segunda-feira, 4 de outubro de 2010

OITAVO CAPITULO DO ROMANCE LUCIANNA.





OITAVO CAPITULO DE  LUCIANNA.


Segundo domingo de Setembro, é dia de mais de dezoito batizados.
Um dia quente, o sol escaldante, queimava  na sombra a pele das pessoas, isso fazia com que as pessoas irritava-se facilmente.
Também ali, da Rua  padre José da Cunha D'Eça, saía em direção à igreja Matriz a família Peres, conduzindo a filha, rodeada por convidados, onde todos pareciam fazer do olhar uma exaltação á emoção.
Raquel e Demir, os padrinhos, com suas vestes empolgantes fazia as pessoas ficarem admirados com tamanha elegância. Dona Ilvã, havia pintado os cabelos de amarelo ouro e cortado a tamanho médio deixava quem a visse estuperfato, jurando a si mesma, ser uma replica de uma à la Dercy.
Quincas, vestia-se normalmente como qualquer cidadão que está preparado para responder pelo que possui. Ou então pelas clausulas que persegue a vida do nordestino sofrido e marginalizado. Lucianna, a dona da festa, como não poderia deixar de ser, exibia a sua estética infantil superando a dos adultos. Uma calcinha azul celeste que eliminava as fraldas, tôcas que lhes revestia a cabeça protegendo-lhes a bregma e, sem as vestes que cobrisse o pequenino busto infantil devido ao forte e quase insuportável calor.
Enquanto isso, do outro lado da cidade, Leonardo que convidou o vigário para ser o padrinho do seu filho, também marcaria presença na Igreja, naquele dia onde iria observar sem que nenhuma pessoa percebesse as condições da filha, após mais de quatro meses de abandono.
Antes da cerimonia Batismal, o vigário comentou com pais e padrinhos:
-  Caríssimos fiéis, estamos aqui reunidos por que vós pais e, padrinhos teem sobre os ombros uma responsabilidade imensa. Ser padrinho, não resume apenas, em entrar e sair com o afilhado  carregado da Igreja ou então recitar automaticamente a expressão Deus te abençoe. Não é isso não meus irmãos. Ser padrinho, é zelar pelo afilhado, por esse inocente que vós responderão as perguntas tomando amplas e totais responsabilidades pelas quais estão eternamente juntas  à vocês. e lembrai-vos, são todos vós responsavéis religiosamente pelos destinos das almas destes meninos, que hoje neste momento com alegria e para satisfação  Divina, trazem até aqui. Muitos são os que nada sabem disso. Outros imaginam que ser padrinho, é simplesmente sentir a emoção de chamar uma outra pessoa de compadre ou de comadre. O  batismo, todo mundo sabe, é o sinal que marca o Cristão para sempre.  com essa marca ele chega até Deus. Qualquer pessoa que indagar, o que é ser cristão ? Terá a resposta, ser Cristão é ser batizado, em nome de Jesus Cristo.Mas é bom estarmos atentos, ser cristão não resume-se apenas a está resposta, por que precisa-se seguir a Cristo de verdade e, por isso são muitas as variavéis, para definir o que é ser Cristão.
Cristão - a própria palavra parece definir, vem de Cristo, que também da origem  à palavra Cristianismo. É o cristianismo que forma esta grande camada humana que reveste a terra, apesar de existir outra seitas, apesar dos pagãos.  E acho que vale apenas eu dizer que mesmo entre os batizados, tem gente que faz tudo ao contrário. Isso é muito triste, meus amados irmãos, mas infelizmente é verdadeiro. Por exemplo, não foi a força de dizer não, que levou Poncio Pilatos a lavar-lhes as mãos, mas por que sem nenhuma autoridade moral, ele deixou que o povo fizesse o que bem entendesse. Do mesmo modo, com o mesmo comportamento existem vários Pilatos, ou no mínimo repetem os seus gestos.
Após essa pequena preleção o vigário trocou a roupa pela batina  branca e passou pelo pescoço uma faixa de cor vinho e deu-se inicio a cerimonia do batismo.
Olhando demoradamente para Raquel, indagou:
- Lucianna Peres  Martins, renuncia a tudo para servir a Cristo ?
- Renuncio, respondeu Raquel.
- Lucianna Peres Martins, credes, que somente Cristo é o Todo Poderoso ?
- Creio.
- Lucianna Peres Martins, como cristão, promete amar o teu próximo, amando-o, para que se concretize o Primeiro Mandamento da Lei de Deus ?
- Prometo, respondeu outra vez, Raquel.
As mesmas interrogações foram feitas para os demais padrinhos dos batizantes, sempre ouvindo as mesmas respostas.
Quando banhava a cabeça do afilhado, parou repentinamente e, virando para o lado em que encontrava-se a família  Peres, indagou:
- Essas  duas crianças,, são irmãos ?
- Não padre, a mãe dela  sou eu, apressou-se em  responder a dona Ilvã.
- Tens certeza que não são irmãos ? tornou a interrogar admirado.
- Não senhor, tornou a responder a mulher.
E passando as mãos pelo rosto de Luciano comentou:
- Mas que rostinho lindo, narizinho bem feito, semelhante ao da menina, quanto aos olhos, sinceramente dispensa comentários.
Enquanto o padre, pedia explicações para a sua dúvida, Leonardo pensou:
- Será que agora eles irão descobrir o inesperado ? Mas o meu santo vai me proteger, não será neste momento que a minha casa irá cair.
Curioso, o vigário  continuava:
- Essas duas crianças do mesmo tamanho, as vezes com os mesmo gestos infantis, só não aposto que são iguais por que são de sexo diferentes, no mais para mim, em tudo eles se identificam e, cossando a cabeça continuou: - mas, esqueçam isso, deve ser fases da lua.
Dona Ilvã, que sempre respondia as interrogações do padre, indagou impaciente:
