é isso.
Flávinho desligou e olhando para o parceiro disse:
- Ouviste o estrago que fizeste com o coração da sua mãe ?
Ele nada respondeu, apenas chorou desesperadamente e, Flávinho continuou:
- É preciso que tenhamos amor pelas pessoas. Não basta dizer eu te
amo, é preciso que praticamos ações, que por si só, já é uma expressão
forte de amor. não podemos confundir instinto, desejo selvagem e amor,
uma coisa difere da outra, se com a sua mãe fizeste isso imagina
comigo no amanhã, quando os ares não fores mais doces ?
Edinho ergueu a cabeça e respondeu:
- Eu quero apenas a minha liberdade e sabia que por ela eu pagaria um
preço muito alto. As pessoas não imaginam que você é capaz das coisas,
elas entendem que somente elas são dotadas, de força, de fé ou de
espírito de aventura. Eu também possuo esses adjetivos e, quando quis
os pus em prática.
- Está bem amorzinho, deixa eu ligar para a sua mãe, ela não merece
tanto, disse Flávinho.
O telefone tocou na casa de dona Carmém, era madrugada e ainda havia
gente por lá.
- Alô.
- Sou eu dona Carmém, o Flávinho, eu falei que iria ligar e estou ligando.
- Pois é filho por aqui a agonia continua, nada mudou tudo antes como
no país de abrantes. Só sofrimento.
- Creio que o sofrimento não demore mais por um longo tempo, me
responda, ele não deixou nenhuma noticia que iria para algum lugar ?
- Não. Sumiu da porta da escola.Foi tudo muito rápido.
- A senhora está com visita a esta hora ?
- Estou com seis ou oito pessoas.
- Então prepare-se que eu vou lhe dá uma notícia.
- Qual é meu filho, diga ?
- O Edinho está bem e vivo, ele está aqui em casa.
- O que ?
- Acalme-se, disse ele.
Ela calou e Flávinho continuou:
- Eu o encontrei na rodoviária, dormiu uma noite lá, parecia um
mendogo, me disse que havia saido de Arari, como eu o conheço eu o
acolhi na minha residência,mas quero lhe afirmar de ante-mão que eu
não tenho nada haver com isso.
Ela deu um grito bem alto:
- Glória a Deus, Glória a Deus..
Todos correram para onde ela estava, assustados queriam saber o que
tinha acontecido.
- Meu filho apareceu, disse ela.
- Aonde ele está ? indagou Ana Luiza.
- Filha me traz uma água com açúcar, senão eu vou morrer, disse ela.
- Não mãe, não me deixes, pediu Ana Luiza.
A filha pegou a mãe pelos pulsos, estava geladinha...geladinha.
- Ó gente me ajudem, não deixem  a minha mãe morrer.
Aos pouco a dona Carmém foi recuperando a pressão.
Ana Luiza colocou o telefone no gancho.
Ela olhou desoladamente para a mãe e, ambas choraram abraçadas.
 



Quando Ana Luiza soltou o telefone ele ficou em cima do sofá.
Após muitos chás de ervas a dona Carmém foi-se recuperando.
Ela disse:
- Estou mais aliviada, sei que ele está vivo e aonde está.
Os vizinhos que estavam ao lado dela, todos entre olharam-se.
Em São Luiz, ao lado do parceiro o garoto também estava impaciente e
disse ao amigo.
- Por que foste ligar para a minha família, eu não lhe pedir isso.
- Você é um desequilibrado, como é que sai de casa e não avisa nem ao
pai, nem a mãe e o seu pessoal fica assim, e se acontece alguma coisa
que Deus o livre, como fica ? Quem vai ser o responsável ?
- Eu sou responsável por mim, respondeu ele.
- Você não é responsável por nada, és um menor de 18 anos, quando
chegar na sua casa vai ter de contar uma história decente, para não me
colocar como cump-lice.
- Pode ficar quieto, eu não vou prejudicar nenhuma pessoa.
- Mas não fique assim velho, vamos ver se superamos essas coisas,
tenho percebido que estás abatido e muito nervoso.
- Não estou nervoso, estou calmo, não voltarei para casa, preciso
seguir a minha vida querido, disse Edinho.
- Mas não é fácil velho morar sozinho, tem que encara dificuldades, a
solidão da noite, quando moramos sozinhos é preciso aprender a se
disciplinar no cotidiano, senão é complicado.
- Eu sei de tudo isso, sei até que neste momento estás fazendo eu
entender que tenho que voltar para casa, que não poderei mais contar
contigo, que no fundo no fundo, as vezes agente diz aquilo que o
coração jamais sente, entendeu cara ? disse Edinho.
- estás equivocado, pode parar. Estarei sempre ao seu lado. Gosto
demais de você, muito mais que imaginas, eu te amo. Te amo
verdadeiramente, o meu coração balança e estremece quando estou ao teu
lado.
- Como pode ser assim, se desde o momento em cheguei aqui que fazes
força para eu voltar para a minha casa ? Eu quero apenas um apoio
cara, eu posso arrumar um emprego e delinear o meu destino, disse
Edinho.
- Amor da minha vida você pode ficar aqui o tempo em que desejares, eu
jamais direi pegue a sua bagagem e rume para um outro local, muito ao
contrário, poderemos viver eternamente um ao lado do outro. Agora eu
entendo que as coisas precisam serem legalizadas, esclarecidas,
precisa passar pelas vias da claridade e, nunca deixando que as
pessoas sofram como está a sofrer a sua mãe. Ou você não gosta de sua
mãe ? Ou não amas a sua mãe de verdade? Ou a sua mãe e nada é a mesma
coisa ? Desperte meu amor, você é jovem, belo, bonito e precisa agir
com inteligência.
- Você acha cara, que eu não posso fazer opção pela minha vida ?
- Pode e deve, o que não pode e não deve e nem tem o direito é de
machucar as pessoas. Isso jamais terá o direito de fazer com alguém,
disse Flávinho.
- Queres é mandar-me de volta para Arari, cara.
- Não, isso não, te juro. O que eu quero é que volte lá e diga com
todas letras para a sua mãe que quer morar em São Luiz e pronto, que
vai arrumar um emprego e seguir a vida. Ela vai te entender, vai saber
aonde estás, saberás que está trabalhando e você desfrutará a vida da
melhor maneira possível.
- Vou pensar no seu caso.
- Não pense no meu caso, pense na sua mãe, na sua família e em você mesmo.
- Vamos dormir.
- Vamos, já é madrugada.
Edinho abraçou Flávinho novamente, passou por cima dele,tocou em suas
orelhas e cheirou os seus cabelos.
- Estas mexendo comigo, disse Flávinho.
- Eu quero que sintas o calor da minha alma, penetrando dentro da sua.
Desde a hora em que cheguei que estou com vontade de exporrar na sua
cara.
- Que desejo louco esse teu.
- És tu que me fazes assim.
- Quero te pedi uma gentileza.
- Pode pedir que farei, mesmo que seja para eu chupar a sua língua,
podes ter certeza que farei.
meu querido, eu quero que de manhã ao levantar e após tomar
banho,ligue para a sua mãe.
Edinho fez cara de quem não gostou, mas Flávinho continuou:
- Com quem é a sua mágoa, é com a sua mãe, coma sua namorada que lhe
deu bilhete azul, ou por uma outra pessoa que lhe decepcionou?
- Não carrego nem mágoa e nem ódio. Sei que a minha mãe me ama. quanto
a namorada acabou. Eu sou assim acabou,acabou.
- Mas ligaremos, ligando ela fica mais calma e eu mais tranquilo,
estando todos em paz, tudo correrá maravilhosamente bem.Não esqueça
que estás deitado em cima do meu joelho e ele está doendo.
- Vai querer que eu te faça mulher, agora ? indagou Edinho.
- Quero, respondeu Flávinho.
E ambos masturbaram-se sobre  a cama.
Enquanto que no salão de Lili...
Logo cedo ao raiar do dia ela conversava com Juaninha.
E disse:
- Vá entender este mundo minha amiga, os dois estão amaziados em são Luiz.
- Cruz e credo, respondeu Juaninha.
- Como é que pode e, depois ainda vem pousar de homem aqui no meu salão.
- Como soubeste dessa conversa ?
- Faz-se duas noites que eu quase não durmo ouvindo a conversa deles
atras da minha parede, é tanto choro que dá piedade da mãe dele e
aquele vadio comendo ou dando o rabo na cidade com aquele outro vadio.
Juaninha tornou:
- Estou com a alma sufocada de ouvir uma conversa dessas, se fosse uma
outra pessoa que me contasse eu nem acreditaria.
- Se ouvisse o que eu ouço, se soubesses o que eu sei, te arrepiarias,
eu sei de coisas que até Deus duvida meu amor, o tal de Edinho que
veio aqui todo papudo igual a galizé, acabou até com a namorada por
causa do rabo desse viado, ela estava aí na casa deles chorando como
uma doida condenada.
- Se tivesse um filho desse eu nem sei o que faria quando o encontrasse.
- Certamente eu matava esse desgraçado, por isso que Deus não me deu
filho, ele sabe que eu não lhe daria moleza.
- E agora, como está a mãe dele ? quis saber Juaninha.
- depois que o amazio ligou parece que ela está mais calma, hoje ainda
não ouvir nenhum "zumzumzumzum' por lá.
- Será que ela vai buscar ele ?
- Sei lá, talvez ela venha com o bode velho, ou ela liga para ele voltar.
- Os meninos de hoje já não são como antigamente, quando eles nascem
querem é ser mulher.
- Parece que estamos no fim do mundo.
- Eu também acho, e se agente imaginar que são dois garotos bonitos,
comentou Lili.
Passaram-se mais dois dias...
Dona Carmém estava mais conformada, ela entendia que aquilo era coisa
de adolescente e qualquer momento ele voltaria para casa ou ligaria
para ela.
Heloísa encontrou Márcio na escola no dia seguinte e ao vê-lo, foi logo dizendo:
- Viste, o Ednho foi embora...
- Estou sabendo, respondeu ele.
- Que loucura Márcio, disse ela.
- Acho que marrecão fez uma enorme tolice, deixou a mãe dele aqui
sofrendo, fez os amigos ficarem preocupados enfim, fez tudo errado.
- Ele está na casa do Flávinho, respondeu ela.
- Ainda bem que ele está lá, pelo menos não passa nem fome e nem frio,
j'á imaginou se ele tivesse saído por aí como jumento sem mãe, sem
rumo e sem direção, ou iria acabar morando em um albegue ou no meio da
rua ou debaixo da ponte., disse Márcio.
- Verdade, dos males esse foi o menor, respondeu ela meio que sem graça.
- E quando o marrecão chegar, vão pára do zero e começar tudo de novo?
quis saber ele.
Ela deu um leve riso e disse:
- Entre nós está tudo acabado, eu tomei a iniciativa de colocar um
ponto final em nosso relacionamento, eu não quero mais, chega.
- Você foi a causa do meu amigo sumir, creio que estás com a consciência pesada.
- Não fiz nada amiguinho, apenas pedi a ele um tempo.
- Marrecão não merecia isso, disse ele sorridente e continuou: - a
esta hora ele deve está chorando a sua falta.
- Ou está com a outra o que é óbvio, disse ela.
Ainda dialogavam quando o sirene da escola tocou.
Eles adentraram no prédio e conversaram rodeados de outros colegas e
soltavam sonoras gargalhadas, depois de um bom período ali, cada um
retirou-se para o seu lado
Era madrugada.........
Tocou o telefone.
- Alô.
- Quem está falando ?
- Sou eu.
- Meu filho, exclamou ela.
- Mamãe, disse Edinho.
- Meu amado, por que fizeste isto comigo, eu te quero tanto, disse ela
com a voz rouca e as lágrimas nos olhos.
- Não chore mãe, eu estou bem.
- Meu filho já jantou ? indagou ela.
- Sim, não se preocupe com isso.
- Venha para a sua casa,tem a sua escola que você não pode perder.
Responda-me, qual foi o motivo de você ter deixado a sua família ?
Estou aflita, tenho sofrido muito, não queira matar-me aos poucos eu
tenho apenas você e a Ana Luiza. Deixe-me viver ao teu lado mais um
pouco, isto não é um pedido é um apelo de uma pessoa que está com o
coração transpassado pela dor do sofrimento.
- Mãe. acalme-se que eu estou bem bom, respondeu ele.
- Bem estavas, se estivesse comigo, ao lado de sua família.
- Eu vou em casa.
- Venha logo, nós te queremos aqui. A sua cama eu arrumo todos os
dias, ela está sempre a sua espera, no mesmo lugar e não permitirei
que alguém desarrume. Vou lhe esperar na rodoviária,estou com uma
vontade louca, quase desesperada para lhe dá um abraço. Tenho dormido
pouco querido, por isso ajude a prolongar a minha vida.
- Mãe eu quero ficar por aqui, arrumar um emprego para que possa
comprar as minhas coisas, eu já sou um homem.
- É verdade. Mas precisas terminar de estudar, aqui em casa jamais
faltou alguma coisa para você, pouco mesmo que seja, mas quase tudo
que pedes o Torres lhe dá, sempre comprou tudo e, ainda não é hora de
trabalhar, eu te faço um apelo mais uma vez, venha para a sua casa,
aqui é o seu lugar. Não me deixes só. Por que está querendo me
abandonar ? Logo agora em que a velhice se aproxima de mim e as minhas
pernas já aparenta cansaço ?
Do outro lado, Edinho apenas soluçou e disse:
- Perdoe-me.
- Eu te perdoo, mas o que mais quero é a sua felicidade. Para você
desejo toda harmonia espiritual do mundo, preciso apenas que primeiro
adquiras equilíbrio para poder encarar as adversidades que a vida irá
postar-se diante de te. Ainda não estás preparado para morar distante
de mim, lhe garanto que ao retornar a sua casa não lhe acontecerá
nada, o meu filho será recebido de braços abertos. Todos estamos aqui
a te esperar.
- Eu vou mãe, eu vou, respondeu ele entre soluços profundos.
- Entenda, a sua irmã está sentindo uma falta danada de você, ela já
quase adoeceu, está triste,vive pelos cantos, está arriada, queira
acreditar.
- Mãe, sei que errei. Sei que já é tarde e precisas descansar para
poder sossegar o juizo, vou desligar para que tenhas mais
sossego,querida.
- Está bem meu amado, mas só terei sossego e paz espiritual quando
veres entrar pela porta adentro da nossa casa. Enquanto isso não
acontecer serei sempre uma mulher incompleta. Mas vá dormir e fique
com Deus.
- Até mais, mãe.
- Que Deus te acompanhe.
- Durma em paz, disse ele e desligou o telefone.
Ela levantou-se, tomou o terço que estava pendurado na cabeceira da
cama e foi rezar.
Ficara acordada por um longo tempo.
Era madrugada e o silêncio da noite era quebrado apenas pelos
grunhados dos gatos no telhado da casa.
Ela dormiu.
Na manhã seguinte, estando mais calma, fora a primeira notícia que
dera a Ana Luiza.
A moça ficou muito contente com o enredo narrado pela mãe.
O clima em casa começava a melhorar apesar da ausencia de Edinho, mas
em todos foi renovado a esperança que ele voltaria. Para a dona
Carmém, era apenas uma questão de tempo.
Já completara duas semanas que Edinho havia saído de casa.
Chovia bastante em Arari, quando de repente pára um táxi à porta de dona Carmém.
- Tem alguém buzinando aqui na porta, disse ela.
Ana luiza correu à janela para vê quem era.
- É aqui mãe, gritou.
- Veja quem pode ser.
- É o pai berrou ela outra vez.
Carmém saiu correndo casa a fora em direção a porta e ao deparar com o
marido disse:
- Meu velho quanto tempo e, deu-lhe um abraço.
Ana Luiza, correu e abraçou os dois juntos dizendo:
- Pai, quanto tempo eu imaginei que não voltaria mais.
- Coisas naquela cidade, eu não gosto daquilo, só vou ali obrigado.
- Vá logo trocar essa roupa, estás todo molhado.
- Pegue os meus chinelos filha, ordenou ele.
Ana Luiza pegou os calçados do pai, colocou-os nos pés e ele trocou de
roupa ali mesmo em frente a todos.
Carmém foi até a cozinha fazer café enquanto o marido sentava à mesa.
- Onde está Edinho? perguntou ele.
Carmém olhou para Ana luiza e não disse mais nenhuma palavra.
O velho falava muito e contava as novidades da capital, mas sempre de
forma rabaugenta e sempre dizia não gostar de São Luiz.
A chuva caía sem dó e nem piedade e a cada instante que passava a
cidade alagava mais.
Dona Carmém ferz o café, serviu os dois e ficou batendo na mesa com as
pontas dos dedos.
Torres olhou para elas e indagou novamente:
- Aonde está Edinho que eu ainda não o vi.
- Não está.
- Com toda essa água que cai, ele está fora de casa, para onde ele foi
? quis saber
Ela ficou observando os gestos do marido e depois disse:
- Torres, tenho uma história muito longa do Edson para conversarmos,
ele não está nem em Arari.
- O que aconteceu com o meu filho ?
- Ele está vivo e bem, respondeu ela.
- Aonde está meu filho, Carmém ? perguntou ele meio que exaltado.
- Acalme-se por favor, ele está em São Luiz, fugiu de casa e foi-se.
- Com quem ele foi ?
- Ele saiu daqui sozinho, dormiu lá não sei por onde, o que sei é que
está hospedado na casa do Flávio filho da Lúcia.
- O que está me falando , mulher ? Indagou aos berros que ouvia-se ao lado.
- É tudo o que acabaste de ouvir, já lutei demais e ele não quer voltar.
- Por que ele fez isso, algum motivo o meu filho teve, nenhuma pessoa
abandona o seu lar atoa.
- Aqui não houve nada, o que comentam é que ele brigou com a namorada
lá pelo colégio.
- E por isso ele foi embora ? quis saber.
- Eu não te afirmo se foi por isso ou não, ou se tem alguma coisa por
tras disso.
- Já falaste com ele ?
- Sim.
- E aí ?
- Ele falou que vai voltar, até chorou ao telefone, quando eu falei com ele.
- Vou buscar o meu filho, devria ter-me avisado em São Luiz.
- Não quis lhe incomodar, entendir que quando chegasse, resolveria
essa pendência desagradável.
- Essas coisas agente tem que falar logo, como é que esse menino vai
ficar na casa desse pessoal, que nem sequer fala com agente ?
- É dificil, não é ?
- Que situação ruim ficou aqui.
- Meu querido eu não tenho culpa, respondeu ela.
- Eu sei disso, disse Torres.
- Agora ele me falou que quer ficar lá para arrumar um emprego.
- não minha querida, ele não está precisando trabalhar, o meu menino
precisa estudar, se qualificar e ai sim, disputar uma vaga no mercado
de trabalho, isso que ele está fazendo é aventura, ele é muito novo.
- Eu falei isso a ele, respondeu ela.
- Quando cessar esta chuva vou começar a providenciar de como fazer
para ir buscá-lo.
- Aqui tem o telefone da casa em que ele está hospedado, disse Carmém
agora mais confiante.
- Como que ele foi parar na casa desse pessoal ? Quis saber.
- Não tenho uma resposta exata de como, o que sei é que eles
tornaram-se amigos, conversavam demais, foram em festinhas, sairam de
carro juntos, mas jamais imaginei que isso pudesse acontecer, ele saiu
para a escola e de lá desapareceu.
Ana Luiza, ouvia toda aquela conversa entre os pais, sem que desse
algum palpite.
Observando cautelosamente o silencio da filha  ele perguntou:
- E você querida, o que sabe da fuga do seu irmão? perguntou ele.
- Eu sei o mesmo que a mãe sabe, Edinho quer aventurar um pouco paui,
esse moleque tem 16 anos e acha que pode tudo, que sabe tudo, aunica
coisa que eu sei é que ele tem que voltar urgentemente por que estou
com muita saudades dele, só nós sabemos o quanto ele é importante para
todos da família.
Torres estava levantando da mesa quando disse:
- Ele vai voltar sim, só não vou buscagora por que chove demais e
estou bastante cansado, senão voltaria sobre o mesmo passo.
E pediu;
- Dá-me o telefone da casa em que ele encontra-se.
Carmém entregou-lhe o número e ele olhou demoradamente.
E perguntou:
- Qual será o melhor horário para falar com ele ?
- A noite, respondeu Carmém.
- Quando eu voltar da oficina será tarde, mas vou buscar o meu filho.
- Pelo menos agora estou mais sossegada, já estás aqui conosco.
Torres e Carmém ficaram um bom tempo naquele espaço colocando as
conversas em ordem.
Ela narrou quase tudo o que acontecera em sua ausencia.
A noite caía muito que rapidamente e a chuva não dava trégua.
Já era tarde o casal entrou para o quarto e Ana Luiza já dormia.
Somente ouvia-se o som da água da chuva caindo sobre o telhado
Deitada ao lado do esposo ela disse:
- Tenho um fato intererssante para te narrar.
- É sobre o que ? indagou ele abraçado ao travesseiro.
- Sobre o nosso filho e o do vizinho, quero lhe contar tudo, quero lhe
deixar ciente de tudo o que acontece, disse ela.
- E o que é que você sabe ? tornou ele.
- O caso é muito sério.
- Então conte logo.
Ela não perdeu tempo e narrou tudo o que sabia ao marido, falou da
visita que a visinha fizera, enfim narrou tudo...tudo.
VIGESSIMO PRIMEIRO CAPITULO

 

PRIMEIRA PARTE


A cada fato por ela narrado o marido ficava mais surpreso e, muito
mesmo, quando ela tratou o caso do filho, quem além de tudo ele ficou
muito furioso.
- Não admito que o meu filho tenha entrado nessa, alguém fez a cabeça
dele e muito bem feita,temos que salvar o nosso garoto dessa desgraça,
jamais poderemos deixar assim e ele deve entender que um homem nasceu
para cruzar com uma mulher e nunca com outro homem..
- Falei isso a ele dei-lhe inúmeros conselhos, mostrei os perigos que
ocorrem nesses relacionamentos, os conflitos de ideias, o preconceito
que as pessoas carregam contra esses índividuos enfim, tudo o falei
com clareza, mas jamais o pressionei.
- Não o pressionarei, mas vou livrá-lo desse mal, dessa deformação de
carácter, dessa desagregação sexual, dessa afronta aos bons costumes,
não tenho nenhum preconceito contra nada, mas entendo que homem é
homem e mulher é mulher, infelizmente agente passa por essas coisas e,
agente nunca pensa que pode acontecer com agente, imagina que aconteça
apenas com o vizinho, mas independente de qualquer coisa, o meu filho
é o meu amigo.Vou recuperá-lo, 'e um pacto meu  com Deus.Deus é o meu
eterno aliado nessa briga para salvar a alma dele.
Conversaram por um longo tempo durante a madrugada e depois adormeceram.
No dia seguinte.....................
Logo muito cedo ele disse a esposa:
- Arrume a minha mala, estou indo atrás do meu filho hoje.
Ele ainda falava quando Ana Luiza atendeu ao telefone e foi logo avisando:
- Pai, é para o senhor.
- Quem é ? Quis saber.
Ela deixou o telefone sobre o sofá e disse:
- É uma mulher, que atende pelo nome de Tamea.
Ele correu pegou o aparelho e disse:
- Diga doutora, o que mandas.
- Mandar?!...eu não mando nada, liguei apenas para avisar que hoje a
tarde estarei na cidade de Arari, para que juntos estejamos no Forum,
diante do juiz. Hoje sai a sentença do seu caso.
- Será que eu vou ser condenado doutora ?
- Não, se Deus quiser não. Iremos lá, relatarei os fatos, a vítima
deve comparecer e narrar a versão dela e, certamente ele irá analisar
o que está escrito nos autos, aí então ele dita a sentença. Com
certeza, será favorável a nós.
- A que horas nos encontramos no Forum ?
- Estarei lá as 16:00horas, por que o julgamento está marcado para as
17:30 horas, por isso temos que chegar com antecedência.
Ela desligou o telefone e ele ficou ali pensativo e foi para cozinha
onde sentou e chamou a esposa dizendo:
- Hoje sai o resultado do julgamento da confusão que eu tive com a
safada da Lili, a advogada acabou de avisar-me, se por acaso
acontecer de eu ser preso ou condenado por favor, não entre em
desespero, por que mesmo estando eu preso saberei me virar, o
importante é eu estar vivo para continuar lutando na busca do Edinho e
trazê-lo de volta para casa.
dito isso atravessou toda a casa, desceu as escadaria e rumou em
direção a oficina.
Encontrou o Chico do carro todo sorridente que lhe perguntou:
- Como foi a viagem ?
- Foi normal, o único entrave foram as peças que não estavam prontas e
atrapalharam tudo, senão eu teria voltado mais cedo. Bom mesmo é
Arari.
Chico do Carro deu risadas e disse a Torres:
- Termina aquele veículo ali, falou apontando para um fusca vermelho
que encontrava-se encostado ao fundo, do outro lado do pátio,
continuou:- depois do meio dia pode ficar por sua conta.
- Ia falar contigo mesmo, por que depois do almoço às 16 horas tenho
que ir ao Fórum, em frente ao Juiz para responder o por  que eu dei uma surra naquela sem vergonha da Lili.
- tudo bem fique a vontade, só adianta o fusca por que me comprometi a entregar no final de semana.
Dito isso retirou-se e Torres foi cuidar do carro.
Na parte da tarde ele ficou em casa junto da esposa e da filha, preocupado com o que poderia acontecer.

Pela manhã, toda contente Lili berrava da janela, conversando com Juaninha.
- Amiga, é hoje que vejo o bode velho no chiqueirinho,quero que fique lá,
apodreça lá, vendo a cara do sol todo dia nascer quadrado.
- Vou está na primeira fila e quero te aplaudir de pé. E quando entrares
gritar vivas ao vê-lo, entrar no chilindró, respondeu Juaninha.
- Vou dá uma festa de arromba e gritar de contentamento, ele verá como é bom
bater em mulher, quero ver a polícia sair com ele algemado.
- Quero ver a cara da advogadazinha que ele arrumou, o Juiz vai mandar os
dois de mãos dadas ao chilindró querida amiga.
Como de rotina elas passavam a manhã nas janelas do casarão penduradas, uma
de cada lado da rua, berrando conversa fiada sobre os seus problemas e
comentando em vozerio alto a vida das outras pessoas.
As quinze horas em ponto Torres arrumado, bem vestido desceu as escadaria da
casa ao lado da esposa e da filha e saíram em direção ao Fórum.
Ao chegar entraram e sentaram ao lado um dos outros na sala de espera.
O relógio já marcava 16:30 e nada da advogada aparecer.
Torres dava sinais de impaciência, suava bastante e estava preocupado.
Lili estava ali desde as 16:00 horas, toda enfeitada, vestia um vestido todo
florido e, usava nos lábios um batom vermelho pimentão que chamava atenção.
Ao lado tal e qual a sua inseparável amiga, Juaninha Sabe Tudo.
Elas cochichavam e riam muito, batendo carinhosamente uma contra a outra, em
uma demonstração de que zombava de alguém.
Carmém disse:
- O que tanto essas mulheres sorriem, será que estão prevendo alguma coisa,
meu Deus ?
- Acalme-se, deixe essas vagais pra, quero ficar quieto.
O tempo corria e nada da advogada de Torres aparecer.
Todos estavam preocupados, afinal a sessão estava marcada para as 17:30
horas.
- Meu Deus essa mulher não aparece, será que serei julgado à revelia e
condenado ? Perguntou ele a esposa.
- Acalme-se pai, advogado é assim mesmo, estão sempre correndo em cima do
tempo, se ela ligou é por que vem, respondeu Ana Luiza tentando acalmá-lo.
- Mas está quase em cima filha, respondeu ele.
do outro lado em uma cadeira as duas observava o desespero de Torres e riam
descaradamente e, ainda contavam piadas em voz alta.
As 17:25 horas, Torres levantou-se e foi até a porta e viu um carro preto
estacionado.Aproximou-se, bateu no vidro e disse:
- Doutora a senhora quer matar-me do coração?
E nem percebeu no banco de trás uma mulher sentada, usando óculos escuros.
- Tenha calma, as coisas acontecem naturalmente, jamais deixarei o senhor
só, respondeu ela.
Eles entraram na sala de espera, ela segurando no braço dele e, logo Lili e
Juaninha fecharam a fisionomia.
A advogada, torres e a família fizeram um pequeno círculo e cochicharam
alguma coisa, depois sentaram todos.
Na hora marcada o ajudante Judicial chegou à porta com um papel em mãos e
chamou:
- Queira entrar o senhor Torres e a dona Lilían, acompanhados de seus
respectivos advogados.
entraram acompanhados de seus defensores, sentaram uma de cada lado de
frente uns para os outros e, lá no fundo da sala o escrivão judiciário com
o seu  PC  e, na cabeceira da mês ao alto a Autoridade Judicial. Com a voz
empostada ele disse:
- Que se apresente o advogado do acusado e me narre o fato ocorrido e faça a
defesa conforme os autos do processo.
Calmamente. Muito calmamente a doutora Tamea disse:
- Excelentíssimo, o que ocorreu naquele dia foi um fato isolado. A dona
Lili, posso chamar assim é uma pessoa de muito pouca ocupação, ela tem como
"hobby", avacalhar, achincalhar a vida das pessoas de bem e, principalmente
a de seus vizinhos. Tanto que nenhuma pessoa fala bem dela na rua. É
inacreditável que uma pessoa fique na janela falando da vida dos outros a
vida inteira e não consegue trazer uma testemunha de uma suposta agressão,
tanto que ninguém fala bem dela.Se formos a fundo Excelentíssimo e
analisarmos friamente as coisas eu ainda vou acabar descobrindo que a dona
Lili, tropeçou em uma pedra e caiu no meio da rua e agora vem a presença da
Lei acusar este homem, somente e tão somente, por que não possuem a cor dos
olhos que ela desejaria que ele possuísse. Como ela não gosta do meu
cliente, entendeu que ele seria a primeira pessoa que ela deveria acusar. O
senhor Torres é um homem ocupado, do bem,dedicado a esposa e a família, um
trabalhador que abre uma oficina as 06:00 da manhã e não sabe a que horas
fecha, é um pé de chumbo para o trabalho, não pode, não merece e não vai ser
condenado por um capricho de uma vizinha apenas por que entende essa vizinha
que ele não possui a beleza para os seus encantos e deleitos. Todos os dias
essa senhora trucida os sentimentos do meu cliente excelentíssimo.
Somos do bem e, as pessoas do bem tem a proteção da Lei universal. A Lei,
somente a Lei, é o manto Sagrado da Justiça neste País.
O Juiz bateu a mesa e indagou a advogada:
- A doutoura tem testemunhas ?
- Sim.
Torres gelou, ficou pálido, ele não fora avisado pela advogada de nenhuma
testemunha a seu favor.
- Peça para entrar a testemunha de defesa, pediu para Juiz ao ajudante
Judiciário.
Este foi até a porta e chamou:
- Queira entrar a senhora Lúcia Mendes.
Torres ficou mais surpreso ainda. Baixou a cabeça enquanto a mulher
dirigiu-se com um documento pessoal em mãos na direção do escrivão e depois
voltou e sentou-se em um banco ao fundo da sala.
Depois de alguns minutos o Juiz a chamou e perguntou-lhe:
- A senhora estava em casa no dia da confusão ? Interrogou ele.
- Sim.
- Como começou ? tornou a perguntar em voz alta.
Ela respondeu:
- O senhor Torres trabalhava sob um carro e a dona Lili como é conhecida na
rua, começou a provocá-lo.
- Senhor torres é um vizinho violento ?
- Não.
- A testumnha está dispensada, pode sair da sala, ordenou o Magistrado.

