terça-feira, 2 de novembro de 2010

DO VIGESSIMO AO VIGESSIMO TERCEIRO CAPITULO DO ROMANCE - água com bacuri



VIGESSIMO CAPITULO DE AGUA COM BACURI

 

PRIMEIRA PARTE


As pessoas haviam deixado a rua, apenas alguns vizinhos fazia
companhia para a dona Carmém.
Tocou o telefone.
- Alô ? Indagou Ana Luiza com a voz rouca e continuou:
- Com quem eu falo ?
- Eu sou Flávinho, Ana Luiza, tudo bem ?
- Nem tudo está bem.
- O que acontece ?
- O Edinho sumiu rapaz, já faz-se quatro dias, foi a escola e de lá
ninguém sabe, ninguém viu, parece que a terra abriu-se e ele enfiou-se
dentro.
- A sua mãe está, aí ?
- Sim, mas irreconhecível, totalmente desesperada, não come faz uns
dois dias, tem tomado apenas calmantes e mais calmantes, dorme muito
pouco, entendo que ele deveria pelo menos ligar para ela, não achas ?
Quer falar com ela.
- Sim.
- Aqui na cidade está o maior reboliço, até a polícia está atenta por
que estamos pensando em todas as hipóteses, até a que ele pode ter
sido sequestrado.
- Que horror me Deus do céu.
- Ela já esta vindo queridinho, vou entregar-lhe o telefone.
- Alô, disse dona Carmém.
- Como a senhora está ?
- Arriada.
E começou a chorar.
Edinho ouvia a conversa friamente até quando a irmã conversava, com a
voz da mãe ele emocionou-se e ela continuou a falar:
- Arrancaram um pedaço de mim e agora eu não sei como ele está. Não
sei se já comeu se esta vestido ou nu, ele nunca fez mal a ninguém, é
um anjo.
- Eu sei disso, respondeu Flávinho.
- Ajude-me filho, pelo amor do Criador. Reze peça a Deus para trazê-lo
de volta ao nosso meio. Eu não vou aguentar. Aqui a casa é sempre
cheia de gente, é o que me conforta, até a sua irmã a Maria, esteve
aqui colaborando, nestas horas vale tudo.
- Quero que a senhora tenha um pouco de calma, precisas ter
equilíbrio, sei que é difícil nessas horas e, quem sou eu para falar
isso a senhora, mas nem tudo está perdido o "guri" vai aparecer.
- Se Deus quiser e ele quer.
Edinho ficou deitado de bruços, soluçando como se fosse uma criança,
não trocou uma palavra sequer com o parceiro apenas observava tudo.
Flávinho continuava a conversar com a dona Carmém.
- Peço-lhe que tenha esperança e não perca a fé jamais. Eu lhe convido
a ser forte e não se deixar curvar diante da primeira perda, não fique
aflita, por que a calmaria está para chegar como disse Jesus, isso é
apenas uma tempestade. Não se reprima tanto a fé é que move as
montanhas.
- Eu tenho fé meu filho, respondeu ela.
- Vou desligar e poderei retornar a ligação daqui a uma hora ?
- Pode sim e, deves ligar quantas vezes quiser. Eu não durmo mais, não
sei o que é isso.
Flávinho desligou e olhando para o parceiro disse:
- Ouviste o estrago que fizeste com o coração da sua mãe ?
Ele nada respondeu, apenas chorou desesperadamente e, Flávinho continuou:
- É preciso que tenhamos amor pelas pessoas. Não basta dizer eu te
amo, é preciso que praticamos ações, que por si só, já é uma expressão
forte de amor. não podemos confundir instinto, desejo selvagem e amor,
uma coisa difere da outra, se com a sua mãe fizeste isso imagina
comigo no amanhã, quando os ares não fores mais doces ?
Edinho ergueu a cabeça e respondeu:
- Eu quero apenas a minha liberdade e sabia que por ela eu pagaria um
preço muito alto. As pessoas não imaginam que você é capaz das coisas,
elas entendem que somente elas são dotadas, de força, de fé ou de
espírito de aventura. Eu também possuo esses adjetivos e, quando quis
os pus em prática.
- Está bem amorzinho, deixa eu ligar para a sua mãe, ela não merece
tanto, disse Flávinho.
O telefone tocou na casa de dona Carmém, era madrugada e ainda havia
gente por lá.
- Alô.
- Sou eu dona Carmém, o Flávinho, eu falei que iria ligar e estou ligando.
- Pois é filho por aqui a agonia continua, nada mudou tudo antes como
no país de abrantes. Só sofrimento.
- Creio que o sofrimento não demore mais por um longo tempo, me
responda, ele não deixou nenhuma noticia que iria para algum lugar ?
- Não. Sumiu da porta da escola.Foi tudo muito rápido.
- A senhora está com visita a esta hora ?
- Estou com seis ou oito pessoas.
- Então prepare-se que eu vou lhe dá uma notícia.
- Qual é meu filho, diga ?
- O Edinho está bem e vivo, ele está aqui em casa.
- O que ?
- Acalme-se, disse ele.
Ela calou e Flávinho continuou:
- Eu o encontrei na rodoviária, dormiu uma noite lá, parecia um
mendogo, me disse que havia saido de Arari, como eu o conheço eu o
acolhi na minha residência,mas quero lhe afirmar de ante-mão que eu
não tenho nada haver com isso.
Ela deu um grito bem alto:
- Glória a Deus, Glória a Deus..
Todos correram para onde ela estava, assustados queriam saber o que
tinha acontecido.
- Meu filho apareceu, disse ela.
- Aonde ele está ? indagou Ana Luiza.
- Filha me traz uma água com açúcar, senão eu vou morrer, disse ela.
- Não mãe, não me deixes, pediu Ana Luiza.
A filha pegou a mãe pelos pulsos, estava geladinha...geladinha.
- Ó gente me ajudem, não deixem  a minha mãe morrer.
Aos pouco a dona Carmém foi recuperando a pressão.
Ana Luiza colocou o telefone no gancho.
Ela olhou desoladamente para a mãe e, ambas choraram abraçadas.
 