- Que passas pela sua cabeça, seu  padre ?
- Que ambos, são gemeos, respondeu secamente.
- Mas, não os são.
E virando-se para Leonardo, afirmou:
- Como o seu filho e meu afilhado parece com a filha dela, desde os nomes.
E com um olhar tristonho Leonardo, respondeu:
- São as circunstancias da vida meu compadre, muitas são as pessoas que se parecem umas com as outras e as vezes nem são vizinhos, quanto mais parentes.
- É isso mesmo, afirmou Quincas que ouvia a conversa.
Alegre o padre recomendou:
- Façamos todos um pouco de silencio, para que possamos abençoar as crianças.
Eles calaram todos, mas houve quem emocionados puderam chorar, uma demonstração de amor, de dever cumprido de contentamento.
Depois de alguns instantes, ele abriu os braços e fez um gesto onde todos entendiam que daquela maneira ele tocava em todas as crianças e, foi dizendo:
- Senhor, iluminai estes inocentes que neste momento recebem a vossa Luz, façais deles autênticos cristãos, para que sejam pontes e, ajudem-nos uns aos outros. Iluminai, para que estas crianças, sejam um veneno contra o mal, que eles saibam combater o ódio, a discórdia e, tudo oque venha nos contaminar para aflorar a desunião entre todos os povos. Iluminai os vossos caminhos  Ó Pai, para que não caiam na tentação do desvarios, que parece atualmente a inibir a nossa mocidade, afastai-vos deles ó  Pai,, a vontade de serdes inimigos da Igreja, pois desta são todos os vossos filhos. Que eles cresçam na Paz do Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo.
Todos os presentes responderam, amém.
Terminada a cerimonia do batizado o que se percebia eram os carinhos nas crianças, cada um ao seu modo, enquanto que do lado de fora da Matriz, um homem somente conformava-se contemplando o céu ao lado do filho.
Caminhando vagarosamente o mesmo homem falava baixinho, como quem estava saudando o filho, dizendo:
- meu amado, vós sois a minha única esperança, quando cresceram lhe colocarei no melhor colégio desta cidade, para que tenhas um futuro nobre e descente. O perigo que eu sentia de alguma coisa é se a tua mãe, viva fosse, mas por covardia e medo da realidade, suicidou-se, por isso todos os males que nos rodeava, foi-se. Agora, vamos para casa, lá tomarei um cafezinho e terás o mesmo significado, que teem o de um rico.
Como o menino ainda nem falava, ele contentou-se a sorrir e foi saindo na direção da casa em que morava. E as pouco o povo foi deixando a Matriz e pela cabeça do moço, passava mil coisas e, de tanto indagar a consciência e o seu íntimo, esqueceu das passadas largas que dava e logo chegou à porta da casa.
Abrindo a porta, encontrou um bilhete que dizia:
"
Luciano, vai passar o dia na minha casa, hoje. Assim que voltares do seu batizado.
Não podeis e nem queira faltar.
Grata a vovó......
                  ..... Hermínda.
                                          "
Leonardo leu o bilhete e, nem sequer largou o garoto e rumou-se para a casa da velha.
Ela já o aguardava quando chegaram.
A viúva colocou na sala uma mesa imensa, rodeada  por quinze cadeiras e, em cada cadeira uma criança de  no máximo 10 anos de idade, e sobre a mesa um bolo com a inscrição: "LUCIANO MARTINS", o meu netinho muito amado.
Ao receber o menino, ela falou:
- Leonardo, não me chames de convencida, a verdade  é que eu gosto demasiadamente desta criança e, como sabes que jamais tive um filho, logo sou a avó dele.
- Tudo bem, respondeu ele alisando os quatro pés de cabelo que lhe servia de barba e continuou: - tens sido mais que uma avó para o meu filho, não só para ele, mas eu sou grato a vós, infelizmente não poderei te pagar, mas sei que a vida é um eterno lutar e nunca dividir. A vida, é ir á luta de verdade.
Ela ouvia a conversa e partia o bolo para todas as crianças presentes, era um bolo muito grande. O primeiro naco, foi para o netinho adotado, minutos depois a casa encheu de gente e a algazarra ampla, geral, tomou conta de todos.
Claro que na casa de Peres, a festança foi mais sofisticada.
Depois da festa quando os comes e bebes já havia terminado, Ilvã  recordou-se:
- Mas o que o padre pensou,, terá ele ima...
Nem acabara de completar a frase, o velho Quincas, atalhou indagando:
- Compadre Demir, qual a sua opinião sobre aquela conversa fiada do padre ?
Olhando para o teto, como quem procurava uma resposta e ,deixando o velho Quincas, impaciente com a sua demora, não deixando Demir responder continuou: - ele não fora sincero, ele rasgou o meu humor com aquele colóquio sem graça e sem rimas, sentir que ele quis menosprezar a minha filhota.
- É verdade, Quincas, afirmou Ilvã do outro lado.
- Não é isso, não. Ele fez nada mais, nada menos do que uma comparação, retrucou Raquel a comadre e madrinha da menina.
- Minha comadre a minha filha não tem nada parecido com aquele menino, basta dizer que são de sexos  que se diferem.
- Isso, não faz-se distinguir a semelhança., tornou Raquel.
- Aquela criança, é mais morena, tornou Quincas.
- Não, o senhor está enganado, insistiu ela.
A festa chegava ao final, e a duvida continuava entre eles, por não saberem por qual motivo o padre ter comparado o casal de meninos, como se fosse garotos separados.
Resta-nos, somente esperarmos crescer, para as dúvidas sejam sanadas.
Aí, todos concordaram.
 
 



     
 

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