Após a saída da testemunha da sala ele virou-se para a advogada e disse:
- Queira que a senhora fosse breve, detêm de poucos minutos.
A doutora Tamea disse:
- Serei breve e sucinta.
a testemunha disse tudo, o homem é trabalhador e honrado, é dessas
pessoas que ajuda a cidade a crescer, como é que vai-se penalizar um a
pessoa como esta? Isso jamais poderá acontecer, no Estado Democrático
de Direito em que vivemos, a Lei não comungará com outra coisa que não
seja o perdão a este trabalhador por um equivoco cometido por dona
Lili, este senhor é um cidadão correto e com ressalva Meritíssimo: é do
bem. Muito obrigada.
Enquanto a advogada falava as lágrimas escorriam pelo rosto do senhor Torres.
Observando  que ele chorava ela disse:
- Nenhuma homem chora atoa, o meu cliente chora por que é digno, tem
vergonha na cara, jamais esteve aqui e certamente jamais voltará,
chora somente as pessoas que possuem alma, coração e sentimentos, como
diz Gonçalves Dias, o poeta maior desta terra.
Ela sentou-se ao lado do senhor Torres, que estava de cabeça baixa.
Outra vez o magistrado empostou a voz e disse:
-  Com a palavra o advogado de acusação com o mesmo tempo.
O advogado de Lili disse:
- Meritíssimo, a advogada de defesa falta com a verdade a luz da Lei,
quando diz que a dona Lili, nada faz. Ela é uma pequena empresária,
tem uma salão de caleleiros, atende ali diariamente inúmeras pessoas,
ajuda na economia do município pagando em dias os seus impostos e,
vou usar a mesma expressão da doutora Tamea: Em um Estado Democrático
de Direito como o nosso, esse réu precisa no mínimo passar 30 anos na
cadeia. Ele agrediu uma mulher indefesa, vejamos as diferenças físicas
Meritíssimo. Ele mais que agrediu, ele a torturou em plena praça
publica, ela teve que ir ao hospital e humanisticamente falando foi
atendida pela enfermeira Goreth Araújo. A dona Lili, ainda encontra-se
debilitada, mas a sua frente apenas o judiciário poderá fazer Justiça
contra este torturador, que diante do Meritíssimo pousa de bom moço,
de trabalhador e coisa e tal, como se fosse o paladino do trabalhismo
Arariense.
O Juiz bateu na mesa e perguntou:
- A vítima tem testemunhas ?
O advogado respondeu:
- Toda a cidade de Arari é testemunha do que esse torturador fez, e se
não fosse as pessoas de bem desta cidade aqual ele não pertence e a
doutora o quis colocar, este competente profissional hoje não estaria
aqui, a este momento encontraríamos apenas o pó do seu corpo.
- Quer dizer que o senhor não trouxe testemunhas ? Interrogou o Juiz.
- Não. Mas se quiser direi que, a sua pequena mas acochegante sala
será pequena para tanta gente que deporá a favor de dona Lili.
O Juiz virou-se para o advogado e disse outra vez:
- Já que o senhor não trouxe testemunhas, faça a suas considerações finais.
O advogado disse:
-  Este réu precisa passar 30 anos na cadeia, somente assim ele
aprenderá a respeitar os direitos femininos. A dona Lili, te mais da
metade desta cidade como clientela, ela não é uma pessoa qualquer. Nem
mais o vil bandido foi tão torturado em praça publica como ela foi.
Sofreu  duas torturas, uma física e a outra psicologica e, certamente
o meretíssimo levará isso em conta.
O Juiz bateu com o martelo na mesa e retirou-se.
Houve um "zumzumzum" na sala de espera.
Depois de um período ele voltou a sala e ficou de pé dizendo:
- Atenção que vou ler a sentença, disse ao lado de dois policiais.
Atenção:
" O senhor Torres que agrediu a senhora Lilían, vai ter que pintar por
dentro e por fora a Igreja Nossa Senhora das Graças, o Mercado
Municipal por dentro e por fora e vai carpir todo o Cemitério e pintar
todos o muros que o cerca, tudo isso em trinta dias corridos."
A senhora Lilían:
" Por ficar muito tempo na janela berrando, cuidando da vida dos
outros, pertubando os vizinhos, tem como pena a cumprir, andar a pé da
cidade de Miranda do Norte até a cidade de Arari, sempre acompanhada
de um policial. está pena começa a ser cumprida apartir do dia de
amanhã.
A doutora Tamea levantou-se e disse ao Juiz.
- ProtestoMmeretíssimo.
Ele respondeu:
- Não cabe mais recurso doutoura. Está encerrada a sessão de
julgamento e retirou-se muito que rapidamente.
Torres levantou-se e deu um abraço na advogada.
Ela virou-se para ele e disse:
- Conheces a dona Lúcia ?
- Sim.
- O que tens a falar dela ?
Ele virou-se para ela espichou o braço e a cumprimentou.
Ele disse:
- Perdão de minha parte, agente agora faz as pazes, não haverá mais divisão entre as nossas famílias, serei eternasmente grato a senhora, não terei como pagar-te.
Lúcia respondeu:
- Esquerça tudo e siga a sua vida.
Todos retiraram-se da sala do Forum e foram para a sala de espera.
Lili que saiu na frente, encontrou a amiga Juaninha e foi logo dizendo:
- Isto é uma falta de seriedade, o Juiz me condenou juaninha, como é que pode, como disse o meu advogado,eu fui espancada, torturada e agora ele me condena. Isso não pode.
- O que está falando mulher ?
- É isso mesmo que acabaste de ouvir, eu saio daqui do Forum, torturada pela segunda vez,agora pelo chamado juiz de Direito desta cidade, a sentença é que terei de andar a pé da cidade de Miaranda do Norte até aqui, pode?
- Isso não pode, respondeu a amiga.
- Vou fazer greve de fome, disse Lili.
Juaninha pensou...pensou e disse:
- Não faça greve não coleguinha, nenhuma pessoa desta cidade vai escutar os teus apelos, se fizeres mesmo vai acabar morrendo a míngua por que nenhuma pessoa se sensibilizará com você.
- Tens razão querida, não vou fazer mais não.
- Podes deixar que irei com você, ao menos agente faz uma bela de uma caminhada, emagrece, fica mais bela...quem sabe não fora por isso que o Juiz lhe deste esta pena, acontece que agora serás obrigada a fazer um regime  forçado. Mas ele ordenou o bode velho a pintar a Igreja, o Cemitério e o Mercado Velho, parece que ele estava mais preocupado com o patrimonio publico do que com as suas dores querida.
- Mas eu não merecia isso.
Juaninha deu uma gargalhada e disse:
- Amanhã mesmo estarei vestida como se fosse uma atleta olímpica e sairemos de lá até aqui ao lado do policial no trote, ou quem sabe agente até dispensa esse policial e arruma outros homens mais bonitos e jovens, agora imagine a cena; nós duas na frente puxando aquela multidão de gente e transformaremos toda a sua pena em uma enorme maratona.
- Está bem Juaninha, festa é conosco aí cada qual faz a sua idéia se estamos mesmo pagando uma pena ou estou protestando contra mais essa injustiça.
- Vamos montar as njossas roupas de atletas e mostrar alegria, se eles queriam nos derrotar, saibam que somos nós que vamos alegremente protestar.
Naquele momento Torres despedia-se em frente ao Forum da doutora Tamea, esta imediatamente voltou para São luiz e os demais para as suas casas.
No caminho quando voltavam para casa a dona Carmém falou:
- Eu quero dona Lúcia, lhe agradecer confesso que fiquei surpresa, apesar de ter ido a sua casa naquele dia, jamais imaginei que a senhora pudesse nos ajudar neste momento unico de dificuldade, afinal nestas horas todos os conhecidos somem, os amigos não aparecem e quanto mais saber que vem serem testemunhas, mais eles se ausentam.
- Não se preocupe com isso, queria que soubesse que esse meu gesto é apenas uma chance de falarmos de paz.
Quero que as nossas familias encontre-se como vizinhos e jamais como adversários, respsondeu dona Lúcia.
- Vamos marcar um dia e agente reune todos, disse Carmém toda contente e andando tranquilamente continuava a falar: - se pensarmos bem, todos com esta idade fomos amigos ou companheiro de baladas, agora estamos ficando velhos e não há motivos para ficarmos de mal.
- Da nossa parte querida agente acaba com essa besteira, eu também tenho culpa, agente paga cara pela ingnorância que nasce dentro dagente. Eu mudei desde que houve aquele epsódio com a Lili, mas que ela mereceu levar umas tacadas isso ela mereceu
Torres disse:
Neste momento me causa arrependimento por ter ficado de mal tanto tempo com vocês.
Dona Lúcia despediu-se da familia Torres antes mesmo de entrar na rua em que mora, ficou pela avenida Dr João Lima, por aquelas casas que vende mantimentos e os demais seguiram alegremente.
-- Ao entrar em casa a familia Torres não aguentava de tamanha felicidade.
Ana Luiza abraçou e cheirou o pai e a dona Marmém sorria levemente.
Aproveitando esse clima Torres disse:
- Ligam-me para Edinho.
Dona Carmém passou a mão no aparelho, discou o número e entregou o telefone
ainda em sinal de chamamento.
De repente:
- Alô.
- Quem fala ? Indagou do outro lado da linha.
- Sou o Torres e,queria falar com o Edinho.
- Sou eu pai.
- Meu filho, aonde estás ?
- Estou em São Luiz, pai.
- Venha para casa agora, ou irei aí para trazer-lhe.
Edinho silenciou por alguns minutos e depois de tomar folego respondeu:
- O que eu vou fazer aí ?
- Aqui é a sua casa, tu és o meu filho muito amado, meu único
herdeiro,és tudo para mim, eu te amo tanto...
- Quero lhe contar uma novidade, meu velho, disse Edinho mais alegre.
- Qual é a novidade que o meu filho vai contar a não ser me dizer a
que horas vai chegar ?
- Eu estou trabalhando.
- O que ? indagou Torres admirado.
- Verdade, eu estou trabalhando é bom para o senhoer e para mim.
- Aonde você trabalha e em que ?
- Estou no Banco mais o Flávinho, fui contratado por uma empresa
temporário é o meu primeiro emprego, estou feliz, irei aí lhe ver e
pegar os meus documentos escolares, afinal de contas amigão, a vida
continua.
- Filho sai desse serviço e volte para casa,eu tenho algo que posso te
ajudar, eu vou te ajudar.
- Sempre me ajudou, mas eu preciso trabalhar, quanto mais moço melhor,
aí quando eu chegar na sua idade já estarei aposentado, e eu estando
tabalhando
agora significa que o senhor vai ter que trabalhar menos, por que aí
eu pego um dinheiro aqui e te mando.
- Não concordo com isso, a sua responsabiliadede com Banco é muito
grande, eu quero que neste momento estude e divirta-se.
- Bobagem pai.
- Tens apenas 16 anos e não pode assumir tamanha responsabilidade com
emprego, disse Torres.
- Não esqueça o senhor que Dom Pedro Segundo, tinha apenas quatorze
anos quando jogaram toda a responsabiliaded do Brasil em sua costa.
Estou assumindo apenas as minhas responsabilidades.
- Então quer dizer que não vai vir na sua casa, ver o teu pái, a sua
mãe, a sua irmã enfim....todo o seu pessoal que deixaste para tras.
- Vou sim, esta semana vou te ver.
-- Posso esperar ? Indagou o velho.
- Não só pode como deve, meu querido, respondeu o garoto.
- Venha mesmo, meu querido, hoje teve o julgamento daquela confusão, com a Lili.
- O que deu, isso > Quis saber.
- Fui quase absorvido mas peguei uma pena menor, uma coisa
comunitária, essas coisas assim.
- Como assim pai, não entendi.
- Fui condenadao para serviços comunitários, vou pintar o mercado
velho, a igreja e carpir e pintar os muros do cemitério, e ela foi
condenada a andar com dois guardas ao lado de Miranda do Norte a
Arari. Ela saiu brava de lá, reclamando de tudo e de todos, achando-se
injustiçada.
Edinho riu e disparou:
-O Juiz tinha que mandar era ela correr de Arari a Porto Alegre e
atravessar a nado do Brasil à Africa, pelo Atlãntico.
- Quem está aí com você ? Indagou o velho.
- Flávinho.
- Só mora os dois.
- Sim.
- E mulher vai aí visitar vocês ?
- Não.
- Por que?
- Agente não quer.
- Mas não é proibido?
- Não, aqui tudo é liberal, meu velho.
- Liberal ? O que é isso meu filho.
- Como você entender pai. Generoso,independente, livre, cada um
professa as suas idéias de liberalidade, por isso é que estou aqui.
- Venha mesmo rapaz.
- Vou sim meu velho. Saiba que eu te amo e estou morrendo de saudades
de vocês. Mas saiba também que eu vou e volto, não deixarei o meu
emprego, pois estou muito bem nele.
- Quando chegar aqui agente conversa.
- Nada disso é decisão. O Edinho vai volta, será bom  para todos nós.
- Se for essa a sua vontade, respeitarei como sempre fiz.
- É isso mesmo meu velho, é assim que agente fala, fique frio que eu
não irei me perder.
- Então vou desligar filho, disse ele.
- E a mãe, quis saber o garoto.
- Está bem.
- E Ana Luiza ?
- Vou  trazê-la pra cá, assim ela encontra um estágio e  descola um
emprego para ela começar um estágio e dá um impulso na vida. Tchau
pai. Um beijo e um abraço.
- Até mais filho, respondeu o velho que colocou mansamente o telefone
no gancho e espichou as pernas sobre o sofá.
Torres estava cansado mentalmente.
Para ele todos aqueles problemas que o envolveu serviria de lição pára
o preocesso que  enfrentou até o dia do julgamento do caso Lili Boca
Mole.

No dia seguinte...
A  avenida Dr. João Lima amanheceu coloridas de bandeiras amarradas de um ponto a outro  nos postes. Uma multidão de meninas menores de 17 anos, estavam ali enfileiradas dizendo-se solidarizadas com a Lili.
- Vamos correr para protestar contra as agressões  sofridas por Lili, cantavam elas em únissono.
- O Juiz foi injusto com ela fazendo correr pela BR entre dois soldados como se fosse uma pessoa má, dizia uma outra.
Naquele reboliço todo, de repente surge Lili no meio da multidão, toda colorida com meias longas de jogar futebol, um maiô todo florido e na cabeça cabeça uma flor enorme em forma de borboleta como se estivesse com as duas antenas ligadas.
De um local qualquer surge dois policiais em trages esportivos e diz:
- A senhora Lili, por favor...
- Sou eu, apresentou-se ela apressadamente.
- Estamos aqui para fazer cumprir a sentença do meretíssimo Juiz de Direito desta cidade, que nos incubiu de guardá-lhe.
- Quero ir entre os dois, respondeu ela, que ouvia assobios da multidão, enquanto ela acenava a todos.
- Por que dois, dona Lili.
- Por que essa foi a sentença que o Juiz ditou, além de que na volta eu quero cruzar a linha de chegada como uma verdadeira campeã de maratona.
- Sim...sim, respondeu o policial.
Na avenida tinha para mais de mil pessoas aglomeradas, espalhavam-se pela praça da Matriz, pela antiga rua Grande enfim, por todos os lados da cidade era somente esse o comentário.
Quando todos ali estavam surge no meio enfeitada como se fosse uma verdadeira maratonista Lili Boca Mole, semelhante a uma fundista de primeira grandeza e, rasga a avenida em trotes, com passos curtos, levando consigo um mar de gente. Por onde passava as pessoas atiravam floes, rosas perfumadas e ela continuava a trotar mas com a língua sempre afiada na vida das outras pessoas. não se conformando com a sentença jamais, convidava sempre mais um para correr junto com ela.
Nesse tempo dona Carmem sentou-se na sala com o marido pois a filha havia saido.
Ela indagou o marido:
- O que disse Edinho ?
- Vem apenas a passeio, está trabalhando e não quer mais vim embora.
- O que dizes ?
-  Respeitemos a opinião dele, quer ficar por lá, entende que é melhor, então que assuma a sua responsabilidade, de longe agente fica atento, possa ser que amanhã ele pela socorro e agente esteja apto a ajudar, esse é o nosso papel de pai.
- Então ficou por isso mesmo ? interrogou ela novamente.
Torres retrucou:
- Agente não precisa tirar lições de todas as coisas, pensemos pelo lado positivo das coisas, ele já quer ser independente e, isso é um direito dele, concluiu.
O tempo passou.

VIGESSIMO  SEGUNDO CAPITULO  

 

PRIMEIRA PARTE

 

Fazia-se mais de três semanas que Torres havia falado com Edinho.
O tempo passava muito rapidamente.
Torres estava tranquilo naquela tarde na porta de sua casa e de repente,
pára o carro de Flávinho.
Edinho desceu todo sorridente.
- E aí pai, como esta? E deu-lhe um abraço.
- Estou bom, demorou mas chegou,  imaginavas que fosse morrer e nunca mais
veria o seu rosto.
- Que é isso pai, vire essa boca pra lá, eu não fui embora, apenas dei
um tempo desta casa por que estou trabalhando fora. Mas não esqueça
jamais que o meu,lugar é aqui.
- Vá logo entrando, recomendou o velho que curvando-se para espiar
para dentro do veículo perguntou:
- Quem é esse que está no carro ?
- Flávinho, pai.
- Está diferente.
- Pintou os cabelos velho, esse é maluco mesmo, mas é sangue bom.
Torres ficou em pé na porta observando enquanto Flávinho manobrava o carro.
Edinho de um abraço na irmã e em seguida correu para onde estava a mãe
que derramava-se em lágrimas.
Aquele lar vivia uma alegria contagiante.
Eufórico, Edinho correu ao telefone:
- Alô, respondeu a voz.
- Quem fala ? indagou.
- Sou eu, está pensando que não conheço a sua voz, marreco ?
- E aí Márcio, como está ?
- Ô meu, fora embora e nem sequer se despediu dagente, estou com
saudades, as meninas estão sempre procurando por você.
- Estou em casa, cheguei agora.
- Estás brincando.
- Venha na minha casa.
- Irei para marcarmos  a saída hoje a noite e, o Flávinho veio ?
- Viemos juntos, respondeu Edinho.
- Meu camarada vou desligar, passe aqui para agente acertar as coisas
e trocarmos ideias, colocar as coisas em ordem.
- Está bem, marrecão, até mais.
Edinho estava efuzente e pegou o telefone novamente.
- Alô.
- Quem fala ?
- Heloísa.
- Sou eu o Edinho.
- Edinho?!
- Sim, como tens passado esses dias  sem mim ?
Ela calou-se e ficou apenas ouvindo o ruído ao telefone do outro lado da linha.
- Não vás responder, ainda estás de mal comigo, eu não lhe fiz nada.
- Não estou de mal.
- Então por que não responde, de  como tem passado sem mim?
- Eu particularmente estou de boa independente de está com você ou
não, mas tenho um carinho enorme por você, afinal fomos namorados por
muito tempo.
- Caracas, só conjuga o verbo no passado, fomos namorados e, eu na
esperança de viver o presente, veja só que ilusão essa minha.
Ela sorriu e respondeu:
- Isso não é ilusão meu camaradinha.
- Camaradinha, veja como ela me trata, amanhã estarás me chamando de
amiguinho ou qualquer outro "inho", menos de Edinho. Este ninguém
chama mais.
- Sabes que não é assim, quando vieres em Arari, agente vai se
encontrar sentar e conversar, não estou de mal, você é que está
complicando as coisas, se bem que ultimamente tens complicado tudo,
não me surpreenderei por mais uma complicação.
- Estou na cidade, disse Edinho.
- Não creio, você fugiu de todos nós. Não creio. Magoaste os
sentimentos de muitas pessoas. Fugiu.
- Não fugir. Por que não acreditas que estou aqui ?
- Como poderei acreditar ?
- Venha a minha casa.
- Não creio que estejas em Arari.
- Estou, vim conquistar a minha nave perdida.
- Quem é a sua nave ?
- Você.
- Eu ? Indagou Heloísa.
- Isso mesmo, é a nave que tinha e me deixou, agora eu chego aqui e as
pessoas nem sequer acreditam que eu cheguei.
- Chegaste quando ?
- Cheguei a pouco, a saudade bateu forte e por isso voltei, mas por sua causa.
- Estás jogando conversa na minha orelha, menino.
- Não estou jogando conversa fora, vou lhe conquistar.
- Já falaste com o Márcio ? Quis saber ela.
- Não quero saber do Márcio, estou preocupado com a minha gatinha que
abandonou-me, me largou igual andor larga o santo em dia  que não é de
procissão,entendeu ?
- Não estás falando comigo ?
- Vamos sair a noite, o Márcio também vai, já combinamos.
- Acabaste de me falar que não quer saber de seu amigo, como que mais
que de repente já combinou em sair com ele, sem que o mesmo saiba ?
- Quis apenas conversar com você.
- Não sei o que faço para saber quando está falando a verdade e quando finges ?
- Eu não minto querida.
- Também não, apenas brinquei com você.
- querida vou desligar, hoje a noite agente encontra-se. Faz tempo que
não lhe vejo. Quero beijar-lhe a boca, todos as noite eu tenho sonhado
com você.
- Agente se encontra a noite.
- Posso acreditar ?
- Pode, por acaso não estamos combinando as coisas.
- Mas não de furo ?
-Quantas vezes dei furo com você ?
- Beijos Helô, vou desligar...até mais.
Ela desligou e ele apenas ficou ouvindo o ruído do som com o aparelho na orelha.
Ele retirou-se da sala e correu para o colo da mãe.
- Falei com os meus colegas, disse ele.
- Devem está todos com saudade, respondeu ela.
- Nem tanto mãe. A vida é um jogo e a cada dia eu entendo que agente
tem que aprender a jogar, respondeu ele.
- Tens razão e por isso  vou fazer um suco de água com bacuri para você.
- Já lanchei, mãe.
- Aonde ?
- Na estrada, quando vinha para cá.
Ele deu-lhe um abraço apertado e saiu para a rua.
Descendo as escadaria rapidamente dizia:
- Vou encontrar os meus amigos, estou a um mês longe desta cidade, mas
olho as ruas e tenho a impressão que estou a um ano ausente daqui.
Não sei se a cidade que está com saudade de mim ou eu dela. Vou me
afogar no aroma desta cidade e depois voltar para São Luiz. A vida é
assim...cantarolou.

Torres não saiu de casa, ficou o tempo todo observando os passos e o comportamento do filho. Não censurou um gesto sequer, entendeu que nada mais sábio do que observar.
Edinho tratava a todos com fidalguia, era a mesma pessoa, com o mesmo comportamento, apenas mais esperto do que a um mês atrás.
Certo dia a noite Edinho esta em pé na escada  de cimento que dá acesso para o quintal.
- Que fazes aí, Edinho ? Perguntou Torres.
- Estou olhando a lua e as estrelas que brilham no céu, tudo parece um céu de brigadeiro velho, respondeu Edinho.
- É céu de brigadeiro.
- Por que dizer céu de brigadeiro , pai ?
- Não sei explicar o por que chamar o céu estrelado de céu de brigadeiro.
- Pelo menos o nome é bonito.
O pai encostou no filho e falou carinhosamente:
- Antes de sair a noite, chame o Flávinho seu amigo para ele vir aqui, quero trocar dois dedos de prosa com ele.
- O que o pai quer prosear com ele ? Ingadou Edinho meio que assustado.
Torres colocou a mão no ombro do filho e disse:
- Não se assuste quero conversar com ele coisas simples, pode ficar tranquilo que não será nada que vá chocar a sua amizade com a dele.
- Então está bem, pai.
- Vamos conversar a três. É conversa de homem para homem e agente tem que falar cara a cara. Mas serão conversas brandas.
- Precisa ser hoje, pai? Interrogou o garoto.
- sim, do contrário saem e nunca mais me dêem ouvidos, fica tudo dito pelo não dito, ainda mais agora que és independente. Vai chegar um momento que marcarei hora para falar com você.
- Páre com isso, respondeu o garoto faceiramente.
Já é noite...
Edinho conversou com o pai e saiu em direção à praça e encontrou Heloísa.

- Até que enfim...
- Falei que viria e vim, estou aqui.
Ele abraçou-a fortemente e tentou beijar-lhe a boca, mas ela evitou.
- Não queres mais me beijar ?
Ela ficou olhando para ele calada.
Ele disse:
- Estava com saudades de você e pegando-a pela mão continuou:- Te quero para mim e vou lhe perturbar a vida inteira, não lhe darei sossego, você nasceste para mim e jamais lhe aceitarei com um outro homem, mesmo que para isso eu tenha que morrer.
- Deixe de falar tolices, atalhou ela olhando para ele demoradamente.
- Tolices não, falo o que o coração sente e a alma exprime.
- Quisestes assim, respondeu ela.
- Não. Sei que agora vai querer me dá chá de cansaço, agente não tortura as pessoas que nos ama.Agente não emborca o prato que come.
Ela continuava cabisbaixa e ele acariava-lhes os dedos delgados e belos.
Repentinamente ele avançou sobre ela, envolveu-a nos braços e chupou-lhe os lábios demoradamente.
- És um louco, disse ela.
- Sou louco por ti e entendas que se não te amasse tanto não viria a esta cidade, vim apenas pela tua causa.
Do outro lado da praça estava Flávinho sentado em uma lanchonete observando todo o movimento do casal.
- Não vieste aqui somente pela minha causa, disse ela.
Ele abraçado a ela sussurrava em seu ouvido:
- Vim apenas te buscar, te quero como esposa e hoje isso vai acontecer.
- Páre com essa conversa, disse ela.
- Não posso por que serás a mãe do meu filho.
Ele a acariciava toda.
Ela ficava faceira a cada carinho dele.
- Vai acabar mexendo comigo, disse ela.
Ele respondeu:
- Quero apenas isso e fazer sentir prazer, vou fazer você gemer igual a uma gatinha no cio que desliza pelo telhado atrás do seu macho, e enfiando-lhe a língua boca a dentro o seu pênis endureceu. Vamos sair daqui, convidou ele.
- Aonde vamos ? Quis saber ela.
- Vamos para depois do bairro do Cruzeiro, aqueles lados são mais desertos e agente fica mais a vontade.
- Então vamos, afirmou ela.
Os dois saíram, atravessaram a Ponte do Igarapé do Nema e, desceram rua abaixo, passaram pela Praça Major Pestana e bateram perna a fora.Na entrada do Batuba eles pararam e viraram a direita, quando deram por si estavam em um campo de futebol, o luar era lindo em um céu bordado de estrelas, como jamais se imaginaria.
- Estamos a sós, disse Edinho.
- Vieste me trazer para cá ? Indagou ela.
- Aqui é melhor para mim e você, aqui seremos felizes e, foi beijando-a, meigamente e colocando a língua contra a orelha  da namorada.
- Estou arrepiada, disse ela.
Ele passou as mãos na s pernas dela e sua pela estava rígida. Ele novamente encostou o tórax contra o peito dela e abraço-a, novamente.
Sentaram na ponta de uma barreira e ficaram lado a lado admirando o luar. Novamente ele partiu para cima dela despejadamente, desta vez com o "zipper" da bermuda aberto, ele estava sem cueca. Ela beijou-lhe a boca e empurrou contra o peito e deitou sobre ela. Ela sentia o peso dele sobre o corpo dela.
- Tire a sua blusa para que eu possa chupar os seus peitos, pediu ele.
Ela tirou retirou a blusa e ele encheu-se de tesão ao ver em plena luz do luar aquelas duas pontas apontando para o céu.
- Vou te chupar por inteira, disse ele sobre os mamilos da namorada.
- Estou cheia de tesão amorzinho e se continuar assim, vou gozar.
- Calma, acalme-se, sabes que eu te amo, dizia e com a outra mão acariciava ela toda.
- Vou tirar a sua calcinha, disse ele.
- Não, isso não.
- Vou sim, afirmou ele e foi puxando vagarosamente enquanto cheirava a barriga dela e a mesma em estado de transe.
Edinho despiu-se na frente dela e a garota pode ver aquele membro enorme pulsando querendo rasgar-lhe as carnes.
- Você vai me rasgar, disse ela meio que nervosa.
- Não, eu colocarei vagarosamente e, não colocarei tudo, disse ele cor ar de piedade.
- Vou aceitar, mas se machucar-me eu grito.
Ele subiu sobre ela e vagarosamente foi introduzindo o pênis dele na vagina dela, mas ele sentia certo desconforto o que fazia ela gemer demais.
- Ai...está ardendo, dizia ela.
- Acalme-se, agora que entrou a cabecinha.
De repente o grito.
- Aii...aaaaaaaaaai...você me mata.
Ele agarrou-a, com toda a força, enfiou-lhe o pênis de vez e o sangue jorrou por toda a sua região pubiana e, escorreu uma mistura de sangue e esperma.
Ele havia gozado dentro dela.
Ele ficou deitado em cima dela por um bom tempo.
Depois levantou-se, espremeu a glade do pênis e viu cair mais esperma, ai ele cheirou as pontas dos dedos, limpou-se com uma folha de mato e vestiu a bermuda e ficou olhando para ela.
- E agora ? Quis saber ela.
- Agora começa o ínicio da nossa vida, rumo a felicidade, respondeu ele.
Ao ver a calcinha manchada de sangue ela chorou.
Ele a tomou pela mão e disse;
- Não chores que  eu não te abandonarei jamais.Não me acovardarei e sei o tamanho da minha responsabilidade, voltarei a São Luiz, por que tenho o meu emprego lá e, saiba que serás minha eternamente, prometeu.
- Eu creio nisso.
- Podes crê, por que eu falo a verdade, respondeu ele.
- Vamos embora daqui, convidou ela.
Os dois sairam dali abraçados e seguiram de volta em direção a Praça Samea Costa.
- Quero ir para casa Edinho, disse ela.
- Vou te levar, querida.
Pediu a bicicleta de um amigo que passava, colocou-a na garupa e deixou na porta de sua residência.
Agarrou-a de novo, abraçando-a com toda a força disse:
- Eu te amo de verdade.
- Eu sei, respondeu ela.
- Virei te buscar, amor.
- Eu confio em você, cara.
- Jamais faria isso se não tivesse responsabilidade, independente de qualquer coisa, eu te assumirei, é isso que quero que entendas.
- Está bem, amanhã irei a sua casa e agente conversa, preciso tomar banho, disse ela beijando-lhe a boca e saindo em retirada para o interior da casa.


Edinho voltava para casa, quando de longe exergou uma pessoa sentada na escadaria de sua casa, ele parou e ficou observando, de imediato a pessoa atravessou a rua e parou em frente ao casarão.
Ele aproximou-se mais e logo reconheceu.
- E aí cara, estás de guarda hoje ? Indagou.
- Estou lhe aguardando desde cedo, para conversarmos, mas fugiste.
- Fui dá umas voltas.
- Aonde foste ?
- Fui por ai andar de "bike".
Flávinho disse:
- Vou tirar o carro da garagem para agente ir ali.
- É longe ? quis saber Edinho.
- Pertinho.
- Meu pai queria falar com você ainda hoje.
Ele olhou para o relógio, consultou as horas e respondeu:
- Hoje não dá mais, é quase meia noite e a essas horas estás dormindo.
- Puxa cara, eu que vacilei.
Flávinho tirou o carro da garagem e saíram rapidamente.
- Aonde iremos, querido ?
- Iremos conversar em um local que já conheces.
- Vitória do Mearim...
- Advinhão.
Edinho colocou a cabeça no banco do carona quando o carro descia a Ponte de Itapuan, rumo a cidade vizinha.
De repente o carro pára no estacionamento do Motel.
- Chegamos Edinho, disse ele.
- Puxa estava quase adormecido, parece que estou cansado.
- O que fizeste para está cansado ? Quis saber.
- Joguei futebol.
- Quando chegares no quarto, tome banho de água fria que assim relaxa e faz bem para a pele.
- Farei isso.
Conversando os dois subiram a escada que dá acesso ao apartamento do Motel e  adentraram  em um que estava reservado.
Flávinho correu rapidamente para debaixo do chuveiro, tomou banho e voltou para a cama enrrolado em uma toalha. Enquanto que Edinho pelado se dirigia para a ducha.
Flávinho olhou para a região pubiana dele e perguntou:
- Que sangue é esse em seu corpo ?
- Sangue ? Respondeu  interrogando admirado.
E continuou:
- Machuquei-me jogando futebol.
Ele continuou a lavar-se enquanto o parceiro permanecia enrrolado na toalha e deitado sobre a cama.
Momentos depois o parceiro sai do banho, começa a enxugar-se e Flávinho senta-se, puxa a toalha e o agarra pela cintura abraçando-o dizendo:
- Quero tranzar com você, ainda que seja pela última vez, por isso quero ser a sua fêmea. Quero gemer debaixo de você com todo o seu pedaço dentro de mim, quero sentir o teu esporro quente queimando todos os meus músculo e enfervecendo o meu sangue, junto da minha alma. Quero que me rasgue como rasgaste a virgindade dela e, me deixe desmaiado sobre a cama tal qual fizeste com ela.
Edinho apenas olhava para o namorado.
Dá-me a boca, pediu.
Flávinho olhou para ele.
Edinho enfiou-lhe os dedos entre os cabelos crepus do namorado e beijou-lhe os lábios dizendo:
- Poderei não ser eternamente o teu macho, mas sempre serei leal a ti e a sua amizade, portanto sempre seremos amigos.Não só gosto de você como eu te amo e beijou-lhe outra vez e agarrando-o atiraram-se sobre a cama.
Rolaram ali como se fosse homem e mulher, acariciaram-se mutuamente, beijaram-se intensamente, depois de um longo tempo, nessas cenas de amor o Edinho pediu:
- Vire para eu enfiar no seu rabo.
Flávinho disse:
- Primeiro quero te fazer um boquete e, começou a rossar a ponta de sua língua quente entre as pernas do rapaz e de vez engoliu o pênis e testículos, levando o namorado a um delírio infindo.
- Aí que delícia, disse Edinho.
- Por favor, não esporre em minha boca, pediu.
- Não farei a boca é para beijar, mastigar, comer e...
- Faça-me gozar Edinho, pediu ele.
Nesse momento o garoto ajudou-o, batendo uma punheta enquanto Flávinho beijava-lhe a boca.
Edinho subiu sobre o namorado e deitando-lhe nas costa, colocou a língua em seu ouvido e enfiou-lhe o pênis ânus a dentro.
- Que delícia moleque, desse jeito vás acabar comigo, disse Fávinho suspirando..
Novamente ele chupou-lhes o cangote e  chupou-lhe os peitos.
Edinho ía levantando-se quando o namorado disse:
- Podes até comer ela, mas tem que me satisfazer também e, enfiou a mão no pênis do moleque.
- De que está falando ? indagou Edinho.
- Quando chegares em casa coloque a cabeça no travesseiro e faça uma análise do por que eu está falando isso a você. Não me deixes independente de qualquer fato que vier a acontecer, nesse emaranhado todo que você arrumou na sua vida.
Edinho correu rapidamente ao banheiro e lavou-se.
momentos depois entraram no carro e seguiram rumo a cidade de Arari.
Flávinho deixou o namorado em sua casa, atravessou a rua, estacionou o carro e entrou em casa, o namorado fês o mesmo e foi dormir.

No dia seguinte...
Já havia passado do horário de almoço e Torres entrou em casa perguntando:
- Onde está o edinho ?
- Dormindo, respondeu dona Carmém.
- Ainda ?!
- Sim, respondeu ela e continuou:- entrou em casa na alta madrugada.
- Acorde-o, para almoçar com agente e depois chame o Flávinho que quero
conversar a três.
- Sem confusão, não é Torres ...recomendou ela.
- Sim, vamos apenas conversar.
Dona Carmém entrou no quarto, acordou o filho que assustando-se indagou:
- Que horas são, mãe ?
- Treze horas, respondeu ela
- Ué, por que não me chamou mais cedo ?
- Levante, tome banho e almoçar o seu pai quer conversar com você e o
Flávinho desde ontem, saíste e não voltou mais.
- Peça desculpa para ele, esqueci, disse Edinho.
Ele levantou-se e foi para o banheiro enquanto a mãe atravessava a rua para
chamar o namorado que o torres queria conversar com ele.
- Irei almoçar agora dona Carmém, diga ao eu marido que depois irei lá sem
falta. Por acaso sabes do que trata ?
- Não sei, mas imagino que deva ser sobre moradia de Edinho em São Luiz,
disse ela enquanto Flávinho a acompanhava até a porta de saída que dá acesso
a rua.
Às quinze horas.....
Torres estava deitado no sofá da sala cochilando, quando ouve-se
palmas na porta e Carmém correndo para vê quem era, diz ao avistá-lo:
- Querira subir por favor e, virando-se para o marido que permanecia
deitado disse:- é o Flávinho veio falar com você.
Ele levantando-se, paertou a mão do garoto e disse:
- Sente-se e fique a vontade e recomendou a esposa, traga o Edinho até
aqui e avise que o amigo dele chegou, quero conversar a três.
Ela saiu e avisou o filho que apareceu todo sorridente e cumprimentou
o amigo com um aperto de mão e uma batidinha carinhosa no ombro.
- Sente-se ali Edinho, disse Torres.
Depois ele virando-se para aesposa disse:
- Carmém faça um chazinho para nós, vamos papear aqui sob o sabor de
um chá nesta tarde ventilada, pena que está cidade não tenha praia.
- Mas tem a barragem velho, respondeu Edinho sorrindo.
Estavam ali quase todos reunidos e Torres disse:
- Posso lhe fazer uma pergunta, Flávinho ?
- sim, estou a sua disposição, respondeu ele.
-Não zangarás ?
- Não.
- Podemos ter uma conversa de alto nívelç ?
- Da minha parte sim.
Torres continuou:
- Viajei, passei mais de duas semanas longer daqui e aconteceram um
monte de coisas aqui. a primeira delas é que o senhor invadiu a minha
casa, por isso vou lhe perguntar uma coisa muito séria.
- Pergunte.
- És homossexual ?
- Sim.
Todos que estavam na sala se entreolharam e Torres continuou:
- A sua família sabe, disso ?
- Sim.
O edinho é seu namorado ?
- Sim.
Torres calou-se por uns instante e fitou-lhe demoradamente com a
fisionomia fechada.
Flávinho disse:
- Eu jamais invadir a sua casa, o seu filho me convidou para dormir
com ele e aceitei, somente poderia responder ao convite dele de duas
maneiras, aceitando ou recusando, optei pela primeira opção. quero lhe
dizer que eu amo o seu filho, ele é parte da minha felicidade.
- Não sentes vergonha em falar isso para mim, dentro da minha casa, menino ?
- Não posso sentir vergonha por que foi o senhor que mandou me chamar,
além do mais, estou aqui para dialogar e nunca para ouvir os seus
sermões ou,, a sua opinião sobre isso ou aquilo, ou o que gosta ou o
que deixa de gostar.
E virando-se para o filho perguntou:
- É verdade tudo o que ele relatou ?
Edinho abaixou a cabeça e ele insistiu:
- Responda meu filho se tudo isso é verdade.
- É verdade meu pai eu transei com ele, jamais fui forçado a alguma
coisa, eu que o procurei, ele é meu amigo.
Torres respondeu furioso:
- Que doença é essa filho que nunca me falaste, certamente eu o teria
levado ao médico, quando algum dia em minha casa, ouviu eu dizer que
homem transa com outro homem ?
- Eu não sou doente, pai.
E Flávinho completou:
- Seu torres, eu entendo a sua revolta, ela se agita não pelo fato de
eu ser ou não homossexual, mas sim por está envolvido com o seu filho,
certamente fosse uma outra pessoa o senhor não estaria nem aí, mas eu
também não estou doente. Conversei com a minha mãe, não tenho atração
por mulheres, o mque queres que eu faça ? Não furto, não roubo, não
calunio as pessoas, naõ tenho desvio de caracter, o que aconteceu é
que me apaixonei por uma pessoa, que depois de lutar demais essa
pessoa cedeu aos meus galanteios, é um homem de verdade, mas poderia
ser uma mulher. O que o senhor queres, que eu faça ? Que eu me
suicida, que me atire de um viaduto, que coloque uma pedra no pescoço
e me jogue no rio mearim? Isso jamais farei, tenho os meus planos de
vida, meus sonhos,meus desejos,meus sentimentos aliados a essa coisa
ancestral que todos chamamos de felicidade. Eu preciso gozar isso,
senão passarei pela vida apenas como um toglodita. Não vivi apenas
vegetarei. Pessoas como o senhor precisar deixar de encarar
homossexualismo como doença, somos pessoas normais, tal qual o senhor
agente trabalha e se tralha logo produz e se produz paga-se impostos e
tem-se direitos. Eu não me fiz assim, eu sou assim. Tenho a minha
personalidade, o meu caractewr, o meu emprego e aminha independência
economica o que é mais importante. A minha família não me sustenta eu
não causo essa preocupação a elas isso lhe garanto com todas as
letras, elas nada tgem haver com a minha vida particular.
Então torres disse:
- Eu também nada tenho com a sua opção sexual, agente apenas sente uma
frustação enorme, certamete estou decepcionado com o Edinho, pelo fato
dele ser homossexual.
Edinho atalhou:
- Êpa, espere um pouco,não sou viado não senhor,estão engamados, eu
sou o macho rapaz, qual é a sua seu Torres, estás pensando que eu
"mijo" agachado...eu "mijo" é em pé  meu velho. Eu sou espada coroa,
pode botar fé.
Flávinho indagou Torres:
- Por que da sua frustação ?
- Por que o que fazem  é uma violação contra os princípios da natureza.
Ele continuou:
- Violação natural é poluir rios, mares,praias, esgoto a céu aberto,
intromissão na vida dos outros, fingir que é pessoa honesta e no fundo
ser um crápula, essas coisas assim. Isso sim fere os bons costumes, o
resto é conversa para vizinho que não tem o que fazer.
- Vou proibir o Edson de sair com você, isso fere a reputação
dele,estou falando muito sério e posso tomar decisões drásticas, não
contra você, mas contra ele.
Flávinho falou calmamente:
- Será que tens esse poder todo que pensa ter ? Eu o encontrei sozinho
em uma praia em São Luiz e o apoiei. Encontrei jogado no terminal
rodoviario da cidade, estava na rua e sem dormir e levei para a minha
casa, arrumei emprego para ele, lhe pergunto, qual é a decisão limite
que queres tomar ? Parece que estás ficando desorientado. Deixe agente
viover em paz, o tempo é o senhor da razão, esta é a maior filosofia
de vida. Qual é o mal de uma pessoa gostar de outra ? Merece essa
pessoa dser condenada, crucificada de cabeça para baixo, ou ser
atirada viva na fogueira da inquisição, somente por que o vizinho não
gosta e tens-se que pousar como se fosse o paladino da moral e dos
bons costumes ? Agora eu vou parodiar um poeta popular " ... deixe em
paz o meu coração que ele é um pote até aqui de mágoas e qualquer
desatenção, faça não, pode ser a gota d' água.."
Torres levantou-se.
-- 

VIGESSIMO  TERCEIRO CAPITULO

 

PRIMEIRA PARTE

 

 

Torres ficou em pé olhando para Flávinho,  que espichou o braço e disse:
- Tenha uma tarde muito boa, foi interessante conversar com você, és
muito inteligente, siga a sua vida e viva, passe bem.
Segurando na mão  de Torres ele respondeu:
- Se o senhor tivesse feito o mundo como faz tão bem a pintura de um
carro, certamente não haveria sobre a terra: prostitutas,
homossexuais, gls, etc., mas cuidado não esqueça que és apenas um
componete deste sistema o qual eu e o seu filho fazemos partes. Quero
lhe dizer que a mim pouco importa a sua frustação, decepção, seja lá
que nome queira dar, eu luto mesmo é pela minha felicidade e das
pessoas que de uma forma ou de outra se envolvem comigo. Até uma outra
vez  seu Torres e, desceu as escadarias às pressas atravessando a rua
e entrando em casa.
Torres saiu para o quintal deixando Edinho sozinho com a dona Carmém.
- O pai foi muito duro com o cara mãe, disse Edinho.
- Como querias que reagisse ? Indagou ela.
Edinho tornou:
- O pai não vai consertar o mundo, tem que deixar cada um viver a sua
vida, é assim na cidade grande.
- Então quer dizer que reprovas a atitude do seu pai, acha tudo isso
entre você e o Flávio normal, natural e que se arrebentem as famílias
e as pessoas de bem. Nós somos famílias e pessoas de bem e, nós é que
estamos errados, filho ?
- Mãe, viva a sua vida, ou a senhora entende que eu vou deixar a
senhora e o pai adminisdtrar os meus sentimentos ?
Ela chorou e Edinho disse:
- Dá-me um abraço, é a minha escolha,mas saiba que eu te amo tanto.