Quando Ana Luiza soltou o telefone ele ficou em cima do sofá.
Após muitos chás de ervas a dona Carmém foi-se recuperando.
Ela disse:
- Estou mais aliviada, sei que ele está vivo e aonde está.
Os vizinhos que estavam ao lado dela, todos entre olharam-se.
Em São Luiz, ao lado do parceiro o garoto também estava impaciente e
disse ao amigo.
- Por que foste ligar para a minha família, eu não lhe pedir isso.
- Você é um desequilibrado, como é que sai de casa e não avisa nem ao
pai, nem a mãe e o seu pessoal fica assim, e se acontece alguma coisa
que Deus o livre, como fica ? Quem vai ser o responsável ?
- Eu sou responsável por mim, respondeu ele.
- Você não é responsável por nada, és um menor de 18 anos, quando
chegar na sua casa vai ter de contar uma história decente, para não me
colocar como cump-lice.
- Pode ficar quieto, eu não vou prejudicar nenhuma pessoa.
- Mas não fique assim velho, vamos ver se superamos essas coisas,
tenho percebido que estás abatido e muito nervoso.
- Não estou nervoso, estou calmo, não voltarei para casa, preciso
seguir a minha vida querido, disse Edinho.
- Mas não é fácil velho morar sozinho, tem que encara dificuldades, a
solidão da noite, quando moramos sozinhos é preciso aprender a se
disciplinar no cotidiano, senão é complicado.
- Eu sei de tudo isso, sei até que neste momento estás fazendo eu
entender que tenho que voltar para casa, que não poderei mais contar
contigo, que no fundo no fundo, as vezes agente diz aquilo que o
coração jamais sente, entendeu cara ? disse Edinho.
- estás equivocado, pode parar. Estarei sempre ao seu lado. Gosto
demais de você, muito mais que imaginas, eu te amo. Te amo
verdadeiramente, o meu coração balança e estremece quando estou ao teu
lado.
- Como pode ser assim, se desde o momento em cheguei aqui que fazes
força para eu voltar para a minha casa ? Eu quero apenas um apoio
cara, eu posso arrumar um emprego e delinear o meu destino, disse
Edinho.
- Amor da minha vida você pode ficar aqui o tempo em que desejares, eu
jamais direi pegue a sua bagagem e rume para um outro local, muito ao
contrário, poderemos viver eternamente um ao lado do outro. Agora eu
entendo que as coisas precisam serem legalizadas, esclarecidas,
precisa passar pelas vias da claridade e, nunca deixando que as
pessoas sofram como está a sofrer a sua mãe. Ou você não gosta de sua
mãe ? Ou não amas a sua mãe de verdade? Ou a sua mãe e nada é a mesma
coisa ? Desperte meu amor, você é jovem, belo, bonito e precisa agir
com inteligência.
- Você acha cara, que eu não posso fazer opção pela minha vida ?
- Pode e deve, o que não pode e não deve e nem tem o direito é de
machucar as pessoas. Isso jamais terá o direito de fazer com alguém,
disse Flávinho.
- Queres é mandar-me de volta para Arari, cara.
- Não, isso não, te juro. O que eu quero é que volte lá e diga com
todas letras para a sua mãe que quer morar em São Luiz e pronto, que
vai arrumar um emprego e seguir a vida. Ela vai te entender, vai saber
aonde estás, saberás que está trabalhando e você desfrutará a vida da
melhor maneira possível.
- Vou pensar no seu caso.
- Não pense no meu caso, pense na sua mãe, na sua família e em você mesmo.
- Vamos dormir.
- Vamos, já é madrugada.
Edinho abraçou Flávinho novamente, passou por cima dele,tocou em suas
orelhas e cheirou os seus cabelos.
- Estas mexendo comigo, disse Flávinho.
- Eu quero que sintas o calor da minha alma, penetrando dentro da sua.
Desde a hora em que cheguei que estou com vontade de exporrar na sua
cara.
- Que desejo louco esse teu.
- És tu que me fazes assim.
- Quero te pedi uma gentileza.
- Pode pedir que farei, mesmo que seja para eu chupar a sua língua,
podes ter certeza que farei.
meu querido, eu quero que de manhã ao levantar e após tomar
banho,ligue para a sua mãe.
Edinho fez cara de quem não gostou, mas Flávinho continuou:
- Com quem é a sua mágoa, é com a sua mãe, coma sua namorada que lhe
deu bilhete azul, ou por uma outra pessoa que lhe decepcionou?
- Não carrego nem mágoa e nem ódio. Sei que a minha mãe me ama. quanto
a namorada acabou. Eu sou assim acabou,acabou.
- Mas ligaremos, ligando ela fica mais calma e eu mais tranquilo,
estando todos em paz, tudo correrá maravilhosamente bem.Não esqueça
que estás deitado em cima do meu joelho e ele está doendo.
- Vai querer que eu te faça mulher, agora ? indagou Edinho.
- Quero, respondeu Flávinho.
E ambos masturbaram-se sobre  a cama.
Enquanto que no salão de Lili...
Logo cedo ao raiar do dia ela conversava com Juaninha.
E disse:
- Vá entender este mundo minha amiga, os dois estão amaziados em são Luiz.
- Cruz e credo, respondeu Juaninha.
- Como é que pode e, depois ainda vem pousar de homem aqui no meu salão.
- Como soubeste dessa conversa ?
- Faz-se duas noites que eu quase não durmo ouvindo a conversa deles
atras da minha parede, é tanto choro que dá piedade da mãe dele e
aquele vadio comendo ou dando o rabo na cidade com aquele outro vadio.
Juaninha tornou:
- Estou com a alma sufocada de ouvir uma conversa dessas, se fosse uma
outra pessoa que me contasse eu nem acreditaria.
- Se ouvisse o que eu ouço, se soubesses o que eu sei, te arrepiarias,
eu sei de coisas que até Deus duvida meu amor, o tal de Edinho que
veio aqui todo papudo igual a galizé, acabou até com a namorada por
causa do rabo desse viado, ela estava aí na casa deles chorando como
uma doida condenada.
- Se tivesse um filho desse eu nem sei o que faria quando o encontrasse.
- Certamente eu matava esse desgraçado, por isso que Deus não me deu
filho, ele sabe que eu não lhe daria moleza.
- E agora, como está a mãe dele ? quis saber Juaninha.
- depois que o amazio ligou parece que ela está mais calma, hoje ainda
não ouvir nenhum "zumzumzumzum' por lá.
- Será que ela vai buscar ele ?
- Sei lá, talvez ela venha com o bode velho, ou ela liga para ele voltar.
- Os meninos de hoje já não são como antigamente, quando eles nascem
querem é ser mulher.
- Parece que estamos no fim do mundo.
- Eu também acho, e se agente imaginar que são dois garotos bonitos,
comentou Lili.
Passaram-se mais dois dias...
Dona Carmém estava mais conformada, ela entendia que aquilo era coisa
de adolescente e qualquer momento ele voltaria para casa ou ligaria
para ela.
Heloísa encontrou Márcio na escola no dia seguinte e ao vê-lo, foi logo dizendo:
- Viste, o Ednho foi embora...
- Estou sabendo, respondeu ele.
- Que loucura Márcio, disse ela.
- Acho que marrecão fez uma enorme tolice, deixou a mãe dele aqui
sofrendo, fez os amigos ficarem preocupados enfim, fez tudo errado.
- Ele está na casa do Flávinho, respondeu ela.
- Ainda bem que ele está lá, pelo menos não passa nem fome e nem frio,
j'á imaginou se ele tivesse saído por aí como jumento sem mãe, sem
rumo e sem direção, ou iria acabar morando em um albegue ou no meio da
rua ou debaixo da ponte., disse Márcio.
- Verdade, dos males esse foi o menor, respondeu ela meio que sem graça.
- E quando o marrecão chegar, vão pára do zero e começar tudo de novo?
quis saber ele.
Ela deu um leve riso e disse:
- Entre nós está tudo acabado, eu tomei a iniciativa de colocar um
ponto final em nosso relacionamento, eu não quero mais, chega.
- Você foi a causa do meu amigo sumir, creio que estás com a consciência pesada.
- Não fiz nada amiguinho, apenas pedi a ele um tempo.
- Marrecão não merecia isso, disse ele sorridente e continuou: - a
esta hora ele deve está chorando a sua falta.
- Ou está com a outra o que é óbvio, disse ela.
Ainda dialogavam quando o sirene da escola tocou.
Eles adentraram no prédio e conversaram rodeados de outros colegas e
soltavam sonoras gargalhadas, depois de um bom período ali, cada um
retirou-se para o seu lado
Era madrugada.........
Tocou o telefone.
- Alô.
- Quem está falando ?
- Sou eu.
- Meu filho, exclamou ela.
- Mamãe, disse Edinho.
- Meu amado, por que fizeste isto comigo, eu te quero tanto, disse ela
com a voz rouca e as lágrimas nos olhos.
- Não chore mãe, eu estou bem.
- Meu filho já jantou ? indagou ela.
- Sim, não se preocupe com isso.
- Venha para a sua casa,tem a sua escola que você não pode perder.
Responda-me, qual foi o motivo de você ter deixado a sua família ?
Estou aflita, tenho sofrido muito, não queira matar-me aos poucos eu
tenho apenas você e a Ana Luiza. Deixe-me viver ao teu lado mais um
pouco, isto não é um pedido é um apelo de uma pessoa que está com o
coração transpassado pela dor do sofrimento.
- Mãe. acalme-se que eu estou bem bom, respondeu ele.
- Bem estavas, se estivesse comigo, ao lado de sua família.
- Eu vou em casa.
- Venha logo, nós te queremos aqui. A sua cama eu arrumo todos os
dias, ela está sempre a sua espera, no mesmo lugar e não permitirei
que alguém desarrume. Vou lhe esperar na rodoviária,estou com uma
vontade louca, quase desesperada para lhe dá um abraço. Tenho dormido
pouco querido, por isso ajude a prolongar a minha vida.
- Mãe eu quero ficar por aqui, arrumar um emprego para que possa
comprar as minhas coisas, eu já sou um homem.
- É verdade. Mas precisas terminar de estudar, aqui em casa jamais
faltou alguma coisa para você, pouco mesmo que seja, mas quase tudo
que pedes o Torres lhe dá, sempre comprou tudo e, ainda não é hora de
trabalhar, eu te faço um apelo mais uma vez, venha para a sua casa,
aqui é o seu lugar. Não me deixes só. Por que está querendo me
abandonar ? Logo agora em que a velhice se aproxima de mim e as minhas
pernas já aparenta cansaço ?
Do outro lado, Edinho apenas soluçou e disse:
- Perdoe-me.
- Eu te perdoo, mas o que mais quero é a sua felicidade. Para você
desejo toda harmonia espiritual do mundo, preciso apenas que primeiro
adquiras equilíbrio para poder encarar as adversidades que a vida irá
postar-se diante de te. Ainda não estás preparado para morar distante
de mim, lhe garanto que ao retornar a sua casa não lhe acontecerá
nada, o meu filho será recebido de braços abertos. Todos estamos aqui
a te esperar.
- Eu vou mãe, eu vou, respondeu ele entre soluços profundos.
- Entenda, a sua irmã está sentindo uma falta danada de você, ela já
quase adoeceu, está triste,vive pelos cantos, está arriada, queira
acreditar.
- Mãe, sei que errei. Sei que já é tarde e precisas descansar para
poder sossegar o juizo, vou desligar para que tenhas mais
sossego,querida.
- Está bem meu amado, mas só terei sossego e paz espiritual quando
veres entrar pela porta adentro da nossa casa. Enquanto isso não
acontecer serei sempre uma mulher incompleta. Mas vá dormir e fique
com Deus.
- Até mais, mãe.
- Que Deus te acompanhe.
- Durma em paz, disse ele e desligou o telefone.
Ela levantou-se, tomou o terço que estava pendurado na cabeceira da
cama e foi rezar.
Ficara acordada por um longo tempo.
Era madrugada e o silêncio da noite era quebrado apenas pelos
grunhados dos gatos no telhado da casa.
Ela dormiu.
Na manhã seguinte, estando mais calma, fora a primeira notícia que
dera a Ana Luiza.
A moça ficou muito contente com o enredo narrado pela mãe.
O clima em casa começava a melhorar apesar da ausencia de Edinho, mas
em todos foi renovado a esperança que ele voltaria. Para a dona
Carmém, era apenas uma questão de tempo.
Já completara duas semanas que Edinho havia saído de casa.
Chovia bastante em Arari, quando de repente pára um táxi à porta de dona Carmém.
- Tem alguém buzinando aqui na porta, disse ela.
Ana luiza correu à janela para vê quem era.
- É aqui mãe, gritou.
- Veja quem pode ser.
- É o pai berrou ela outra vez.
Carmém saiu correndo casa a fora em direção a porta e ao deparar com o
marido disse:
- Meu velho quanto tempo e, deu-lhe um abraço.
Ana Luiza, correu e abraçou os dois juntos dizendo:
- Pai, quanto tempo eu imaginei que não voltaria mais.
- Coisas naquela cidade, eu não gosto daquilo, só vou ali obrigado.
- Vá logo trocar essa roupa, estás todo molhado.
- Pegue os meus chinelos filha, ordenou ele.
Ana Luiza pegou os calçados do pai, colocou-os nos pés e ele trocou de
roupa ali mesmo em frente a todos.
Carmém foi até a cozinha fazer café enquanto o marido sentava à mesa.
- Onde está Edinho? perguntou ele.
Carmém olhou para Ana luiza e não disse mais nenhuma palavra.
O velho falava muito e contava as novidades da capital, mas sempre de
forma rabaugenta e sempre dizia não gostar de São Luiz.
A chuva caía sem dó e nem piedade e a cada instante que passava a
cidade alagava mais.
Dona Carmém ferz o café, serviu os dois e ficou batendo na mesa com as
pontas dos dedos.
Torres olhou para elas e indagou novamente:
- Aonde está Edinho que eu ainda não o vi.
- Não está.
- Com toda essa água que cai, ele está fora de casa, para onde ele foi
? quis saber
Ela ficou observando os gestos do marido e depois disse:
- Torres, tenho uma história muito longa do Edson para conversarmos,
ele não está nem em Arari.
- O que aconteceu com o meu filho ?
- Ele está vivo e bem, respondeu ela.
- Aonde está meu filho, Carmém ? perguntou ele meio que exaltado.
- Acalme-se por favor, ele está em São Luiz, fugiu de casa e foi-se.
- Com quem ele foi ?
- Ele saiu daqui sozinho, dormiu lá não sei por onde, o que sei é que
está hospedado na casa do Flávio filho da Lúcia.
- O que está me falando , mulher ? Indagou aos berros que ouvia-se ao lado.
- É tudo o que acabaste de ouvir, já lutei demais e ele não quer voltar.
- Por que ele fez isso, algum motivo o meu filho teve, nenhuma pessoa
abandona o seu lar atoa.
- Aqui não houve nada, o que comentam é que ele brigou com a namorada
lá pelo colégio.
- E por isso ele foi embora ? quis saber.
- Eu não te afirmo se foi por isso ou não, ou se tem alguma coisa por
tras disso.
- Já falaste com ele ?
- Sim.
- E aí ?
- Ele falou que vai voltar, até chorou ao telefone, quando eu falei com ele.
- Vou buscar o meu filho, devria ter-me avisado em São Luiz.
- Não quis lhe incomodar, entendir que quando chegasse, resolveria
essa pendência desagradável.
- Essas coisas agente tem que falar logo, como é que esse menino vai
ficar na casa desse pessoal, que nem sequer fala com agente ?
- É dificil, não é ?
- Que situação ruim ficou aqui.
- Meu querido eu não tenho culpa, respondeu ela.
- Eu sei disso, disse Torres.
- Agora ele me falou que quer ficar lá para arrumar um emprego.
- não minha querida, ele não está precisando trabalhar, o meu menino
precisa estudar, se qualificar e ai sim, disputar uma vaga no mercado
de trabalho, isso que ele está fazendo é aventura, ele é muito novo.
- Eu falei isso a ele, respondeu ela.
- Quando cessar esta chuva vou começar a providenciar de como fazer
para ir buscá-lo.
- Aqui tem o telefone da casa em que ele está hospedado, disse Carmém
agora mais confiante.
- Como que ele foi parar na casa desse pessoal ? Quis saber.
- Não tenho uma resposta exata de como, o que sei é que eles
tornaram-se amigos, conversavam demais, foram em festinhas, sairam de
carro juntos, mas jamais imaginei que isso pudesse acontecer, ele saiu
para a escola e de lá desapareceu.
Ana Luiza, ouvia toda aquela conversa entre os pais, sem que desse
algum palpite.
Observando cautelosamente o silencio da filha  ele perguntou:
- E você querida, o que sabe da fuga do seu irmão? perguntou ele.
- Eu sei o mesmo que a mãe sabe, Edinho quer aventurar um pouco paui,
esse moleque tem 16 anos e acha que pode tudo, que sabe tudo, aunica
coisa que eu sei é que ele tem que voltar urgentemente por que estou
com muita saudades dele, só nós sabemos o quanto ele é importante para
todos da família.
Torres estava levantando da mesa quando disse:
- Ele vai voltar sim, só não vou buscagora por que chove demais e
estou bastante cansado, senão voltaria sobre o mesmo passo.
E pediu;
- Dá-me o telefone da casa em que ele encontra-se.
Carmém entregou-lhe o número e ele olhou demoradamente.
E perguntou:
- Qual será o melhor horário para falar com ele ?
- A noite, respondeu Carmém.
- Quando eu voltar da oficina será tarde, mas vou buscar o meu filho.
- Pelo menos agora estou mais sossegada, já estás aqui conosco.
Torres e Carmém ficaram um bom tempo naquele espaço colocando as
conversas em ordem.
Ela narrou quase tudo o que acontecera em sua ausencia.
A noite caía muito que rapidamente e a chuva não dava trégua.
Já era tarde o casal entrou para o quarto e Ana Luiza já dormia.
Somente ouvia-se o som da água da chuva caindo sobre o telhado
Deitada ao lado do esposo ela disse:
- Tenho um fato intererssante para te narrar.
- É sobre o que ? indagou ele abraçado ao travesseiro.
- Sobre o nosso filho e o do vizinho, quero lhe contar tudo, quero lhe
deixar ciente de tudo o que acontece, disse ela.
- E o que é que você sabe ? tornou ele.
- O caso é muito sério.
- Então conte logo.
Ela não perdeu tempo e narrou tudo o que sabia ao marido, falou da
visita que a visinha fizera, enfim narrou tudo...tudo.
VIGESSIMO PRIMEIRO CAPITULO