Quatro meses depois.
Fim de semana.
Às vinte horas estavam sentados em casa apenas o casal.
A televisão estava ligada.
- Tem alguma pessoa batendo palmas, embaixo Carmém, disse seu Torres.
Ela levantou-se, abriu a porta que estava encostada e perguntou as moças que estavam ali:
- O que desejam ?
- Eu sou a  Maria irmã do Flávinho, vim lhe visitar e trouxe a minha amiga.
- Pode entrar, disse dona Carmém.
Elas entraram e Torres deu uma saída rapidamente para vestir uma camisa, mas voltou logo.
Depois de alguns minutos a Maria disse:
- Esta é a minha amiga de infância a Heloísa, agente veio até aqui para conversar com a senhora e o seu Torres.
- Eu a conheço é a ex- namorada do Edinho.
- Ex não,sempre atual.
- Já voltaram outra vez ?
Heloísa sorriu e respondeu:
- Seu filho sempre insistiu e agente nunca terminou.
Torres atalhou:
- O que a minha filha desejas ?
Ela abaixou a cabeça e disse:
- Estou aqui para pedir-lhe ajuda, o Edinho me prostituiu e já fazem quatro meses.
- O que indagou ele de olhos arregalados.
- É o que acabei de narrar, a minha mãe não sabe, eu e ele somos de menos, gostaria de saber qual a titude que o senhor irá tomar paqra poder me ajudar.
- Tens pai, garota ?
- Não.
- Tens mãe ?
- Tenho, mas quem me cria é a minha vó, essa é a minha mãe de verdade. A biológica, me abandonou quando eu era pequena e foi morar muito longe daqui.
- Pelo que estou entendendo a sua vó não sabe do acontecido ?
- Não sabe e se souber me coloca para a rua e, como eu vou ficar, meu senhor ?
O casal apenas ouvia o relato dos fatos de Heloísa que afirmou que todas as vezes em que Edinho vinha a Arari, eles ficavam juntos e transavam, para satisfação deles.
- Quanto tempo demora daqui até a sua casa, querida ? Perguntou Torres.
- De cinco a dez minutois, contando os passos, respondeu ela.
Torres ordenou:
- Vá a sua casa, pegue tudo o que é seu e traga para cá. A apartir deste momento o Edinho lhe assume como esposa e, volte o mais rápido póssível, antes que eu mude de opinião e, sorrindo bateu no ombro dela carinhosamente.
As duas saíram e ele disse a esposa:
- Outra vez esse moleque me apronta, o que é que eu faço ?
Dona Carmém nada respondeu, apenas caiu em prantos, pedindo proteção a Nossa Senhora das Graças e a Bom Jesus dos Aflitos, Salvador do Mundo e Filho de Deus e da Virgem Maria.
Momentos depois ela voltou com algumas besteiras.
- Trouxe apenas isto seu Torres, não tenho nada de valor a não ser a vida. Bom mesmo é o senhor me acolher, contei a minha vó e ela disse que o Edinho precisa falar com ela.
- Heloísa, isso vocês resolvem depois, o que desejo é fazer a minha parte, depois amarreo Edinho e leve ele aonde está a sua vó.
- Está bem seu Torres, respondeu ela toda que desconcertada.
Edinho estava em São Luiz com o namorado.
Torres caminha atér o telefone.
- Alô.
- Quem é ?
- Torres, pai do Edinho.
- Quem está falando é o Flavinho, senhor Torres, como está ?
- Estou bem, o Edinho está por aí ?
- Sim.
- Peça para ele atender que eu preciso falar com ele.
Edinho atendeu o telefone:
- Alô pai, tudo bem ?
- Tudo ótimo agora, meu querido.
- O que o Torres manda, meu velho ?
- Torres não manda nada.
- Então o que dizes? Indagou ele todo alegre.
- Edinho, ouça-me bem.
- Fale pai, estou ouvindo atentamente.
- Aquela garota que você namora e prostituiu, ela está aqui lhe esperando.
- Diga para ela que semana que vem eu vou aí e agente acerta tudo.
Torres ergueu a voz:
- Não seu cabra safado ela já está morando aqui, e no seu quarto ,e quero lhe avisar o seguinte, vai trabalhando, juntando dinheiro, para comprar o enxoval por ela está grávida.
- Pai, o que é isso ?
- Eu te avisei, não reclamas, pedir para fazer uma opção pela vida, ou estudar de verdade, fizeste opção pela vida, então toma que o filho é seu.
Edinho ficou calado e Torres desligou o telefone.

Três anos depois...
Edinho tinha que batizar o filho que estava quase andando e havia levado Heloísa a São Luiz, para passar uns dias.
Edinho agora tinha 19 anos de idade e Flávinho 23, todas pessoas jovens, companheiras, mas agora havia um rebento.
Certa vez Flávinho comentou:
- Com tantos nomes bonitos, por que foste colocar Edinho Segundo, nesta criança tão meiga...tão afável?
- Apenas para honrar o nome do pai, ser um "fudedor" em potencial e sai comendo todo mundo que aparecer em sua frente, respondeu Edinho dando sonoras gargalhadas.
Marcaram o dia e foram para a cidade de Arari batizar o rebento.
Lá Torres e Carmém prepararam a recepção.
No dia do batizado, todos os familiares e convidados foram a Igreja, não faltou nenhuma pessoa.
- Quem é o padrinho do Edinho Segundo ?  quis saber Torrres todo orgulhoso.
- É o Flávinho.
- Por que ele, meu filho ?
Edinho respondeu:
- Por que durante todo esse tempo foi a única pessoa que jamais me abandono, ainda mais quando precisei de um amigo, mais ele apareceu e me socorreu, sempre esteve ao meu lado.
O batizado realizou com muita alegria e depois todas as pessoas que foram recepcionadas pelos avós paternos comiam e bebiam abundantemente, em uma alegria ímpar e derepente tão derepentemente entra Lili correndo e gritando entre os convidados:
- Eu também quero participar dessa festa,se todos que eram de mau, fizeram as pazes e estão aqui reunidos, eu também não ficarei de fora e paz para nós todos.
Quando Lili acabou de falar, todos bateram palmas.
A  festa rolava solta, quando Edinho tomou Flávinho pelo braço e pediu aos convidados:
- Silêncio eu preciso falar.
Todos silenciaram e Edinho com o filho no colo e uma outra mão no ombro de Flávinho disse:
- Gostaria que as pessoas soubessem que aquele que todos chamam de homossexual e ele próprio assume, é o meu nelhor amigo, foi ele a pessoa que mais me ajudou até aqui. Que bom se as pessoas respeitarem as preferencias sexuais dos outros e passarem a ver como individuos que teêm alma, sentimentos, famílias, por que essas pessoas são demasiadamente carinhosas e muito leais.
Todos bateram palmas.
Todas as pessoas divertiam-se e num canto dona Lúcia e dona Carmém conversavam sem parar, o pai do flávinho apareceu e sorrindo disse:
- Eu entrei nessa história e não posso sair calado.
Os outros irmãos de Flávinho exceto a Maria riam muito e disseram em uma única voz:
- Não esqueça que nós também existimos.
Depois Edinho chamou Flávinho no quarto e disse:
- Dá-me um selinho.
Flávinho aceitou e deu.
Edinho lhe disse:
- Este é o último sinal do nosso relacionamento, agora somos compadres de alma e isso não fica bem perante a Lei de Deus. És meu compadre e padrinho do meu filho, caberá a te, da-lhes conselhos virtuosos e úteis.
Flávinho virou para ele e deu-lhe um abraço muito apertado e foram para o meio da mukltidão de convidados participar da festa.
Depois Flávinho encontrou Heloísa e disse:
- Sejamos eternamente amigos, a vida precisa continuar, agora sem mim, fique com o seu marido e tome conta dele, lembrem-se do seu filho e da sua família, esqueça tudo e não olhe a vida pelo retrovisor.
E beijou abraçando-a em seguida.
Edindo disse a dona Carmém e ao seu Torres:
- Me perdoe por tudo, eu queria apenas ser feliz.
Ambos sorriram e abraçaram o filho, juntamente com o neto e a esposa.
Flávinho disse a Torres:
- A vida é bela, eu sou feliz cara, e você.
Torres apenas sorriu e disse:
- Você é inteligente demais.
Edinho disse a Flávinho:
- Eu sou eternemente grato a você, pela felicidade que estou vivendo agora.
Flávinho respondeu:
- Eu te amo.
Ambos sorriram e cada um foi para o seu canto comer, beber e dançar, afinal é festa de batizado.
Lá pelas tantas Edinho disse:
- Façamos da vida uma arte de viver, sempreconceito, sem descrimar as pessoas, respeitando todos os seus direitos,assim eu posso dizer que sou feliz, por que eternamente cultivei a amizade de uma pessoa, que um dia sonhou comigo, mas que não esqueceu jamais de me ajudar. Façam de cada amizade uma arte.
- Eu te amo
E o autor ama perenemete a cada um leitor.

 

                         
                                           ...........     FIM     ...........

                                            São Paulo, 14 de Outubro de 2005
                                            16:24 hs.
                                           ...quando da minha estado no albergue do Glicério. 
  


DO DÉCIMO QUARTO AO DECIMO NONO CAPITULO DO ROMANCE - água com bacuri


DÉCIMO QUARTO CAPITULO

PRIMEIRA PARTE


Era a segunda vez que Edinho servia-se de Flávinho como se fosse uma mulher,

Acordaram cedo, por volta de quatro horas da manhã.

- Cara, precisa me levar pra casa; cobrou Edinho.

- Sim, eu levo você, aonde quer ficar ? indagou Flávinho ainda meio que zonzo.

- Deixe-me em frente ao Ginásio de Esportes.

- Ali tem muita gente a essa hora, respondeu se precavendo dos maus olhos.

- Então deixa-me na Praça Samea Costa, ao lado do Museu Padre Clodomir Brandt e Silva.

- Combinado, respondeu Flávinho.

Estavam ambos arrumados, flávinho pediu pelo interfone que a recepção lhe servisse um lanche.

- O que queres ? indagou a recepção.

- Dois sucos de bacuri com água, dois cafés e dois pedaços de melões e mais dois pedaços de melancia. Traga-me duas bolsas pequenas com mel.

A recepção o serviu muito rapidamente.

Edinho admirava aquela aquarela de frutas.

- O que é isso.

- O nosso café, respondeu Flávinho.

- Sirva-se enquanto tomo banho, disse ao Edinho enquanto saia para o chuveiro.

Edinho colocou a bandeja ao colo e começou a degustar a sua parte.

Sem que demorassse Flávinho voltou enrrolado em uma toalha, arrumou os cabelos, prendeu-os com um elástico, transformando o penteado em um rabo de cavalo, trocou de roupa, serviu-se do café e convidou:

- Vamos descer ?

- Vamos, respondeu Edinho.

Mas ainda deu tempo de abraçar o amante-amigo, dá-lhe um beijo na boca e sussurar em seu ouvido:

- Eu vou te roubar pra mim.

Edinho sorriu e respondeu :

- Você está louco e, saindo desceram escadaria abaixo até a garagem do Motel.

Entraram no carro e saíram dali cantando pneus, em alta velocidade rumo a cidade de Arari.

As luzes ainda estavam acessa, parte da cidade ainda dormia, o carro com os faróis alto rasgou a Avenida Dr. João da Silva Lima, atravessou o coração da cidade e, estacionou na Praça Samea Costa.

Edinho saiu rapidamente do carro para um lado e Flávinho para o lado oposto.

Chegando em casa Edinho pulou o muro de um terreno que dá acesso ao seu quintal, as galinhas se espantaram todas de debaixo do sobrado e, sairam correndo num alvoroço só, ele subiu uma escada de cimento e, entrou em seu quarto pela janela que ele deixara aberta quando saiu, mas a porta do seu quarto estava aberta. Ele deitou-se enrrolou-se com om lençol e adormeceu.

O sol ainda aquecia a rua quando Lili, saiu à janela do sobrado gritando:

- Joaninha, aparece que tenho novidades.

- Vou já; respondeu a amiga de cara para cima, olhando para o outro lado da

rua.

- Tem gente saindo daqui de Arari para ir vadiar em Vitória do Mearim.

- Quem é ? quis saber.

- Você vai saber, até por que tem uma bomba para estourar na cidade e não

vai demorar muito não.

- Como soubeste amiga ?

- Uma sabiá me cantou.

- É uma bomba doce ou amarga ? quis saber.

- É uma bomba amarga e a cidade vai ficar de pernas para o ar.

O velho Torres que já havia voltado a trabalhar ouvia a conversa e,

ficou de pé diante da porta.

Escutou a voz aberrante de Lili:

- Tem homem beijando homem, a torto e a direita pelas cidades vizinhas.

- Será que viramos uma Sodoma ? perguntou.

- Pior amiga.

- Que falta de vergonha !

Torres continuava de pé ouvindo o fofoquê da manicure.

- E é gente que se diz bacana, reta,isso vai ser um escandalo. Eu e

você estaremos de pé, sorrindo e vendo tudo acontecer.

Lili ainda falava, quando surge no começo da rua um carro vinho

luxuoso, que vai aproximando-se vagarosamente com os vidros todos

abertos e o som em alto volume.

Estacionou em frente ao salão da cabelereira.

- Tudo bem com a senhora dona Lili; disse Flávinho espichando o

pescoço e colocando a cabeça para fora.

- É você lindinho ? Que luxo que é esse carro seu meu lindinho, berrava a Lili.

- É nosso, minha querida.

- Vi você ontem parado em um posto de gasolina, lá em Vitória do Mearim.

- Eu não, a senhora deve estar enganada, deveria ser algum sósia meu,

respondeu ele arregalando os olhos.

- Não era não. Eu lhe conheço lindinho, você chama a atenção só pela

beleza. Eu te vi, era você sim, deveria estar atras de alguma gatinha,

seu manhoso, insistiu ela sorridente.

- A senhora deve estar me confundidndo com alguma outra pessoa, eu

estou chegando agora de São Luis.

Ela deu uma torcidinha de desface, como quem não acreditar na

narrativa do amoço.

- Não esqueça que eu sou seu amigo dona Lili e, estamos sempre de bem.

Por que nós dois somos pessoas do bem; respondeu ele sorridente.

- Disso eu sei lindinho.

- Obrigada, a senhora está aí, agora ? indagou ele, tentando mudar o assunto.

Ela soltou uma sonora gargalhada e disse:

- Mudei para cá, o meu salão agora é um luxo só,venha visitar-me quero

arrumar suas unhas meu lindinho, o meu salão ganhou um prestígio

enorme aqui.

- Parabéns de verdade, a senhora merece.

- Venha me visitar, eu te adoro.

- Virei, pode esperar que eu virei, respsondeu ele.

Edinho conversou por mais alguns minutos com a manicure e adiantou-se,

desceu do carro e, subiu as escadarias do sobrado de seus pais.

- Tem gente querendo me enganar Joaninha, eles pensam que eu estou

borocochô, eu vi de madrugada, até um pulando a janela.

- Que horror! disse Joaninha levando a mão a boca.

- Eu vou botar a boca no trombone.

Torres continuava ali, ouvindo a conversa das mulheres. Ele também o

Flávinho chegar com o carro, estacionar e subir. Depois toda a família

desceu, deu voltas e mais voltas em torno do veículo, admirando-o.

Dona Lúcia, a mãe de Flávinho sempre foi uma mulher pacífica,

equilibrada emocionalmente, até aos 27 anos de idade foi interna no

Convento das Carmelitas em São Luis, depois que saiu do convento ela

sempre dizia:

- Escolhi uma outra forma de servir a Deus ou seja formando uma

família e educando os meus filhos.

- Estás feliz, não é dona Lúcia,o filhão chegeou; gritou Lili do alto

na janela do salão.

- Sim, e você está melhor ?

- Estou feliz. O seu filho é lindo, é um doce de pessoa, enquanto uns

caem anjos do céu, eu não entendo como Deus que é o Pai da humanidade,

deixa cair uns demônios de lá, não entendo como isso pode acontecer,

disse Lili.

Dona Lúcia sorriu e respondeu:

- Estou aqui, se precisares pode contar comigo, estarei sempre ao seu lado.

- Eu sei disso, as pessoas de bem não se misturam com as do mal, é

igual água e oléo.

Acenando com as mãos, dona Lúcia despediu-se de Li e subiu as

escadaria de sua residência, ela é uma mulher discreta, de palavras

pensadas, pacifica. Nunca Lili esqueceu que quando fora torturada pelo

vizinho ao meio da rua, dona Lúcia foi uma das primeira pessoa a

arrancar-lhes das garras do agressor e prestar todo o tipo de

solidariedade. dona Lúcia sempre teve amor próprio pelas pessoas. Ela

sempre preocupou-se com a educação dos filhos.

Lili, continuava na janela, atenta tudo o que acontecia na vizinhança

e, as pessoas sabem disso. Ela colocou uma cortina na janela, perfumou

o ambiente com flores

e dava gargalhadas cumprimentando todas as pessoas que passavam pela rua.

Depois de um longo tempo parado ali, Torres retirou-se para o interior da oficina.

Em casa a dona Carmém estranhava o fato de Edinho está dormindo até aquela hora do dia.

- Isso não é comum, pensava ela.

Adentrou no interiro do quarto e o encontrou envolto de um lençol, ela o ergueu calmamente e ele mexeu-se. Tentou por uma segunda vez e ele, ressonava o sono da paz, ela agachou-se, ouviu a respiração do filho, estava um pouco que acelerada, cheirou-lhe a boca e, sentiu um aroma de azedume.

Pensou consigo novamente:

- Será que o Edinho está bebendo ?

Retirou-se do quarto e foi até a cozinha aonde estava filha Ana Luiza e, chegou dizendo:

- Viste a hora em que o seu irmão, entrou em casa ?

- Eu não vi, mamãe; respondeu a moça.

Dona Carmém deixava a fisionomia transparecer toda a sua angústia de preocupação.

Momentos depois o telefone tocas;

- Alô.

- Quem está falando ?

- Carmé, com quem desejas falar ?

- Com o Edinho.

- Ele está dormindo, quer ligar mais tarde ?

- Sim.

- Então diga.

- Peça a ele quando acordar que ligue para Heloísa.

- Ok filha e, desligou o aparelho.

Ana Luiza, saiu em direção ao quarto, ela tinha um compromisso e não poderia diar.

- Mãe, acorde o Edinho, ele não vai a escola hoje ? berrou ela de lá.

- Vai sim, respondeu a mãe.

Dona Carmém foi adiantar o almoço e Ana Luiza entrou no quarto do irmão para acordá-lo.

- Edinho, Edinho...chamava a irmã, tentando despertá-lo.

Ele mexeu-se respondendo:

- O que é ?

- Não vás a escola ?

- Vou, mas que horas são?

- Quase 10 horas e, a Heloísa ligou procurando por você.

Ele despertou, desenrroulou-se do lençol e sentou-se na cama pensando:

- Como irei convencer a minha namorada que eu sair ontem com um amigo e ela ficou só?

Dona Carmém ficou de pé na porta do quarto e indagou séria:

- Aonde foste, ontem a noite ?

- Na casa de amigo em um aniversário; respondeu secamente.

- A que horas voltaste ?

- Era tarde mãe, eu não sei dizer a hora.

- Seu pai quer falar com o senhor.

- Mãe, não deixe ele vim encher o meu saco ; pediu.

- Fale isso para ele.

- Eu falo mesmo e, ainda mais mãe ,eu tô muito cansado e, não vou a escola hoje

- Negativo, vai sim. Quem mandou ir para a festa em dia de semana ? eu nunca vi.

- Eu já ; respondeu ele.

- Você está é muito respondão, está pensando que já é homerm, eu meto os cincos dedos na sua cara e, só assim passas a me respeitar.

Edinho levantou-se.

- Arruma logo o teu ninho aí, ordenou seríssima a dona Carmém.

Ele arrumou a cama e sai para a sala só de cueca.

- Coloque uma roupa que você não mora aqui sozinho, ralhou novamente a velha.

E emendou:

- Já várias vezes uma garota tem ligado aí para você.

- Como é o nome da gatinha, mãe ? perguntou.

- Gatinha eu não sei se ela é, o que sei é que chama-se Heloísa.

- Está bem mãe, é a sua futura nora.

Edinho tomou banho e sentou-se preguiçosamente na sala, dali ele enxergava toda a movimentação na casa do amante-amigo.

Para não ser diferente as duas amigas continuavam lá embaixo cuidando da vida delas e da cidade inteira sem que alguém ousasse pertubar.

Era meio dia quando Torres entrou em casa todo sujo de oléo queimado e as roupas cheia de graxa, encontrando o filho sentado no sofá, comentou:

- Chegaste fora de hora, não é ?

- Não sei que hora era, não.

- Vou te proibir de sair aqui, sacana; ordenou.

- Vai começar....

Ele foi para o interior da casa e o filho ficou sentado no sofá, mas por pouco tempo por que logo depois, todos sentaram-se em volta da mesa, era a hora do almoço.

Enquanto a Dona Carmém servia o almoço, Edinho aproveitou e disse perante todos;

- Pai, e o meu aniversário, como vai ficar ?

- Como está, respondeu o velho.

- Nada disso. Pode ir cossando o bolso, por que eu vou querer fazer uma festa e chamar todos os meus amigos e as "minas" que eu conheço.

- Aonde ?

- Vou fazer aqui em casa, a Ana faz festa a hora que ela bem entende, recebe as amigas, e eu vou completar 17 anos e por isso vou querer festa si. Vou armar um barraco aqui.

- Está bem, vamos ver; respondeu o velho.

- Eu não sei quem são teus amigos e, nem quem vai vir. Só vejo você com esses pirralhinhos da Catarina ou da rua do Igarapé; atalhou Ana Luiza.

- Não fiques zombando de meus amigos, não. O pessoal que mora no Catarina ou Igarapé, tem tanta dignidade, quanto qualquer cidadão desta cidade e, muitos até mais do que as pessoas que anda com você.

- Está bom chega de discurso demagogo, disse ela olhando feio para o irmão.

- Quero ver a hora em que vocês vão terminar, com essa discursão, é hora do almoço.

Dona Carmém ouvia tudo atenciosamente.

Edinho aproveitando do silêncio que fizera disse repentinamente:

- No meu aniversário eu vou convidar o filho do Armando para vim na minha casa..

Fêz-se um silêncio avazalador. Torres olhou para a esposa, que olhou para os dois filhos demoradamente.

Ficaram perplexos.

Torres passou a mão no queixo e falou firme:

- Eu nem falei se autorizo a festa e, pelo jeito já fez a lista de

convidados e, por sinal convidados de muito mal gosto.

Ana Luiza atalhou:

- Ele chegou hoje de São Luis, comprou um carro lindo, ele é o um maior

gatinho.

Torres retrucou:

- Não quero ouvir mais o nome dessa família aqui na minha casa.

Ana Luiza tornou:

- Pai, o cara é da nossa geração, o senhor brigou com o pai dele quando

ainda era solteiro e garoto ainda, eu já tenho 20 anos, quanto tempo se

passou, agente lhe respeita, mas o senhor não acha que está na hora de

revermos esse comportamento ? Por que eu e o Edinho, não podemos falar com o

Flávinho, que nunca nos fez nada ? Nem sequer olhou--nos com um olhar feio


- Eu não quero, respondeu o velho radicalmente

Todos calaram, menos Edinho que continuou falando:

- Na minha festa vai vim todo mundo e quem eu convidar e vai entrar, estou

avisando, senão eu armo o maior "bangu" aqui.

- Vou pensar na sua festa; disse Torres arrastando a cadeira e

levantando-se da mesa, enquanto a esposa retirava os pratos.

Momentos depois Edinho retirou-se e foi a escola.

Andava calmamente com a mochila as costas sobre um meio fio da praça Samea

Costa, quando deparou com um grupo de amigos.

Estava alegremente conversando quando fora interrompido:

- Tudo bem, Edinho ?

- Meu amor você aqui ? Estava lhe esperando para agente conversar.

- Mentiroso, disse ela asperadamente.

Houve um silencio total entre os colegas, que apenas ouviam o diálogo que

ambos travavam.

- Traidor, continuou ela.

Edinho olhou demoradamente e comentou meio que timidamente:

- O que é isso, vai baixar o nível da conversa agora ? É

assim...chega...fala o que bem quer e, fica por isso mesmo ?

- Você, deve-me explicações, rapaz; disse ela meio que nervosa.

- Sei disso Heloísa, sei que ligaste duas vezes na minha casa, o que precisa

é sentarmos para agente conversar.

- Conversar o que ? Ouvir as suas mentiras ?

Ele calou-se olhando para os amigos, sentiu o golpe, estava errado.

Depois tornou:

- Fui aonde um amigo que não via a muito tempo. Cheguei tarde, não fiquei

com ninguém e nem estava na gandalha, estou aqui inteiro, ninguém me tirou

um pedaço de mim, pode me olhar direitinho, disse abrindo os braços e

mostrando o corpo.

Márcio o amigo, que até então apenas ouvia a discursão interveio:

- É muito mais bonito os dois se abraçarem, se beijarem aqui na praça

embaixo dos braços de Nossa Senhora das Graças, que está de braços abertos

esperando vocês, para se unirem e nunca se dispersarem.

todos os colegas cairam em gargalhadas.

- Se abraçam-se e beijam-se, tornou Márcio a insistir.

Durante alguns segundos os dois ficaram paralizados olhando um para o outro.

- E aí vai ficar nessa ? insistiu o amigo.

- Ela é que sabe, respoindeu Edinho.

Heloísa saiu em direção escola, do outro lado da praça e encontrou Maria

irmã de Flávinho e sua amiga inseparável.

- E ai coleguinha ? quis saber

- Ele é mentiroso Maria, me enganou, me deixou só. Deve ter ido a alguma

festa e, além de me trair é mentiroso costumaz.

- Homens são assim, todos sacanas, respondeu a amiga.

- Bem faz você que não quer namorar esses moleque aqui do Arari, disse

Heloísa.

Maria soltou uma sonora gargalhada e disse:

- Moleque é moleque aqui, em São Luis, em São Paulo e no Brasil inteiro, eu

não namoro é por que eu sou muito jovenzinha e não me sinto ainda preparada,

para encarar certas situações que eu sei que você encara e sofre.

Heloísa virou-se para ela dizendo:

- Tens razão.

Edinho continuava lá do outro lado com os colegas e Márcio comentou:

- Sabia que eu vi o Flávinho ?

- Qual Flávinho ?

- Aquele seu vizinho marreco, estava no maio0r carrão.

- Não gosto daquele cara, mesmo ele morando em frente a minha casa

agente não se fala, ainda assim ele não é da nossa turma, é mais

velho que nós.

- A Silvana da rua do Sol é doida por ele, agora mesmo é que ela vao

colocar as calcinhas na cabeça dele, disse Márcio sacasticamente.

- Logo, logo ele vai é meter o pau no rabo dela e deixar aí a ver

navios, essas meninas daqwui não pode ver um cara chegar aqui de carro

ou moto que elas vão logo se abrindo.

- Isso é verdadeiro, gritou Márcio debochadamente.

Momentos depois todos os alunos entraram no Colégio e rasgaram pátio adentro.

Flávinho estava em casa rodeado pela família contando as novidades.

Estava feliz, tanto que disse em voz alta diregindo-se à mãe:

" De tudo ao meu amor , o que eu possuo é por ti, minha amada e endeusada mãe.

Eu te amo e darei a vida enquanto estiver, por ti.

Deusa da minha vida e luz da minha guia, ajudai-me se cair e

levantai-me pelo braço da vida, para que eu possa eternamente honrar o

teu nome e o meu destino."

Ela correu para onde o filho estava e beijando-lhe o rosto disse:

- Filho meu muito amado, eu que te gerei e te guardei por longos

meses, a vida inteira eu preservarei os teus desejos e Deus se

encarregará de mostrar no caminho as suas pegadas.

A pegada da paz, do amor, da justiça, da perserverança e da humildade.

Ele segurou carinhosamente as mãos da mãe e disse:

- Dá-me sem cessar o teu encanto.

Cubra-me com o seu corpo inteiro e deixe-me escorregar no teu

deslumbro,para que possa viajar para o leito da tua gratidão.

Quero chaleirar pois o teu perdão.

E revolver-me em teus loucos desejos

Sem nunca romper as amarras do teu coração

Nem deixar-te anciosa em obserção.

Dona Lúcia era só sorrisos, ela adorava ouvir o filho recitar poesias,

desde pequenino ela sempre o incentivava.

Isso era quase uma rotina quando eles se reuniam e, as vezes ela

preparava bules e bules de chá de erva-cideiras.

Quando este era menor, quase sempre ficava apenas os dois em casa.

Filho declama mais um poema que a mamãe quer ouvir, dizia ela.

E ele soltava a língua com entusiasmo juvenil:

" O sol aquece a terra , o mar e tudo

Eu, em teu olhar fico calado, mudo

Embriago-me com o teu jeito todo

E navego por um rio sem lodo.

Eu quero ter voz, ter ver e alegria

Em tudo que desejar ser

Não me omitir, nem por covardia

E viver ao lado de quem eu escolher.

Dona Lúcia sorriu e disse:

- Bravo....está bem filhote, esses dois meses em que ficaste em São

Luis, não perdeste a sua veia poética.

Nisso ela saiu das sala e Flávinho desceu as escadaria e entrou no

carro. Desde quando chegou de São Luis, ainda não tinha desfilado pela

cidade de Arari.

Ligou o carro e, saiu virando pelas esquinas da cidade, atravessou a

Avenida Doutor João da Silva LIma, virou por uma outra esquina e

entrou na Rua do Sol.

Estacionou o veículo em frente a uma casa pintada de rosa, com uma

porta larga e duas janelas, que estavam abertas. do carro mesmo

percebeu que a casa tinha uma sala enorme e um avarandado que fazia

esquina com uma outra rua.

Ao lado dessa rua estava plantada a anos ali, uma mangueira alta,

copuda e viçosa.

Ele buzinou e apareceu uma criança de uns oito anos de idade, que ao

vê-lo assustou-se e invadiu casa a dentro chamando pela mãe.

Sem que demorasse muito tempo apareceu uma senhora que ao vê-lo, no

carro perguntou:

- O que o senhor desejas ?

- Boa tarde minha senhora, respondeu Flávinho.

- Boa tarde, disse a mulher e convidou:

- Vamos descer do carro moço.

- Não. Não quero tomar o seu tempo, estou aqui apenas para falar com a

Silvana, ela está ?

- Aguarde um pouco, vou chamá-la. E sumiu casa a dentro.

Depois de uns dez minutos a mulher retornou:

- Queria lhe pedir desculpas pela demora, aguarde mais um pouco.

- Não tem do por que pedir desculpas, respondeu ele desligando o som do carro.

Pelo retrovisor ele viu dosi vizinhos espichando o pescoço para

observar quem estava ali, na casa da vizinha, pessoas curiosas.

Estava meio que distraido quando ela apareceu dizendo:

- Olá como vai ? É você que está aqui ?

- Sou eu mesmo, vim lhe visitar, respondeu ele.

- Queira descer do carro, entrar na minha casa e dizer, a que devo a

honra de sua visita, disse ela toda sorridente.

- Não vou entrar na sua casa querida, quero falar com você debaixo

daquele pé de manga, só nós dois sentadinhos lado a lado, em uma

cadeira e chupando sacolé, respsondeu ele.

- Então desça do carro enquanto vou buscar as cadeiras para agente

sentar, disse ela voltando para o interior da casa.

Ela voltou com as cadeiras e acomodaram-se ali.

Ela perguntou anciosa:

- Estou curiosa, o que fazes aqui ?

Flávinho parou como quem busca resposta ao vento, soltou um riso meio

que amarelo.

- Queria lhe fazer uma pergunta; disse ele.

- Faça logo, respondeu ela.

- Você ainda gosta de mim ?

Ela ficou séria e respondeu:

- Por que ? O que vai acontecer se eu dissser que sim, ou o que

acontecerá se eu disser que não ?

Ele respirou fundo e respondeu:

- Não perderás nada, independentemente do que disser, eu sim sei que

vou ganhar uma pessoa e transformar-lhe em minha amiga.

E continuou:

- Estou aqui de corpo e alma a sua frente, a mais ou menos uns três

meses eu recebi um telegrama seu e ainda vários recados, pela minha

mana Maria, por isso quero conversar com você de coração aberto e alma

desarmada. Eu gosto demais de você.

Ela estava ali como se a terra estivesse fugido dos seus pés, jamais

ela imaginou que ele tivesse a coragem de ir até a casa dela e diante

de sua família para conversar.

- Por que você está nervosa ? indagou ele.

- Sinceramente, não sei.

- Mas está ? insistiu ele.

- Não nervosa, eu estou envergonhada, respondeu ela.

- De que mulher ?

- De você.

- Nada disso. estou aqui para agente conversar, trocar idéias, e não

para ficar com vergonha de mim, senão vou embora.

- Não vá, respondeu ela.

- Você ainda é apaixonada por mim ?

- Quem falou que eu fui apaixonada por você ?

- O seu telegrama; respondeu ele.

Ela ficara desconcertada.

- Não fique assim, somos dois jovens conversando e cada um procurando

o seu mundo, disse ele.

- Eu sei disso, respondeu ela, que olhando para Flávinho continuou:-

sempre sentir atração por você, desde quando te encontrei naquele

carnaval fora de época, lá no bairro do Peri-mirim, lembra-te ?

- Lembro sim.

E ela continuou:

- Sempre sonhei em querer ser sua namorada, entendir que teria que

correr muito atrás para lhe conquistar, não poderia ficar aqui em casa

sentada e esperando que o tempo passasse, não poderia ficar asssim com

este amor platõnico, calado e caludo, sabendo que desse jeito não

chegaria a lugar nenhum ou como diz os mais velhos ir do nada a lugar

nenhum.

Ele sorriu disfaçardamente olhando nos olhos dela.

- E o que eu poderia lhe dizer ?

- Pode dizer o que quiser, rapaz.

- Você ainda me quer ?

- Quero. Quero sim.

- Como amigo ou namoradao ?

Ela mordeu os lábios e ficou cabisbaixa por um tempo, e ele tornou a indagar:

- Por que não me respondes ?

- Não irei respondr nada a você, sabes o que queres, eu também posso e

tenho a chance de um dia ser amada.

- Eu te amo Silvana, disse ele risonho.

Ela não se fez de rogada e desdenhou:

- Eu te amo muito também.

Ele respirou fundo para dizer:

- Minha querida, quero ser objetivo com você. Eu te amo de paixão de

vida, analisarei todos os atalhos que a viida nos reserva, me

procuraste muitas vezes e eu nunca tinha vindo ao seu encontro, deixei

para vim apenas hoje, por que sei que nesta vida nada acontece por

acaso. Eu sei que devia uma resposta a você, e quero dizer que apesar

de eu te amar demais, eu não poderei namorar com você. Eu sei que

parece ser duro eu narrar isso a você, mas pode ter certeza que não

saberás a imensidão da dor que eu estou sentindo, em estar aqui a sua

frente falando isto. Mas acredito que é bem melhor eu dizer agora do

que fazer você sofrer depois, te decepcionar ou decepcionar a sua mãe

e toda a sua família. Eu sei o que estás pensando, as vezes parece ser

verdadeiro que o coração só se mexe pela pessoa errada, mas podes ter

certeza que o teu mexe-se pela pessoa certa, correta, por que eu

gostaria muito de ser mais que o seu namorado, amante, amigo ou

marido, o que eu quero de verdade é ser um grande amigo seu.

Jamais vou querer ver você sofrendo pela minha causa ou se envergonhou

por está ao meu lado, preciso que entendas isto. Quero que não me

tenhas por arrogante, até por que sabes que não sou e, não tão pouco

como petulânte, imodesto ou coisa parecida. O que eu não posso jamais

é deixar você alimentar uma coisa que eu tenho consciência profunda

que não vai dá certo e, que no futuro lhe causará mágoas

irreparravéis.

Só estou aqui, neste silencio da tarde, por que eu sei profundamente

com quem eu estou conversando. Eu sei que és uma menina sérria,

correta, leal, amiga enfim uma pessoa familiar e, aquilo que eu não

quero para a minha irmã, eu jamais poderei desejar a outras garotas,

principalmente mulheres lindas como você e, não quero ser o causador

de tamanhas e profundas frustações.

Essa pestilência, esse mal quase que contagiosos que os homens têem

para enganar as mulheres para poderem dar-se bem, eu não quero jamais

que aconteça com você e não levarei comigo a sepultura. Gostaria que

você entendesse tudo sem mágoa, sem ranço de mim, sem ódio ou sem

rancor, sem nauséas, no dia do amanhã você despertará e verás que eu

tomei uma decisão exata, de ter vindo a sua casa, não para te convidar

para formar-mos um compromisso, mas para termos um relacionamento que

seja de amizade, por que qualquer um outro terás sofrimento ao meio.

Ele párou e ela emudeceu por um longo momento.

Olhava na direção do nada a procura de um el que não se perdeu.

Estava estática na cadeira.

Depois de um longo tempo ali parada ela olhou na direção do carro dele e disse:

- Você deve ter as suas razões para falar tudo isso que falaste, mas pode escrever com letras de sangue ai no teu coração e na tua alma, enquanto eu vida estiver e prezar pelo meu sentimento e atração por homem, nunca mais lhe importunarei.

- E a amizade minha querida, como fica ? quis saber ele.

- Amizade agente cultiva, amarra em algum lugar, certamente essa fica.

Ela pediu licença, levantou-se, foi em casa e voltou muito que rapidamente com duas xícaras de chás, deu uma a ele e ficaram ali desgustando sob a sombra da mangeira e o frescor do vento.

- Está gostoso, pelo jeito nao foi você que fêz? indagou ele com brincadeira.

- Indelicado; respondeu ela.

Devolveu a xícara e novamente ela retirou-se para guardar, quando ela retornou o encontrou em pé, com a chave do carro rlando entre os dedos.

- Você já está indo ? indagou ela.

- Sim. Até por que eu preciso mandar lavar o meu carrro.

Despediram-se com beijinhos no rosto e abraços.

- Não quero que fique triste; foram as últimas palavras dele que ela ouvira quando já estava de partida de dentro do veículo, que sumiu muito que rapidamente.

Ela ficou sentada ali sozinha por alguns momentos pensando:

- Ele agiu certo, melhor assim do que ficar comigo e com outra nos traindo e fazendo agente infeliz. Não estou com raiva dele e nem vou ficar, ele soube pelo menos ser cortês e polido comigo. Agora tenho cereza que ele é um homem diferente. Estou satisfeita, perdi um baita de um macho, mas repentinamente ganhei um amigo.

Ela levantou-se, tomou as cadeiras em mãos e entrou em casa.

Os vizinhos curiosos que são, ficaram observando o tempo todo, enquanto conversava com o rapaz.

Arari ainda é assim, as pessoas ainda se preocupa com as vida particular do vizinho e, por isso a cidade demora a camainhar.

É preciso colorir está cidade com a cultura.

Flávinho chegou, estacionou o carro e não foi nenhuma surpreza encontrar Lili à janela.

- Joaninha....chamou pela amiga.

Esta demorou a aparecer e ela continuou a chamá-la.

Depois de um tempo ela respondeu:

- Estou aqui amiga, o que aconteceu ?

- Tem gente namorando de porta.

- Aonde Lili ? quis saber.

- Lá para as bandas da Rua do Sol, eu vi o carrão estacionado, berrou ela pendurada na janela do salão.

- Essas meninas daqui é assim mesmo são todas intereseiras, respondeu Joaninha.

- Depois elas parecem com a barriga na goela e não sabe o que aconteceu.

- Como soube disso, não saiste daqui.

- Uma sabiá me cantou, acabara que me revelar, dissera que teve até chá debaixo da mangueira, dizia Lili sob gargalhas estrondosas.

Lili, é uma pessoa sem dicernimento, tanto fala o que sabe, com o o que houve apenas dizer e, por isso sempre aumenta um pouco o que ouve dizer.

Derepente Flávinho aparece na janela de sua casa e ela berra:

- Lindiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiihu ! estou esperando você no meu salão, sem a sua presença a beleza dele não se completa.

- Daqui a pouco eu apareço ai dina Lili, respondeu Flávinho.

- Venha que eu tenho algo de especial para você, pessoas como você tem que está aqui. Você é linnnnnnnnnnnnndu e, maravilhoso.

Flávinho bateu com a mão para ela e , fechou a janela.

Lili chamou novamente:

- Joaniiiiiiiinha.

- Estou aqui amiga.

- É um pedaço de pecado se perdendo nesta rua, preciso te revelar coisas.

Lili desceu e as duas se encontrarm no meio da rua.

Torres sai da oficina todo carrancudo, passou entre as duas que ao vê-lo fugiram muito que rapidamente cada uma para o seu estabelecimento. Parecia duas raposas fugindo de uma mantilha.

No Colégio durante o recreio...

Edinho chamou Márcio.

- Quero te revelar um segredo.

- Pode dizer marreco.

- Quero te revelar que eu fiz as pazes com Flávinho.

- Só por que ele comprou um carro, marreco ?

- Calma cara pálida, na verdade quando agente foi na excursão para São Luis, ele me procurou e entendi que era melhor agente se apaziguar.

Márcio sorriu e disse:

- Foi a melhor coisa que aconteceu nesse seus últimos 16 anos de vida marreco. Eu torcia tanto para isso, agora agente já pode se reunir todos do mesmo bairro.

- É isso aí, inclusive você e ele, já estão convidados para a festa do meu aniversário que farei na minha casa.

- Eu vou e levarei Eva, Josefa, a mulherada todas, te confesso que vou derrubar aquele sobrado, exagerou Márcio.

Ambos ainda conversavam quando Heloísa apareceu.

Márcio disse:

- Se abraçam e se beijam logo, fazem as pazes, agora é um novo tempo. Chega de briga.

Ele se aproximou dela e beijou-a intensamente.

Márcio sentou e ficou ali, enquanto eles sairam pelo corredor em direção às salas de aula.

- Eu te amo demais Heloísa; dizia Edinho.

ela respirou fundo olhando nos olhos dele e, acariciando-lhe o rosto. Rapidamente ele encostou nela, passou o queixo em seu pescoço, cheirou-lhe as orelhas e novamente como sempre meteu a língua em seu ouvido.

- Páre com isso aqui, estamos dentro do Colégio; pediu ela.

- Eu não vou parar, irei te encher de tesão, quero te deixar molhadinha, quero fazer de ti a minha mulher e, sentir prazer ao deitar contigo.

- Páre com isso. Pode parar.

- Não posso pára, meu pau está duro e a minha tesão maior ainda, como posso pára se perto de ti o meu sangue se remexe em todas as minhas veias ? Você me causa um descontrole sexual.

Ela agarrou ele pelo rosto, fechou os olhos, beijou-lhes os lábios calmamente.

- Eu não esqueci do seu comportamento, disse ela saindo em disparada.

DÉCIMO QUINTO CAPITULO

PRIMEIRA PARTE


Já se passaram três meses que Flávinho estava em Arari e nunca mais desde que comprou o carro ficou mais de 24 horas na Ilha.

- Não tenho nada em São Luis que não seja uma relação de negócios, respondia sempre aos curiosos que tentavam saber de sua vida particular.

O seu romance com Edinho corria a solta, mas somente aqueles amigos muito próximo sentia uma certa desconfiança que havia uma relação mais densa.

Muitas vezes foram vistos em locais reservados em posições que levantava suspeitas

A família de Edinho jamais desconfiou de alguma coisa, até por que nunca foram vistos nem sequer cumprimentando-se em plena rua.

Mesmo a Lili com a sua língua solta, jamais viu alguma coisa, o que ela faz é elações sem que apresente algo de concreto.

Edinho fez as pazes com a namorada e as coisas corria a mil maravilhas.

Márcio, amigo de escola e que apelidou Edinho de marreco, era só felicidade por ter mais uma vez unido os dois, afinal era amigo de ambos, estudavam no mesmo Colégio desde o tempo do " Jardim da Infância Menino Jesus".

Era quase inseparável a amizade deles.

A lua brilhava no céu, parecia dia.

Torres e dona Carmem, estavam sentados na porta em uma cadeira espreguiçadeira, quando virando-se para ela disse:

- Estou muito preocupado com esse negócio do Edson, querer fazer festa.

- Por que ? indagou a esposa.

- Esse negócio de convidados.

- Ele vai convidar os colegas dele o que acho muito natural. Deve vim o pessoal da escola, as meninas, de uma coisa podes ter certeza, ele vai completar 17 anos e, vai querer fazer o maior banzé, aqui.

- Como assim, Carmem ?

- Vão querer fazer churrasco, tomar cerveja, essas coisas.

- Carmem, aniversário de menor é só bolo, refrigerante e suco.

- Ela soltou uma gargalhada e respondeu:

- Já se foi o tempo de guaraná e bolo velho, hoje as festas dos jovens são regados a cerveja, chopp e muitas outras bebidas quentes.

- Como sabes disso ?

- Eu ouço eles comentarem, eu não sou nem surda, nem cega , nem desatualizada.

- Como as coisas mudaram, gente.

- Ah, meu velho estou te falando de uma coisa de família. E aqueles que regam as festas a base de maconha e cocaína, como agente ver na televisão o dia inteiro ?

- Você está bem informada, em mulher ?

- Informada e atualizada, disse ela sorrindo e sacudindo a cadeira preguiçosa.

Torres ficou um pouco que pensativo deixando o olhar viajar entre a distancia que separa o céu das estrelas e o carro de Flávinho estacionado à frente de sua residência.

- O Edson quer convidar esse moleque ai da frente para a festa,o que achas disso?

- Eu não pensei nesse assunto ainda.

- Será que eles se falam ? indagou Torres.

- Eu não sei. O que sei é que se encontraram em São Luis, eles trataram o meu filho bem, parece que levaram na casa deles e....

- Torres atalhou enfurecido:

- Quer dizer que todos vocês estão com essa amizade toda e, só eu fora ?

- Vocês quem, Torres ?

- Pelo que falas está tudo normal, somente eu não falo com esse pessoal, é o que posso deduzir.

Carmem calou-se e ficou admirando as estrelas no céu,ora ela dizia que a constelação era Cruzeiro do Sul,ora que era As Três Marias, ora Polar. Na verdade ela sabia distinguir uma constelação da outra e tão pouco aquelas que reluzem no hemisfério Sul.

Torres voltou a indagar:

- Vamos fazer a festa do Edson ?

- Não seí, é bem melhor entenderem-se vocês, por que depois acaba a confusão sobrando para mim.

- Quando ele chegar agente conversa, ele convida quem ele quiser.

Edinho tinha saido para encontrar com a namorada.

Flávinho estava em casa com a família em volta do aparelho televisor.

Tocou o telefone:

- Alô.

- Oi.

- Quem fala amigo ?

- Eu, cara.

- Quem é o cara, que fala ?

- Eu, não reconhece mais a voz do teu homem ?

- Eu não tenho homem moleque, como eu não sei quem é vou desligar.

- Não faça isso.

Flávinho falou sério:

- Vou desligar e você deixa o seu nome, endereço e o que quiser na caixa postal.

- Vás deligar, depois não diga que eu nao ligo para você.

- Você é o ...

- Edinho, o teu macho caralho.

Flávinho deu uma gargalhada.

- O que mandas com essa valentia toda ?

- Queria sair hoje novamente com você, estou morerendo de saudades do teu corpo.Quero nesta noite me proteger com ele, por que não posso ficar sozinho.

- Você tem o local para agente dormir ? indagou Flávinho.

- Lugar é o de menos, agente arruma, o Maranhão é tão grande não é possível que agente não encontre um pedacinho de chão, para colocarmos uma cama, disse Edinho.

- Pelo jeito você está taradinho.

- Estou. Estou cheio de tesão para colocar no seu rabinho, sabes que eu não lhe troco por nenhuma mulher, você é melhor do que todas elas juntas.

- E a sua namorada ?

- Qual delas ? indagou Edinho

- Você tem muitas e, eu pensei que fosse somente a Heloísa.

- Brinquei cara, só estou querendo brincar.

- Agente não brinca com os sentimentos das pessoas. E ela como fica, pode saber do nosso relacionamento ?

- Tu és louco, nem pensar.

- Olha quem navega em dois mares corre sério risco de se afogar em algum.

- Mas derepente o comandante do navio é um especialista em mares bravios e, conduz a embarcação com segurança total, até o cais.

- De onde você está ligando, em Edinho ?

- Do meu celular. Mas responda o que eu lhe perguntei.

- Sei lá, pense ai e me responda.

- Vou te armar uma surpresa, pode ?

- Qual ? quis saber Flávinho.

- Verás no momento certo.

- Resolva aí e me ligue, só não faça eu esperar a noite inteira.

- Sabes que eu não faço isso; afirmou ele.

Edinho desligou e ficou a imaginar um local, aonde iria dormir com o amante-amigo.

Pensava ele:

- Preciso descolar uma tenda para eu comer o rabo dele hoje mesmo, senão serei obrigado a ir aos cinco dedos.

O moleque aparentava agonia por que o tempo passava e não surgia opção.

Flávinho deu a entender que não estava a fim de sair de Arari para um outro lugar, e também não confiava de entrar em nenhuma casa de divertimento na cidade acompanhado de uma pessoa do mesmo sexo.

- Os donos de Motéis em Arari são indelicados, eles não respeitam ou guardam a privacidade de seus clientes, muito fazem se perder. Não entendem que é preciso resguardar a clientela, ganhar a confiança, senão o cliente foge e com isso perde o comércio, o turismo, o munícipio e todos enfim...hoje parece mais seguro transar em uma cidade vizinha, do que aqui.

Flávinho pensava assim e tinha essa imagem das casas noturnas da cidade.

Edinho não quis demorar muito na praça, voltou para casa e viu a lâmpada do quarto do amante-amigo acessa, era a certeza que estava em casa, por que o carro estava estacionado na porta.

- Vai sair ainda hoje Edson ? indagou Torres.

- Não, vou deitar.

- Sua irmã está aonde ?

- Já está voltando para casa, encontrei na esquina com duas amigas.

Ele passou direto para o quarto, estava preocupado. Ainda tinha esperança de arrumar um local para o encontro, mesmo assim ao entrar deixou a porta entreaberta.

O casal juntou as cadeiras e subiram escada acima e começaram a arrumar-se para dormir.

Como Ana Luiza estava perto de casa, entraram para o quarto, afinal a filha mantinha a confiança do casal.

Já passava da meia noite...

Toca o telefone novamente.

- Alô.

- Pensei que não ía ligar mais.

- Estava arrumando um local seguro para agente dormir juntos.

- Arrumou ? indagou Flávinho.

- Evidentemente que sim.

- Aonde é ?

- Surpresa, tenho certeza que vás gostar.

- Tomara, respondeu Flávinho.

- E aonde agente vai se encontrar moleque ?

- Aqui na porta e, não enrrola com conversa Flávinho, eu estou na minha casa.

Edinho saiu e a rua estava deserta.

- Já estou na escada da minha casa te esperando mulher; disse desligando o

telefone e ficando de pé na escadaria.

Minutos depois Flávinho aparece.

- E agora, aonde é ?

- Vamos ali, convidou.

Flávinho acompanhou Edinho que passou por debaixo da escadaria, atravessou

todo o espaço por baixo do sobrado. As galinhas se assustaram e fizeram

barulho, eles chegaram ao quintal e encontraram a outra escada de cimento.

- É ali que vamos dormir, disse Edinho apontando para o alto, mostrando a

janela.

- Você é louco moleque, disse Flávinho meio que receoso.

Edinho aproximou-se dele, agarrou-lhe pelo braço, abraçou-lhe dizendo;

- É ali sim e você não vai fugir. e foi acariciando a orelha do companheiro

com a ponta da língua, o que fez o amante-amigo excitar-se também.

- Caraca, está na maior das tarações, heim ?

- Não conversa, pule a janela e invade o meu quarto, agente não pode perder

tempo.

Quando ele pulou a cama já estava arrumada, em seguida Edinho passou pela

janela.

- Estamos a sós, disse Edinho.

Repentinamente a lâmpada da cozinha acendeu e Flávinho ficou assustado.

- E agora, moleque ? Será que alguém viu agente entrar ou alguma coisa

assim, será que viram agente pular a janela ?

- Te acalma, entre debaixo da cama, pediu Edinho.

Enquanto Flávinho se escondia, Edinho viu que era a irmã que abria a

geladeira.

- Você não dorme mulher ? perguntou ele a irmã.

- Acordei com maior sede, agora vou deitar, roncar e só amanhã, respondeu

ela.

Ana Luiza apagou a lâmpada e retirou-se, Edinho ficou ali enrrolando e

disfarçadamente trancou a porta do quarto.

- Flávinho...chamou ele baixinho e continuou:- sai daí, o perigo já passou,

era a minha irmã que foi tomar água e acendeu a luz, ela já se recolheu.

Ele saiu de debaixo da cama dizendo:

- Este Motel que você me trouxe é muito "chifrim", agente precisa passar por

uma sessão de tortura para poder usar.

- Deixa de conversa e vai logo tirando a roupa eu estou doido para comer o

seu rabinho; disse mostrando-lhe o pênis duro.

Calmamente Flávinho controlava a ansiedade do amigo dizendo:

- Tenha calma com a sua ansiedade que o mundo não vai acabar.

Deitaram e começaram a acariciar-se, muitos afagos, beijos, mãos alisando

corpos, gemidos, sensações enormes de prazer, evolução.

Carmém sente vontade de ir ao banheiro. Levanta-se descalço e vai seguindo o

corredor que liga o seu quarto ao sanitário.

- Ai moleque devagar, sem precisar me machucar; dizia alguém.

Carmém pára no meio do corredor e ouve sussuros. ela fica meio que

assustada. Ouve gemidos, mais sussuro, mais sedução.

Ela pára em frente ao quarto do filho e ouve mais cochixos, gemidos, tem a

sensação que alguém prendeu a respiração de alguém.

Ela pensa consigo:

- Será que o Edinho está sonhando ou o meu filho trouxe alguma garota para

dormir com ele ? pergunta a si mesma.

E continua a imaginar:

- O meu filho já esta ficando homem, deve ser sonhos de adolescentes, ele

entrou cedo, deitou-se, isso não deve ser mais do que devaneio de

adolescente carente de amor sexual.

Derepente cai uma chuva torrencial na cidade.

- Estou com frio, me aquece; pede Flávinho.

Eles se abraçam, cobre-se com um lençol e ficam grudadinhos.

- Do jeito que está eu vou acabar gozando nas suas pernas; disse Edinho.

- Eu sei, você está incontrolável hoje, mas controle-se, te segura, está

chovendo ouça o som da água no telhado, a madrugada será longa e gelada.

- Com chuva cara, como vás sair daqui ? quis saber Edinho.

- Ainda nem namoramos e já está pensandocomo terminar .

Edinho tocou com a língua na ponta do peito do amante-amigo,este arrepiou-se

todo e prendeu a respiração.

- Você quer me fazer mulher ?

-Claro meu amado, foi para isto que lhe trouxe aqui, quero comer a sua carne

crua e depois, adormecermos nos braços um do outro.

Depois de algumas carícias, Flávinho abriu as pernas, Edinho subiu em cima

dele e esporrou. Houve outra vez gemidos, gritos leves e sussuros.

Ambos andaram pela casa, tomaram banho, degustaram alguma coisa que

encontraram na geladeira. beberam até suco na mesma caneca.

Beijaram-se densamente.

- Posso ir embora ? indagou Flávinho.

- Negativo, você vai dormir comigo, foi para isso que eu lhe trouxe

aqui, por que tens medo de me assumir ? Não sabes que eu sou o teu

homem e, além do mais chove demasiadamente.

Edinho segurou o parceiro pelo braço e disse:

- Deite-se e vamos dormir juntos.

Deitaram-se ambos, trocaram alguns afagos, novamente cheiros, beijos e

adormeceram despreocupadamente como era de costume quando se

encontravam deixando a chuva roncar no telhado.

Dona Carmém acordou com o som das águas.

Levantou-se vagarosamente, pé ante pé. Caminhou pelo corredor,

encostou o ouvido na porta do quarto do filho, estava tudo no mais

perfeito silêncio.

- Será que tem gente aqui ? Nenhum sinal, imaginou ela.

Muito silenciosamente ela empurra a porta do quarto do filho, mas

mesmo assim ainda faz um pequeno ruído.

Ela pára. Está tudo calmo na sua residência, apenas o barulho das

águas pluviais que aumenta a cada instante. O marido e a filha tem um

sono pesado. Ela tenta novamente, a porta se abre de vez com a força

do vento que passa pelas frestas, dona Carmém enxerga um bolo sobre a

cama, coberto com um lençol, na cama do filho.

Ela pára outra vez, não se mexe, não quer despertar o rapaz,

imaginando que esteja ali sozinho.

Pensou consigo:

- O que será isso, duas pessoas ? Será que o Edinho está trazendo a

namorada para cá ? Agente não viu ele sair e, por onde será que eles

entraram ? imaginou ela que logo percebeu a janela entreaberta que dá

acesso a quintal.

E tornou a imaginar:

- Será que ela pulou a janela do quarto ? Como pode ter acontecido se

a madrugada toda está chovendo ?.... a mulher continuava matutando o

pensamento.

Ela queria sanar aquela curiosidade que era somente sua na calada da madrugada.

Em pé, ela foi entrando vagarmente e fechou a porta, foi muito

lentamente se aproximando da cama e, muito sutilmente ergueu o lençol

pelo lado dos pés e surpreendentemente viu ali exposto os quatro pés.

Cobriu-os, deu a volta na cama e pelo lado do espelho do móvel ergueu

novamente o lençol e, quase teve um treco ao deparar com os dois

garotos abraçados, deitados nos braços um do outro ressonando

profundamente como se fosse um casal de marido e mulher.

Dormiam o sono da paz que cerca, protege , encarna e deslumbra os

grandes amores.

Ela reconheceu Flávinho e saiu apressada, desapontada e imaginando

coisas e coisas.

Elevou a mão a cabeça é sentou-se solitariamente no sofá da sala pensando:

- Meu Pai do céu, será que eu estou louca ou estou sonhando ? É o meu

filho deitado com um outro garoto,o que eu faço agora meu Cristo

Santo ? Mas confesso que preciso ter calma, preciso tomar uma decisão

segura, não é o momento do meu escândalo, com certeza estará em jogo a

reputação da minha família. E agora meu São José, como que esse menino

foi entrar aqui ?

Ela estava quase que desesperada, ela havia ouvido os sussuros dos

meninos, ela sabia que havia rolado ali contato sexual, não estava ali

uma mulher ingênua, pelo contrário, uma senhora experiênte e

conservadora.

Seu pensamente e a sua tortura sentimental era de desespero, de muita

ansiedade. Ela aquele momento não saberia qual a decisão a tomar.

Mas pensou rápido:

- Esse garoto precisar ir embora daqui, ele precisa sair antes que

Torres desperte, preciso fazer alguma coisa nessa indiscrição.

Ela não continha-se quieta, sentava e levantava ao mesmo tempo, em um

desses repente entrou no quarto do casal, pegou o telefone e ligou no

celular do próprio filho para despertá-lo.

- Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, tocou o aparelho várias

vezes, até que ele despertou.

Edinho não abriu o aparelho, apenas pela bina ele leu o número que chamava.

Ergue-se desesperado chamando o parceiro.

- Flávinho....Flávinho...Flávinho, o telefone está tocando.

Este disse espreguiçando-se:

- Fala moleque, está desesperado por que ?

-Tem que sair, já são quase cinco horas da manhã, perdemos a hora cara.

- E agora, o que é que eu faço ?

- Vai ter que sair por onde entrou.

- Pela janela ? indagou Flávinho.

- Claro, você quer sair por onde, pela porta da frente ?

- Colocaste em uma enrrascada em moleque ?

- Nada de acusação ou sentimento de culpa. Ficamos juntos nós dois, o

que pesar para você, pesa para mim também. Disse Edinho ao parceiro.

Como haviam dormido pelados, Flávinho colou a roupa e disse:

- Agora abra a janela para mim.

Edinho abraçou-lhe, deu um selinho e abriu a janela dizendo:

- Jamais esqueça, que a vida inteira procuraste está ao meu lado e,

por ser mais velho e mais experiênte do que eu, sabes muito bem o

risco que temos a correr para que possamos ficarmos lado a lado.

- Sou ciente disso tudo, respondeu.

Flávinho rapidamente saltou a janela, só não contava que lá no alto de

uma outra janela estava Lili Boca Mole, retirando água que havia

passado pelo ladrilho e molhado algumas coisas.

De mansinho ela fizera o mesmo caminho da volta e subiu muito que

tranquilamente a sua casa.

Pela fresta da porta a dona Carmém observava tudo, menos que Lili

estava assistindo o movimento.

Quando percebeu que Flávinho estava em casa, ela bateu na porta do

quarto do filho chamando-o:

- Edinho...Edinho... e, batia na porta.

- Mãeeeeeeeeeeee...., respondeu ele do interior do quarto.

- Abra a porta que eu quero falar com você, pediu ela.

Ele levantou-se apenas de cueca e abrindo a porta perguntou com a cada de sono:

- O que aconteceu, mãe ?

Ela olhou firme para ele e, indagou:

- Quem estava aqui com você ?

- Ninguém mãe, estás sonhando acordada ?

- Tens certeza que estás falando a verdade, meu filho ? insistiu ela.

- Sim, a senhora viu alguém aqui, por acaso ? Entre aqui e veja, convidou ele.

  • Eu é que estou lhe fazendo essa pergunta, quem dormiu aqui com você ?

  • Por alguns minutos ele calou-se e, sentando na cama respondeu:

  • - Eu dormir só, quem poderia ter vindo dormir aqui comigo, mãe ?

  • Dona Carmém olhou demoradamente para o filho, aproximou-se, deu-lhe um abraço apertado e baixou a cabeça.

  • Silenciosamente caminhou até a porta do quarto e disse virando-se:

  • - Eu sou a sua única e inseparável amiga, estarei ao seu lado aqui e, aonde estiveres. Te apoiarei em quaisquer situação. Só não gostaria que você me traísse ou que eu saiba as coisas por terceiros. Dito isso ela sai na direção da cozinha.

  • Edinho voltou a deitar-se preocupado e imaginando:

  • - Será que a minha mãe, esta sabendo de alguma coisa ? Não pode ser, quando ele saiu estava tudo silencioso e ela não viu nada senão me chamaria, além de que quando entramos aqui a rua era um deserto total,ninguém viu nada. Meu Deus, do que será que a dona Carmém está desconfiada ou estará jogando um verde para colher maduro?

  • O tempo passa e ele continua preocupado, inseguro e, as vezes deixa isso transparecer.

  • Na mesa na hora em que estavam tomando café não olhou uma única vez para a fisionomia da mãe, estava sempre de cabeça baixa.

  • Dona Carmém não deixava transparecer nada para que outros percebesse a sua deccepção, continuava tranquila, como se nada estivesse ocorrido, não deixou que a sua rotina na casa alterasse.

  • Torres e Ana Luiza sairam por um instante.

  • Era pra mais das dez da manhã e, Edinho entra cozinha a dentro, onde dona Carmém prepara o almoço.

  • Repentinamente ela avança sobre o filho segurando-o, com muita força as orelhas e demonstrando um desespero fora do comum berra:

  • - Diga-me agora seu velhaco, quem foi amulher ontem a noite ?

  • Ela estava irada, irraivecida, colérica e a cada palavra sacudia com veemência a cabeça do filho.

  • Edinho apenas gritava e gritava:

  • - Páre mãe....páre mãe...páre....

  • - Ou você me responde ou eu te mato seu canalha e, puxava as orelhas sem dó e nem piedade.

  • - Eu conto....eu conto.....repetia ele desesperado.

  • - Então abra a boca agora, seu bode velho, ordenou ela bravamente, soltando o garoto.

  • Ele contou tudo à mãe, desde o encontro no Centro Cultural até a estada na cidade de Vitória do Mearim, passando pela excursão de São Luis, até chegar naquele momento que ela descobriu.

  • Eles ficaram ali para mais de horas e, ela exigiu saber do filho, detalhes por detalhes daquele relacionamento promíscuo.

  • - Eu não sabia que aquele moleque era viado, disse ela nervosa e, continuou:- ainda é passivo.

  • Ainda com as orelhas vermelhas dos puxões de sua mãe, ele disse:

  • - Ele é bacana, disse que vai me ajudar no que eu precisar.

  • - Você é um sem vergonha rapaz, com tantas meninas por aí, está a deitar-se com um homem igual a você ?

  • - Ele não é um homem igual a mim, respondeu.

  • - Feche e aboca, seu porco. Do contrário lhe arrebentarei os dentes, vou ficar alegre a hora que o Torres souber de uma nojeira dessas.

  • - Mãe, o cara é meu amigo.

  • - Feche a boca, atalhou ela outra vez.

  • No salão da cabeleleira.....

  • Lili estava toda risos, ela e a amiga estavam a atualizar-se dos acontecimentos.

  • - Jo.........a...............niiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiha ! chamou Lili

  • - Estou aqui, respondeu a outra.

  • - Ontem a noite foi um horror, eu vi tanta coisa, que até os cabelos arrepiam-se, tinha gente saindo pela janela.

  • - Não creio nisso, mulher.

  • - Pode acreditar fôfa, muita água ainda vai rolar debaixo dessa ponte, esta cidade irá estremecer quando vier a tona tantos babados e dando gargalhadas continuou:- é tanto rapazinho pousando de homem, mas isso apenas até a meia noite, depois que os ratos se escondem, não se sabe quem é maria joão.

  • - Uêpa Lili, deixe o meu nome fora dessa sua rima louca, disse Joaninha toda faceira.

  • Na janela do seu salão, Lili soltava gargalhadas, assovios, gritos.

  • Para ela aquele espaço era como se fosse um palanque, onde poderia destilar o veneno contra a vida particular das pessoas.

  • Dona Carmém olhou séria para o filho e disse:

  • - Você está proibido de sair de casa esta noite e, quero que faça ao

  • contrário que eu vou conversar com o seu pai, ameaçou ela.

  • - Páre de chantagem mãe; disse Edinho.

  • - Eu já mandei fechar a boca, senão arranco os teus dentes e, faço

  • engoli-los.

  • - Já vou lhe avisar, se pensa que vai me espancar, a humilhar-me, a judiar

  • de mim por que eu comi o Flávinho, possa ficar sabendo desde já, que vou

  • embora da sua casa.

  • Dona Carmém avançou sobre ele novamente e disse:

  • - Seu cabra safado,se você me arredar o pé daqui pelo menos um metro, eu lhe

  • mando para o juizado de menores, sem dó e nem piedade e, quero que eles

  • tirem o couro de suas costas, respondeu ela.

  • - É isso que desejas para mim, não é ?

  • - É, respondeu ela com uma mistura de raiva e angústia.

  • Edinho saiu da cozinha, sumiu.

  • Dona Carmém foi até a janela e viu Flávinho em casa, sentado. Ela o encarou

  • seriamente com ar de reprovação.

  • - Vou conversar com você frangote, pensou ela.

  • Nesse instante Lili foi até à janela e avistando Flávinho berrou animadamente:

  • - Liiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiinnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn......dinhooooooooooooô,

  • quero falar com você.

  • - Quando querida ? respondeu ele.

  • - Pode ser agora.

  • Ele atravessou a rua e adentrou ao salão.

  • - Estás díficil, o que é que há, menino ? interrogou ela.

  • - Tudo normal dona Lili, respondeu ele.

  • - Estou achando voc meio que borocochô, disse ela.

  • - Impressão sua, estou bem, respondeu ele.