 

PRIMEIRA PARTE


A cada fato por ela narrado o marido ficava mais surpreso e, muito
mesmo, quando ela tratou o caso do filho, quem além de tudo ele ficou
muito furioso.
- Não admito que o meu filho tenha entrado nessa, alguém fez a cabeça
dele e muito bem feita,temos que salvar o nosso garoto dessa desgraça,
jamais poderemos deixar assim e ele deve entender que um homem nasceu
para cruzar com uma mulher e nunca com outro homem..
- Falei isso a ele dei-lhe inúmeros conselhos, mostrei os perigos que
ocorrem nesses relacionamentos, os conflitos de ideias, o preconceito
que as pessoas carregam contra esses índividuos enfim, tudo o falei
com clareza, mas jamais o pressionei.
- Não o pressionarei, mas vou livrá-lo desse mal, dessa deformação de
carácter, dessa desagregação sexual, dessa afronta aos bons costumes,
não tenho nenhum preconceito contra nada, mas entendo que homem é
homem e mulher é mulher, infelizmente agente passa por essas coisas e,
agente nunca pensa que pode acontecer com agente, imagina que aconteça
apenas com o vizinho, mas independente de qualquer coisa, o meu filho
é o meu amigo.Vou recuperá-lo, 'e um pacto meu  com Deus.Deus é o meu
eterno aliado nessa briga para salvar a alma dele.
Conversaram por um longo tempo durante a madrugada e depois adormeceram.
No dia seguinte.....................
Logo muito cedo ele disse a esposa:
- Arrume a minha mala, estou indo atrás do meu filho hoje.
Ele ainda falava quando Ana Luiza atendeu ao telefone e foi logo avisando:
- Pai, é para o senhor.
- Quem é ? Quis saber.
Ela deixou o telefone sobre o sofá e disse:
- É uma mulher, que atende pelo nome de Tamea.
Ele correu pegou o aparelho e disse:
- Diga doutora, o que mandas.
- Mandar?!...eu não mando nada, liguei apenas para avisar que hoje a
tarde estarei na cidade de Arari, para que juntos estejamos no Forum,
diante do juiz. Hoje sai a sentença do seu caso.
- Será que eu vou ser condenado doutora ?
- Não, se Deus quiser não. Iremos lá, relatarei os fatos, a vítima
deve comparecer e narrar a versão dela e, certamente ele irá analisar
o que está escrito nos autos, aí então ele dita a sentença. Com
certeza, será favorável a nós.
- A que horas nos encontramos no Forum ?
- Estarei lá as 16:00horas, por que o julgamento está marcado para as
17:30 horas, por isso temos que chegar com antecedência.
Ela desligou o telefone e ele ficou ali pensativo e foi para cozinha
onde sentou e chamou a esposa dizendo:
- Hoje sai o resultado do julgamento da confusão que eu tive com a
safada da Lili, a advogada acabou de avisar-me, se por acaso
acontecer de eu ser preso ou condenado por favor, não entre em
desespero, por que mesmo estando eu preso saberei me virar, o
importante é eu estar vivo para continuar lutando na busca do Edinho e
trazê-lo de volta para casa.
dito isso atravessou toda a casa, desceu as escadaria e rumou em
direção a oficina.
Encontrou o Chico do carro todo sorridente que lhe perguntou:
- Como foi a viagem ?
- Foi normal, o único entrave foram as peças que não estavam prontas e
atrapalharam tudo, senão eu teria voltado mais cedo. Bom mesmo é
Arari.
Chico do Carro deu risadas e disse a Torres:
- Termina aquele veículo ali, falou apontando para um fusca vermelho
que encontrava-se encostado ao fundo, do outro lado do pátio,
continuou:- depois do meio dia pode ficar por sua conta.
- Ia falar contigo mesmo, por que depois do almoço às 16 horas tenho
que ir ao Fórum, em frente ao Juiz para responder o por  que eu dei uma surra naquela sem vergonha da Lili.
- tudo bem fique a vontade, só adianta o fusca por que me comprometi a entregar no final de semana.
Dito isso retirou-se e Torres foi cuidar do carro.
Na parte da tarde ele ficou em casa junto da esposa e da filha, preocupado com o que poderia acontecer.

Pela manhã, toda contente Lili berrava da janela, conversando com Juaninha.
- Amiga, é hoje que vejo o bode velho no chiqueirinho,quero que fique lá,
apodreça lá, vendo a cara do sol todo dia nascer quadrado.
- Vou está na primeira fila e quero te aplaudir de pé. E quando entrares
gritar vivas ao vê-lo, entrar no chilindró, respondeu Juaninha.
- Vou dá uma festa de arromba e gritar de contentamento, ele verá como é bom
bater em mulher, quero ver a polícia sair com ele algemado.
- Quero ver a cara da advogadazinha que ele arrumou, o Juiz vai mandar os
dois de mãos dadas ao chilindró querida amiga.
Como de rotina elas passavam a manhã nas janelas do casarão penduradas, uma
de cada lado da rua, berrando conversa fiada sobre os seus problemas e
comentando em vozerio alto a vida das outras pessoas.
As quinze horas em ponto Torres arrumado, bem vestido desceu as escadaria da
casa ao lado da esposa e da filha e saíram em direção ao Fórum.
Ao chegar entraram e sentaram ao lado um dos outros na sala de espera.
O relógio já marcava 16:30 e nada da advogada aparecer.
Torres dava sinais de impaciência, suava bastante e estava preocupado.
Lili estava ali desde as 16:00 horas, toda enfeitada, vestia um vestido todo
florido e, usava nos lábios um batom vermelho pimentão que chamava atenção.
Ao lado tal e qual a sua inseparável amiga, Juaninha Sabe Tudo.
Elas cochichavam e riam muito, batendo carinhosamente uma contra a outra, em
uma demonstração de que zombava de alguém.
Carmém disse:
- O que tanto essas mulheres sorriem, será que estão prevendo alguma coisa,
meu Deus ?
- Acalme-se, deixe essas vagais pra, quero ficar quieto.
O tempo corria e nada da advogada de Torres aparecer.
Todos estavam preocupados, afinal a sessão estava marcada para as 17:30
horas.
- Meu Deus essa mulher não aparece, será que serei julgado à revelia e
condenado ? Perguntou ele a esposa.
- Acalme-se pai, advogado é assim mesmo, estão sempre correndo em cima do
tempo, se ela ligou é por que vem, respondeu Ana Luiza tentando acalmá-lo.
- Mas está quase em cima filha, respondeu ele.
do outro lado em uma cadeira as duas observava o desespero de Torres e riam
descaradamente e, ainda contavam piadas em voz alta.
As 17:25 horas, Torres levantou-se e foi até a porta e viu um carro preto
estacionado.Aproximou-se, bateu no vidro e disse:
- Doutora a senhora quer matar-me do coração?
E nem percebeu no banco de trás uma mulher sentada, usando óculos escuros.
- Tenha calma, as coisas acontecem naturalmente, jamais deixarei o senhor
só, respondeu ela.
Eles entraram na sala de espera, ela segurando no braço dele e, logo Lili e
Juaninha fecharam a fisionomia.
A advogada, torres e a família fizeram um pequeno círculo e cochicharam
alguma coisa, depois sentaram todos.
Na hora marcada o ajudante Judicial chegou à porta com um papel em mãos e
chamou:
- Queira entrar o senhor Torres e a dona Lilían, acompanhados de seus
respectivos advogados.
entraram acompanhados de seus defensores, sentaram uma de cada lado de
frente uns para os outros e, lá no fundo da sala o escrivão judiciário com
o seu  PC  e, na cabeceira da mês ao alto a Autoridade Judicial. Com a voz
empostada ele disse:
- Que se apresente o advogado do acusado e me narre o fato ocorrido e faça a
defesa conforme os autos do processo.
Calmamente. Muito calmamente a doutora Tamea disse:
- Excelentíssimo, o que ocorreu naquele dia foi um fato isolado. A dona
Lili, posso chamar assim é uma pessoa de muito pouca ocupação, ela tem como
"hobby", avacalhar, achincalhar a vida das pessoas de bem e, principalmente
a de seus vizinhos. Tanto que nenhuma pessoa fala bem dela na rua. É
inacreditável que uma pessoa fique na janela falando da vida dos outros a
vida inteira e não consegue trazer uma testemunha de uma suposta agressão,
tanto que ninguém fala bem dela.Se formos a fundo Excelentíssimo e
analisarmos friamente as coisas eu ainda vou acabar descobrindo que a dona
Lili, tropeçou em uma pedra e caiu no meio da rua e agora vem a presença da
Lei acusar este homem, somente e tão somente, por que não possuem a cor dos
olhos que ela desejaria que ele possuísse. Como ela não gosta do meu
cliente, entendeu que ele seria a primeira pessoa que ela deveria acusar. O
senhor Torres é um homem ocupado, do bem,dedicado a esposa e a família, um
trabalhador que abre uma oficina as 06:00 da manhã e não sabe a que horas
fecha, é um pé de chumbo para o trabalho, não pode, não merece e não vai ser
condenado por um capricho de uma vizinha apenas por que entende essa vizinha
que ele não possui a beleza para os seus encantos e deleitos. Todos os dias
essa senhora trucida os sentimentos do meu cliente excelentíssimo.
Somos do bem e, as pessoas do bem tem a proteção da Lei universal. A Lei,
somente a Lei, é o manto Sagrado da Justiça neste País.
O Juiz bateu a mesa e indagou a advogada:
- A doutoura tem testemunhas ?
- Sim.
Torres gelou, ficou pálido, ele não fora avisado pela advogada de nenhuma
testemunha a seu favor.
- Peça para entrar a testemunha de defesa, pediu para Juiz ao ajudante
Judiciário.
Este foi até a porta e chamou:
- Queira entrar a senhora Lúcia Mendes.
Torres ficou mais surpreso ainda. Baixou a cabeça enquanto a mulher
dirigiu-se com um documento pessoal em mãos na direção do escrivão e depois
voltou e sentou-se em um banco ao fundo da sala.
Depois de alguns minutos o Juiz a chamou e perguntou-lhe:
- A senhora estava em casa no dia da confusão ? Interrogou ele.
- Sim.
- Como começou ? tornou a perguntar em voz alta.
Ela respondeu:
- O senhor Torres trabalhava sob um carro e a dona Lili como é conhecida na
rua, começou a provocá-lo.
- Senhor torres é um vizinho violento ?
- Não.
- A testumnha está dispensada, pode sair da sala, ordenou o Magistrado.