  • Ela não se conteve e disse:

  • - Eu vi você na madrugada pulando a janela do bode velho, bem aqui ao

  • lado, por acaso estás namorando a Ana Luiza?

  • Ele assustou-se, não esperava por aquela interrogação.

  • Mesmo assim respondeu:

  • - Eu ? Disse levando a mão ao peito.

  • - Não vem não lindinho, era você sim, se quiserers digo até a roupa e

  • o calçado que usavas. Não pense que eu estou passada, que não estou

  • não e, muito menos bebendo água de igarapé.

  • - A senhora está enganada.

  • - Lindinho somente aqui para nós dois. Sabes que agente é do bem, um

  • dia eu encontrei você lá em Vitória do mearima e negaste. Vejo pulando

  • janelas e negas. Será que estou ficando variada ou o meu lindinho está

  • comendo gente a torto e a direita e, pensa que todas a s pessoas desta

  • cidade são tolas ? comentou ela interrogando.

  • Ele abaixou a cabeça e, não sorriu como de costume e, ela continuou:-

  • eu não tenho nada a ver com a tua vida, estou apenas querendo puxar

  • assunto, para agente se divertir e deixar o tempo passar, disse ela

  • percebendo que o rapaz ficar sem graça.

  • Ele ficou sério e respondeu :

  • - Eu não posso mentir somente para agradar a senhora, minha querida.

  • - Vamos pára por aqui meu lindinho, faz de conta que eu não te falei

  • nada,mas vou te pedir um segredo, não chame o médico para me internar

  • que eu não estou ficando louca, disse ela.

  • - Está bem, a senhora é do bem, nós somos do bem, respondeu ele

  • sorridente e foi-se retirando na direção de sua residência.

  • Ao vê-lo sair ela pensou:

  • - Esse moleque pensa que somete ele é esperto, o erro de todos os

  • tolos é achar que só eles são espertos. A qualquer momento eu lhe pego

  • em falso novamente, aí escorregas e joga o bumbum no barro meu

  • lindinho, pensou ela, enquanto ele adentrava em casa.

  • Edinho desconfiado, espiou por toda a casa e percebendo que estava só, tomou pelo telefone:

  • - Alô, quem está falando ? indagou.

  • - Eu, Flávinho.

  • - Precisamos conversar urgente, moleque.

  • - Pode falar que estou sozinho.

  • - É sobre a minha mãe.

  • - O que aconteceu com a sua mãe, Edinho ? quis saber.

  • - Ela nos viu deitados juntos.

  • - Conversa sua rapaz, retrucou Flávinho.

  • - É verdade, e por aqui eu já levei uns safanões pelas orelhas.

  • - O que mais, me fale logo.

  • - Exigiu que eu contasse a ela, quem é a mulherzinha de nós dois.

  • - Não estou acreditando cara, você está apenas querendo zoar comigo, para assustar-me.

  • - Cara, estou lhe revelando uma realidade, a reação dela foi de tristeza, amargura e decepção, estou torcendo para que ela não comente nada com o meu pai.

  • - Não é possível que isso tenha acontecido, como desgraça pouca é bobagem, posso te afirmar que a Lili, viu eu pulando a janela da sua casa.

  • - Verdade ?

  • - Isto sim é muito sério, ela disse-me até a cor da bermuda que eu estva usando e, ela é muito mais perigosa do que a sua mãe.

  • - A minha mãe é muito brava e, não sei como ela não acordou agente debaixo de tabefes.

  • - A sua mãe não é tão perigosa, ela por exemplo não sairá espalhando pelas esquinas da rua o que viu, ela tentará sempre preservar a reputação da família, avaliando o bom nome que vocês possuem. A outra é mais que perigosa que uma jararaca com fome, não preza pelos bons modos e, nunca defendeu os princípios básicos familiares, até por que onde sabe-se, aquilo jamais foi amada ou teve família. Para aquela mal amada se um circo pegar fogo ou um avião da "Tam" cair, é quase tudo a mesma coisa. Ninguém se compara com ela.

  • Depois de ouvir tudo silenciosamente Edinho disparou:

  • - Nós estamos é fudido, meu querido.

  • - Moleque, o que você tem que fazer, é se a sua mãe perguntar, não minta. Lembre-se que ela será eternamente sua amiga e defensora costumaz.

  • - E se ela pára você na rua ? quis saber.

  • - Serei educado e o mais polido possível, respondarei aquilo que ela perguntar-me, podes ter certeza.

  • - Como soubeste que a Lili, viu você ?

  • - Ela mesmo comentou comigo, a desgraçada não dorme, durante aquele tempesteio de água, ela estava na janela, vigiando a noite e a rua.

  • - Que azar esse nosso, moleque.

  • - É o preço que se paga por amar alguém. Precisas entender que o relacionamento é muito perigoso, no fundo no fundo, a sociedade não aceita, cada um acha bonito nos outros, mas quando acontece em nossas famílias, acaba parecendo um terror, é como se agente não soubesse que em cada família existe uma bichinha no armário doida para colocar a bunda de fora e tomar vento.

  • Edinho deu gargalhadas, dizendo:

  • - Será que vai ficar dificil agente se vê ?

  • - Se depender de mim, não, respondeu.

  • - Estou contigo cara.

  • - Qualquer coisa eu passo uns dias em São Luis.

  • Edinho reagiu sério:

  • - Não meu camarada, você não vai me deixar sozinho aqui encarando essa bomba, assim eu não aguento. Fique ao meu lado, não fuja agora, não. Se estamos no mesmo barco temos mais é que nos salvarmos juntos e não fazer como os ratos, que antes que comece a tempestade já estão jogando-se ao mar.

  • - Está bem, apenas brinquei para vê qual o seu posicionamento. Fique calmo que se entramos juntos nessa encrenca, com certeza estaremos juntos e, sairemos juntos dela.

  • - É isso aí cara; afirmou Edinho.

  • - Meu querido agora eu tenho que desligar, por que preciso cuidar da vida e de nossas defesas, quando o caldo começar a entornar mais.

  • - Beijos; disse Edinho.

  • - Outros tantos amor da minha vida; respondeu Flávinho desligando o aparelho e olhando em direção à porta


DÉCIMO SEXTO CAPITULO

 

PRIMEIRA PARTE


Alguns dias depois............................

Dona Carmém, como de costume estava na Feira do Produtor, que localiza-se em

frente a Estação Rodoviária a comprar legumes, quando encontra Flávinho e,

dirigindo-se a ele disse:

- Flávio, preciso conversar com o senhor.

- Bom dia dona Carmém, como vai a senhora; cumprimentou ele.

- Estou muito bem obrigada, mas tenho um assunto serissímo a tratarmos,

respondeu ela.

- A senhorita está querendo falar agora ou vai marcar um local ? indagou ele.

- Vamos marcar um local, respondeu ela.

- Estarei a sua disposição é somente marcar hora e local, que conversaremos.

- A noitinha na porta da minha casa pode ser ? indagou ela.

- Na sua porta ?

Ela pensou rapidamente e respondeu:

- Amanhã pela manhã o Torres vai a São Luís e o senhor vai até a minha

casa, disse ela.

- Não fica ruim eu ir a sua casa, o pessoal não vai falar bobagem ?

Ela olhou seriamente para ele e respondeu:

- Ninguém tem que achar nada seu bobinho a mais de uma semana atrás, o

senhor esteve lá, entrou e saiu pela janela e, até agora nenhuma pessoa

disse-me nada.

Ele ficou pálido como uma vela, mas respondeu:

- Não baixemos o nível da conversa, dona Carmém.

- Eu não baixo o nível de nenhuma conversa meu querido, estou apenas

fazendo lembrar do ocorrido, o senhor esteve na minha casa, pulou a

janela, dormiu agarrado com o meu filho, eu não sei quem serviu de

mulher a quem e, baseado nesse fato, entendo que não tem o por que o

senhor preocupar-se com vizinhos, se eles acham bom ou ruim de ir ou

não na minha casa, estando ou não o meu marido, pelo menos eles o

virão entrando pela porta da frente, o que é o correto, como agem as

pessoas equilibradas, o sofá está lá pode chegar que agente senta,

toma chá e conversa.

- Está bem dona Carmém, respondeu ele retirando-se apressadamente e

muito preocupado.

- Não deixe de ir, berrou ele e continuou:- é um assunto muito

importante e que lhe interessa, disse em tom ameaçador e saiu por um

outro lado oposto ao que ele.

Saindo dali desorientado ao dobrar a primeira esquina, tomou do bolso

o celular e discou:

- Alô, disse com a voz desconfortável.

- Quem é ?

- Flávinho.

- De novo toda hora ? indaga Edinho do outro lado.

- Você brinca com coisa séria.

- O que aconteceu dessa vez ?

- A sua mãe me parou na feira e disse que quer falar comigo.

- E agora, cara ?

- Agora o bicho vai pegar.

- Quando e aonde ela marcou? quis saber Edinho.

- Amanhã na sua casa.

- Tá falando sério moleque ? indagou Flávinho preocupado.

- Sim e, não tenho mais tempo para brincadeiras, respondeu.

Ele parou por alguns segundo segurando o aparelho de telefonia e respondeu:

- Faça aquilo que me falaste um dia, não minta jamais e conte a

verdade. Não se altere com ela, é normal, certamente ela estará muito

nervosa, mas demonstre a sua elegância.

- Está bem amor, fique com Deus e, foi desligando vagarosamente o telefone.

Do outro lado...........

Edinho pensou:

  • Em que rabo de foguete eu fui me enfiar, poderia ser tudo diferente

  • Mal ele desligou o aparelho telefônico, dona Carmém entra casa a dentro e, ao vê-la foi logo dizendo:

  • - Mãe, quero falar com a senhora.

  • - Pode falar filhote, respondeu ela.

  • - Não quero falar assim, quero conversar sentado.

  • - Então terá que esperar um pouco, respondeu ela caminhando em direção a cozinha.

  • Torres ainda estava em casa arrumando os cabelos para poder dirigir-se ao trabalho, aquela altura ele não desconfiava nada do que acontecia entre mãe e filho.

  • Desceu a escada apressadamente, atravessou a rua e abriu a oficina, Ana Luiza também saíra e estava em casa naquele momento apenas os dois.

  • Edinho perguntou, dirigindo-se a mãe:

  • - Mãe o que e a senhora entende de inversão sexual ? O que a senhora entende dos homossexuais ?

  • Dona Carmém parou, olhou demoradamente para o filho, enquanto que vagarosamente as lágrimas começaram a escorrer rosto abaixo.

  • Enquanto isso Edinho continuou:

  • - Mãe, eu não lhe chamei para fazer a senhora chorar, sei que está aflita por lhe fazer essas interrogações, estou com esta idade e tudo aqui é um enorme tabu, creio que seria muito salutar se conversássemos sobre isso.

  • - Acho que seja bom sim, filho; respondeu ela.

  • - Então vamos conversar, mãe.

  • Ela virou-se para ele e perguntou:

  • - Edinho, você é homossexual ?

  • Ele respondeu firmemente:

  • - Mãe, eu lhe garanto que isso eu não sou, eu sou macho.

  • A senhora me viu deitado com o menino aí do vizinho, mas fui eu que comi ele mãe,eu fiz o papel de homem e ele de mulher. Mas isso minha amada, não me dá o direito de sair por ai pela cidade desmoralizando o rapaz. Afinal, agente não sabe se isso é uma enorme doença ou uma tara compulsiva que se abate sobre as pessoas e não tem cura.

  • Carmém retrucou:

  • - Isso que fizeste é totalmente errado,viola a ordem natural da espécie, eu particularmente estou com o coração transpassado, foi como você estivesse atravessado uma lança de ponta a ponta em meu coração.

  • - Não exagere mãe, disse Edinho.

  • - Você não sabe o que é sentimento de mãe, nem o de pai, mas um dia sentirás tal sentimento. meu amado o que agente quer mais dos filhos é recato,a probidade, o decoro familiar enfim, a lealdade com a lei da natureza, respondeu ela.

  • Ele pediu que a mãe lhe ouvisse por um instante e continuou:

  • - Até a idade média mãe, transava-se homem com homem, isso para satisfação sexual de prazer, a mulher apenas servia para procriar, se isso for verdadeiro eu lhe pergunto, o por que desse preconceito todo ?

  • Ela respondeu :

  • - Não é pré não, filho. A ordem das coisas, as leis naturais das coisas são conceitos seguros, é o entendimento, é a parte final e elucidativa de um seguimento natural. Deus deixou o homem e a mulher, somente eles podem deitar-se juntos e saciarem os prazeres dos corpos.

  • Edinho tornou:

  • - Eu não gostaria de apedrejar o Flávinho, apenas por que ele optou por isso e levantando-se continuou:- era somente isso que eu queria falar, agora venha e dê um abraço neste seu filhote querido.

  • Ela o abraçou dizendo:

  • - Queria apenas lhe pedir que não repetissem mais essas cenas horripilantes, pode continuar falando com ele, sendo amigo dele, mas se afaste quando ele vier lhe atentar.

  • Edinho calou-se e saiu para o quintal.

  • Torres viajou na madrugada para São Luís.

  • - Ficarei lá Carmém durante uma semana pelo menos, para que possa resolver os meus problemas todos.

  • - Isso mesmo velho, respondeu ela .

  • - Quando voltar discutiremos a festa do Edson.

  • - Já vai trazendo os presentinhos, gritou Edinho de um lugar qualquer da casa e continuou:- vai haver de tudo, do churrasco ao chopp, passando pelo monte de "mina" que vou trazer, vou transformar isto em uma bangu velho; disse o moleque.

  • Torres abraçou a mulher e os filhos e entrou na "van" que já o e4sperava de portas abertas e poltrona reservada.

  • Passou-se aquele dia e Flávinho não apareceu para conversar como haviam combinado, dona Carmém esperou demoradamente, ela percebeu que o carro dele não estava estacionado no local de costume, ela estranhou, como eles haviam combinado, ele não poderia falhar.

  • Flávinho havia saído cedo para passear em Flexeiras um bairro distante acompanhado pela dona Lúcia, onde foram rever alguns amigos e conhecidos, voltaram apenas ao anoitecer e cansado ele não saiu mais de casa.

  • No dia seguinte.........................

  • Flávinho acordou cedinho, tomou banho, arrumou os cabelos e sentou a mesa do café com a mãe, dona Lúcia e, foi dizendo:

  • - Posso lhe narrar um fato ?

  • - Estou a sua disposição meu amado, respondeu ela.

  • - Estás alegre ou triste ? quis saber ele.

  • - Nem alegre e nem triste, estou com a minha alma leve e, em paz comigo mesma.

  • - Queres ouvir coisas boas ou negativas ?

  • - Quero ouvir apenas as boas, as negativas você guarde consigo mesmo, não conte a ninguém para não contaminar as pessoas, já lhe falei isso certa vez .

  • - Então posso lhe contar um causo ?

  • - Causo ? indagou ela franzindo a testa.

  • - Vou começar com uma pergunta dona Lúcia, pode ?

  • - Perguntar pode, disse ela sorridente.

  • Ele pegou a cadeira colocou ao lado da que a mãe estava sentado, colocou a cabeça em seu colo e disse:

  • - Mãe, quantas namoradas eu já lhe apresentei até hoje ?

  • Ela pensou...pensou...pensou e respondeu:

  • - Que eu me recorde nenhuma filhote; respondeu ela.

  • - Nenhuma mãe, tens certeza ?

  • - Sim, eu sei o que falo, disse ela.

  • - Mãe, quero lhe revelar algo, insistiu ele.

  • - Revele querido,abra o seu coração.

  • Ele pegou a mão dela e disse:

  • - Eu não gosto de mulher para relacionamento amoroso, para transa, essas coisas assim.

  • - Por que não gostas ? indagou ela docemente

  • - Não sei explicar, todos os meus colegas tem namoradas,eu não quero ter, não possuo atração carnal por nenhuma garota desta cidade, entendeu mãe.

  • - Entendi, respondeu ela.

  • E ele continuou:

  • - Sei que lhe causarei uma dor irreparável com esta revelação.

  • Sei que arrancarei da sua alma, um naco de sua alegria.

  • Sei que vou esfacelar o teu coração e, todo o seu sentimento com este meu comportamento.

  • Eu sei mãe, que eternamente eu te decepcionei, com os meus atos e as minhas atitudes.

  • Sei que me reprovarás pelo resto da minha vida e, até esquecer que eu sou o teu ente amado.

  • Sei que a cicatriz do teu ventre não se fechará nunca mais enquanto pensares que eu inverti as ordens das coisas naturais.

  • Eu sei mãe, as tuas noites serão mais longas e o teu travesseiro será mais úmido, com as lágrimas que derramar.

  • Eu sei que te cansarei em um padecer eterno, com o legado da minha opção. Mas quero que tu não se curve perante a dor do meu gemido e nem caía no tropeço do meu caminho.

  • Eu quero te elevar ao ponto mais alto que só tu mereces....ó mãe !

  • Eu quero enfeitar-te os pés com rosas e não deixar jamais que os espinhos rossem a alma para que te incomodes.

  • Eu quero apenas que sejas a minha advogada eterna e perene e, jamais diga-me um não enquanto eu caminhar passos fora.

  • Eu quero ser todo teu mãe, mesmo que eu exponha todos os meus defeitos, os meus direitos ou os meus apelos.

  • Ela que olhava-o meigamente, disse docemente:

  • - Pare um pouco meu amado e, faça-me entender, qual a razão desse lamento pesaroso, penalizado,com esse estado de melancolia, qual a razão meu amado dessa mágoa, dessa aflição inconstante, dessa angústia que lhe invade a alma e parece arrebentar os seus ossos e as suas carnes e, estancar o seus sentimentos, meu amor ?

  • Ele chorou no colo da mãe e disse entre lágrimas:

  • - Mãe, eu gosto é de homem, eu sou um garoto homossexual.

  • - Isso eu já sabia, encontrei uma calcinha dentro de sua mala.

  • - Mãe ! exclamou ele admirado.

  • Ela respondeu:

  • - Toda mãe conhece o seu rebento. Ele nasce e cresce com agente,nós vamos percebendo o seu comportamento, suas opções, suas amizades, seus jeitos e trejeitos, acarinha de anjo ou de mal. Eu não ter condenarei jamais, estarei ao lado sempŕe, quer seja na alegria ou na dor, tu és o meu filho e como todo, muito amado. Jamais irei te abandonar ou aceitar que alguém lhe apedreje, escolheste essas estrada, tome cuidado e observe os caminhos das pedras, elas são lisas e podem deslizar, deslizando pode querer ter machucar o nariz. Faça um esforço asmor, de se arrepender pois sempre há tempo de voltar-se atrás, isto é, se entenderes que cometeste algum erro. Se não prejudicares a ninguém, se não ferires a ninguém, se não matares ou roubares ou cometer qualquer ato que fira a dignidade do outro, estaremos juntos até que um leve ao cemitério um ao outro......e, beijou-lhe a testa.

  • Ele suspirou e passou a mão nos olhos vermelhos de tanto chorar.

  • - Não chore, pediu dona Lúcia.

  • E continuou:

  • - Quando agente escolhe uma vida e isso é opcional, temos que arcar com as consequências, que na maioria das vezes são muito dura, mas lhe peço : Estude meu amado e torne-se independente, assim terás autoridade para debater, enfrentar, concordar ou discordar, repudiar ou aplaudir, saudar ou reprimir, dizer sim ou dizer não, amar ou odiar, mandar ou obedecer, por que tudo o que fizeres será por sobre vida de uma causa que certamente entenderás como justa.

  • Eu te amo, meu amado....

  • Flávinho pegou um copo com água tomou um gole e,ofereceu o resto a dona Lúcia.

  • - Eu não quero água, quem está emocionalmente abalado é você, quero te afirmar que estou firme,segura, equilibrada e forte. Quero dizer que "...eu te amo..." com a maior abrangência verbal que tem o significado desta expressão. Aonde o meu anjo estiver, ainda que com a asa quebrada ou não ou como ele estiver o meu coração será sempre grandioso para aparar as arestas dos teus pecados e aceitar-te com a amplidão da gratidão de tua alma. Ser ou não homossexual, não é a desgraça maior. A maior das desgraças é enganar o próximo, roubar-lhes os sentimentos e atirar-lhes numa vala do esquecimento, como se atirar sobre pontes os entulhos em cidades cosmopolitas. Todos nós sofremos, seja lá como for, sofre a viúva, o garoto de rua, por que todos possuem um olhar distante perdido num horizonte, onde ele vê sempre uma esperança futurista, que todos sabemos que existe mas que não chega jamais. Conheci muitos garotos que exilam-se voluntariamente de seus lares, muitos nem sequer conhecem os pais, os irmãos, para estes, o ambiente familiar é estranho, meu amado.

  • - Certeza que conheces alguém assim, mãe ?

  • - Conheço um monte deles meu amor...o Leandrinho por exemplo é amável, tem no olhar a distância de uma esperança onde o futuro ainda não quis sorrir-lhe e, com isso a sua aura exprime a dureza da separação, mas mescla um sorriso com candura, com doçura onde a ingenuidade dos que sonham que no amanhã ao aquecer o sol, o brilho da luz reluz para um novo alvorecer. Eu particularmente fico curtindo o seu gingado, a sua simplicidade e a pureza dos seus sentimentos mais profundos.Esse garoto tão novo e tão belo, ele também tem alma, tem coração e sangue, precisa ser resgatado e até amar e ser amado.

  • Ele é doce!

  • O cordão umbilical dele, certamente é igualzinho ao seu, a sua voz é igual a dele, seus desejos de adolescentes são iguais aos dele e se misturam em sonhos que sonha a sua mãe e daí parte uma coisa doida chamada saudade.

  • Saudades da comida da mamãe, dos seus carinhos maternos, da sua força e quando pára para refletir, ouve o eco da sua voz rompendo os ouvidos.

  • Esses garotos muitas vezes escondem-se por trás do fumo, do álcool ou muitas vezes procura se esconderem até, por trás de uma palavra amiga, ainda que seja de um desconhecido. A sua alegria vai além de um prato de comida que as vezes lhe é servido frio e muita das vezes acompanhado com uma sobremesa chamada de má vontade, por que do lado de lá, está alguém com a cocha na mão, sentindo-se o todo poderoso com a panela não mão. jamais quero está vida a você. Te quero equilibrado e amável com os seus amigos e respeitoso com todos os que te rodeiam. Te quero com a doçura e a candura do sorriso do Leandro, um garoto que eu conheci ainda moço em uma dessas muitas encruzilhadas da vida que o destino nos coloca cara a cara e não temos opção em escolhê-la.

  • Flávinho olhou meigamente para a mãe e comentou:

  • - Neste momento eu tomei uma lição mãe, assim encorajo-me, para encarar os leões que certamente aproximarão de mim e vão querer saciar a sua fome com o sabor do meu cadáver.

  • Dona Lúcia levantou-se, passou a mão na cabeça do filho e disse candidamente:

  • - Mostrei-te o exemplo do garoto em situação de rua neste meu diálogo com você filho, abrir-lhe uma homenagem a esse moço chamado Leandro, por que um dia, eu tenho fé, ele será grande, igual a tantos outros e não vai olhar para trás e recordar dos dias carvernosos que umideceram os seus sentidos eo fizeram perambular por ruas afora. Flávinho pegue a sua vida e siga. Jamais fique olhando para trás, não deixe que meçam o seu talento, pelo tamanho do talento do vizinho ou de uma outra pessoa famosa, seja lá o que fores é preciso ter compostura, retidão de caracter, comportamento irreprensível, para que a sociedade não lhe puna muito rapidamente. Independente do que sejas, o homem ,precisa ter a sua moral ilibada.

  • Flávinho estava embriagado em conversar com a mãe, poucas vezes eles ficaram assim frente a frente, para um diálogo de nível tão aberto e tão próximo.

  • - Mãe, eu vou à casa ao lado a dona convidou-me para ir até lá, desde de antes de ontem.

  • - O que é que ela quer com você, filho ? indagou dona Lúcia e, continuou:- essa família não fala conosco, o que é que querem contigo ? perguntou ela com voz aveludada.

  • - Eu não sei mãe, se parou-me e disse para eu ir até lá, é porque alguma coisa de útil, tem para me falarem.

  • - É de estranhar por que a mais de 20 anos que eles não falam com nenhuma pessoa desta casa, sinceramente estou surpresa, respondeu ela.

  • - Eu também, mãe

  • - Vá até lá e aprenda a se defender, afirmou ela dando um tapinha em suas costas.

  • - Te amo muito mãe, disse ele.

  • - Idem, respondeu ela sorridente.

  • A noite estava úmida.

  • Dona Carmém estava sentada no sofá da sala e Edinho deitado em seu quarto já

  • que estava proibido de sair de casa, apenas atendia telefone ou de Heloisa

  • sua namorada ou de Flávinho seu amante. Ana Luiza não estava, esta poderia

  • sair e voltar a hora que bem entendesse.

  • Ele atravessou a rua, subiu as escadarias e bateu palmas:

  • - Pode entrar por favor, pediu dona Carmém.

  • Ele subindo a escadaria e ela levantando a vista, disse surpresa;

  • - Ué, é você ?

  • - Sim sou eu, respondeu Flávinho.

  • - Queira adentrar e sentar-se, convidou ela mostrando-lhe o sofá.

  • Ele estava elegantemente vestido, usava um sapato social marrom bico

  • fino de couro e cardaço, um conjunto de terno marrom de linho puro e

  • sob este, uma camisa na cor salmão e uma gravata de seda francesa de

  • cor lilás.

  • Ela o mirou de cima a baixo, percebeu os cabelos umidecidos de oléo e,

  • presos a uma tiara de cor marrom e, um cheiro atraente de um perfume

  • que certamente custara muito caro, por ser de um aroma de dificil

  • decifrar.

  • Naquela tarde Flávinho passou um longo tempo no salão de Lili,

  • arrumando as unhas.

  • - Você está elegante, heim rapaz...comentou ela.

  • - Eu sou a elegância viva desta cidade minha querida.

  • Do interior do quarto Edinho ouviu a voz e reconhendo, saiu de lá

  • apressado e chegou até a sala.

  • Diante da mãe, ele disse olhando para Flavinho:

  • - Como está você cara ? e espichou a mão cumprimentando-o.

  • - Estou bem bom, respondeu apertando-lhe a mão.

  • - Fique a vontade, sinta-se como se estivesse em sua casa. Aqui é

  • muito simples, não é como aquele sobradão de lá, mas recebemos as

  • pessoas com carinho, dizendo isso retirou-se outra vez para o quarto,

  • ficando ali em uma posição estratégica para ouvir a conversa entre a

  • mãe e o amante.

  • - Você aceita um cafezinho ou quer um chá, perguntou dona Carmém.

  • - Nenhum e nem outro, agradeço pela gentileza, respondeu.

  • Ela esfregou uma mão contra a outra, coçou a sobranceia e disse seriamente:

  • - Chamei-te aqui, para tratarmos de um assunto sério, o qual tenho

  • certeza que já sabes do que tratas, não é ?

  • - Na verdade eu não sei do que falas, estou aqui exatamente para

  • saber, o que queres comigo.

  • - Não se faça de rogado, invadiste a minha casa, dormiste com o meu

  • filho, lambuzou-se todo com ele e, agora diz não saber de nada ? Pulou

  • até a janela....disse ela.

  • - Vamos por parte, primeiro eu não invadir a sua casa, eu fui

  • convidado a vim até a sua casa, eu fui convidado a entrar pela janela

  • e, fui convidado a sair pela janela, ponto. Se quem me convidou

  • pedisse para entrar pela porta da frente, como então fiz agora,

  • certamente eu teria entrado pela porta da frente, respondeu ele.

  • - Você é um pedófilo, heim rapaz ? disse ela.

  • - Não. Eu não sou pedófilo. Talvez a senhora nem saiba que pedófilo, é

  • o adulto que possue uma tara voraz por cianças. eu sou um adolescente

  • e o Edinho até aonde eu saiba, ele não é nenhuma criança, respondeu

  • Flávinho.

  • - Edinho é uma criança sim, afirmou ela.

  • Sem erguer o tom da voz,sem que perdesse a compostura ele respsondeu:

  • - Criança para a senhora, por que para mim o Edinho faz coisas que até

  • Deus duvida, ele sabe de coisas que eu tenho certeza que a senhora nem

  • sonha em fazer ou que exista.

  • - Você é bicha pou é viado rapaz ? indagou ela.

  • - Na minha casa não tem reino animal minha senhora, também não tenho

  • que está mostrando para a senhora se sou isso ou aquilo, sendo assim

  • posso lhe perguntar o que bem entender...entendeu?

  • Dona Carmém continuava a olhar sério para o rapaz como alguém que

  • desejava beber-lhe o sangue.

  • Ela estava com muita raiva dele, a vontade era torcer-lhe o pescoço.

  • - O Edson me contou tudo, quero saber o por que de ter escolhiodo o

  • meu filho para fazer essa nojeira toda ? Você não tem medo de eu lhe

  • colocar na cadeia, rapaz? E se eu falar para o pai dele certamente ele

  • lhe arrebentará na porrada, no meio das rua para que todos vejam.

  • - Se a senhora me colocar na cadeia um dia sairei de lá, te confesso

  • que não sou nenhum ladrão, não matei nenhuma pessoa, por que irei

  • ficar lá por muito tempo ? A senhora vai falar ao pai dele, isso é uma

  • coisa íntima sua, não lhe direi faça ou não faça, a decisão é sua.

  • Agora seria muito bom que a senhora tomasse cuidado por que o raio não

  • cai duas vezes no msmo local, respondeu Flávinho seriamente.

  • - Eu estou com muito ódio de você, menino.

  • - Não faça isso, não carregue essa dor a vida inteira ela pode fazer

  • mal ao seu fígado, dona Carmém, disse ele.

  • - Eu detesto viado, menino.

  • Ele franziu a atesta e respondeu:

  • - Quero dizer-te que não estás falando comigo, essas expressões chulas, essas teses rasteiras, isso não me atinge, por que estou sempre a esperar manter a conversa em um nível elevado. Eleve o nível da conversa que agente debate a noite inteira, disse ele camalmente.

  • - Quero lhe fazer um pedido.

  • - Diga ?

  • - Afaste-se do meu menino.

  • - De minha parte sim e ele ?

  • - Ele não quer você, ele gosta é de mulher, foi isso que me garantiu.

  • - Não é isso que ele me fala, dona Carmém; disse Flávinho.

  • - Estás duvidando de mim, disse ela alterando a voz.

  • - Não estou aqui para ficar a gritar comigo, estou aqui por que imaginei que fosse para uma conversa civilizada, como fazem todos os povos civilizados; respondeu ele e continuou:- deixe para a senhora gritar com os seus familiares, eu não sou nem surdo e nem doido.

  • - Quero dizer-te que estou na minha casa, afirmou ela.

  • - O que não significa que eu esteja pago a ouvir os seus esterímos, até este momento estou sendo educado com a senhora, mas sabes que na vida tudo tem limite.

  • - Estás me ameaçando ?

  • - Não, apenas esclarecendo as coisas, respondeu ele.

  • - Desculpe, eu exaltei-me, respondeu ela.

  • - Não tem o por que desculpar-se, está aqui uma pessoa que foi convidada a vim a sua casa, não fugir da raia desde o momento em que cheguei, mesmo a senhora sempre a agredir-me, eu posso sair daqui e dizer que senhora armou uma arapuca para mim, e daí ?

  • - Então me faça isso, pediu ela.

  • - Isso o que, minha senhora ? indagou ele.

  • - Afaste-se do meu filho.

  • - Está bem, mas posso fazer-lhe uma pergunta ?

  • - Sim.

  • - O que achas dos homossexuais ?

  • - São uns sem vergonhas, uns descarados,, eles tem que virarem homens e, ir atrás de mulheres e, não ficar deitando com crianças, que isso é atentado violento ao pudor, respondeu ela assim de bate e pronto.

  • Em pé ele rerspondeu:

  • - Não dá para conversar com a senhora, até logo.

  • - Passe bem e jamais olhe para o rosto do meu filho, é um pedido meu.

  • - Comente isso com ele, mas não pense que o seu filho é esse santo que a sua alma imagina, por enquanto estás a olhar apenas para o outro lado da rua, seria bom se olhasse para dentro de sua casa, o seu anjo pode está com a asa quebrada, passe bem...e saiu deixando atrás de si o rastro efuzente de um perfume de primeira qualidade.

  • Ele ainda entrava em casa e ela continuava enraivecida.

  • - Que viado bonito e, além de tudo o diabo tem uma língua que nem Jesus Cristo o faz calar, pensou ela.

  • Depois de alguns momentos, dona Carmém chamou:

  • - Edinho, venha até aqui.

  • Ele não apareceu, parecia está fugindo e ele tornou:

  • - Edinho...Edinho.

  • - Diga mãe, respondeu ele.

  • - Estou chamando você aqui, disse ela mostando a ponta do sofá e, ele foi-se aproximando-se com a cara de sono.

  • - Aonde está o número do telefone do Flávio ? indagou ela.

  • - Só tenho o celular, respondeu ele.

  • - Quero imediatamente.

  • - Pra quê, o que vais fazer ?

  • - Não interrogue-me, sou capaz de mandar-lhe a mão na cara, respondeu ela.

  • - Está aqui.

  • - Disque aí, agora.

  • - Mãe, a senhora não já falou com o rapaz, que mais confusão a senhora quer ? Lembre-se que papai não está aqui.

  • E ela insistiu:

  • - Faça a ligação e não interrompa-me quando eu estiver conversando, respondeu ela.

  • Ela tomou o aparelho que chamou...chamou...chamou...

  • Derepente alguém atendeu:

  • - Alô...

  • - Quem está falando ?

  • - A senhora quer falar com quem ? indagou a voz.

  • - É o Flávio ?

  • - Sim.

  • - Eu sou a Carmém.

  • - Pode falar dona Carmém, estou lhe ouvindo.

  • - Poderia falar com a sua mãe ?

  • - Eu não sei se ela vai querer falar com a senhora.

  • - Por que ?

  • - Eu não sei. Eu não sei se ela tem alguma coisa a falar com a senhora, disse Flávinho.

  • - Ela pode não ter, mas eu tenho muito a falar com ela, podes chamá-la, por favor.

  • Ele respondeu calmamente:

  • - Não passarei o telefone, por favor desligue, vou falar com ela e se ela puder falar com a senhora, avisarei..

  • - Eu aguardo.

  • - Está bem e, desligou.

  • Ele franziu a atesta e respondeu:

  • - Quero dizer-te que não estás falando comigo, essas expressões chulas, essas teses rasteiras, isso não me atinge, por que estou sempre a esperar manter a conversa em um nível elevado. Eleve o nível da conversa que agente debate a noite inteira, disse ele camalmente.

  • - Quero lhe fazer um pedido.

  • - Diga ?

  • - Afaste-se do meu menino.

  • - De minha parte sim e ele ?

  • - Ele não quer você, ele gosta é de mulher, foi isso que me garantiu.

  • - Não é isso que ele me fala, dona Carmém; disse Flávinho.

  • - Estás duvidando de mim, disse ela alterando a voz.

  • - Não estou aqui para ficar a gritar comigo, estou aqui por que imaginei que fosse para uma conversa civilizada, como fazem todos os povos civilizados; respondeu ele e continuou:- deixe para a senhora gritar com os seus familiares, eu não sou nem surdo e nem doido.

  • - Quero dizer-te que estou na minha casa, afirmou ela.

  • - O que não significa que eu esteja pago a ouvir os seus esterímos, até este momento estou sendo educado com a senhora, mas sabes que na vida tudo tem limite.

  • - Estás me ameaçando ?

  • - Não, apenas esclarecendo as coisas, respondeu ele.

  • - Desculpe, eu exaltei-me, respondeu ela.

  • - Não tem o por que desculpar-se, está aqui uma pessoa que foi convidada a vim a sua casa, não fugir da raia desde o momento em que cheguei, mesmo a senhora sempre a agredir-me, eu posso sair daqui e dizer que senhora armou uma arapuca para mim, e daí ?

  • - Então me faça isso, pediu ela.