Após a saída da testemunha da sala ele virou-se para a advogada e disse:
- Queira que a senhora fosse breve, detêm de poucos minutos.
A doutora Tamea disse:
- Serei breve e sucinta.
a testemunha disse tudo, o homem é trabalhador e honrado, é dessas
pessoas que ajuda a cidade a crescer, como é que vai-se penalizar um a
pessoa como esta? Isso jamais poderá acontecer, no Estado Democrático
de Direito em que vivemos, a Lei não comungará com outra coisa que não
seja o perdão a este trabalhador por um equivoco cometido por dona
Lili, este senhor é um cidadão correto e com ressalva Meritíssimo: é do
bem. Muito obrigada.
Enquanto a advogada falava as lágrimas escorriam pelo rosto do senhor Torres.
Observando  que ele chorava ela disse:
- Nenhuma homem chora atoa, o meu cliente chora por que é digno, tem
vergonha na cara, jamais esteve aqui e certamente jamais voltará,
chora somente as pessoas que possuem alma, coração e sentimentos, como
diz Gonçalves Dias, o poeta maior desta terra.
Ela sentou-se ao lado do senhor Torres, que estava de cabeça baixa.
Outra vez o magistrado empostou a voz e disse:
-  Com a palavra o advogado de acusação com o mesmo tempo.
O advogado de Lili disse:
- Meritíssimo, a advogada de defesa falta com a verdade a luz da Lei,
quando diz que a dona Lili, nada faz. Ela é uma pequena empresária,
tem uma salão de caleleiros, atende ali diariamente inúmeras pessoas,
ajuda na economia do município pagando em dias os seus impostos e,
vou usar a mesma expressão da doutora Tamea: Em um Estado Democrático
de Direito como o nosso, esse réu precisa no mínimo passar 30 anos na
cadeia. Ele agrediu uma mulher indefesa, vejamos as diferenças físicas
Meritíssimo. Ele mais que agrediu, ele a torturou em plena praça
publica, ela teve que ir ao hospital e humanisticamente falando foi
atendida pela enfermeira Goreth Araújo. A dona Lili, ainda encontra-se
debilitada, mas a sua frente apenas o judiciário poderá fazer Justiça
contra este torturador, que diante do Meritíssimo pousa de bom moço,
de trabalhador e coisa e tal, como se fosse o paladino do trabalhismo
Arariense.
O Juiz bateu na mesa e perguntou:
- A vítima tem testemunhas ?
O advogado respondeu:
- Toda a cidade de Arari é testemunha do que esse torturador fez, e se
não fosse as pessoas de bem desta cidade aqual ele não pertence e a
doutora o quis colocar, este competente profissional hoje não estaria
aqui, a este momento encontraríamos apenas o pó do seu corpo.
- Quer dizer que o senhor não trouxe testemunhas ? Interrogou o Juiz.
- Não. Mas se quiser direi que, a sua pequena mas acochegante sala
será pequena para tanta gente que deporá a favor de dona Lili.
O Juiz virou-se para o advogado e disse outra vez:
- Já que o senhor não trouxe testemunhas, faça a suas considerações finais.
O advogado disse:
-  Este réu precisa passar 30 anos na cadeia, somente assim ele
aprenderá a respeitar os direitos femininos. A dona Lili, te mais da
metade desta cidade como clientela, ela não é uma pessoa qualquer. Nem
mais o vil bandido foi tão torturado em praça publica como ela foi.
Sofreu  duas torturas, uma física e a outra psicologica e, certamente
o meretíssimo levará isso em conta.
O Juiz bateu com o martelo na mesa e retirou-se.
Houve um "zumzumzum" na sala de espera.
Depois de um período ele voltou a sala e ficou de pé dizendo:
- Atenção que vou ler a sentença, disse ao lado de dois policiais.
Atenção:
" O senhor Torres que agrediu a senhora Lilían, vai ter que pintar por
dentro e por fora a Igreja Nossa Senhora das Graças, o Mercado
Municipal por dentro e por fora e vai carpir todo o Cemitério e pintar
todos o muros que o cerca, tudo isso em trinta dias corridos."
A senhora Lilían:
" Por ficar muito tempo na janela berrando, cuidando da vida dos
outros, pertubando os vizinhos, tem como pena a cumprir, andar a pé da
cidade de Miranda do Norte até a cidade de Arari, sempre acompanhada
de um policial. está pena começa a ser cumprida apartir do dia de
amanhã.
A doutora Tamea levantou-se e disse ao Juiz.
- ProtestoMmeretíssimo.
Ele respondeu:
- Não cabe mais recurso doutoura. Está encerrada a sessão de
julgamento e retirou-se muito que rapidamente.
Torres levantou-se e deu um abraço na advogada.
Ela virou-se para ele e disse:
- Conheces a dona Lúcia ?
- Sim.
- O que tens a falar dela ?
Ele virou-se para ela espichou o braço e a cumprimentou.
Ele disse:
- Perdão de minha parte, agente agora faz as pazes, não haverá mais divisão entre as nossas famílias, serei eternasmente grato a senhora, não terei como pagar-te.
Lúcia respondeu:
- Esquerça tudo e siga a sua vida.
Todos retiraram-se da sala do Forum e foram para a sala de espera.
Lili que saiu na frente, encontrou a amiga Juaninha e foi logo dizendo:
- Isto é uma falta de seriedade, o Juiz me condenou juaninha, como é que pode, como disse o meu advogado,eu fui espancada, torturada e agora ele me condena. Isso não pode.
- O que está falando mulher ?
- É isso mesmo que acabaste de ouvir, eu saio daqui do Forum, torturada pela segunda vez,agora pelo chamado juiz de Direito desta cidade, a sentença é que terei de andar a pé da cidade de Miaranda do Norte até aqui, pode?
- Isso não pode, respondeu a amiga.
- Vou fazer greve de fome, disse Lili.
Juaninha pensou...pensou e disse:
- Não faça greve não coleguinha, nenhuma pessoa desta cidade vai escutar os teus apelos, se fizeres mesmo vai acabar morrendo a míngua por que nenhuma pessoa se sensibilizará com você.
- Tens razão querida, não vou fazer mais não.
- Podes deixar que irei com você, ao menos agente faz uma bela de uma caminhada, emagrece, fica mais bela...quem sabe não fora por isso que o Juiz lhe deste esta pena, acontece que agora serás obrigada a fazer um regime  forçado. Mas ele ordenou o bode velho a pintar a Igreja, o Cemitério e o Mercado Velho, parece que ele estava mais preocupado com o patrimonio publico do que com as suas dores querida.
- Mas eu não merecia isso.
Juaninha deu uma gargalhada e disse:
- Amanhã mesmo estarei vestida como se fosse uma atleta olímpica e sairemos de lá até aqui ao lado do policial no trote, ou quem sabe agente até dispensa esse policial e arruma outros homens mais bonitos e jovens, agora imagine a cena; nós duas na frente puxando aquela multidão de gente e transformaremos toda a sua pena em uma enorme maratona.
- Está bem Juaninha, festa é conosco aí cada qual faz a sua idéia se estamos mesmo pagando uma pena ou estou protestando contra mais essa injustiça.
- Vamos montar as njossas roupas de atletas e mostrar alegria, se eles queriam nos derrotar, saibam que somos nós que vamos alegremente protestar.
Naquele momento Torres despedia-se em frente ao Forum da doutora Tamea, esta imediatamente voltou para São luiz e os demais para as suas casas.
No caminho quando voltavam para casa a dona Carmém falou:
- Eu quero dona Lúcia, lhe agradecer confesso que fiquei surpresa, apesar de ter ido a sua casa naquele dia, jamais imaginei que a senhora pudesse nos ajudar neste momento unico de dificuldade, afinal nestas horas todos os conhecidos somem, os amigos não aparecem e quanto mais saber que vem serem testemunhas, mais eles se ausentam.
- Não se preocupe com isso, queria que soubesse que esse meu gesto é apenas uma chance de falarmos de paz.
Quero que as nossas familias encontre-se como vizinhos e jamais como adversários, respsondeu dona Lúcia.
- Vamos marcar um dia e agente reune todos, disse Carmém toda contente e andando tranquilamente continuava a falar: - se pensarmos bem, todos com esta idade fomos amigos ou companheiro de baladas, agora estamos ficando velhos e não há motivos para ficarmos de mal.
- Da nossa parte querida agente acaba com essa besteira, eu também tenho culpa, agente paga cara pela ingnorância que nasce dentro dagente. Eu mudei desde que houve aquele epsódio com a Lili, mas que ela mereceu levar umas tacadas isso ela mereceu
Torres disse:
Neste momento me causa arrependimento por ter ficado de mal tanto tempo com vocês.
Dona Lúcia despediu-se da familia Torres antes mesmo de entrar na rua em que mora, ficou pela avenida Dr João Lima, por aquelas casas que vende mantimentos e os demais seguiram alegremente.
-- Ao entrar em casa a familia Torres não aguentava de tamanha felicidade.
Ana Luiza abraçou e cheirou o pai e a dona Marmém sorria levemente.
Aproveitando esse clima Torres disse:
- Ligam-me para Edinho.
Dona Carmém passou a mão no aparelho, discou o número e entregou o telefone
ainda em sinal de chamamento.
De repente:
- Alô.
- Quem fala ? Indagou do outro lado da linha.
- Sou o Torres e,queria falar com o Edinho.
- Sou eu pai.
- Meu filho, aonde estás ?
- Estou em São Luiz, pai.
- Venha para casa agora, ou irei aí para trazer-lhe.
Edinho silenciou por alguns minutos e depois de tomar folego respondeu:
- O que eu vou fazer aí ?
- Aqui é a sua casa, tu és o meu filho muito amado, meu único
herdeiro,és tudo para mim, eu te amo tanto...
- Quero lhe contar uma novidade, meu velho, disse Edinho mais alegre.
- Qual é a novidade que o meu filho vai contar a não ser me dizer a
que horas vai chegar ?
- Eu estou trabalhando.
- O que ? indagou Torres admirado.
- Verdade, eu estou trabalhando é bom para o senhoer e para mim.
- Aonde você trabalha e em que ?
- Estou no Banco mais o Flávinho, fui contratado por uma empresa
temporário é o meu primeiro emprego, estou feliz, irei aí lhe ver e
pegar os meus documentos escolares, afinal de contas amigão, a vida
continua.
- Filho sai desse serviço e volte para casa,eu tenho algo que posso te
ajudar, eu vou te ajudar.
- Sempre me ajudou, mas eu preciso trabalhar, quanto mais moço melhor,
aí quando eu chegar na sua idade já estarei aposentado, e eu estando
tabalhando
agora significa que o senhor vai ter que trabalhar menos, por que aí
eu pego um dinheiro aqui e te mando.
- Não concordo com isso, a sua responsabiliadede com Banco é muito
grande, eu quero que neste momento estude e divirta-se.
- Bobagem pai.
- Tens apenas 16 anos e não pode assumir tamanha responsabilidade com
emprego, disse Torres.
- Não esqueça o senhor que Dom Pedro Segundo, tinha apenas quatorze
anos quando jogaram toda a responsabiliaded do Brasil em sua costa.
Estou assumindo apenas as minhas responsabilidades.
- Então quer dizer que não vai vir na sua casa, ver o teu pái, a sua
mãe, a sua irmã enfim....todo o seu pessoal que deixaste para tras.
- Vou sim, esta semana vou te ver.
-- Posso esperar ? Indagou o velho.
- Não só pode como deve, meu querido, respondeu o garoto.
- Venha mesmo, meu querido, hoje teve o julgamento daquela confusão, com a Lili.
- O que deu, isso > Quis saber.
- Fui quase absorvido mas peguei uma pena menor, uma coisa
comunitária, essas coisas assim.
- Como assim pai, não entendi.
- Fui condenadao para serviços comunitários, vou pintar o mercado
velho, a igreja e carpir e pintar os muros do cemitério, e ela foi
condenada a andar com dois guardas ao lado de Miranda do Norte a
Arari. Ela saiu brava de lá, reclamando de tudo e de todos, achando-se
injustiçada.
Edinho riu e disparou:
-O Juiz tinha que mandar era ela correr de Arari a Porto Alegre e
atravessar a nado do Brasil à Africa, pelo Atlãntico.
- Quem está aí com você ? Indagou o velho.
- Flávinho.
- Só mora os dois.
- Sim.
- E mulher vai aí visitar vocês ?
- Não.
- Por que?
- Agente não quer.
- Mas não é proibido?
- Não, aqui tudo é liberal, meu velho.
- Liberal ? O que é isso meu filho.
- Como você entender pai. Generoso,independente, livre, cada um
professa as suas idéias de liberalidade, por isso é que estou aqui.
- Venha mesmo rapaz.
- Vou sim meu velho. Saiba que eu te amo e estou morrendo de saudades
de vocês. Mas saiba também que eu vou e volto, não deixarei o meu
emprego, pois estou muito bem nele.
- Quando chegar aqui agente conversa.
- Nada disso é decisão. O Edinho vai volta, será bom  para todos nós.
- Se for essa a sua vontade, respeitarei como sempre fiz.
- É isso mesmo meu velho, é assim que agente fala, fique frio que eu
não irei me perder.
- Então vou desligar filho, disse ele.
- E a mãe, quis saber o garoto.
- Está bem.
- E Ana Luiza ?
- Vou  trazê-la pra cá, assim ela encontra um estágio e  descola um
emprego para ela começar um estágio e dá um impulso na vida. Tchau
pai. Um beijo e um abraço.
- Até mais filho, respondeu o velho que colocou mansamente o telefone
no gancho e espichou as pernas sobre o sofá.
Torres estava cansado mentalmente.
Para ele todos aqueles problemas que o envolveu serviria de lição pára
o preocesso que  enfrentou até o dia do julgamento do caso Lili Boca
Mole.

No dia seguinte...
A  avenida Dr. João Lima amanheceu coloridas de bandeiras amarradas de um ponto a outro  nos postes. Uma multidão de meninas menores de 17 anos, estavam ali enfileiradas dizendo-se solidarizadas com a Lili.
- Vamos correr para protestar contra as agressões  sofridas por Lili, cantavam elas em únissono.
- O Juiz foi injusto com ela fazendo correr pela BR entre dois soldados como se fosse uma pessoa má, dizia uma outra.
Naquele reboliço todo, de repente surge Lili no meio da multidão, toda colorida com meias longas de jogar futebol, um maiô todo florido e na cabeça cabeça uma flor enorme em forma de borboleta como se estivesse com as duas antenas ligadas.
De um local qualquer surge dois policiais em trages esportivos e diz:
- A senhora Lili, por favor...
- Sou eu, apresentou-se ela apressadamente.
- Estamos aqui para fazer cumprir a sentença do meretíssimo Juiz de Direito desta cidade, que nos incubiu de guardá-lhe.
- Quero ir entre os dois, respondeu ela, que ouvia assobios da multidão, enquanto ela acenava a todos.
- Por que dois, dona Lili.
- Por que essa foi a sentença que o Juiz ditou, além de que na volta eu quero cruzar a linha de chegada como uma verdadeira campeã de maratona.
- Sim...sim, respondeu o policial.
Na avenida tinha para mais de mil pessoas aglomeradas, espalhavam-se pela praça da Matriz, pela antiga rua Grande enfim, por todos os lados da cidade era somente esse o comentário.
Quando todos ali estavam surge no meio enfeitada como se fosse uma verdadeira maratonista Lili Boca Mole, semelhante a uma fundista de primeira grandeza e, rasga a avenida em trotes, com passos curtos, levando consigo um mar de gente. Por onde passava as pessoas atiravam floes, rosas perfumadas e ela continuava a trotar mas com a língua sempre afiada na vida das outras pessoas. não se conformando com a sentença jamais, convidava sempre mais um para correr junto com ela.
Nesse tempo dona Carmem sentou-se na sala com o marido pois a filha havia saido.
Ela indagou o marido:
- O que disse Edinho ?
- Vem apenas a passeio, está trabalhando e não quer mais vim embora.
- O que dizes ?
-  Respeitemos a opinião dele, quer ficar por lá, entende que é melhor, então que assuma a sua responsabilidade, de longe agente fica atento, possa ser que amanhã ele pela socorro e agente esteja apto a ajudar, esse é o nosso papel de pai.
- Então ficou por isso mesmo ? interrogou ela novamente.
Torres retrucou:
- Agente não precisa tirar lições de todas as coisas, pensemos pelo lado positivo das coisas, ele já quer ser independente e, isso é um direito dele, concluiu.
O tempo passou.

VIGESSIMO  SEGUNDO CAPITULO  

 

PRIMEIRA PARTE

 

Fazia-se mais de três semanas que Torres havia falado com Edinho.
O tempo passava muito rapidamente.
Torres estava tranquilo naquela tarde na porta de sua casa e de repente,
pára o carro de Flávinho.
Edinho desceu todo sorridente.
- E aí pai, como esta? E deu-lhe um abraço.
- Estou bom, demorou mas chegou,  imaginavas que fosse morrer e nunca mais
veria o seu rosto.
- Que é isso pai, vire essa boca pra lá, eu não fui embora, apenas dei
um tempo desta casa por que estou trabalhando fora. Mas não esqueça
jamais que o meu,lugar é aqui.
- Vá logo entrando, recomendou o velho que curvando-se para espiar
para dentro do veículo perguntou:
- Quem é esse que está no carro ?
- Flávinho, pai.
- Está diferente.
- Pintou os cabelos velho, esse é maluco mesmo, mas é sangue bom.
Torres ficou em pé na porta observando enquanto Flávinho manobrava o carro.
Edinho de um abraço na irmã e em seguida correu para onde estava a mãe
que derramava-se em lágrimas.
Aquele lar vivia uma alegria contagiante.
Eufórico, Edinho correu ao telefone:
- Alô, respondeu a voz.
- Quem fala ? indagou.
- Sou eu, está pensando que não conheço a sua voz, marreco ?
- E aí Márcio, como está ?
- Ô meu, fora embora e nem sequer se despediu dagente, estou com
saudades, as meninas estão sempre procurando por você.
- Estou em casa, cheguei agora.
- Estás brincando.
- Venha na minha casa.
- Irei para marcarmos  a saída hoje a noite e, o Flávinho veio ?
- Viemos juntos, respondeu Edinho.
- Meu camarada vou desligar, passe aqui para agente acertar as coisas
e trocarmos ideias, colocar as coisas em ordem.
- Está bem, marrecão, até mais.
Edinho estava efuzente e pegou o telefone novamente.
- Alô.
- Quem fala ?
- Heloísa.
- Sou eu o Edinho.
- Edinho?!
- Sim, como tens passado esses dias  sem mim ?
Ela calou-se e ficou apenas ouvindo o ruído ao telefone do outro lado da linha.
- Não vás responder, ainda estás de mal comigo, eu não lhe fiz nada.
- Não estou de mal.
- Então por que não responde, de  como tem passado sem mim?
- Eu particularmente estou de boa independente de está com você ou
não, mas tenho um carinho enorme por você, afinal fomos namorados por
muito tempo.
- Caracas, só conjuga o verbo no passado, fomos namorados e, eu na
esperança de viver o presente, veja só que ilusão essa minha.
Ela sorriu e respondeu:
- Isso não é ilusão meu camaradinha.
- Camaradinha, veja como ela me trata, amanhã estarás me chamando de
amiguinho ou qualquer outro "inho", menos de Edinho. Este ninguém
chama mais.
- Sabes que não é assim, quando vieres em Arari, agente vai se
encontrar sentar e conversar, não estou de mal, você é que está
complicando as coisas, se bem que ultimamente tens complicado tudo,
não me surpreenderei por mais uma complicação.
- Estou na cidade, disse Edinho.
- Não creio, você fugiu de todos nós. Não creio. Magoaste os
sentimentos de muitas pessoas. Fugiu.
- Não fugir. Por que não acreditas que estou aqui ?
- Como poderei acreditar ?
- Venha a minha casa.
- Não creio que estejas em Arari.
- Estou, vim conquistar a minha nave perdida.
- Quem é a sua nave ?
- Você.
- Eu ? Indagou Heloísa.
- Isso mesmo, é a nave que tinha e me deixou, agora eu chego aqui e as
pessoas nem sequer acreditam que eu cheguei.
- Chegaste quando ?
- Cheguei a pouco, a saudade bateu forte e por isso voltei, mas por sua causa.
- Estás jogando conversa na minha orelha, menino.
- Não estou jogando conversa fora, vou lhe conquistar.
- Já falaste com o Márcio ? Quis saber ela.
- Não quero saber do Márcio, estou preocupado com a minha gatinha que
abandonou-me, me largou igual andor larga o santo em dia  que não é de
procissão,entendeu ?
- Não estás falando comigo ?
- Vamos sair a noite, o Márcio também vai, já combinamos.
- Acabaste de me falar que não quer saber de seu amigo, como que mais
que de repente já combinou em sair com ele, sem que o mesmo saiba ?
- Quis apenas conversar com você.
- Não sei o que faço para saber quando está falando a verdade e quando finges ?
- Eu não minto querida.
- Também não, apenas brinquei com você.
- querida vou desligar, hoje a noite agente encontra-se. Faz tempo que
não lhe vejo. Quero beijar-lhe a boca, todos as noite eu tenho sonhado
com você.
- Agente se encontra a noite.
- Posso acreditar ?
- Pode, por acaso não estamos combinando as coisas.
- Mas não de furo ?
-Quantas vezes dei furo com você ?
- Beijos Helô, vou desligar...até mais.
Ela desligou e ele apenas ficou ouvindo o ruído do som com o aparelho na orelha.
Ele retirou-se da sala e correu para o colo da mãe.
- Falei com os meus colegas, disse ele.
- Devem está todos com saudade, respondeu ela.
- Nem tanto mãe. A vida é um jogo e a cada dia eu entendo que agente
tem que aprender a jogar, respondeu ele.
- Tens razão e por isso  vou fazer um suco de água com bacuri para você.
- Já lanchei, mãe.
- Aonde ?
- Na estrada, quando vinha para cá.
Ele deu-lhe um abraço apertado e saiu para a rua.
Descendo as escadaria rapidamente dizia:
- Vou encontrar os meus amigos, estou a um mês longe desta cidade, mas
olho as ruas e tenho a impressão que estou a um ano ausente daqui.
Não sei se a cidade que está com saudade de mim ou eu dela. Vou me
afogar no aroma desta cidade e depois voltar para São Luiz. A vida é
assim...cantarolou.