  • - Isso o que, minha senhora ? indagou ele.

  • - Afaste-se do meu filho.

  • - Está bem, mas posso fazer-lhe uma pergunta ?

  • - Sim.

  • - O que achas dos homossexuais ?

  • - São uns sem vergonhas, uns descarados,, eles tem que virarem homens e, ir atrás de mulheres e, não ficar deitando com crianças, que isso é atentado violento ao pudor, respondeu ela assim de bate e pronto.

  • Em pé ele rerspondeu:

  • - Não dá para conversar com a senhora, até logo.

  • - Passe bem e jamais olhe para o rosto do meu filho, é um pedido meu.

  • - Comente isso com ele, mas não pense que o seu filho é esse santo que a sua alma imagina, por enquanto estás a olhar apenas para o outro lado da rua, seria bom se olhasse para dentro de sua casa, o seu anjo pode está com a asa quebrada, passe bem...e saiu deixando atrás de si o rastro efuzente de um perfume de primeira qualidade.

  • Ele ainda entrava em casa e ela continuava enraivecida.

  • - Que viado bonito e, além de tudo o diabo tem uma língua que nem Jesus Cristo o faz calar, pensou ela.

  • Depois de alguns momentos, dona Carmém chamou:

  • - Edinho, venha até aqui.

  • Ele não apareceu, parecia está fugindo e ele tornou:

  • - Edinho...Edinho.

  • - Diga mãe, respondeu ele.

  • - Estou chamando você aqui, disse ela mostando a ponta do sofá e, ele foi-se aproximando-se com a cara de sono.

  • - Aonde está o número do telefone do Flávio ? indagou ela.

  • - Só tenho o celular, respondeu ele.

  • - Quero imediatamente.

  • - Pra quê, o que vais fazer ?

  • - Não interrogue-me, sou capaz de mandar-lhe a mão na cara, respondeu ela.

  • - Está aqui.

  • - Disque aí, agora.

  • - Mãe, a senhora não já falou com o rapaz, que mais confusão a senhora quer ? Lembre-se que papai não está aqui.

  • E ela insistiu:

  • - Faça a ligação e não interrompa-me quando eu estiver conversando, respondeu ela.

  • Ela tomou o aparelho que chamou...chamou...chamou...

  • Derepente alguém atendeu:

  • - Alô...

  • - Quem está falando ?

  • - A senhora quer falar com quem ? indagou a voz.

  • - É o Flávio ?

  • - Sim.

  • - Eu sou a Carmém.

  • - Pode falar dona Carmém, estou lhe ouvindo.

  • - Poderia falar com a sua mãe ?

  • - Eu não sei se ela vai querer falar com a senhora.

  • - Por que ?

  • - Eu não sei. Eu não sei se ela tem alguma coisa a falar com a senhora, disse Flávinho.

  • - Ela pode não ter, mas eu tenho muito a falar com ela, podes chamá-la, por favor.

  • Ele respondeu calmamente:

  • - Não passarei o telefone, por favor desligue, vou falar com ela e se ela puder falar com a senhora, avisarei..

  • - Eu aguardo.

  • - Está bem e, desligou.

  • Flávinho foi até a sala da casa, conversou reservadamente com a mãe e, está autorizou dizer que atenderia a vizinha.

  • Dona Lúcia é uma pessoa educada, doce, fala pausadamente, possue formação superior e, raramente deixa dúvidas em suas posições humanisticas.

  • O pai de Flávinho quase não pára em casa, trabalha fora da cidade de Arari.

  • Flávio retornou a ligação para a vizinhae, em poucos minutos estava ali em sua casa dona Carmém, após vinte e poucos anos, frente a frente com a sua mãe.

  • Dona Lúcia recebeu-a, com cortezia e fidalguia, fez a entrar e sentaram-se no sofá da sala de visitas do sobrado.

  • - Sirva um suco de maracujá a está senhora, ordenou d. Lúcia a maria que passava por ali.

  • A menina serviu-a e, ambas ficaram por ali.

  • - Qual é o motivo que lhe traz a minha casa, depois de vinte e poucos anos dona Carmém? indagou dona Lúcia.

  • - Os nossos filhos, respondeu.

  • - Queira ficar a vontade.

  • Dona Carmém estava sentada confortavelmente .

  • - O que os nossos filhos aprontaram de tão grave, que foste obrigada a vir at´e a minha casa ? interrogou dona Lúcia.

  • - A senhora não sabe o que está acontecendo ? respondeu perguntando e mostrando-se surpresa.

  • - Não sei e, estou demasiadamente surpreza com a sua presença aqui.

  • - Aconteceu algo grave, eu mesma nem sei por onde começar, mas sou obrigada a lhe comunicar. Posso lhe fazer uma indagação ? Não quero que ofende-se, infelizmente essas coisas sobra sempre para nós...as mães.

  • - Pode perguntar ?

  • - O seu filho é homossexual ?

  • - Quais deles ? indagou dona Lúcia.

  • - O Flávinho ?

  • - Sim, respondeu ela firmemente.

  • Dona Carmém ficou olhando admirada, pasma, como se a resposta não fosse aquela que ela esperava.

  • Percebendo isso a dona Lúcia perguntou:

  • - A opção de vida do meu filho está lhe causando algum incomodo ?

  • - Não é bem isso, a opção na vida dele não me causa ou causará nenhum incômodo minha senhora, da vida dele ele poderá fazer o que bem entender, a desgraça maior é que ele está dando em cima do meu filhoter, entende ?

  • Dona Lúcia passou as mão na cabeça e perguntou:

  • - Do seu filho ?

  • - Sim, eu encontrei os dois deitados juntos como se fossem homem e mulher, isso a mais ou menos três semanas atrás, na minha casa, foi chocante, estou estarrecida. Como a senhora vê isso ? Não lhe causa nenhuma revolta ? Não lhe dá vontade de colocar um moleque desse no olho da rua ? respondeu perguntando dona Carmém.

  • - Isso jamais passou pela minha cabeça colocar o meu filho para fora de casa, jamais poderei agir asim, por acaso se jogar-lhe no meio da rua quem acolherá ? Os parentes dele todos tem moradias, seria uma falta de sensibilidade enorme da minha parte pegar um garoto de 16...ou 18...ou 20 anos e, soltá-lo por ai, para aventurar-se nesta vida tão dificil que é, não farei isso jamais, nem passa pela minha cabeça, quanto ao fato dele está a namorar o seu filho, irei conversar com ele, pode ter certeza.

  • - Quer dizer então que a senhora acha isso bonito, dona Lúcia ?

  • - Não acho nem bonito e nem feito, apenas entendo que devemos respeitar as posições das pessoas, principalmente as minorias. Os homossexuais, os negros, os índios, os evangélicos enfim, todos os grupos minoritários, por que eles precisam de apoio, para que possa ter os seus direitos eternamente preservados e que possam viverem em paz.

  • - Então minha senhora, um garoto bonito como o seu filho, sendo viado, agente ainda tem que aceitar com essa calma toda que a senhora prega ?

  • Doan Lúcia falou mais pausadamente:

  • - Gostaria que entendesse que o meu filho não é nenhum veado,essa expressão pejorativa faz parte do seu vocabulário pobre e sem rimas e conecções gramaticais, uma coisa tosca, preconceituosa, o típico do comportamento de quem não respeita ninguém. eu também não estou pedidndo para apoiar a opção de vida do meu filho, minha senhora.

  • - As mulheres além de conversar, gesticulavam demasiadamente.

  • Dona Carmém perguntou provocando:

  • - A senhora sabe que ele faz o papel de mulherzinha, na cama ?

  • - Minha querida, eu não quero aqui entrar em detalhes de comportamento sexual de cama, a senhora disse que viu o meu filho deitado junto ao seu, por isso só também poderei afirmar que o seu filho pode ser homossexual, isso pouco cabe a mim definir quem é ativo ou passivo.

  • Ela olhou para dona Lúcia e comentou raivosamente;

  • - Hoje eu sou uma mulher injuriada, parece que cravaram uma espada no meu coração, neste momento eu preferiria ver o Edinho morto.

  • - Não penso assim, certamente eu queria que Flávinho fosso heterossexual ou um metrosexual, como falam agora a juventude, mas confesso que jamais quero ver o meu filho morto só por que ele gosta de pessoas do mesmo sexo que ele, a melhor coisa que a senhora faz é extripar essa mágoa que carregas no coração, extravasse esse seu ódio doentio, essa sede pequenez de vingança que carregas dentro de si, essa coisa lhe maltrata e agente exerga aolho nu em pleno rosto seu. Deixe o seu garoto viver a vida dele, derepentemente pode ser uma coisa passageira e, todo esse seu desgaste, toda essa dor, essa melâncolia, pode até, lhe causar uma úlcera estomacal nervosa e, ficares aí doente e eles de bem, felizes e gozando a doce vida.

  • - A senhora acha isso mesmo dona Lúcia ? indagou dona Carmém.

  • - Não só acho como tenho certeza.

  • Chegue em casa, abra um livro e leia. Se não encontrares nenhum livro, tome uma caneta, uma folha de papel em branco e, escreva um poema, uma poesia e odereça ao seu marido, feche os olhos e medite pensando em Deus e na Virgem Maria. Se não tiveres nada disso em casa, pegue um pedaço de papel de pão e, escreva o nome das vinte pessoas que a senhora mais gosta e, tenho certeza que quando chegares no vigésimo ali, estarás escrito a maioria de todos os seus familiares.

  • - Vou fazer isso, respondeu dona Carmém descendo as escadaria do sobrado.

  • - Passe bem e, até logo, respondeu dona lúcia acenando para a vizinha que adentrava em casa.

DÉCIMO SÉTIMO CAPITULO

 

PRIMEIRA PARTE.


Dona Carmém entrou em casa e, foi direto para o quarto sentar-se na cama.
Ali chorou copiosamente.
Edinho ouvindo os gemidos de dor da mãe, correu para onde ela estava
perguntando:
- O que está acontecendo, minha mãe ?
- Quero ficar só, respondeu ela.
- Não fique assim, não quero vê-la sofrer, fique calma.
- Prometa agora e de joelhos a mim, que não irá nunca mais deitar-se com
aquele rapaz.
Edinho entristeceu-se todo e, perguntou:
- Só isso lhe satisfaz, minha mãe ?
Ela parou e olhando para ele, este percebeu as lágrimas jorrar em grandes
quantidades do rosto de sua mãe e, ela dizendo:
- Prometa que nunca mais o tomará como mulher, ele é um homem semalhante a
você, meu filho.
- Pare com isso e, procure controlar-se, estou assustado com a senhora, se
for para fazer a senhora sofrer eu vou sair de casa e caminhar pelo mundo
sem rumo e sem destino, disse Edinho.
Ela emudeceu. Não dissera mais nenhuma palavra e ele calmamente dirigiu-se
para o quarto em seguida trancou toda a casa e foi dormir.
Ana Luiza não havia chegado em casa, dona Carmém passara toda a noite em
claro, apenas chorando
Passados alguns dia Dona Lúcia chamou o filho e perguntou:
- É verdade que você está namorando o menino que mora aí em frente ?
- Sim, afirmou Flávinho.
- Por que ele e, não uma outra pessoa, meu filho? quis saber.
- Gosto dele desde a muito tempo, o vi crescer, me apaixonei por ele, como
poderia ser outros, se os outros não possuem a mesma química que a dele ?
- Afaste-se, a mãe dele sofre demasiadamente com esse seu romance, ela não
assimilou bem isso. Sei o que ela está sentindo, também sou mãe, a aura
daquela mulher está pesada, ela carrega no rosto toda a amargura de uma
infelicidade inteira. Estou com muito pesar dela. é uma coitada, que paga
exageradamente os seus pecados pela língua. Abra mão dele, arranje outro,
meu amor.
- Pensarei no seu caso minha querida, respondeu ele sorridente e dando-lhe
um beijinho no rosto.
- Não demore muito com isso, mas conquiste alguém que não faça sofrer mais
tarde.
Flávinho despediu-se da mãe e saiu de imediato.
Edinho saiu cedo de casa para rua sem direção e desorientado, andando de um
lado para o outro pelas ruas. Depois de um bom tempo sem saber o que fazer,
sentou na praça que localiza-se em frente a Igreja e, momentos depois o
Márcio aparece e, vai logo dizendo:
- O que o amigo está fazendo aí triste, solitário, como se fosse um lobo
abandonado ?
- Quero refletir, respondeu.
- Vá  dizer-me que já brigaste com a mulher ? indagou.
- Não é nada disso.
- Queres que eu vá'chamá-la marreco ? Ela está no Centro Cultural.
- O que ela faz lá ?
- A galera está toda lá, uma zorra total, parece que estão programando um
piquenique para o Perimirim, mas do outro lado do rio.
- Que coisa, de novo ?
- É legal marreco, pelo menos agente cheira as "muié", o dia inteiro.
- Isso é bom, respondeu Edinho.
- Você vai ?
- Vou pensar.
- Leva Helô com você.
- Por que tenho que levar o bolo para a festa ?
- Caraca, quem tem leva, quem não tem faz como eu, fica só no cio cheirando
as dos outros amigos, respondeu dando gargalhadas.
- Como você não tem ? E a Eva, o que é que acontece que vocês não atam e nem
desatam ? quis saber Edinho.
- Ela é muito indecisa, há momentos que ela topa tudo, outros ela
mesmo nem sabe o que quer.
- Chame ela no pau cara, aconselhou Edinho.
- Acho que vou ter que fazer isso.
- Vá chamar Heloísa, diz que eu preciso falar com ela, disse Edinho
colocando as duas pernas sobre o banco.
- O que vou ganhar com isso, indagou Márcio.
- Darei-te um presente.
- O que ?
- Vou fazer o seguinte, o meu presente é este, no dia em que casares,
você chama-me e, dormirei no seu lugar, na primeira noite com a sua
mulher, e soltou uma gargalhada enorme.
- Olha que conversa mais careta a do cara , respondeu o amigo.
Então vamos fazer o seguinte disse Edinho:- agente vai lá naquele
rebuceteio chamado de Centro Cultural.
Dizendo isto, ambos sairam em direção à casa de Cultura da cidade de Arari.
Naquele dia, a rua Balbino Azevedo Costa amanheceu calma, tranquila, Lili e
joaninha ainda não haviam berrado de suas janelas. Aproveitando esse clima
de calmaria, uma viatura policial parou em frente ao salão da cabeleira. O
policial desceu da mesma, apertou a campainha e, saindo à janela a mulher
perguntou;
- O que o amigo desejas ?
- A senhora Lilían, por favor.
- Estás diante dela, queira se aproximar, recomendou ela.
O policial subiu uma pequena escadaria e, entregou-lhe um envelope, que ao
recebê-lo, ela abriu, correu os olhos na folha de papel e, virando-se para
ele perguntou:
- O que é, que eu vou fazer lá ?
- Não saberei lhe responder, apenas a autoridade policial de plantão
poderá lhe dá explicações.
- Está bem, amanhã as nove horas estarei lá, de tal autoridade.
O policial despediu-se adentro na viatura e, da janela ela berrou:
- Juaniiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiinha.
- O que aconteceu mulher, respondeu a amiga.
- A policia esteve aqui.
- Para quê ?
- Convidando-me para comparecer por lá, certamente alguém verá o sol
nascer quadrado.
- Tomara que seja verdade, respondeu a amiga.
- É preciso que faça-se justiça, fui torturada, estou com o meu corpo
completamente cicatrizado e até hoje mal consigo andar e, ainda assim
o torturador está por aí leve, solto e saltitante, como nada tivesse
acontecido.
Joaninha entrou e não encontrando, Lili tornou:
- Juaniiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiha,
berrou ela novamente.
- Fale mulher, respondeu ela saindo pela segunda vez a porta.
- Quero saber quem levará água e pão para esse bandido lá na cadeia.
- Água e pão é um luxo enorme para esse vagal, tem que comer apenas
água e tomar sopa de água fria no jantar.
A notícia que a policia intimou Lili correu a solta pelas ruas da cidade.
No dia seguinte.........................
Às nove horas da manhã, Lili chegou a delegacia vestida em um amarelo
folheado a ouro, de alcinhas, um sapato branco de salto e nos lábios a
marca forte do batom vermelho.
Desceu do táxi e, entrou delegacia a dentro, sentou na ante sala até
que a autoridade policial a convidasse para ficarem cara a cara.
- A senhora está bem ? indagou a autoridade.
- Estou melhorzinha doutor.
- Como que começou aquela confusão, minha senhora ? interrogou ele.
- Não me recordo doutor, quando dei por mim, estava estirada na cama
de um hospital, respondeu ela.
A autoridade olhou para ela por cima dos óculos e tornou:
- É verdade que a senhora passa o dia inteiro na sua janela, berrando
com uma vizinha e amiga sua, comentando a vida das pessoas, seja lá
qual for a hora do dia ou da noite ?
- Eu autoridade ? Saiba o senhor que a janela do meu salão é muito
alta, além de que, se eu ficar o tempo todo na janela não trabalho e,
não trabalhando como é que pagarei as minhas dívidas ? Isso além de
ser fantasiosa notícia, parece que alguém está tramando contra mim,
respondeu ela.
- Não é isso que afirma os vizinhos, dona Lilian.
- Aquela gentália da rua são todos uma cambada de invejosos, não fazem
nada,passam o dia trocando cuia de farinha uns com os outros, eu sou
uma mulher de sucesso e, isso incomoda muita gente. Aquilo são todos
bregas, brechós, ralés, a chique ali sou eu que trabalho, tenho meu
dinheiro e sustento-me, pergunte ao seu policial se quando ele chegou
encontrou-me em janela ?
- Queria carinhosamente pedir-lhe que evite os seus gritos lá na rua,
a vizinhança reclama, todos reclamam, eles alegam que não conseguem
dormir com tamanho barulho.
Lili respondeu irritada:
- Abro o meu salão as nove horas e, isso não é mais hora de quem tem
responsabilidade está dormindo. Quero lembrar-lhe que o trabalhador
normal levanta entre 3 ou 4 horas da madrugada e, em uma cidade de
pobres e miseráveis como está, quem é que vai ficar na cama até meio
dia ? As contas estão constantemente batendo na porta desse pessoal, o
que a autoridade deveria fazer é meter em cana esse língua solta que
veio até aqui falar mal da minha pessoa.
- Gostaria de comunicar à senhora que não lhe mandei uma intimação ao
contrário lhe enviei um convite para vir até aqui para agente
conversar.
- Não gostei do convite autoridade, respondeu ela.
Ele elevou a mão à cabeça e disse olhando em direção à porta:
- Não gostaria que os vizinhos voltassem outra vez aqui para reclamar
do seu comportamento.
- Está bem, respondeu ela entre os dentes e foi-se retirando a passos
largos do Distrito Policial.
Lili, chegou ao salão extremamente nervosa.
- O que aconteceu mulher, você está vermelha igual a uma pimenta ? indagou
Joaninha Sabe Tudo, que amarrava os cabelos de uma cliente.
- Estou possesso, respondeu ela.
- Aconteceu o que ? quis saber.
- Aquela gente rasteira que trabalha na delegacia intimou-me, estou crente
que é para processar este bode velho que mora aqui ao lado, para minha
surpresa, ao chegar é uma reclamação dos vizinhos contra nós por que ficamos
aqui conversando os nossos assuntos, que apenas interessa a nós.
- Quem lhe falou isso, Lili ?
- A autoridade de plantão.
- Então não podemos mais conversar, estamos proibidas de tratarmos dos
nossos assuntos aqui ?
- Preciso fazer alguma coisa, Joaninha.
- O que ?
- Estou bolando arrumar um monte de mulheres e sair pelas ruas desta cidade
em uma enorme passeata, denunciando as injustiças que são cometidas.
Desconfio que nesta cidade a justiça só possui um olho e, certamente ela só
enxerga o lado dos ricos e poderosos.
Joaninha ouviu tudo em silêncio e, continuava a arrumar os cabelos da
cliente.
Lili era o retrato da impaciência, andava de um lado a outro em seu salão e,
bufava como se fosse uma fera acuada.
- Jamais deixarei de ir à minha janela e sentir o calor dos sol, repetia ela
em voz alta.
Do outro lado da cidade.........................
a algazarra, a bagunça armada nos corredores do Centro Cultural, ali os
estudantes gritam, assobiam, tudo se transforma em uma agitação aonde as
pessoas quase não entendem uma as outras.
Márcio chegou e foi entrando no meio da multidão e empurrando uns e outros,
encontrou-se com Heloísa e foi logo dizendo:
- O marreco está ai esperando por você com a asa meio que caindo, o que foi
que fizeste com o meu amigo ? indagou.
- Eu não fiz nada, respondeu ela.
- Estou achando o relacionamento de vocês dois muito frio, isso não é normal
mulher.
- Bobagem sua, o nosso namoro está firme, estamos muito bem, agente tem
conversado muito, estamos nos entendendo melhor.
- Isso é bom, mas vá até lá ele lhe aguarda dou outro lado da rua.
Ele saiu caminhando em sua frente e ela o acompanhou até a saída.
Todo sorridente do outro lado da rua ao vê-los, Edinho foi logo dizendo:
- Demoraste tanto.
- Imaginação sua, agente nem parou, respondeu Márcio.
- Aonde você estava ? quis saber Heloísa.
Antes que Edinho respondesse, Márcio atalhou:
- Vou deixar-lhes aqui e voltarei ao Centro Cultural outra vez,  amulherada
está lá porém, ali é o meu lugar, sempre cheirando as "minas".
- Vá lá taradinho, disse Edinho ao amigo que afastando-se sumiu entre os
muitos estudantes que ali encontrava-se.
Heloísa falou:
- Tenho lhe achado sempre triste e com o olhar distante, o que você tem ?
indagou ela ao namorado.
- Tenho apenas os meus problemas, que a cada dia aumenta e sou eu mesmo que
terei que resolvê-los, jamais podei dividi-los com outras pessoas, há dias
que eles abatem-me, mas confesso-te, que irei superá-los todos.
- Que problemas são esses que jamais comentou comigo ? interrogou firmemente
a namorada.
- Coisas minhas, respondeu ele.
- Mas quero saber, quem sabe se não posso ajudar-te.
- Não preocupe-se com isso, somente estando ao meu lado já é uma ajuda
enorme.
- Eu sei, eu sei.
- Acho que vou para São Luis, estou pensando em ir embora, preciso cuidar da
vida, o tempo passa rápido e, agente precisa fazer alguma coisa, o futuro
chama e bate à porta, não há tempo de ficarmos olhando para a lua.
- Estou achando isso estranho, até pouco tempo atrás, você dizia-me que
jamais iria embora daqui. A nossa cidade era tudo, como que agora tudo mudou
?
Ele abraçou a namorada e disse:
- Irei e levar-te-ei, comigo
- Será ?
- Esse é o mal, nunca acreditas no que digo.
- Acredito sim, confio em você e, concordo que tem mais é que correr atrás
da felicidade.
- Já falamos muito de problemas, agora está mais do que na hora dagente
namorar, respondeu ele.
- Preciso ir embora, por que já é tarde, disse ela.
- Não vai nem dá-me um beijinho ?
Ela respondeu:
- Isso é fácil e deu-lhe um beijo na boca.
- Queria que sentasse em meu colo, pediu ele.
- Agora não, tem muita gente por aqui, respondeu ela.
- O que tem haver, deves satisfação para alguma pessoa ? interrogou ele.
- Não pega bem para nós dois, eu está a esta hora sentada em seu colo, em
frente ao Centro Cultural, respondeu ela.
- Você não é minha ? perguntou ele.
- Sim, respondeu ela.
- Então não vejo nada demais, insistiu ele.
Ela passou a língua na boca de Edinho, acariciou-lhe o pescoço e disse:
- Eu te amo demais.
- Mas, parece não amar-me coisa nenhuma.
- Amo-te de verdade.
- Provas que ama-me, insistiu novamente.
- O que mais poderei fazer para provar-te que ....eu te amo ? perguntou ela.
Ele sorriu e beijando-lhe a boca murmurou:
- Só terei certeza que ama-me se hoje a noite entregar-se de corpo e alma
para mim.
Ela acariciou-lhe o peito enquanto ele insistia no múrmurio:
- Quero colocar todo o meu esporro dentro de você, quero chupar-lhe inteira
e, quando estiver molhadinha, subirei em você e, gozarás. Certamente não
saberás o que é isso, sabes que serei capaz de lhe deixar louca, tal qual
uma gata ao cio. Já passamos da fase de beijinhos, eu te assumo minha amada.
- Ainda não é hora disso Edinho, disse ela baixinho.
- E quando é a hora ?
- Depois que agente casar, respondeu ela.
- Isso vai demora muito, veja bem, todos os casais que namoram assim como
agente, já transa.
- Isso não é verdade.
- Sei, que não sentes desejos por mim, insistiu ele.
- Sinto demais, mas como todas as meninas agente tem que equilibrar-se, para
os homens são fáceis, nós mulheres temos que ter mais pudor, por isso tudo
tem a sua hora.
- Já não aguento mais, estou taradinho por você, nem fazes ideia, quase nem
aguento-me mais.
- Faça como os outros meninos,chegue em casa, vá ao banheiro, pegue um
sabonete e bate uma punheta bem batida.
- Como sabes que isso resolve ? quis saber ele.
- As minhas colegas comentam.
- Mulher também, bate punheta ?
- Sim, é uma coisa universal, quem não já bateu ?
Edinho abraçou firmemente a namorada e começou a acariciar-lhe ali mesmo.
Márcio apareceu repentinamente.
- Está bem na fita, em marreco ?
Edinho assustou-se e respondeu :
- De novo toda hora e, a Eva ?
- Ficou lá dentro fazendo trabalho escolar e não quer separar das amigas.
- Chame essa mulher para a cassete , cara .
- Que expressão feia Edinho, repreendeu Heloísa reprovando o palavreado do namorado.
- Feio é o que ela faz com o meu amigo, esnobando a beleza dele, dizendo isso soltou uma gargalhada.
O casal de namorados ficaram estavam ali contemplando o tempo, quando vagarosamente Edinho foi-se aproximando e parando o carro, com os vidros fechados e, tão lentamente ele foi chegando que parou em frente ao casal.
- Quero falar com o senhor, disse Flávinho dirigindo-se a Edinho e, olhando-o, por cima dos óculos escuros.
- Agora ou depois ? perguntou.
- Precisa ser agora, respondeu.
- Então queira descer do carro e, vou lhe apresentar a Heloísa a minha namorada.
- Prazer querida,disse ele todo sorridente e continuou:- já lhe vi em uma outra oportunidade.
Heloísa deu as costas para o interlocutor e sussurou no ouvido do namorado:
- As familias de vocês não estão de mal? perguntou ela.
- Eramos, mas resolvemos fazer as pazes, inclusive a uns dias atrás a minha mãe, esteve na casa deles.
- Já estão assim ?
- Ele pensou...pensou, deixou o olhar perder-se por interrogações mil e
respondeu:
- Você mesma disse-me que, em pleno século vinte era ridículo as pessoas
estarem de mal.
- Foi maldade minha, peço-te desculpas.
E segurando a mão do namorado ela continuou:- já que vocês ficarão aqui,
irei para a minha casa e vou arrumar o meu cabelo no salão.
- Está querendo ficar mais bonita em princesa ? Desse jeito vai acabar
amarrando esse moleque, heim ? disse Flávinho em tom de brincadeira.
- Agente precisa sempre arrumar-se, está chegando o final de semana e temos
que está sempre bonita, respondeu ela.
- Se quiseres lhe darei uma carona até a sua casa; ofereceu-se Flávinho todo
sorridente que continuou :
- Eu e o Edinho agente leva você em casa pelo menos não te cansa.
- Aceito sim, canso menos.
Os três entraram no carro, Heloísa sentou-se no banco do carona e o namorado
atrás.
Flávinho travou as portas do carro e, cantaram pneus, rumo a casa da moça.
Em pouco tempo parou o carro na esquina da rua em que ela mora, ela deu três
beijinhos no rosto do rapaz e desceu com o namorado dando-lhe um beijo na
boca e, saiu enquanto os dois rapazes ficaram olhando ela subir rua acima.
- Ela é superbonita, disse Flávinho.
- Você acha ?
- Tenho certeza respondeu ele.
- Já chupaste os peitinhos dela ?
- Várias vezes, mas confesso que ainda estão durinhos.
- Já transaram ?
- Não.
- Por que ?
Ainda não teve talento para fazer ela deitar e, abrir as pernas para você ?
Indagou Flávinho.
- Ainda não tive esse talento, mas confesso que está próximo, quando agente
menos espera acontece, são coisas que acontece assim nos caminhos da vida.
- Ela lhe causa atração ?
- Demais, quando eu encosto nela o meu pênis fica durinho e, rapidamente eu
bato uma "bronha".
- Taradinho, heim ?
- Quem é que não fica tarado, com uma gata desse porte ?
Flávinho ligou o ar condicionado e o som do carro baixinho e foi dizendo: -
Nesse seu mundo encado de mulheres que possue, como é que eu fico ?
Ele deu um sorriso amarelo e, respondeu :
- Agente vê como fica.
- Posso entender que vás abandonar-me.
- Ficaste louco,abandonarei-te jamais,o máximo que posso fazer é dividir-me
entre você e ela, principalmente agora que eu quero ir embora desta cidade.
- Ir embora ?
- Sim, estou a fim de morar na capital, lá é bem melhor.
Flávinho olhou para Edinho dizendo:
- E se eu não aceitar você dividir-me com ela ?
- Como não, cara ? Eu gosto de você e dela, eu sou o macho e terei que
satisfazer você e ela, o que mais queres de mim, além do prazer ? Só poderei
lhe dá prazer e a ela a mesma coisa.
- Eu quero você apenas para mim, afirmou Flávinho.
- Assim estás sendo egoísta, respondeu.
- Jamais dará conta de nós dois.
- Sim, quem falou que não ? Tenho a moral de comer o seu rabo na frente
dela, lavar-me, beijar a sua boca e gozar ainda mais dentro da minha
namorada, respondeu Edinho todo envaidecido.
- Você está mesmo com essa tesão toda ?
- Pague-me para ver, seu eu não te rasgo junto com ela.
Flávinho sorriu docemente, retirou os óculos e deixou o olhar perder-se por
um horizonte aquecido pelo sol.
Ligou o carro e saiu vagamente desfilando pelas ruas da cidade com o
parceiro.
- O que querias falar-me no Centro Cultural ? indagou ele a Flávinho.
- Nada, mil vezes nada; respondeu.
- Como nada, se estava com a minha namorada e tiraste-me de lá.
- Nada tenho a falar com você, arrastei-te de lá, por que eu quero
ficar com você e, não queria que ficasse com ela, ou pensas que é
fácil um amante ver o namorado dele, amassando uma outra amante na
esquina ?
- Você é foda, gritou Edinho.
- Foda não sou eu. Foda é o seu pai que lhe fez assim todo bonitinho,
ordinário, como dizia o Nélson Rodrigues e, ainda deixou quase vinte
centimetros de rola, entre as pernas para satisfazer-me.
- Foda. Que foda mal dada, repetiu Edinho demonstrando nervossísmo.
- Aonde queres ficar ? indagou Flávinho.
- Para onde você vai ?
- Vou tomar cerveja na Barragem.
- Também vou.
Sairam naquela direção atrás do divertimento e da libertinagem Arariense.
A Barragem é uma ligação que dá acesso do Lago da Morte, navegando
pelo Igarapé do Nema.
Heloísa entrou em casa e momentos depois sem que perdesse tempo
arrumou-se para ir ao cabeleleiro. Saiu calmamente pela rua Balbino
Azevedo Costa, até chegar ao salão de Joaninha Sabe Tudo.
- Quero fazer um penteado bem bonito, dona Joaninha, disse ela,
entrando salão a dentro.
- Pode ficar a vontade querida, respondeu.
- Há fila de espera ? quis saber a garota.
- Você está vendo aquele sobrado ali em frente, disse apontando para
ao salão de Lili, iremos para lá, por que aqui passa por um pequena
reforma na parte de eletrica e, os meus clientes estou atendendo todos
lá, até por que todos os meus aparelhos profissionais estão lá.
- É ali, do outro lado da rua ? quis saber Heloísa.
- Isso querida, espero não lhe incomodar.
- Não incomoda, não.
Joaninha sorriu levemente e disse:
- Ali é mais chique, a Lili está lá, ela é superbacana.
Ambas atravessaram a rua.
- Lili, Lili.
- Entra estou aqui.
- Sou eu Joaninha, estou com uma cliente, estás só ?
- Sim, mas podes mandar relho na égua que eu já estarei aí, quero te
contar uns barulaques que não sabes.
Joaninha equipou-se com o seu material de trabalho, lavou os cabelos
da garota, mostrou alguma revistas de moda jovem e disse:
- Todos esses penteados são novos filha,é a última moda do que
acontece na cabeça das mulheres do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio
Grande do Sul e Argentina.
Enquanto Heloísa folheava as páginas, Lili adentrou no salão, sorridente.
- Olá, como está a gracinha ? disse cumprimentando Heloísa.
- Estou bem, preciso apenas dá uma arrumada nos cabelos, respondeu.
- Vai arrumar os cabelos , né ?
- Sim, quero dá uma clareada, respondeu Heloísa.
- Muito bem, aproveita que eu faço um desenho bem bonito em suas
unhas, está tudo em promoção, sabes que mulher tem que está sempre
elegante, senão perde o namorado e, deu um sonora gargalhada.
- Eu tenho o dinheiro apenas do cabelo, disse Heloísa.
- Sem problema, eu faço o serviço e quando chegar em casa, você mostra
ao papai e, depois pague-me, qualquer coisa fala para ele que agente
divide, joga para o outro mês, qual é o pai que não fica contente de
ver uma deusa arrumada, semelhante a você, bela ?
- Está bom, mas não cobra muito caro senão o velho mpula dessa altura,
quando eu falar o preço para ele.
- Aqui tudo é baratinho querida,caro é nome de japonês que eles
misturam massa de pão e conversa afiada em uma bacia só, disse Lili
que observava Heloísa soltando calorosas gargalhadas de fazer
escorrewr lágrimas pelos olhos.
Enquanto rolava esse bate papo, Joaninha cuidava dos cabelos da
garota, Lili atacava as mãos da moça, sempre entre uma piada e outra,
sempre alimentada de muitos risos.
- Você tem namorado ? perguntou Joaninha a Heloísa.
Ela sorriu e não respondeu nada.
- Claro que tem, atalhou Lili com o seu jeito desparatado e
continuou:- Entendes que uma lindeza dessas não tem namorado?
- Deixe ela falar Lili.
Sorrindo ela respondeu:
- Eu tenho um paquera, esses meninos não querem nada com as meninas,
eles só as querem desmoralizar, somente isso.
- Também acho queridinha, respondeu Joaninha.
E sem conter a língua Lili atacou:
- E agora é pior lindinha, eles não querem mais nem saber das meninas,
tem um mont aí que anda é amaziado um com o outro.
Heloìsa soltou uma gargalhada e perguntou:
- É verdade ?
- Verdade nua a e crua e, falando baixinho continuou:- Aqui mesmo
nesta rua tem dois que moram um em frente do outro, que só vivem
juntos para cima e para baixo de carro.
- É mesmo ? indagou a garota novamente arregalando os olhos.
- Sim, eles já foram vistos juntos em Vitória do Mearim...em São
Luis...outro dia o que mora em frente fora visto pulando a janela do
outro na madrugada, dormiram juntos agarradinhos como se fossem homem
e mulher, disse Lili.
- E quem é que mora aqui ao seu lado ? quis saber Heloísa.
- Você não conhece. Um tem uns 16 anos e o outro uns 19, os dois são
uma gracinha de pessoas, mas comentam na cidade que são viadinhos, os
outros comentam eu não sei e nem acredito, dizem que vivem amaziados,
as mocinhas vivem correndo atrás deles e eles nem ligam, só vivem
grudados, mais agora que um possue carro, é o mesmo que marido e
mulher...
Heloísa parou e ficou ouvindo a narrativa da manicure, mas pensou
rapidamente consigo:
- Será que ela está falando do meu namorado ?
Não demonstrou nem intranquilidade e nem nervosismo e interrogou novamente:
- Quem são essas pessoas das quais a senhora está falando ?
- Você não conhece filha ? O daqui é o Edson que os amigos chamam de
Edinho ou marreco e, o de lá é o Flávio que atende por Flávinho. Mas
veja bem, são pessoas amavéis, o Flávinho então é uma pureza de alma,
delicadíssimo, eu não entendo como uma peste daquela, bonito que só um
principe pode virar viado, o Edinho também é bonitinho apesar de eu
não gostar do pai dele.
- Como que a senhora sabe que eles foram juntos para São Luis ou que
dormiram juntos feito homem e mulher ?
- Minha lindinha o Arari todo sabe que eles são namorados, como são
discretos, educadíssimos, simpáticos,m o pessoal não comenta muito,
além de que eu tenho uma pulguinha que me informa de tudo. Já até
fizeram as pazes,a mãe de um já foi visitar o outro, o que acho legal,
afinal somos todos visinhos.
Joaninha ouvia a conversa da amiga, ora afirmava tudo em viva voz, ora
apenas com o balançar da cabeça.
Heloísa controlava-se como podia, não sentia nem raiva e enem ódio,
apenas um vazio imenso tomava conta de si como se a terra quissesse
fugir dos seus pés.
- Dona Lili, do jeito que a senhora fala é dificil saber quem é serio
nesta cidade, disse ela.
- É muito complicado, atalhou Joaninha.
- Só tem viadinho novo querida, é somente você prestar atenção,
respondeu Lili, que soltando gargalhas exageradas continuou:- isto
está parecendo uma Sodoma.
Pensativa, Heloísa indagou novamente:
- Faz tempo que a senhora conhece as famílias desses meninos ?
- Desde que eles nasceram, como o Edinho é o mais novo, ele parece ser
o mais fogoso, mas é homossexual do mesmo jeito, mas que o danado é
bonitinho, isso ele é, podes crer.
- Será Lili, comentou Joaninha com todo o seu disface e malícia no palavreado.
Lili atacou:
- Como será ? Se eles beijam-se na boca, rossam um contra o outro em
plena luz o dia, um serve de amante ao outro como fosse mulher, como
que não são viadinhos ? Infeliz será a menina que envolver-se com um
desses dois moleques, ela sofrerá pela vida inteira o sentimento da
decepção, chorarás lágrimas de sangue e terás pelo resto da vida a
eterna decepção.
Heloíosa olhou-se no espelho, estava linda como uma princesa em seu
reino encantado, levantou-se, olhou-se outra vez, soltou um riso de
felicidade e depois de despedir-se das cabelereiras, saiu do salão
caminhando na direção da sua moradia.

DÉCIMO OITAVO CAPITULO

 


Ele não sabe não, filha. Encontrei os dois deitados, peladinhos como nasceram em cima de uma cama, debaixo dos lençóis na cama do Edson.
A filha arregalou os olhou e disse admirada:
- O que mãe.
- É isso o que acabaste de ouvir, por esses e outros tantos motivos que é o motivo da minha preocupação, o teu irmão está super envolvido com esse rapaz, já falei com ele e com a mãe dele e parece que as coisas não mudam jamais, falou demonstrando enorme ansiedade.
Ana Luiza olhou para os lados e tornou a dizer:
- Pense muito bem no que vai fazer para que o pai não tenha uma reação intempestiva e não aconteça o pior, a senhora sabe que ele é nervosão. 
Em casa Heloísa aparentava enorme preocupação, mas mantinha-se calada.
Mesmo assim ela foi a escola e, não encontrou-se com o namorado, na volta ao chegar em casa ela toma o telefone em mãos:
- Alô.....!
- Quem está falando ?
- Heloísa.........
- Gostaria de falar com a Maria.
- Um instante só respondeu do outro lado da linha uma voz mansa.
- Quem é ?
- Sou eu a Maria é a Heloísa.
- O que a amiga manda ?
- Liguei apenas para falar com você, não foste a escola hoje e, sentir a sua falta.
- Obrigada por sentires a minha ausência, querida, respondeu Maria.
- Amiguinha, saberás dizer-me se o seu irmão vá a São Luiz, gostaria de mandar comprar umas coisas é, que teria de ser por alguém confiável e que não demore, vá e volte logo, o que sabes me dizer.
- Queridinha eu não tenho certeza, mas parece que ele vai hoje a noite, acontece que ele está dormindo,estava na barragem, chegou, comeu deitou e dormiu.
- Está bem, vamos marcar um dia a noite para agente dá umas volta na avenida de bicicleta.
- Agente marca, respondeu ela desligando o telefone e colocando o aparelho no gancho.
Ela estava impaciente e tomando o fone tornou a ligar:
- Com quem eu falo ? indagou.
- Gostaria de falar com quem ?
- É da casa do Edinho ?
- Sim, sou eu a Carmém, a mãe dele.
- Ele encontra-se, dona Carmém ? indagou.
- Está dormindo.
- Eu sou a Heloísa, é que ele faltou à escola e gostaria de saber se está doente.
- Não filha, ele está bom, é que esse safado foi para a barragem com esse vagabundo do Flávinho e, chegando aqui tarde perdeu a hora dos compromissos dele, mas quando o pai dele chegar vou pedir-lhe que tenha uma conversa com ele.
- Ele foi à barragem ? insistiu agarota.
- Sim, ele e o Flávinho da  dona Lúcia.
Ela despediu-se da mãe dele, desligou o telefone e ficou demoradamente pensativa.
Estava preocupada com aquela conversa.
Ficou a pensar demoradamente:
" Não quero acreditar que tudo o que aquela mulher falou no salão seja verdadeiro, ela não me conhece, estive ali hoje pela primeira vez, por que então ela narrou aquele fato todo para eu ouvir, raciocinava a menina preocupadíssima no quintal de sua casa, sentada a sombra de um goiabeira" e continuava:
- Ela disse que ultimamente eles só andam juntos e, faz sentido. O Edinho certa vez deixou-me sozinha e foi para a cidade vizinha,de repente o Flávinho encontra agente no Centro Cultural, deixa-me em casa e vai com ele para a barragem. Ora bela, o que é que tem na barragem a não ser mulher, puta e chopp ?
Ela fazia suas indagações a seu próprio íntimo, procurava arrancar respostas de suas indagações, a garota além de preocupada estava indecisa.
Não contendo-se, tomou o telefone:
- Gostaria de falar com o Márcio, por gentileza?
- Quem deseja ? quis saber do outro lado da linha.
- È Heloísa.
- Sou eu querida, o que manda ?
- Queria demais falar com você, estou precisando de ajuda.
Do outro lado da linha ele sorriu e perguntou:
- O marreco morreu ?
- Não sei, não é sôbre ele que estou querendo falar.
- Está bem, queres que encontremo-nos aonde ?
- A noite, na praça da Igreja, respondeue ela.
- Noite já é Heloísa, respondeu ele e, continou:- faça o seguinte, depois que ele jantar estarei lá, quem chegar primeiro, espera um ao outro.
- Combinado, respondeu ela.
- Beijos.
- Outros tantos, respondeu ela.
Do outro lado da cidade....................
Lili fechou o salão.
Flávinho desceu elegantemente, tirou o carro da garagem e saiu em direção a capital enquanto Edinho dormia.
Heloísa, foi à praça da Igreja e quando chegou o amigo estava lá esperando-a, cumprimentarem-se com beijos ao encontrar-se.
Ele estava sentado na bicicleta e indagou:
- O que manda querida?
- Quero ter uma conversa muito com você.
- Briga com o marreco, disse ele todo risonho.
- Nada disso, quero apenas que me diga o que sabes, de todo o relacionamento entre Edinho e Flávinho, querido.
- Como assim ? indagou Márcio fazendo-se de desentendido.
- Ouvir uma história triste hoje sobre os dois amiguinho e, se verdade for o meu namoro com ele  chegou ao fim.
- Qual foi a conversa que você ouviu ? quis saber ele agora mais sério.
Ela narrou tudo para o amigo detalhadamente, tal qual havia ouvido no salão de Lili, mostrou detalhes, narrou os fatos,e o amigo preocupado respondeu:
- Conheces aquela manicure ?
- Não, respondeu Heloísa.
- Sinceramente conheço o marreco a muito tempo, temos quase a mesma idade, conheço o Flávinho de longas datas, jamais ouvir falar alguma coisa que os desabonasse.
- Mas ela falou, respondeu Heloísa
- Isso ainda vai dá delegacia, quero está bem longe disso, comentou Márcio e continuou perguntando:- Edinho sabe que ela está falando isso dele ? Sabia que isso é muito grave ? É sério.
- O que é que eu faço, amiguinho ? indagou ela.
- Espere o seu namorado chegar. Aonde ele está que não apareceu a escola ?
- Está dormindo,liguei para ele e a mãe atendeu e disse que chegou a pouco da barragem com o Flávinho, pode ?
- Que traíra aqueles moleques foram a barragem e nem avisaram-me, vou degustar o fígado deles no momento em que encontrar.
- Estou muito preocupada querido, vou pedir um tempo ao Edinho.
- Não precipita-se, vá com calma. o Flávinho é um moleque que subiu rapidamente na vida, até ontem andava de bicicleta aqui com agente, de repente o mano vai e compra um carro, não mistura-se com a rapaziada do chopp, escolhe os amigos para circular com ele, quero alertar-te que o ser humano é movido pela inveja e, ninguém quer ver ninguém de bem com ninguém. As pessoas querem apenas destruir as outras. Tome cuidado e segure o seu homem, pode ter alguém de olho nele, que eu saiba o meu amigo não é "viado", disso tenho certeza, ele pode até comer algum, mas que não é, isso sei que não é, e sei muito bem do que estou falando. disse Márcio fazendo uma defesa veemente do amigo.
Ela estava visivelmente triste. impaciente, queria por que queria ver o namorado.
- Márcio, eu gosto tanto dele, disse ela cabisbaixa.
- E dai, vai continuar gostando.
Ele ergueu a bicicleta e continuou:
- Vou para casa, marquei com a Eva no Perimirim,tome cuidado com o que falas, para não derramar palavras ao vento, no final isso sobrará para alguém. Nem comente que falaste isso para mim, que eu digo que é mentira.
- Vou para casa, disse Helô.
- Vá e não cedes nessas asneira, o pessoal quer é falar.
O casal despediu-se cada um para o seu lado, ela voltou para casa e foi dormir e, nem ligou para Maria a sua amiga.
Ele nem fora encontrar-se com Eva, como havia comentado, voltou para casa preocupado, afinal ambos são amigos seu e, jamais poderia ficar quieto depois de ouvir tantas conversas.
Flávinho chegou em São Luiz ainda cedo.
Não ficou em seus aposentos na Teodora Barata seguiu direto para rasgar a pista da Avenida Beira Mar. A cidade toda enfeitada, iluminada, parecia que o aguardava com o seu deslumbro e contentamento.
Desceu do carro e ficou em pé de frente para o Atlântico.
- E aí amigão..! alguém bateu em sua costa cumprimentando-o.
- Olá, quanto tempo.
Era o Cássio, um velho amigo da cidade de Arari.
- Como está a nossa cidade, velho ?
- Boa, Arari é a melhor cidade que existe no planeta para agente morar.
- Tem de tudo lá, não é ?
- Tudo mesmo, respondeu Flávinho sorridente e começou a enumerar:- do forró  à festa da melancia, do boi do Silvino até as fofocas da dona Lili e, para variara ela não teve o que fazer e montou a porra de um salão bem em frente a minha casa, naquele sobrado ao lado da casa do Edinho.
- Porra...falando nesse cara, cadê ele ?
- Ficou em Arari, está bonito velho, hoje mesmo agente encontrou-se na barragem, tomamos chopp à bessa, ele saiu de lá quase de quatro.
- E ele já bebe, indagou ele curioso.
- Está quase viciado, parece até um boca de litro, mas confesso-te que é gente fina.
- Eu sei, eu sei...aquele marreco é dez.
- Por que vocês o chamam de marreco ?
- Somente o Márcio sabe te responder esta pergunta, antigamente ele zangava-se, acho que por isso pegou.
- Mar...re..co, soletrou vagarosamente.
- Mas somente Márcio o chama assim, eles são muito amigos, disse Cássio.
- Eu sei, velho.
- E as aventuras Flávinho, o que andas fazendo por aí ? Bem vestido, bonitão como sempre e com esse carrão de luxo, vai dizer que você não faz nada ?
- Eu faço nada vezes nada, Cássio, para saberes nem a festa da melancia eu fui, estou devagar, comportado, zen, quase parando, respondeu sorridente.
- Acredito sim e, se continuares a falar eu penso de verdade que viraste padre e todos os motéis convento.
- Não seja cruel, és testemunha que eu sou comportadinho.
- Brinquei com você.
- Pô cara, naquele dia lhe encontrei e nem me deste bolas...
- Qual dia ?
- Pàra...você sabe, eu falei e saíste de fininho.
- Sem maldade Flávinho, tenho por você  uma consideração enorme, pode contar comigo para o que acontecer, somos amigos em Arari e em qualquer ponta do mapa mundi, disse Cássio.
- Para onde estás indo ? indagou Flávinho.
- João Paulo, respondeu ele.
- Mora lá ?
- Sim.
- Queres carona ou vai encarar o onibus ?
Demorou Flávinho, caiu do céu essa sua oferta, até por que eu não tive o prazer de colar  a bunda nesse carrão.
- E você  sente prazer  é pela bunda ? indagou Flávinho às gargalhadas.
- Qual é cara, tá me tirando ? Está me achando com cara de mané ?...calma, nasci pobre mas não sou otário.
- Copiaste essa de quem ? quis saber.
- Criatividade nossa.
- Ou copiou de alguém ou leste na placa de algum caminhão.
- Tenho mais, insistiu Cássio.
- Está bom, quando nos encontramos em Arari ?
- Qualquer dia desses, quando será a proxima boca livre que vai haver agora ?
- Vai haver o aniversário do Edinho, ele comentou que vai fazer o maior banzé, na casa dele.
- Vai levar mulher ?
- Lógico Cassio, achas que vai só cuecas ? disse Flávinho.
- Quando é que é ?
- Verei dereito e avisarei-te, qualquer coisa levarei-te comigo e trarei, certamente será de sábado para domingo, ninguém vai querer fazer festa dia de semana.
- Vai ter bolo...guaraná...
- Páre com isso Cássio, é festa de boy, vai ter é cerveja, uísque com guaraná, cachaça com coca-cola, essas coisas assim...carne e muita carne.
- Estou nessa parada, não fura comigo, não.
Cássio ficou empolgado, fazia muito tempo que ele não via Flavinho, por quem tinha uma consideração enorme e queria muito ir a sua cidade rever os amigos e colegas. Mesmo morando na Capital jamais perdeu de vista a sua identidade com Arari. Para ele morar em São Luiz foi apenas mais um questão de sobrevivência, sonhar com dias melhores, imaginar um futuro plausível e isso é muito bom quando agente é jovem, por que senão temos que correr a´trás dos sonhos e desejos em uma velocidade acelerada, que muitas vezes o corpo cansa, por já está calejado de tantas curvas.
Ambos entraram no carro e saíram pelas estreitas, românticas e históricas ruas de São Luiz.
Está cidade em si só, é um poema derramado à orla do Atlântico.
- Adoro vir aqui, disse Flávinho.
- Agora ficou mais fácil, tens carro, não depende mais de vans, onibus, caronas, aquelas coisas que irritam agente, respsondeu Cássio e, continou:- a vantagem é que agora escolhe a hora de sair e vem bem devagar.
Flávinho atalhou:
- Comigo não, ando com o pé embaixo, velocidade alta.
- Quanto tempo fazes de lá aqui ?
- Uma hora e acho pouco, qualquer dia desses vou lá em quarenta e cinco minutos, quero ouvir apenasd o canto dos pneus no asfalto.
Chegando ao bairro do João Paulo, Cássio desceu.
- Ligue-me, disse Flávinho.
- Pode esperar, jamais perderei a boca livre, isso é comigo mesmo e, sumiu pelas ruas estreitas do bairro  em um sobe e desce ladeiras. 

No dia seguinte.......................
Cedo Edinho levantou-se e quando chegou à cozinha encontrou a mãe e a irmã já em volta à mesa do café.
Cumprimentou ambas e sentou-se preguiçosamente.
- Ainda estás com sono, velho ? indagou a irmã?
- Nem tanto, dormir bastante, respondeu ele.
- Estava bom na barragem, quis saber ela.
- Estava dez, lotado de gente, maré "tava cheia," era tanta gente que parecia uma loucura, respondeu ele.
- A mãe comentou que você chegou meio que bêbado, mano ?
- Tomei apenas um copo com o Flávinho, como que ía ficar bêbado, querida ? Dona Carmém, exagerou na dose.
Ana Luiza virou-se para a mãe e disse olhando para o irmão:
- Estão falando da sua amizade com ele, o que tens a dizer sobre isso ?
- Eu...nada. Quem tem boca fala o que quiser.
- Também acho, só que a mãe está sofrendo  muito e precisas fazer alguma coisa, a dona Carmém é o nosso tesouro.
- Eu não tenho como colocar esparadrapo na boca das pessoas, respondeu ele.
- Veja como ele responde; atalhou dona Carmém do outro lado da mesa.
- Estou ouvindo mãe, respondeu ela.
Edinho olhou para as duas e disse:
- Eu tenho uma sugestão, vou sair daqui, vou arrumar um local para eu ir morar  e acaba-se com tudo isso, ai então a dona Carmém fica feliz e eu sigo a minha vida.
Todos calaram em sinal de reprovação e ele continuou:
- Quando o pai chegar eu serei o rimeiro a falar com ele do ocorrido, se ele vier falar comigo como homem eu obedeço, agora se vier querer me agredir, pode ter certeza que nunca mais em vida, vocês me encontrarão.
- É aquele vagabundo da Lúcia que está fazendo a cabeça do meu filho, jamais ele falou em sair de casa, foi só ele ir naquela maldita excursão e conhecer aquele traste, que o comportamento dele mudou, disse dona Carmém.
- Mãe, pare de xingar os outros.
- Ninguém mais pode falar mais nada desse rapaz, disse ela.
- Mãe, agora é hora do café eu queria poder beber em paz, sem que ninguém azucrinasse a minha alam, pediu Edinho.
Ana Luiza levantou-se dizendo:
- A Heloísa ligou ontem, quase a noite inteira.
- Por que não me acordaram ?
Dona Carmém ficou calada.
Da sala Ana Luiza gritou:
- Edinho telefone.
- Homem ou mulher ? berrou ele da cozinha.
- Homem, respondeu ela.
- Quem é ?
- Márcio...venha logo.
- Avise que estou indo.
Ele sentou no sofá.
- Fala aí, cara pálida, como está ? indagou Edinho.
- Estou bem bom, marreco.
- Pô que mancada de vocês ontem heim ? Foram à barragem e nem me levaram, que vacilo mil de vocês doido.
- Não estava nada programado, de repente agente se encontrou, combinamos e fomos
- Estava bom ?
- "Tava" dez.
- E o Flávinho ?
- Ele disse-me que ía a São Luiz, acordei agora, não vi o carro dele na porta, deve ter saido
- Estou querendo falar um papo dez contigo o mais rápido possível.
- Aonde ?
- Em qualquer lugar desta cidade, só não pode ser por telefone, é muito longo, disse Márcio.
- Confusão ? Indagou Edinho.
- Mais ou menos, quero deixar-te ciente do que acontece antes que estoure.
- Está bem Márcio, daqui a uns quarenta minutos agente encontra-se no Centro Cultural.
- Ok, você falou com a Heloísa de ontem para hoje ?
- Não...cheguei e dormir, tomei um chopp e misturei, depois cai de bode.
- Então está combinado heim, marreco ?
- Beleza e sem furo cara.
Edinho desligou e ficou a pensar...pensar com a mente dividida se realmente era uma outra confusão juvenil ou mais uma das conversas fiada com o nome do Flávinho.
Mesmo assim pensou:
" Estou preparado para encarar qualquer que seja a situação, eu não devo nada a nenhuma pessoa"
Ele nem havia deixado a sala e o telefone tocou outra vez:
- Alô.
- Quem está falando ?
Perguntava, ainda quando a ligação falhou.
Da cozinha dona Carmém avisou:
- Edson, o seu celular está tocando em cima da cama.
Ele pegou, ergueu, olhou a bina e perguntou:
- Como estão as coisas velho?
- Comigo tudo bem e, você está aonde ?
- Em casa, mas em São Luiz, acordei agora, neste momento.
- Eu também...quando viajaste ?
- Vim ontem mesmo, mas já estou com saudades, parece que estou a uma eternidade longe de você.
- Também estou com saudades, um dia agente fica pertinho um do outro sem que terceiros nos pertube.
- E o buchixo por aí ?
- Não estou sabendo de nada, agora pouco o Márcio ligou-me, marcando local para agente conversar, não sei do que ele vai tratar, apenas alertou-me que era confusão.
- Confusão ? Que confusão...?
- Acho que seja coisa com a Heloísa, por que ele procurou por ela..
- Cuidado com essa peruinha, heim?
- Não fale assim da minha namorada..
- Ficaste com ciumes, heim...?
- Veja bem, se alguma pessoa falar de você, certamente sairei em sua defesa, eu tenho que cuidar de você, eu sou o seu pastor.
- Eu não lhe dividirei com nenhuma outra pessoa.
- Nem aceitarei isso, respondeu Flávinho.
- Ô cara, aquela conversa que tiveste com a minha mãe, jogaste tudo em minhas costa, heim ?
- Nada disso, fui apenas claro com ela, a sua mãe precisa respeitar as pessoas. Esqueça isso e lembre-se que lutarei até o fim para que eternamente estejamos um ao lado do outro meu amor, disse Flávinho sorridente.
 Edinho conversava já por um longo tempo, quando a mãe dele interrompeu:
- Com quem tanto você conversa ao telefone ?
- Com um amigo.
- Esse amigo não tem nome, meu filho ? Fazem mais de quarenta minutos
que estão aí.
- Vá dizer que a senhora agora está querendo me controlar ? interrogou ele.
Depois de um bom período ali, ele desligou o telefone e retirou-se
para o quarto.
Trodou de roupa, ía saindo porta a fora quando disse:
- Estou de saida mãe, se alguma pessoa me procurar diga que fui ao
Centro Cultural.
Ele foi saindo lentamante quando de longe avistou o amigo  que o
esperava, quando aproximou-se este cumprimentou:
- E aí marrecão, como estão as coisas ?
- Tudo azul, respondeu ele.
Deu-lhe um aperto de mão enquanto o amigo tornou a perguntar:
- E a barragem, como foi ?
- Dez, melhor do que aquilo somente de uma outra vez, disse sorridente
e cobrou o amigo dizendo:- vá logo falando o que queres.
- Falaste com a Heloísa hoje, perguntou o amigo.
Não respondeu mais nenhuma palavra.
Márcio convidou Edinho a saírem dali e buscaram um local mais
refugiado para conversarem. fugindo assim da aglomeração o que é
natural em um Centro Cultural.
Sentaram-se e Márcio relatou tudo o que sabia, narrou detalhes, falou
de fatos, das enalações feita por Dona Lili a manicure, enfim deixou o
amigo ciente de tudo.
Depois de ouvir tudo calado, Edinho virou-se para ele e disse:
- Serei eternamente grato a você por não ter deixado eu cair nessa,
inocentemente.
- Amigos são para essas coisas, marrecão e, a heloísa como vai ficar ?
- Como está, respondeu Edinho. e continuou:- Esperarei ela falar-me
alguma coisa, não vou antecipar nada, faça de conta que nada estou
sabendo.
- Meu camarada, todo o que falei foi em nome da nossa amizade, agente
se conhece a muitos anos, jamais poderei deixar que coloquem o seu
nome na lama.
- Obrigado, Márcio.
Conversaram ainda por um longo tempo, Edinho disse que precisava ir
para casa, pois não queria ficar ausente de sua residência por um
longo tempo, afinal a mãe estava só e certamente precisaria dele, o
pai estava viajando, a Ana Luiza some e, aquela casa, transforma-se em
um casarão.
- Tchau marrecão, despediu-se Márcio.
- Até logo e, obrigado por tudo, respondeu Edinho.
Edinho chegou em casa, entrou e trancou-se no quarto de repente
bateram palmas à sua porta.
- Quem é ? gritou Dona Carmém do interior da casa.
- Sou eu, por favor, responderam.
Como ela não reconheceu a voz, foi até a porta  e deu uma sonora gargalhada.
- Queira entrar, venha a minha casa.
Ela subiu as escadaria e sentou-se na sala.
- Aqui não é tão luxuosa quanto  a sua, mas é enorme como o meu coração.
- Bobagem sua, o que conta são as virtudes das pessoas.
Carmém sorriu e disse:
- A que devo a sua visita ?
Era a Lúcia mãe de Flávinho com toda a sua simplicidade.
- Vim conversar com você, tenho olhado muito da minha janela e
observado a amargura no seu olhar, seria bom que a senhora fosse
feliz, você é daquelas pessoas que não nasceste para sofrer.
- A senhora parece que me entende.
-Eu lhe compreendo sim e venho em meu nome lhe pedir perdão, pelo que
o meu filho causa ao seu. Também estou procurando um jeito em que a
senhora sinta-se aliviada, mas tome cuidado, eu não sei se o seu guri
é tão anjo assim, comentou dona Lúcia meigamente.
- Eu sei disso, assim como entendo que no fundo, no fundo a senhora
também sofre.
Dona Lúcia ficou de pé e disse:
- Eu queria muito falar com a senhora, afinal já se passara mais de
vinte anos, sei que chegou a hora de nos unirmos, que o seu Torres
converse com a minha família e vice-versa, minha querida agente tem
que se unir também pelo amor e não somente pelas lágrimas, unir-se
pelas lágrimas é pior, é forçar um sentimento, vamos nos dar as mãos
por que juntas seremos fortes e somos irmãos. Famílias unidas a
cidadania cresce e floresce.
Dona Carmém ficou surpreza com a atitude de dona lúcia, ela não
esperava que ela fosse a sua casa com a bandeira branca da paz, da
concôrdia e do amor.
- Sinceramente dona Lucia eu não esperava que a senhora viesse aqui
para fazer as pazes, disse dona Carmém.
- Vim e estou aqui com o meu espirito desarmado de nenhum revangismo,
bom seria se todas as famílias pensasse igual a senhora.
Dona Carmém ergueu os braços e dona Lúcia apertou-lhe a mão e em
seguida deu-lhe um abraço.
- Convensa o seu marido que a melhor coisa deste mundo é o
entendimento, lembre-se a ele que os nossos filhos a muito já se
falam, mesmo escondidos de nós e longe daqui eles se encontram-se,
então por que nós que somos adultos e mais compreensivos, vamos
carregar pela vida inteira o sentimento do ódio e do rancor?
Dona Lúcia despediu-se, desceu as escadaria da casa de dona Carmém e
voltou para a sua casa.
Carmém ficou ali a observar extremamente feliz, parecia aos poucos
retirar das costas um peso.
Ficou a pensar:
- Essa senhora esteve aqui, abriu o coração, ela consegiui dá-me um
tapa com luvas invisíveis, na verdade eu precisi convencer o Torres a
acabarmos com isso, a final esse pessoal parece-me gente boa. Muitas
das vezes as nossas ingnorância faz agente não perceber as quallidades
nas outras pessoas, certamente que todas as pessoas possuem os seus
defeitos e suas qualidades, certamente tanto eu como todas as pessoas
temos o nosso valor.
Edinho continuava trancado no quarto, de repente ela o chama;
- Edson.
- "Tô" aqui, respondeu ele.
- Não saia de casa por que eu não quero ficar sozinha.
- Onde está Ana Luiza ? indagou ele.
- Saiu, sabes que essa não pára em casa.
- Sei, aqui agente prende o bode e deixa a cachorra zanzar pela rua
leve e solta.
- O seu pai vai chegar hoje a noite.
- Que bom, respondeue ele.
Dona Carmém estava pela cozinha quando berrou novamente:
- Edson.
- Estou no quarto mãe, estou preso, não é esta a ordem ? disse ele.
- O telefone está tocando na sala, vá atender, pediu ela.
Ele foi atender, colocou o aparelho no ouvido e não deu nenhuma palavra.
De repente:
- Não vai falar não ?
- Quem está falando ? Indagou do outro lado da linha.
- Edinho.
- Até que enfim lhe encontrei, é a Heloísa amor.
- Beijo na sua boca, como está ?
- Estou meio que bom e meio que mal.
- Então me conte as fuas coisas, esse meio que bom e esse meio que
mal, pediu ela.
- Preciso encontrar-me com você.
- Agora será dificil.
- Por que ?
- O meu pai viajou e a minha mãe pediu para eu não sair de casa, que
ela não pode ficar sozinha e a Ana Luiza não está aqui.
- Como que ela não pode ficar só, se ontem você passou o dia inteiro
na barragem com o Flávinho e hoje não pode sair comigo ?
- Entende, procure entender.
- Estou fazendo um esforço e não consigo entender o teu comportamento,
que entre n's mudou rapidamente.
- estás a insinuar bobagem eu continuo do mesmo jeito, eu te amo
demais, sou eternamente apaixonado pelo teu corpo, eu quero você
sempre ao meu lado, sempre. Como é que é que eu estou diferente ?
perguntou ele.
- Eu te confesso que acho isso.
- Bobagem amor e, o cabelo arrumaste ?
- Arrumei os cabelos, as unhas, enfeitei-me toda para você e smiste,
trocaste-me pelo Flávinho o irmão da Maria, te confesso que estou
frustrada, parece que estou perdendo você para um outro homem.
- Estás falando uma enorme bobagem. aonde queres chegar ? Não quero
ouvir nunca mais isso de você, estive na barragem com ele por acaso,
elçe convidou-me e aceitei, não fui a escola por que cheguei tarde.
Você está sabendo do boato que eu ouvir ?
Ele calou repentinamente.
- Por que calou ? Indagou ela.
- Não estou sabendo de nada, a anão ser que conte-me, mas veja bem o
que falas, boato. Boato é boato. porém não é uma conversa que possa
ser levado a sério, de qualquer maneira, como estás preocupada me
conte quem llevantou esse boato, respondeu ele calmamente.
- Conheces a manicure da rua Balbino Azevedo Costa ?
- Sim e, daí ?
- Estás sabendo que ela está falando que estás namorando com Flávinho ?
- Falando o que ? Seja mais clara para eu poder entender.
- Estive lá e ela falou com todas as letras para quem quissesse ouvir
que você e ele tem um caso de amor, que só andam grudados, que ele
fora visto pulando a janela da sua casa, ou melhor do seu quarto e,
disse mais que toda a cidade de Arari sabe que isso acontece.
Ele emudeceu outra vez do outro lado da linha, por alguns minutos.
E ela tornou:
- Você está me ouvindo amor ?
- Estou ouvindo e imaginando que acreditaste nessa babozeira toda,
queria qie entendeste outras coisas e não ficar batendo cabeça com
essas besteira de conversa fiada, respondeu Edinho já que meio
alterado.
- Como querias que eu reagisse ? Que eu fique caladinha no meio canto
como uma menina ingênua, que não sabe de nada ?  Ou queres que eu
reaja como uma garota surda e cega, que não mver e nem ouve o que
acontece ao seu loado ?
- Eu não quero nada, apenas lhe peço que não me condene e me dê o
direito de me defender das calúnias dessa manicure, eu jamais ouvir
alguém falar mal do Flávinho, da sua vida particular, da sua conduta
moral, da sua reputação, do seu estilo de vida que ele leva. é a
primeira pessoa que me narra uma estótia hilariante como essa e, que
essa manicure faz ilações rídiculas sobre o nosso respeito.
- Amor eu não estou inventando nda, disse ela carinhosamente e
continuou:- Acredito piamente no que me falas, simplesmente entendir
que teria que narrar o que ouvir a sua pessoa.
- Tomara que tenhas equlibrio suficiente para saber que isso é papo de
aranha, respondeu ele.
- Vá a escola ? Quis saber ela.
- Sim irei, respondeu ele.
- Nos encontramos por lá.
Ok, respondeu ele.
- Chegue mais cedo, pediu ela.
- A quem contaste essa babozeira ?
- A ninguém, respondeu ela.
- Tens certeza do que está falando ?
Ela ficou muda ao telefone e ele tornou a precioná-la.
- Responda-me a quem você falou.
- Não comentei com nenhuma pessoa guardei em segredo,apenas relatei ao Márcio.
- Então deixou de ser segredo, você já comentou com um colega.
- Eu precisava desabafar com alguma pessoa, meu amor.
- Quer dizer que o Márcio é o seu conselheiro agora ?
- Não meu querido ele não é o meu conselheiro, queria apenas
desabafar, eu queria ouvir alguém, estava precisando, pena que eu não
possa comentar esse assunto com o meu pai ou com a minha mãe. Entendir
que pelo fato de nos conhecermos a muito tempo, ele era a pessoa exata
para me ouvir naquele momento, até por que eu lhe procurei igual a uma
cobra desvairada e não consegiur lhe encontrar.
- Eu preciso tomar muito cuidado com essa conversa, ela pode começar
ou terminar na delagacia da cidade. Eu te amo demais, querida e farei
qualquer coisa para defender a minha honra e preservar a minha vida
privada, disse Edinho.
- Estás coberto de razão, respondeu Heloísa.
Edinho ficou de pé com o telefone pendurado na orelha e disse:
Meu amor, vou tomar banho e nos encontramos na porta da escola e
terminamos de exclarecer essa marzela que essa mulher inventou.
- Está bem meu querido, o que eu não quero é entrar nesse meio e
sofrer decepções.
- O que queres dizer com isso, minha querida ? Por acaso está
insinuando alguma coisa ? Estou sentindo isso.
- Jamais, respondeu ela secamente.
E continuou:
- Estou apenas me preparando para tudo.
- Para tudo o que meu bem ?
- Estou me preparando para investigar essa conversa de verdade e,
posso chegar ao extremo e quando falo em extremo estou querendo dizer
que poderei suspender o meu relacionamento  com você.
- Sentir agora que a minha querida começa a me condenar antes mesmo do
meu julgamento. Não aceito isso. Eu não vou te perder facilmente, não
deixarei você caminhar em paz se sentir que está se afastando de mim
por causa de balela, fofoca ou coisa parecida.Eu lutei demais para te
conquistar, eu sofrir demais para lhe dá um primeiro beijo, eu corri
demais para lhe encontrar, sonho noite e dia com você ao meu lado,
morando junto comigo e...até deitada ao meu lado peladinha e eu
mansamente subindo sobre voce e acariciando os seus peitinhos bem
durinhos, rossando a minha língua sobre eles, te arrepiando toda e
depois disso lhe ver com a barriga enorme e dentro dela o meu filhote.
Eu te amo demais e não vou te perder com facilidades. Eu vou reagir e
posso fazer com violência.
- Com violência não as coisas precisam serem conversadas e
exclarecidas. o diálogo ainda é o melhor caminho para chegarmos a
qualquer entendimento, respondeu ela.
- Por que você não procurou o Flávinho e não comentou essa conversa
com ele, és tão amiga da mana dele ? Vou pegar aquela manicure pelo
gogó, vou fazer ela me dizer de onde ela tirou essa conversa, como
ela criou isso e aonde ela elaborou essa invencionice.
- Entendo que deves ir até o fim, mas com calma e muita
prudencia,afinal as coisas precisam e devem serem exclarecidas meu
amor, disse Heloísa.
- Eu começo a dá razão ao meu pai quando deu-lhe uma surra. Parece que
nem assim ela aprendeu, a príncipio eu imaginava que o meu velho
estava errado, agora sei que ele tinha razão, realmente  ela merecia
aquela surra, aquele flagelo, disse Edinho.
- Ele deveria ter tomado um outro caminho, a mulher não merecia ser
torturada, flagelada, machucada...
Edinho atalhou dizendo:
- Ela o irritou até ele ficar cheio de uma coléra, ela é uma
desagregadora, não tem família, ela não prima pela união das pessoas,
ela quer é confusão, desordem , bagunça. Quanto pior a vida das
pessoas, melhor ela sente-se. Para se ter uma idéias ela passa o dia
inteiro berrando naquela janela, comentando a vida de todas as pessoas
que passa. Acreditas que uma pessoa como essa tem autoridade moral,
para falar alguma coisa e as pessoas acreditarem ? perguntou ele.
- É para agente meditar, meu amor ?
- Então está bem, vou desligar.
- Está bem meu amorzinho, agente encontra-se dfiante da escola. 
Edinho colocou o fone no gancho e saiu para o quarto. Sentou na cama.
Ficou por um longo tempo meditando, como resolveria aquela situação e
vitar que a boataria espalhasse.
- Já sei o que fazer...pensou ele alto.
Trocou de roupas e desceu as escadaria muito que rapidamente.
Bateu palmas ao chegar a porta do sobrado.
A mulher saiu à janela.
- Preciso falar com a senhora, disse ele seriamente.
- Queira subir meu lindinho, pediu ela muito gentilmente.
Ele entrou, sentou no sofá do salão e ela perguntou:
- Você vai dá uma caprichadinha nos dedos ?
Ela sabia que ele era filho do seu torturador, por isso elka estava
meio que surpresa, meio que desconfiada, meio que nervosa, meio com
medo.
- Eu não vim aqui tratar dos dedos, estou para tratar de um assunto
seríssimo, que nasceste neste salão, respondeu ele.
Lili arregalou os olhos assustada.
- Que tipo de conversa, meu filho ? quis saber ela.
- A minha namorada esteve aqui, veio fazer as unhas e arrumar os
cabelos e a senhora disse a ela que eu e o Flávinho somos namorados,
que conversa é essa, o que é isso ?
Ela colocou as mãos sobre o peito e respondeu:
- Eu jamais falei uma coisa dessa meu filho, eu nem conheço a sua
namorada, ela jamais esteve aqui, ela está louca, eu sou uma pessoa
correta, como que eu iria  falar uma coisa dessa de você, eu lhe
respeito demais meu lindinho.
- A senhora esta querendo me dizer que ela criou essa conversa, dona Lili ?
- Meu anjinho essa mocinha é uma desloucada, tome cuidado que ela pode
está com ciumes de suas amizades com o rapaz. Precisas saber o que ela
quer e aonde ela quer chegar. Eu acho o Flávinho um doce de pessoa,
aquelpa criatura não ofende nem o que come, me trata com uma finesa de
rei, como é que eu iria caluniar aquele rapaz ? A pouco eu tive
problema com o seu pai, mas você é uma pessoa maravilhosa, eu quase
lhe vi nascer meu lindinho, não acredite em uma conversa dessas, tome
muito cuidado com a sua namorada.
Ele ficou sério e com dedo em riste continuou:
- Estou disposto a ir as últimas consequencias, poderei até levar
essas pessoas a delegacia em frente a autoridade policial e, vou
chegar lá pedindo indenização por danos morais, disse em tom
ameaçador.
- Você tem razão lindinho eu jamais iria cometer um pecado desse
consigo, a sua amada está totalmente equivocada, eu posso ter até
faladdo alguma coisa, mas jamais em seu nome. Eu tenho primos e
sobrinhos e sei que não se pode desmoralizar as pessoas. Eu já estou
cheia de confusão e não quero mais encrenca para a minha cabeça, ainda
mais com um vizinho igual a você, meu lindinho, disse ela.
- e essa conversa que a senhora viu o Flávinho pulando a minha janela,
a senhora prova isso perante o juizado  ? Indagou ele.
- Eu jamais falei uma conversa dessa meu filho, essa sua namorada é
uma louca. E ainda que eu tivesse visto alguma coisa eu jamais iria
abrir a minha boca, eu sou manicure e não uma fofoqueira de ponta de
rua, eu tenho postura meu filho. Isso é uma falta de respeito parea
com a minha pessoa o  que esssa garota está fazendo, isso é pura
loucura. Eu não vou a nenhuma autoridade por que desta boca jamais
saiu qualquer palavra que ofendesse ou caluniasse alguma pessoa,
afirmou ela.
Ele levantou-se como quem ía retirar-se quando ela tornou:
- Eu aindea acho que essa moça está querendo confudir a sua cabeça,
tome cuidado passe o observá-la, de repente ela pode está querendo lhe
trocar por outro.
- irei apurar isso, podes ter certeza, respondeu ele.
- Vá firme e não deixe ninguém manchar a sua reputação, és bonito para
deixar as pessoas lhe defamar, vá até o fim e não desista, disse ela
toda risonha.
Edinho deu dois passos em direção a porta e saiu rumo a sua residência.
Ao entrar dona Carmém perguntou:
- Aonde você estava, Edson ?
- Fui ali na rua, respsosndeu ele.
- Eu lhe vi entrando no salão da manicure, o que foste fazer lá ?
- Ué, mãe. A senhora agora deu para me vigiar ? Indagou ele meio que irritado.
E continuou:
- Fui por que a minha namorada estava lá e, queria falar com ela.
- Eu não vi nem entrar e, nem sair nenhuma garota enquanto você esteve
naquele local, respondeu a mãe encarando-o seriamente.
- A senhora está chamando-me de mentiroso ?
- Não. Estou apenas expondo o que percebir, respondeu ela.
- Está bem mãe,  disse ele entrando pasra o quarto e batendo  na porta.
-- 
 DÉCIMO NONO CAPITULO 