Torres não saiu de casa, ficou o tempo todo observando os passos e o comportamento do filho. Não censurou um gesto sequer, entendeu que nada mais sábio do que observar.
Edinho tratava a todos com fidalguia, era a mesma pessoa, com o mesmo comportamento, apenas mais esperto do que a um mês atrás.
Certo dia a noite Edinho esta em pé na escada  de cimento que dá acesso para o quintal.
- Que fazes aí, Edinho ? Perguntou Torres.
- Estou olhando a lua e as estrelas que brilham no céu, tudo parece um céu de brigadeiro velho, respondeu Edinho.
- É céu de brigadeiro.
- Por que dizer céu de brigadeiro , pai ?
- Não sei explicar o por que chamar o céu estrelado de céu de brigadeiro.
- Pelo menos o nome é bonito.
O pai encostou no filho e falou carinhosamente:
- Antes de sair a noite, chame o Flávinho seu amigo para ele vir aqui, quero trocar dois dedos de prosa com ele.
- O que o pai quer prosear com ele ? Ingadou Edinho meio que assustado.
Torres colocou a mão no ombro do filho e disse:
- Não se assuste quero conversar com ele coisas simples, pode ficar tranquilo que não será nada que vá chocar a sua amizade com a dele.
- Então está bem, pai.
- Vamos conversar a três. É conversa de homem para homem e agente tem que falar cara a cara. Mas serão conversas brandas.
- Precisa ser hoje, pai? Interrogou o garoto.
- sim, do contrário saem e nunca mais me dêem ouvidos, fica tudo dito pelo não dito, ainda mais agora que és independente. Vai chegar um momento que marcarei hora para falar com você.
- Páre com isso, respondeu o garoto faceiramente.
Já é noite...
Edinho conversou com o pai e saiu em direção à praça e encontrou Heloísa.

- Até que enfim...
- Falei que viria e vim, estou aqui.
Ele abraçou-a fortemente e tentou beijar-lhe a boca, mas ela evitou.
- Não queres mais me beijar ?
Ela ficou olhando para ele calada.
Ele disse:
- Estava com saudades de você e pegando-a pela mão continuou:- Te quero para mim e vou lhe perturbar a vida inteira, não lhe darei sossego, você nasceste para mim e jamais lhe aceitarei com um outro homem, mesmo que para isso eu tenha que morrer.
- Deixe de falar tolices, atalhou ela olhando para ele demoradamente.
- Tolices não, falo o que o coração sente e a alma exprime.
- Quisestes assim, respondeu ela.
- Não. Sei que agora vai querer me dá chá de cansaço, agente não tortura as pessoas que nos ama.Agente não emborca o prato que come.
Ela continuava cabisbaixa e ele acariava-lhes os dedos delgados e belos.
Repentinamente ele avançou sobre ela, envolveu-a nos braços e chupou-lhe os lábios demoradamente.
- És um louco, disse ela.
- Sou louco por ti e entendas que se não te amasse tanto não viria a esta cidade, vim apenas pela tua causa.
Do outro lado da praça estava Flávinho sentado em uma lanchonete observando todo o movimento do casal.
- Não vieste aqui somente pela minha causa, disse ela.
Ele abraçado a ela sussurrava em seu ouvido:
- Vim apenas te buscar, te quero como esposa e hoje isso vai acontecer.
- Páre com essa conversa, disse ela.
- Não posso por que serás a mãe do meu filho.
Ele a acariciava toda.
Ela ficava faceira a cada carinho dele.
- Vai acabar mexendo comigo, disse ela.
Ele respondeu:
- Quero apenas isso e fazer sentir prazer, vou fazer você gemer igual a uma gatinha no cio que desliza pelo telhado atrás do seu macho, e enfiando-lhe a língua boca a dentro o seu pênis endureceu. Vamos sair daqui, convidou ele.
- Aonde vamos ? Quis saber ela.
- Vamos para depois do bairro do Cruzeiro, aqueles lados são mais desertos e agente fica mais a vontade.
- Então vamos, afirmou ela.
Os dois saíram, atravessaram a Ponte do Igarapé do Nema e, desceram rua abaixo, passaram pela Praça Major Pestana e bateram perna a fora.Na entrada do Batuba eles pararam e viraram a direita, quando deram por si estavam em um campo de futebol, o luar era lindo em um céu bordado de estrelas, como jamais se imaginaria.
- Estamos a sós, disse Edinho.
- Vieste me trazer para cá ? Indagou ela.
- Aqui é melhor para mim e você, aqui seremos felizes e, foi beijando-a, meigamente e colocando a língua contra a orelha  da namorada.
- Estou arrepiada, disse ela.
Ele passou as mãos na s pernas dela e sua pela estava rígida. Ele novamente encostou o tórax contra o peito dela e abraço-a, novamente.
Sentaram na ponta de uma barreira e ficaram lado a lado admirando o luar. Novamente ele partiu para cima dela despejadamente, desta vez com o "zipper" da bermuda aberto, ele estava sem cueca. Ela beijou-lhe a boca e empurrou contra o peito e deitou sobre ela. Ela sentia o peso dele sobre o corpo dela.
- Tire a sua blusa para que eu possa chupar os seus peitos, pediu ele.
Ela tirou retirou a blusa e ele encheu-se de tesão ao ver em plena luz do luar aquelas duas pontas apontando para o céu.
- Vou te chupar por inteira, disse ele sobre os mamilos da namorada.
- Estou cheia de tesão amorzinho e se continuar assim, vou gozar.
- Calma, acalme-se, sabes que eu te amo, dizia e com a outra mão acariciava ela toda.
- Vou tirar a sua calcinha, disse ele.
- Não, isso não.
- Vou sim, afirmou ele e foi puxando vagarosamente enquanto cheirava a barriga dela e a mesma em estado de transe.
Edinho despiu-se na frente dela e a garota pode ver aquele membro enorme pulsando querendo rasgar-lhe as carnes.
- Você vai me rasgar, disse ela meio que nervosa.
- Não, eu colocarei vagarosamente e, não colocarei tudo, disse ele cor ar de piedade.
- Vou aceitar, mas se machucar-me eu grito.
Ele subiu sobre ela e vagarosamente foi introduzindo o pênis dele na vagina dela, mas ele sentia certo desconforto o que fazia ela gemer demais.
- Ai...está ardendo, dizia ela.
- Acalme-se, agora que entrou a cabecinha.
De repente o grito.
- Aii...aaaaaaaaaai...você me mata.
Ele agarrou-a, com toda a força, enfiou-lhe o pênis de vez e o sangue jorrou por toda a sua região pubiana e, escorreu uma mistura de sangue e esperma.
Ele havia gozado dentro dela.
Ele ficou deitado em cima dela por um bom tempo.
Depois levantou-se, espremeu a glade do pênis e viu cair mais esperma, ai ele cheirou as pontas dos dedos, limpou-se com uma folha de mato e vestiu a bermuda e ficou olhando para ela.
- E agora ? Quis saber ela.
- Agora começa o ínicio da nossa vida, rumo a felicidade, respondeu ele.
Ao ver a calcinha manchada de sangue ela chorou.
Ele a tomou pela mão e disse;
- Não chores que  eu não te abandonarei jamais.Não me acovardarei e sei o tamanho da minha responsabilidade, voltarei a São Luiz, por que tenho o meu emprego lá e, saiba que serás minha eternamente, prometeu.
- Eu creio nisso.
- Podes crê, por que eu falo a verdade, respondeu ele.
- Vamos embora daqui, convidou ela.
Os dois sairam dali abraçados e seguiram de volta em direção a Praça Samea Costa.
- Quero ir para casa Edinho, disse ela.
- Vou te levar, querida.
Pediu a bicicleta de um amigo que passava, colocou-a na garupa e deixou na porta de sua residência.
Agarrou-a de novo, abraçando-a com toda a força disse:
- Eu te amo de verdade.
- Eu sei, respondeu ela.
- Virei te buscar, amor.
- Eu confio em você, cara.
- Jamais faria isso se não tivesse responsabilidade, independente de qualquer coisa, eu te assumirei, é isso que quero que entendas.
- Está bem, amanhã irei a sua casa e agente conversa, preciso tomar banho, disse ela beijando-lhe a boca e saindo em retirada para o interior da casa.