 

Trancado no quarto ele pegou o telefone:
- Alô ?
- Quem fala, indagou a voz.
- Sou eu Edinho, quem é ?
- Como está meu moleque, o que foi que aconteceu dessa vez  ?
- Precisamos conversar.
- Pode dizer o que desejas.
- Falei com a Lili, estive no salão dela, a mim ela negou tudo, disse que tudo não passa de uma falacaa de Heloísa.
- E você acredita no que diz aquela jararaca ?
- Claro que não, respondeu Flávinho.
- É bom não acreditar mesmo, aquela mulher é uma cobra, ela disse a mim, na minha fusca que me viu pulando a janela, só que ela insinuou que eu estava dormindo com a sua irmã.
- Que coisa desgraçada.
- Conte-me a novidade aí, na nossa cidade.
- Tem nada, não. Apenas esse fôfoquer.
- Comentei com você, que encontrei o Cássio ?
- Não.
- Cruzei com ele na beira mar e, deu-lhe uma carona até o João Paulo.
- Não gostei dessa conversa, disse Edinho.
- Estás com ciumes ? indagou Flávinho.
- Claro que sim, como ficarei contente sabendo que tem uma raposa, circulando o meu galinheiro ? Ainda quer que eu fique contente, tome cuidado cara.
- Pode ficar sossegado que não vai acontecer,coisa nenhuma.
- Vou lhe cobrar, sabes que Cássio não é bôbo.
- Precisas acreditar mais em você,botar fé no seu taco, eu sempre primei pela fidelidade, eu não sou nenhuma galinha meu amorzinho, disse Flávinho todo sorridente.
- Qual o dia que vás voltar ?
- Vou pensar, vamos deixar a poeira abaixar um pouco, deixa os vizinhos nos esquecermos um pouco, vamos sair mais da paisagem dessa cidade.
- Eu estou sentindo a sua falta, disse Edinho.E continuou meigamente:
- Eu quero sentir a tua boca sobre os meus pêlos e, me arrepiar com a ponta da tua língua sobre o bico do meu peito.
- Começou com a taradice em moleque, controle-se.
- Você é que me deixa assim.
- Estás aonde ? indagou Flávinho.
- Em casa no meu quarto, respondeu  Edinho.
- E a tua mãe ?
- Na cozinha.
- Ela não escuta a nossa conversa ?
- Claro que não, a porta do quarto está trancada e se ela por acaso interrogar eu digo que estou conversando com a minha namorada.
- Qual delas ?
- Direi  estou falando com a Heloísa, respondeu Edinho secamente.
- Eu não sabia que faria parte do segundo plano, disse Flávinho.
- você faz parte do primeiro plano, eu preciso demais da sua companhia, eu não viverei mais sem você, eu tenho um plano para nós dois.
- Qual ? quis saber Flávinho.
Edinho deu uma gargalhada ao telefone.
Depois levantou-se e começou a andar de um lado para o outro.
E disse:
- Irei a escola e voltarei a ligar-te quando retornar.
- Está bem, mas tome cuidado com essa peruinha, sabes que farei marcação serrada em cima dela.
- Já pedi para você deixá-la em paz, ela faz parte desse nosso jogo, cuja maior estrela somos nós dois, além do mais não fica bem ofender uma pessoa que quase nem sequer fala em seu nome e, nem falou uma palavra que lhe cause desonra ou desconforto.
- Desculpe meu amor, sei que exagerei, disse Flávinho.
- É a segunda vez que acontece e eu não gostaria que se repetisse essas coisas.
- Desculpe, desculpe...
- Estás desculpado, disse Edinho.
Ainda conversaram por um bom tempo, depois de despedirem-se, Edinho desligou.
Dona Carmém bateu na porta do quarto que estava trancada.
Nesse momento Ana Luiza invade casa adentro afobada perguntando:
- Mãe, o almoço está pronto ?
- Não. Qual é o motivo de toda essa alucinação ?
- Vou sair com uma amiga agora, para tentar arrumar um emprego.
- A toda hora estás na rua e sempre me fala que procura emprego, tome muito cuidado com essas amizades, recomendou a mãe com a fisionomia de preocupação.
Edinho vinha saindo do quarto quando encontrou a mãe que foi logo dizendo:
- Moleque, agora você só vive trancado .
- E daí, respondeu ele asperamente.
- Calma moleque, somente te fiz uma pergunta.
Edinho passou pela cozinha com a cara de poucos amigos e avisou a mãe:
- O telefone está tocando na sala.
- Por que não atendes ? indagou ela.
- Estou ocupado, respondeu ele.
Ela correu até lá, tirou o telefone do gancho e ficou a ouvir a mensagem da operadora, era uma ligação a cobrar.
- Quem é ? indagou ela.
- É o Torres.
- Nossa quanto tempo homem de Deus, eu pensei que havia esquecido dagente. Como é que você está ?
- Aqui esta tudo bem, mulher.
- Quando chegas ?
- Não vai dá para eu voltar hoje por que eu não resolvir o problema com as peças do carro, a loja adiou o serviço e eu vou ficar por aqui mais uma semana.
- O que ? indagou ela meio que surpresa.
- È isso mesmo que ouviste.
- Torres - disse Carmém mais alterada - você precisa vir logo aqui também tem um montão de coisas para resolveres, estou só, volte logo para a nossa casa.
- O que é que está acontecendo aí, mulher ? perguntou ele.
- Nada que o preocupe mas estou com saudades, foste para ficar dois dias e já se passam duas semanas, acelera isso aí, aperta esse pessoal, não demore mais , recomendou ela.
- Está bem eu também quero ir, é muita agitação, eu não goste daqui, respondeu ele.
- É muita agitação parta a sua cabeça velho.
- E os meninos ? Indagou ele.
- Estão bons.
- E a Ana Luiza ?
- Está boa.
- E o Edinho ?
- Está bom, mas está perdendo muita escola só quer saber de brincadeiras..
- Não deixe ele ficar sem escola, toque ele para lá, não deixe ele ficar sem estudar.
- Está bom, mas hoje ele vai.
- Está bom, vou desligar por que liguei a cobrar e a conta pode vir muito alta.
- Um beijo Torres, disse ela.
- Outro querida, respondeu ele.
Carmém ficou contente mas pensativa e demoradamente ficou olhando para o telefone.
- O que aconteceu mãe, que a senhora está com essa fisionomia de ansiedade ? indagou Ana Luiza.
- O seu pai, ligou.
- E aí ?
- Não vem mais hoje.
Edinho vinha subindo as escadaria do quintal e disse:
- E quando ele vai chegar ?
- Ainda deve demorar uma semana.
- Por que ? Estou com saudades dele.
- Todos estamos com saudades, disse Ana Luiza.
Carmém atalhou:
- Ele pediu para que você não faltasse .Se estivesse em seu lugar procuraria não contraria-lo,talvez assim ele patrocine a sua festa com um maior contentamento.
- É isso mesmo mãe, berrou ele.

Na porta da escola.
Edinho chegou cedo na porta da escola, não havia nenhuma pessoa, nem mesmo a turma dele que sempre fora a primeira a aparecer, ele atravessou a rua e sentou-se sob um pé de amendoeira.
Estava cabisbaixo rabiscando o chão quando ao levantar a cabeça avistou Heloísa que vinha distante muito que lentamente e com a mala de livros pendurada as costas.
Ela caminhava lentamente como quem procurava alguma coisa. Ele levantou-se quando ela estava a uns cem metros dele e ergueu os dois braços para que ela o enxergasse.
De tanto balançar os braços ela o viu acenando e apressou os passos.
- E ai amorzinho...disse ela ao ir aproximando e beijando-o.
- Estou aqui a tua espera, respondeu ele.
- Faz tempo ?
- Faz.
- Imaginei que não viria hoje.
- Por que ? quis saber.
- Tens faltado tanto que nem seria mais surpresa para mim, se faltasse mais hoje.
- Deixe de bobagem amor, respondeu ele.
Ele abraçou a namorada, envolveu-lhe nos braços, deu-lhe uns cheiros pelo cangote e afagou-lhes os cabelos.
- Estou embebida por você.
- Eu também, respondeu ele.
- Ontem sonhei com você
- Conte o sonho, disse ele.
Edinho sentou-se e pediu:
- Sente-se aqui - disse mostrando os joelhos para a namorada .
- Está louco benzinho, por acaso eu vou sentar em seu colo a esta hora, em frente a escola ?
- O que é que tem ?
- O povo passa e fala, respondeu ela.
- E o que é que eu tenho com o povo, por acaso é ele que me dá de comer, beber, vestir...?
- Eu me sento aqui mesmo, respondeu ele, tirando o caderno do interior da mala e colocando no cimento para proteger-lhe as roupas.
Ele agarrou ela novamente e beijou-lhe a boca.
- Eu te amo, disse ele.
Ela ficou calada lambendo os lábios.
- Estive no salão da manicure.
- O que foste fazer lá, és louco ? perguntou ela.
- Não querias que eu fosse tirar a limpo aquela  estória ? Não posso jamais deixar as pessoas falarem um monte de besteira da minha pessoa e ficar por isso mesmo
- Não falaste que foi eu que te contei ? indagou ela preocupada.
- Falei sim, não gosto de fofocas, se não a dissesse ela pensaria que estaria fantasiando as coisas.
- Ela confirmou tudo ? perguntou insistentemente.
- Não, ela negou e disse-me que você é uma louca.

Depois de ouvir aquela afirmativa, ela ficou calada por alguns instantes, olhou demoradamente para o namorado e levantou-se.
- Aonde vai ? perguntou ele.
- Vou entrar na escola.
- Não vai me falar nada?
- Eu não tenho nada a lhe falar, mas garanto que não sou nenhuma louca, não tenho por que inventar uma conversa dessa, mas o melhor que eu faço é ficar quieta.
- Não seja radical, eu entendo você, jamais acreditei em alguma palavra que ela me disse, isso foi uma maneira que ela encontrara para defender-se, entendo que ela mente descaradamente quando se defende atacando.
- Cada um tem a sua  própria personalidade, se entendes que ela mentiu, envolveu o teu nome de forma caluniosa, vá até o fim, chame-a no Ministério Público, aí agente vê quem é a louca ou mentirosa.
Ele a segurou pelo braço e disse:
- Acredito em tudo o que me falaste, entre o que falaste e ela, creio piamente em você.
- Eu sei...eu sei.
- Agora, dá-me um beijo, pediu ele.
- Não respondeu ela.
- Por que recusa-me a beijar-me ? indagou ele.
- Eu não quero.
Ele disse:
- A minha alma agora está triste, eu sofrerei demais. Se fosse você pensaria duas vezes antes de tomar qualquer atitude. Recordo que certa vez lhe falei que não gostava do Flávinho e, brincando insinuei que ele era menina, lembro-me que repreendeste e disse-me que ele era uma boa pessoa, que era fino, elegante, educado e tudo mais, aí eu te pergunto, como é que de repente tudo isso mudou ? Então todo aquele conceito que tinhas dele mudou e foi tudo embora depois que foste ao salão da manicure ? interrogou ele.
- Eu não mudei o conceito que tenho dele.
- Então o que é que há ?
- Estou confusa meu amor,confesso que nesses últimos cinco minutos a minha cabeça rodou.
- O que é isso, não fale assim não.És inteligente o suficiente para discernir essas coisas, vou lutar até o fim para provar a você que tudo isso não passa de uma falácía daquela manicure, teremos que sermos fortes. Aonde está a mulher que disse que navegava comigo em qualquer barco e em qualquer mar ? indagou ele.
Ela calou-se outra vez e sentou com a cabeça entre as pernas.
- De repente ficaste triste, me dê um voto de confiança, pediu ele.
Ela continuou calada e cabisbaixa.
Pensou...pensou...pensou
De repente ergue a cabeça novamente, os olhos estão vermelhos.
- Estou magoada, disse ela.
Ele mostrou-se preocupado e agachando-se ao lado dela disse:
- Não lhe obrigarei a nada , muito menos a ficar ao meu lado, querida. Não a obrigarei a acreditar naquilo que eu te falo do fundo do meu coração e, nem martirizarei-me por que não quer entender aquilo que posso explicar e, nem diferenciar o que é boato do que é fofoca. Não me renderei a mentiras de outras pessoas apenas para lhe agradar ou me curvar diante da graçola de terceiros apenas por que a vizinha tem o hábito de denegrir a imagem das pessoas com a sua língua ferina. Tenho todos os sentimentos que você imagina que eu possa ter: do ódio ao amor próprio, da vingança ao ciúme, mas não carrego comigo o sentimento da covardia que afasta a lealdade da justiça propriamente dita. Quero te deixar livre para tomar a decisão que melhor lhe convier e entendo que deverias tomar agora, neste momento, mas pense bem...pense muito bem, até para que não venhas chorar mais tarde. Te confesso que ficarei doente, amargurado, totalmente perdido por que sei que tanto eu quanto Flávinho estaremos sendo sacrificados por você, mesmo sem qualquer culpa, sem ter cometido nem um erro sequer ou ter matado ou roubado alguém.  Vamos ser condenados e quero que não esqueça, apenas  por que a manicure da minha rua entendeu que ele e eu somos namorados. Pense bem, pense em tudo, em tudo mesmo. Pode ser que amanhã não tenha mais volta, nunca mais. A decisão é sua, está tudo aos seus pés, és livre, és dona de seus atos e de suas ações. Mas certamente é responsável pelas consequencias que mais tarde sofrerá.
- Eu sei o que faço, preciso pensar e não quero ser precionada, quero está apenas eu e a minha consciência, disse ela.
- E eu como fico ?
- Eu não sei lhe responder.
- Queres romper, Heloísa ? interrogou ele.
- Deixe-me pensar, acabei de dizer que gostaria de está somente eu e a minha alma, por favor respeite a minha dor.
Ele a tomou outra vez pelo braço e ela enquanto levantava ele disse:
- Estou indo para a escola, desculpe-me por tudo eu jamais quis te ofender ou lhe pressionar, apenas não fugir de lutar por aquilo que tanto acreditei, o nosso amor. Não deu, mas confesso que lutei, enfrentei inimigos, me justifiquei, mas não o convenci. paciência.
Edinho retirou-se em direção a escola e ela ficou ali pensativa, cabisbaixa, parecia que o mundo tinha caído em suas costa, mesmo assim ela era uma menina muito jovem, mas decidida.
E pensou:
- Sei que enfrentarei uma barra com a ausência dele, pensava ela vendo-o, afastar-se rapidamente.
Depois de um tempo ali ela adentrou na escola também. Alguns alunos estavam na sala de aula, o pátio estava vazio. Ela atravessou todo o corredor da escola até a  sala em que estuda entre as paredes coloridas e quente do edifício, acompanhada apenas da solidão que deixava-lhe um vácuo enorme.
Chegou a hora do intervalo, da hora do recreio e, ela caminhando solidariamente por corredores estreitos não encontrou o namorado.
Pensou:
- Será que ele ficou na trancado na classe para não mais ver a minha cara ? Deve está muito aborrecido mas certamente isso passará, depois ele amansa, isso é a lei natural das coisas e, continuou parada em pé no canto da merendeira, onde continuou a pensar:-  Acho que tomei uma decisão acertada, afinal eu não me exponho e nem exponho a minha família e ganho um tempo para refletir sobre esse nosso namoro, se deve ou não seguir em frente.
Na casa de Edinho...
Quase vinte e duas horas a dona Carmém andava de um lado para o outro da casa e dizia:
- Ana Luiza, o seu irmão ainda não apareceu, vou trancar a minha porta e deixá-lo do lado de fora, esse moleque está fazendo tudo errado, sempre do jeito que ele quer. Quando o pai dele chegar, teremos uma conversa muito profunda, repetiu ela.
- Acalme-se, o Edinho não é mais bebê, daqui a pouco ele chega, entra, coloca a comida dele, tranca a porta a vai dormir e a senhora é que fica aí morrendo em pé e se martirizando.
- Você também parece que não gosta mais dele ?
- Gosto sim, tenho um carinho enorme por ele, mas não posso exagerar, esse moleque nasceu e criou-se aqui, nesta Arari, ela não irá perder-se. jamais poderei ficar injuriada por isso, só por que ele demora a chegar da escola ? tudo isso é irresponsabilidade dele.
- Tenho medo que aconteça alguma coisa com o meu menino, disse ela.
- Tenha dó, não é mãe. Se pensares acontece mesmo, vá dormir que eu espero um pouco, qualquer coisa deixo a porta encostada e ele chega e entra.
- Não. Isso não. A minha porta não pode dormir aberta jamais, esse pessoal passa por aí e leva toda a minha casa, disse ela impacientemente.
- Mãe, deixe de ser teimosa.
- Está bem Ana Luiza, vou fazer um chocolate quente para agente tomar, enquanto isso ele chega, se não aparecer agente vai dormir, já são mais de 22 horas, para quem sai as 17 horas da escola, posso ser que ele encontrou aquele rabo de saia que liga para cá constantemente e deve está com ela, disse saindo batendo a saia em direção a cozinha.
Ana Luiza ficou ali serena, tranquila, pensando apenas no emprego e na faculdade, onde poderia arrumar até um estágio sequer.
Depois de tomarem o chocolate e ele não aparecer entenderam que era chegado a hora de deitarem, se o garoto chegasse acordariam para abrirem a porta, não sabiam se ele estava ou não com as chaves da casa.
Elas dormiram.

Elas dormiram a noite inteira e Edinho não apareceu em casa.
De onde ele estava pegou um telefone e, já era a manhã do dia seguinte.
- Com quem eu falo ?
- Com o Flávinho.
- Estou precisando de você como nunca e é com a maior urgência..
- O que aconteceu ?
- Venha me buscar.
- Aonde está a essa hora ?
- Estou no terminal rodoviário.
- Qual rodoviária moleque?
- Aqui em São Luiz, afirmou ele.
- A que horas chegaste ?
- Cheguei ontem a noite e dormir aqui pelos bancos.
- Caraca, o que foi que aconteceu ? indagou flávinho surpreso.
- Precisa vim me encontrar eu estou sozinho.
Flávinho deu uma gargalhada e tornou:
- Aguarde-me um pouco, antes de uns dez minutos estarei aí ao seu
lado. Não se apavore estarei chegando para lhe encontrar.
Ele desligou o telefone e foi-se arrumar, saiu do residencial Teodora
Barata e seguiu.
Sem muita demora estacionou ao lado do terminal rodoviário o que
fizera de longe avistar Edinho.
Buzinou para que ele escutasse.
Edinho atravessou a pista e entrou no carro.
- E aí, como está ? indagou Flávinho.
- Estamos aí, vim a sua procura por que és a minha única esperança.
- O que aconteceu, meu velho ?
- Um montão de coisas cara, eu não aguentei e sair ontem a tarde da
porta da escola mesmo, quero refrescar a minha cabeça ao seu lado.
- Achas que eu posso te confortar ?
- Neste momento somente você, um dia lhe recompensarei.
Os dois ficaram um bom tempo papeando dentro do carro.
- Eu não voltarei mais aquela cidade, preciso viver em um outro lugar,
disse Edinho.
- Por que tamanha mágoa ?
- Coisa minha.
- Nossa meu amor, no momento em você sai da sua casa e vem ao meu
socorro, eu te acolho é por que estamos dividindo os problemas, aí
eles deixam de serem apenas seus e passa a ser de nós dois, entendeu ?
- Faz parte, querido.
Flávinho estacionou o carro, abriu a porta e o convidou a subir,
Edinho tinha apenas a mochila escolar pendurada as costa.
Agora era um pelo outro.
Estavam a sós.

Dois dias sem que Edinho aparecesse, dona Carmém era um desespero só.
Ela dizia:
- Aonde está o meu filho Ana Luiza,ajudem-me a encontrar o meu garoto
minha filha,sequestraram o teu irmão, lamentava ela aos berros.
- Calma mãe, tenha calma, ele vai aparecer, já está todas as pessoas
avisadas, nossos amigos e os dele estão a ,procura e, vamos
encontrá-lo, respondia ela tentando confortar a mãe.
A casa de dona Carmém ficou cheia de pessoas.
A casa da mãe de Flávinho estava fechada, ela tinha saido para um
retiro espiritual e somente Maria vinha a casa para regar as plantas.
Arari era um alvoroço só de solidariedade.
Ana Luiza encontrou Maria e disse:
- Amiga, sabes aonde mora a namorada do Edinho, o meu irmão ?
Maria toda assustada com aquele reboliço disse desconfiada:
- Eu sei.
- Estamos pŕecisando de ajuda minha amiga, disse Ana Luiza com os
olhos cheios de água e continuou:- precisas e até lá e dizer para ela
vim aqui falar com a minha mãe, o meu irmão sumiu Maria, queremos
saber se ela sabe alguma coisa sobre ele.
- Se quiseres vou buscar-la aqui, a pouco estavamos juntas e ela não
comentou nada .
-  Vá até lá e diga que a minha mãe quer  muito falar com ela,
certamente ela poderá ajudar.
Maria saiu rapidamente em sua bicicleta e encontrou Heloísa antes dela
ter chegado em casa.
- De novo amiguinha , disse Helô.
- Vim lhe buscar a mãe do Edinho quer conversar convosco, ela está desesperada.
Heloísa não perdeu tempo sentou-se na garupa da bicicleta da amiga e
seguiram na direção da casa de dona Carmém.
Ela assustou-se quando entrou na rua Balbino Azevedo Costa e viu
aquela multidão aglomerada na porta do rapaz.
- O que é isso Maria, esse monte de gente num sobe e desce ? perguntou.
Maria ficou calada e pedalou a bicicleta com mas força ainda.
Subiram ambas de mãos dadas as escadaria da casa, não foi fácil o
pessoal abriri espaço para elas passarem, ao vê-la diante de si, dona
Carmém abriu os dois braços e chorando implorou:
- MInha filha, aonde está o meu menino ? Falaram-me que você foi a
última pessoa com quem fora visto, pelo amor de Deus e todos os
santos, me ajude querida.
Heloísa não se conteve e diante daquela multidão caiu em prantos dizendo:
- Eu não sei lhe dizer, ele esteve comigo debaixo da amendoeira bem em
frente a escola, disse-me que iria entrar, acreditei e fiquei para
trás, quando adentrei não o encontrei mais, no recreio também não o
vi, também estou passada com a ausência delel, respondeu ela.
- Como surpresa filha se o pessoal todo sabe que ele namora você ?
Como não sabe ? Ele não te falou nada ? É impossível filha que não
sabes ou não sabia do plano dele.
- Calma lá minha senhora, é bom saber que eu não namoro mais o seu
filho, agente acabou. e ainda que fosse a namorada dele, não poderei
ser julgada pelo que ele faz ou deixa de fazer e muito menos pelo
sumiço dele.
- Desculpe querida eu não quis lhe impultar culpa alguma, foi o modo
como encontrei para desabafar esta dor que me sufoca tanto e esta
ansiedade que invade o meu coração com uma vontade louca de matar-me.
- Tenha calma o Edinho aparece, ele já começou a aprontar das suas,
disse Heloísa calmamente.
- Hoje é o segundo dia que ele não dá notícias e já é quase noite, ele
nunca ficou longe de casa, eu acho que sequestraram o meu filho, disse
Carmém.
- Calma mãe, calma...vou buscar remédio para a senhora tomar, disse Ana Luiza.
- Nem o Torres liga a esta hora, parece que acontece tudo de uma só
vez, como se as coisas fossem encomendadas, eu não ofendir a Deus
paramerecer tanto castigo, lamentava ela.
Heloísa ficou bastante assustada com a cena de desespero da mãe do Edinho.
Ela disse a Ana Luiza:
- O seu irmão mudou muito de uns meses para cá, parece-me transvestido
de uma outra pessoa, eu mesmo muitas vezes não acreditava que era o
meu namorado, que conhecir quando começamos a namorar.
Dona Carmém atalhou:
- É verdade parece que viraram a cabeça do meu filho, ele jamais
sairia daqwui se alguma pessoa não tivesse feito algum mal para ele.
Meu filhote não merece sofrer, é uma criatura muito afável, repetia
ela.

Enquanto em Arari era só reboliço, na Ilha do Amor como é conhecida a cidade
de São Luiz, Edinho saboreava a vida no carro do amigo de um lado para o
outro.
- Você vai ensinar-me a dirigir, para que eu seja o seu motorista, disse Edinho.
- Negativo. No dia em que eu precisar de um motorista contratarei,
evidentemente que não será o você e, sim uma outra pessoa, respondeu
Flávinho.
- Por que eu não posso ser o seu motorista ?
- Por que você também é dono do carro, como é que eu você vai ser meu
motorista, disse Flávinho sorrindo.
Sairam ambos era quase meio dia.
- Aonde vamos hohe ? quis saber Edinho.
- Vamos almoçar a beira mar.
- Que legal amigão, nesses dois dias em que estou aqui ainda não
almocei um dia em casa, só em restaurantes bons e ainda assim queres
que eu volte para arari ?
- Eu não estou falando isso, respondeu Flávinho.
- Quero que me leve para jogar futebol, pediu Edinho.
- Eu detesto futebol, meu bebê.
Almoçaram em um restaurante de frente para o mar e voltaram para casa,
descansaram a tarde inteira.
Depois Edinho perguntou:
- Para onde vamos a noite ?
- Hoje estou meio que jururu, não quero mais sair, agente vai levar
duas cadeiras lá pra cima e ficaremos lá batendo papo, ainda não
colocamos as nossas conversas em ordem sobre o que rola na cidade,
ainda tens muita coisa para me contar Edinho, disse Flávinho.
- Então vamos logo pra lá.
Flávinho pegou duas cadeiras dobravéis de alumínio e subiu as
escadarias, ficou no andar de cima da pousada que tem um avarandado
enorme e corre uma briza de alívio.
Ficaram ali por um bom tempo observando o cair da tarde. Edinho levava
ali uma vida sem preocupação ou responsabnilidade nenhuma e nem sequer
lembrava de sua família. Naquele momento ele havia esquecido tudo,
estava embriagado com a "dolce vita" que as cidade grande oferece.
Depois de jantarem Edinho disse a Flávinho:
- Quero dá uma voltinha.
- Para onde ?
- Lá naqueles bares que fica na beira da praia, lá tem música ao vivo
e eu quero curtir um som.
- Eu não posso ir.
- Por que meu anjo ?
- Estou desanimado.
Edinho calou-se e retirou-se para a sala da pousada. Ligou a
televisão, estava entretido em um programa televisivo quando Flávinho
o convidou:
- Vamos dormir ?
- Você é que sabe.
Ele correu em direção a Flávinho abraçou-o fortemente por trás e disse:
- Vamos logo, que estas em débito comigo. Precisamos conversar.
Flávinho perguntou:
- Qual é a mágoa que trouxeste de Arari, que não queres mais voltar e
nem sequer fala no nome da cidade ?
- Eu não tenho mágoas, apenas me chatei com algumas pessoas e
aproveitei que tenho amizade contigo e vim embora.
- Gostas mesmo de mim, cara ?
- Eu te adoro, respondeu Edinho.
- E a sua namorada.
Ele calou por alguns instantes, mas logo respondeu:
- Não quero falar disso, acabamos o nosso romance, respondeu.
- Então é por isso que estás aqui ?
- Nem tanto, mas pelo fato de gostar de vocêpor isso é que estou aqui.
E virando-se para Flávinho continuou:
- Desde quando cheguei apenas usei a sua roupa e os seus chinelos,
sabia que eu só trouxe aquela roupa do meu corpo ?
Flávinho mais ouvia do que falava e observava os gesto do namorado.
Era muito tarde da noite, quase madrugada, ambos estavam acordados
deitados lado a lado um do outro apenas de cueca, sob uma coberta
fria.
Edinho passou a mão nas pernas do amigo.
- Que mão gelada moleque, disse Flávinho.
- Precisas esquentar.
- Coloque ela no fogo para aquecer, disse Flávinho.
Edinho rolou por cima de Flávinho e começou a acariciá-lo pelas costas.
- Vou comer você, disse ele
- Não, respondeu Flávinho.
- Mas estou com vontade e você é a minha mulher.
- Por  isso mesmo, as mulheres também cansam, hoje a noite eu não quero transar.
- Então o que queres ?
- Apenas te namorar com os olhos.
Edinho não concordou e cobrou :
- Por que estás fazendo isso comigo ? Seduziste-me a vida inteira,
persegiu-me,arrastaste-me para um motel,disse que amava-me e, agora eu
te convido para fazer um programa e diz que não quer. Não aceito isso,
não pode me tratar dessa maneira. Sair da minha casa para te encontrar
e saciar os meus desejos e valorizar a minha liberdade e, neste
momento viras para mim e recusa-me. O pau vai quebrar aqui. Ou você me
assume de vez por que eu não volto para casa, ou ver o que fazer.
Flávinho ouviu tudo calmamente e ele continuou:
- Desde que vieste para cá só e, encontraste com o Cássio o seu
comportamento mudou, falaste-me que levaste ao João Paulo,saiba que eu
não lhe dividirei com ninguém.
- Estás com ciume, do menino, estas pensando que estou namorando o Cássio ?
- Não estou com ciume de nada. A única certeza que tenho é que estou
aqui pela sua causa, deixei tudo para trás por sua causa e, não aceito
jamais pular fora do barco, preste atenção, nem a minha mãe, sabe
aonde estou, peguei minha mochila escolar, colei nas costa e vim
embora, lhe peço a não recusar-me, senão a vida ficará muito dificil
para mim.
Flávinho olhou demoradamente para ele e perguntou :
- A sua mãe não sabe que saiste de Arari ?
- Jamais.
- E o seu pai ?
- Está viajando e quando vim, ele ainda não havia voltado.
- És louco, cara.
- Vim a sua procura é o começo da minha felicidade, respondeu Edinho.
Flávinho sentou-se na cama e disse  perguntou a ele:
- Meu camaradinha, você tem noção]ao do que fizeste ? Vens e não avisa
nem ao pai, nem a mãe enfim, fazes idéia de como estão as coisa em
Arar, a esta hora ? Será que não estão todos desesperados ? Será que a
sua mãe a esta hora, não está desmanchando-se em lágrimas, com aquela
dor tão grande que arrebenta a lam e machuca o coração ? Brigaste com
a namorada e fugiste da cidade. essa é outra que deve está sofrendo
muito, entendo que fizeste tudo errado.
- Eu pensei em tudo o que eu queria fazer, sei qual  é a  reação do
pessoal. A heloísa terminou comigo por causa de conversa  fiada da
manicure, do contrário estaríamos juntos. Quem poderia ser uma ameaça
a ela é você, mas pelo menos ela sempre me falou bem da sua pessoa.
- Não me causa surpresa, sempre a tratei com fidalguia, respondeu Edinho.
Flávinho levantou-se, pegou o telefone e colocou no "viva voz".
Era meia noite.