Edinho voltava para casa, quando de longe exergou uma pessoa sentada na escadaria de sua casa, ele parou e ficou observando, de imediato a pessoa atravessou a rua e parou em frente ao casarão.
Ele aproximou-se mais e logo reconheceu.
- E aí cara, estás de guarda hoje ? Indagou.
- Estou lhe aguardando desde cedo, para conversarmos, mas fugiste.
- Fui dá umas voltas.
- Aonde foste ?
- Fui por ai andar de "bike".
Flávinho disse:
- Vou tirar o carro da garagem para agente ir ali.
- É longe ? quis saber Edinho.
- Pertinho.
- Meu pai queria falar com você ainda hoje.
Ele olhou para o relógio, consultou as horas e respondeu:
- Hoje não dá mais, é quase meia noite e a essas horas estás dormindo.
- Puxa cara, eu que vacilei.
Flávinho tirou o carro da garagem e saíram rapidamente.
- Aonde iremos, querido ?
- Iremos conversar em um local que já conheces.
- Vitória do Mearim...
- Advinhão.
Edinho colocou a cabeça no banco do carona quando o carro descia a Ponte de Itapuan, rumo a cidade vizinha.
De repente o carro pára no estacionamento do Motel.
- Chegamos Edinho, disse ele.
- Puxa estava quase adormecido, parece que estou cansado.
- O que fizeste para está cansado ? Quis saber.
- Joguei futebol.
- Quando chegares no quarto, tome banho de água fria que assim relaxa e faz bem para a pele.
- Farei isso.
Conversando os dois subiram a escada que dá acesso ao apartamento do Motel e  adentraram  em um que estava reservado.
Flávinho correu rapidamente para debaixo do chuveiro, tomou banho e voltou para a cama enrrolado em uma toalha. Enquanto que Edinho pelado se dirigia para a ducha.
Flávinho olhou para a região pubiana dele e perguntou:
- Que sangue é esse em seu corpo ?
- Sangue ? Respondeu  interrogando admirado.
E continuou:
- Machuquei-me jogando futebol.
Ele continuou a lavar-se enquanto o parceiro permanecia enrrolado na toalha e deitado sobre a cama.
Momentos depois o parceiro sai do banho, começa a enxugar-se e Flávinho senta-se, puxa a toalha e o agarra pela cintura abraçando-o dizendo:
- Quero tranzar com você, ainda que seja pela última vez, por isso quero ser a sua fêmea. Quero gemer debaixo de você com todo o seu pedaço dentro de mim, quero sentir o teu esporro quente queimando todos os meus músculo e enfervecendo o meu sangue, junto da minha alma. Quero que me rasgue como rasgaste a virgindade dela e, me deixe desmaiado sobre a cama tal qual fizeste com ela.
Edinho apenas olhava para o namorado.
Dá-me a boca, pediu.
Flávinho olhou para ele.
Edinho enfiou-lhe os dedos entre os cabelos crepus do namorado e beijou-lhe os lábios dizendo:
- Poderei não ser eternamente o teu macho, mas sempre serei leal a ti e a sua amizade, portanto sempre seremos amigos.Não só gosto de você como eu te amo e beijou-lhe outra vez e agarrando-o atiraram-se sobre a cama.
Rolaram ali como se fosse homem e mulher, acariciaram-se mutuamente, beijaram-se intensamente, depois de um longo tempo, nessas cenas de amor o Edinho pediu:
- Vire para eu enfiar no seu rabo.
Flávinho disse:
- Primeiro quero te fazer um boquete e, começou a rossar a ponta de sua língua quente entre as pernas do rapaz e de vez engoliu o pênis e testículos, levando o namorado a um delírio infindo.
- Aí que delícia, disse Edinho.
- Por favor, não esporre em minha boca, pediu.
- Não farei a boca é para beijar, mastigar, comer e...
- Faça-me gozar Edinho, pediu ele.
Nesse momento o garoto ajudou-o, batendo uma punheta enquanto Flávinho beijava-lhe a boca.
Edinho subiu sobre o namorado e deitando-lhe nas costa, colocou a língua em seu ouvido e enfiou-lhe o pênis ânus a dentro.
- Que delícia moleque, desse jeito vás acabar comigo, disse Fávinho suspirando..
Novamente ele chupou-lhes o cangote e  chupou-lhe os peitos.
Edinho ía levantando-se quando o namorado disse:
- Podes até comer ela, mas tem que me satisfazer também e, enfiou a mão no pênis do moleque.
- De que está falando ? indagou Edinho.
- Quando chegares em casa coloque a cabeça no travesseiro e faça uma análise do por que eu está falando isso a você. Não me deixes independente de qualquer fato que vier a acontecer, nesse emaranhado todo que você arrumou na sua vida.
Edinho correu rapidamente ao banheiro e lavou-se.
momentos depois entraram no carro e seguiram rumo a cidade de Arari.
Flávinho deixou o namorado em sua casa, atravessou a rua, estacionou o carro e entrou em casa, o namorado fês o mesmo e foi dormir.

No dia seguinte...
Já havia passado do horário de almoço e Torres entrou em casa perguntando:
- Onde está o edinho ?
- Dormindo, respondeu dona Carmém.
- Ainda ?!
- Sim, respondeu ela e continuou:- entrou em casa na alta madrugada.
- Acorde-o, para almoçar com agente e depois chame o Flávinho que quero
conversar a três.
- Sem confusão, não é Torres ...recomendou ela.
- Sim, vamos apenas conversar.
Dona Carmém entrou no quarto, acordou o filho que assustando-se indagou:
- Que horas são, mãe ?
- Treze horas, respondeu ela
- Ué, por que não me chamou mais cedo ?
- Levante, tome banho e almoçar o seu pai quer conversar com você e o
Flávinho desde ontem, saíste e não voltou mais.
- Peça desculpa para ele, esqueci, disse Edinho.
Ele levantou-se e foi para o banheiro enquanto a mãe atravessava a rua para
chamar o namorado que o torres queria conversar com ele.
- Irei almoçar agora dona Carmém, diga ao eu marido que depois irei lá sem
falta. Por acaso sabes do que trata ?
- Não sei, mas imagino que deva ser sobre moradia de Edinho em São Luiz,
disse ela enquanto Flávinho a acompanhava até a porta de saída que dá acesso
a rua.
Às quinze horas.....
Torres estava deitado no sofá da sala cochilando, quando ouve-se
palmas na porta e Carmém correndo para vê quem era, diz ao avistá-lo:
- Querira subir por favor e, virando-se para o marido que permanecia
deitado disse:- é o Flávinho veio falar com você.
Ele levantando-se, paertou a mão do garoto e disse:
- Sente-se e fique a vontade e recomendou a esposa, traga o Edinho até
aqui e avise que o amigo dele chegou, quero conversar a três.
Ela saiu e avisou o filho que apareceu todo sorridente e cumprimentou
o amigo com um aperto de mão e uma batidinha carinhosa no ombro.
- Sente-se ali Edinho, disse Torres.
Depois ele virando-se para aesposa disse:
- Carmém faça um chazinho para nós, vamos papear aqui sob o sabor de
um chá nesta tarde ventilada, pena que está cidade não tenha praia.
- Mas tem a barragem velho, respondeu Edinho sorrindo.
Estavam ali quase todos reunidos e Torres disse:
- Posso lhe fazer uma pergunta, Flávinho ?
- sim, estou a sua disposição, respondeu ele.
-Não zangarás ?
- Não.
- Podemos ter uma conversa de alto nívelç ?
- Da minha parte sim.
Torres continuou:
- Viajei, passei mais de duas semanas longer daqui e aconteceram um
monte de coisas aqui. a primeira delas é que o senhor invadiu a minha
casa, por isso vou lhe perguntar uma coisa muito séria.
- Pergunte.
- És homossexual ?
- Sim.
Todos que estavam na sala se entreolharam e Torres continuou:
- A sua família sabe, disso ?
- Sim.
O edinho é seu namorado ?
- Sim.
Torres calou-se por uns instante e fitou-lhe demoradamente com a
fisionomia fechada.
Flávinho disse:
- Eu jamais invadir a sua casa, o seu filho me convidou para dormir
com ele e aceitei, somente poderia responder ao convite dele de duas
maneiras, aceitando ou recusando, optei pela primeira opção. quero lhe
dizer que eu amo o seu filho, ele é parte da minha felicidade.
- Não sentes vergonha em falar isso para mim, dentro da minha casa, menino ?
- Não posso sentir vergonha por que foi o senhor que mandou me chamar,
além do mais, estou aqui para dialogar e nunca para ouvir os seus
sermões ou,, a sua opinião sobre isso ou aquilo, ou o que gosta ou o
que deixa de gostar.
E virando-se para o filho perguntou:
- É verdade tudo o que ele relatou ?
Edinho abaixou a cabeça e ele insistiu:
- Responda meu filho se tudo isso é verdade.
- É verdade meu pai eu transei com ele, jamais fui forçado a alguma
coisa, eu que o procurei, ele é meu amigo.
Torres respondeu furioso:
- Que doença é essa filho que nunca me falaste, certamente eu o teria
levado ao médico, quando algum dia em minha casa, ouviu eu dizer que
homem transa com outro homem ?
- Eu não sou doente, pai.
E Flávinho completou:
- Seu torres, eu entendo a sua revolta, ela se agita não pelo fato de
eu ser ou não homossexual, mas sim por está envolvido com o seu filho,
certamente fosse uma outra pessoa o senhor não estaria nem aí, mas eu
também não estou doente. Conversei com a minha mãe, não tenho atração
por mulheres, o mque queres que eu faça ? Não furto, não roubo, não
calunio as pessoas, naõ tenho desvio de caracter, o que aconteceu é
que me apaixonei por uma pessoa, que depois de lutar demais essa
pessoa cedeu aos meus galanteios, é um homem de verdade, mas poderia
ser uma mulher. O que o senhor queres, que eu faça ? Que eu me
suicida, que me atire de um viaduto, que coloque uma pedra no pescoço
e me jogue no rio mearim? Isso jamais farei, tenho os meus planos de
vida, meus sonhos,meus desejos,meus sentimentos aliados a essa coisa
ancestral que todos chamamos de felicidade. Eu preciso gozar isso,
senão passarei pela vida apenas como um toglodita. Não vivi apenas
vegetarei. Pessoas como o senhor precisar deixar de encarar
homossexualismo como doença, somos pessoas normais, tal qual o senhor
agente trabalha e se tralha logo produz e se produz paga-se impostos e
tem-se direitos. Eu não me fiz assim, eu sou assim. Tenho a minha
personalidade, o meu caractewr, o meu emprego e aminha independência
economica o que é mais importante. A minha família não me sustenta eu
não causo essa preocupação a elas isso lhe garanto com todas as
letras, elas nada tgem haver com a minha vida particular.
Então torres disse:
- Eu também nada tenho com a sua opção sexual, agente apenas sente uma
frustação enorme, certamete estou decepcionado com o Edinho, pelo fato
dele ser homossexual.
Edinho atalhou:
- Êpa, espere um pouco,não sou viado não senhor,estão engamados, eu
sou o macho rapaz, qual é a sua seu Torres, estás pensando que eu
"mijo" agachado...eu "mijo" é em pé  meu velho. Eu sou espada coroa,
pode botar fé.
Flávinho indagou Torres:
- Por que da sua frustação ?
- Por que o que fazem  é uma violação contra os princípios da natureza.
Ele continuou:
- Violação natural é poluir rios, mares,praias, esgoto a céu aberto,
intromissão na vida dos outros, fingir que é pessoa honesta e no fundo
ser um crápula, essas coisas assim. Isso sim fere os bons costumes, o
resto é conversa para vizinho que não tem o que fazer.
- Vou proibir o Edson de sair com você, isso fere a reputação
dele,estou falando muito sério e posso tomar decisões drásticas, não
contra você, mas contra ele.
Flávinho falou calmamente:
- Será que tens esse poder todo que pensa ter ? Eu o encontrei sozinho
em uma praia em São Luiz e o apoiei. Encontrei jogado no terminal
rodoviario da cidade, estava na rua e sem dormir e levei para a minha
casa, arrumei emprego para ele, lhe pergunto, qual é a decisão limite
que queres tomar ? Parece que estás ficando desorientado. Deixe agente
viover em paz, o tempo é o senhor da razão, esta é a maior filosofia
de vida. Qual é o mal de uma pessoa gostar de outra ? Merece essa
pessoa dser condenada, crucificada de cabeça para baixo, ou ser
atirada viva na fogueira da inquisição, somente por que o vizinho não
gosta e tens-se que pousar como se fosse o paladino da moral e dos
bons costumes ? Agora eu vou parodiar um poeta popular " ... deixe em
paz o meu coração que ele é um pote até aqui de mágoas e qualquer
desatenção, faça não, pode ser a gota d' água.."
Torres levantou-se.
-- 

VIGESSIMO  TERCEIRO CAPITULO

 

PRIMEIRA PARTE

 

 

Torres ficou em pé olhando para Flávinho,  que espichou o braço e disse:
- Tenha uma tarde muito boa, foi interessante conversar com você, és
muito inteligente, siga a sua vida e viva, passe bem.
Segurando na mão  de Torres ele respondeu:
- Se o senhor tivesse feito o mundo como faz tão bem a pintura de um
carro, certamente não haveria sobre a terra: prostitutas,
homossexuais, gls, etc., mas cuidado não esqueça que és apenas um
componete deste sistema o qual eu e o seu filho fazemos partes. Quero
lhe dizer que a mim pouco importa a sua frustação, decepção, seja lá
que nome queira dar, eu luto mesmo é pela minha felicidade e das
pessoas que de uma forma ou de outra se envolvem comigo. Até uma outra
vez  seu Torres e, desceu as escadarias às pressas atravessando a rua
e entrando em casa.
Torres saiu para o quintal deixando Edinho sozinho com a dona Carmém.
- O pai foi muito duro com o cara mãe, disse Edinho.
- Como querias que reagisse ? Indagou ela.
Edinho tornou:
- O pai não vai consertar o mundo, tem que deixar cada um viver a sua
vida, é assim na cidade grande.
- Então quer dizer que reprovas a atitude do seu pai, acha tudo isso
entre você e o Flávio normal, natural e que se arrebentem as famílias
e as pessoas de bem. Nós somos famílias e pessoas de bem e, nós é que
estamos errados, filho ?
- Mãe, viva a sua vida, ou a senhora entende que eu vou deixar a
senhora e o pai adminisdtrar os meus sentimentos ?
Ela chorou e Edinho disse:
- Dá-me um abraço, é a minha escolha,mas saiba que eu te amo tanto.

Quatro meses depois.
Fim de semana.
Às vinte horas estavam sentados em casa apenas o casal.
A televisão estava ligada.
- Tem alguma pessoa batendo palmas, embaixo Carmém, disse seu Torres.
Ela levantou-se, abriu a porta que estava encostada e perguntou as moças que estavam ali:
- O que desejam ?
- Eu sou a  Maria irmã do Flávinho, vim lhe visitar e trouxe a minha amiga.
- Pode entrar, disse dona Carmém.
Elas entraram e Torres deu uma saída rapidamente para vestir uma camisa, mas voltou logo.
Depois de alguns minutos a Maria disse:
- Esta é a minha amiga de infância a Heloísa, agente veio até aqui para conversar com a senhora e o seu Torres.
- Eu a conheço é a ex- namorada do Edinho.
- Ex não,sempre atual.
- Já voltaram outra vez ?
Heloísa sorriu e respondeu:
- Seu filho sempre insistiu e agente nunca terminou.
Torres atalhou:
- O que a minha filha desejas ?
Ela abaixou a cabeça e disse:
- Estou aqui para pedir-lhe ajuda, o Edinho me prostituiu e já fazem quatro meses.
- O que indagou ele de olhos arregalados.
- É o que acabei de narrar, a minha mãe não sabe, eu e ele somos de menos, gostaria de saber qual a titude que o senhor irá tomar paqra poder me ajudar.
- Tens pai, garota ?
- Não.
- Tens mãe ?
- Tenho, mas quem me cria é a minha vó, essa é a minha mãe de verdade. A biológica, me abandonou quando eu era pequena e foi morar muito longe daqui.
- Pelo que estou entendendo a sua vó não sabe do acontecido ?
- Não sabe e se souber me coloca para a rua e, como eu vou ficar, meu senhor ?
O casal apenas ouvia o relato dos fatos de Heloísa que afirmou que todas as vezes em que Edinho vinha a Arari, eles ficavam juntos e transavam, para satisfação deles.
- Quanto tempo demora daqui até a sua casa, querida ? Perguntou Torres.
- De cinco a dez minutois, contando os passos, respondeu ela.
Torres ordenou:
- Vá a sua casa, pegue tudo o que é seu e traga para cá. A apartir deste momento o Edinho lhe assume como esposa e, volte o mais rápido póssível, antes que eu mude de opinião e, sorrindo bateu no ombro dela carinhosamente.
As duas saíram e ele disse a esposa:
- Outra vez esse moleque me apronta, o que é que eu faço ?
Dona Carmém nada respondeu, apenas caiu em prantos, pedindo proteção a Nossa Senhora das Graças e a Bom Jesus dos Aflitos, Salvador do Mundo e Filho de Deus e da Virgem Maria.
Momentos depois ela voltou com algumas besteiras.
- Trouxe apenas isto seu Torres, não tenho nada de valor a não ser a vida. Bom mesmo é o senhor me acolher, contei a minha vó e ela disse que o Edinho precisa falar com ela.
- Heloísa, isso vocês resolvem depois, o que desejo é fazer a minha parte, depois amarreo Edinho e leve ele aonde está a sua vó.
- Está bem seu Torres, respondeu ela toda que desconcertada.
Edinho estava em São Luiz com o namorado.
Torres caminha atér o telefone.
- Alô.
- Quem é ?
- Torres, pai do Edinho.
- Quem está falando é o Flavinho, senhor Torres, como está ?
- Estou bem, o Edinho está por aí ?
- Sim.
- Peça para ele atender que eu preciso falar com ele.
Edinho atendeu o telefone:
- Alô pai, tudo bem ?
- Tudo ótimo agora, meu querido.
- O que o Torres manda, meu velho ?
- Torres não manda nada.
- Então o que dizes? Indagou ele todo alegre.
- Edinho, ouça-me bem.
- Fale pai, estou ouvindo atentamente.
- Aquela garota que você namora e prostituiu, ela está aqui lhe esperando.
- Diga para ela que semana que vem eu vou aí e agente acerta tudo.
Torres ergueu a voz:
- Não seu cabra safado ela já está morando aqui, e no seu quarto ,e quero lhe avisar o seguinte, vai trabalhando, juntando dinheiro, para comprar o enxoval por ela está grávida.
- Pai, o que é isso ?
- Eu te avisei, não reclamas, pedir para fazer uma opção pela vida, ou estudar de verdade, fizeste opção pela vida, então toma que o filho é seu.
Edinho ficou calado e Torres desligou o telefone.

Três anos depois...
Edinho tinha que batizar o filho que estava quase andando e havia levado Heloísa a São Luiz, para passar uns dias.
Edinho agora tinha 19 anos de idade e Flávinho 23, todas pessoas jovens, companheiras, mas agora havia um rebento.
Certa vez Flávinho comentou:
- Com tantos nomes bonitos, por que foste colocar Edinho Segundo, nesta criança tão meiga...tão afável?
- Apenas para honrar o nome do pai, ser um "fudedor" em potencial e sai comendo todo mundo que aparecer em sua frente, respondeu Edinho dando sonoras gargalhadas.
Marcaram o dia e foram para a cidade de Arari batizar o rebento.
Lá Torres e Carmém prepararam a recepção.
No dia do batizado, todos os familiares e convidados foram a Igreja, não faltou nenhuma pessoa.
- Quem é o padrinho do Edinho Segundo ?  quis saber Torrres todo orgulhoso.
- É o Flávinho.
- Por que ele, meu filho ?
Edinho respondeu:
- Por que durante todo esse tempo foi a única pessoa que jamais me abandono, ainda mais quando precisei de um amigo, mais ele apareceu e me socorreu, sempre esteve ao meu lado.
O batizado realizou com muita alegria e depois todas as pessoas que foram recepcionadas pelos avós paternos comiam e bebiam abundantemente, em uma alegria ímpar e derepente tão derepentemente entra Lili correndo e gritando entre os convidados:
- Eu também quero participar dessa festa,se todos que eram de mau, fizeram as pazes e estão aqui reunidos, eu também não ficarei de fora e paz para nós todos.
Quando Lili acabou de falar, todos bateram palmas.
A  festa rolava solta, quando Edinho tomou Flávinho pelo braço e pediu aos convidados:
- Silêncio eu preciso falar.
Todos silenciaram e Edinho com o filho no colo e uma outra mão no ombro de Flávinho disse:
- Gostaria que as pessoas soubessem que aquele que todos chamam de homossexual e ele próprio assume, é o meu nelhor amigo, foi ele a pessoa que mais me ajudou até aqui. Que bom se as pessoas respeitarem as preferencias sexuais dos outros e passarem a ver como individuos que teêm alma, sentimentos, famílias, por que essas pessoas são demasiadamente carinhosas e muito leais.
Todos bateram palmas.
Todas as pessoas divertiam-se e num canto dona Lúcia e dona Carmém conversavam sem parar, o pai do flávinho apareceu e sorrindo disse:
- Eu entrei nessa história e não posso sair calado.
Os outros irmãos de Flávinho exceto a Maria riam muito e disseram em uma única voz:
- Não esqueça que nós também existimos.
Depois Edinho chamou Flávinho no quarto e disse:
- Dá-me um selinho.
Flávinho aceitou e deu.
Edinho lhe disse:
- Este é o último sinal do nosso relacionamento, agora somos compadres de alma e isso não fica bem perante a Lei de Deus. És meu compadre e padrinho do meu filho, caberá a te, da-lhes conselhos virtuosos e úteis.
Flávinho virou para ele e deu-lhe um abraço muito apertado e foram para o meio da mukltidão de convidados participar da festa.
Depois Flávinho encontrou Heloísa e disse:
- Sejamos eternamente amigos, a vida precisa continuar, agora sem mim, fique com o seu marido e tome conta dele, lembrem-se do seu filho e da sua família, esqueça tudo e não olhe a vida pelo retrovisor.
E beijou abraçando-a em seguida.
Edindo disse a dona Carmém e ao seu Torres:
- Me perdoe por tudo, eu queria apenas ser feliz.
Ambos sorriram e abraçaram o filho, juntamente com o neto e a esposa.
Flávinho disse a Torres:
- A vida é bela, eu sou feliz cara, e você.
Torres apenas sorriu e disse:
- Você é inteligente demais.
Edinho disse a Flávinho:
- Eu sou eternemente grato a você, pela felicidade que estou vivendo agora.
Flávinho respondeu:
- Eu te amo.
Ambos sorriram e cada um foi para o seu canto comer, beber e dançar, afinal é festa de batizado.
Lá pelas tantas Edinho disse:
- Façamos da vida uma arte de viver, sempreconceito, sem descrimar as pessoas, respeitando todos os seus direitos,assim eu posso dizer que sou feliz, por que eternamente cultivei a amizade de uma pessoa, que um dia sonhou comigo, mas que não esqueceu jamais de me ajudar. Façam de cada amizade uma arte.
- Eu te amo
E o autor ama perenemete a cada um leitor.

 

                         
                                           ...........     FIM     ...........

                                            São Paulo, 14 de Outubro de 2005
                                            16:24 hs.
                                           ...quando da minha estado no albergue do Glicério. 
  


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