terça-feira, 5 de outubro de 2010

VIGESSIMO TERCEIRO CAPITULO DE LUCIANNA



VIGESSIMO TERCEIRO CAPITULO DE LUCIANNA



A noite úmida e a cidade banhada pelo lamaçal, ainda assim a mocidade não deixava de ir até a Praça da Bandeira, para colocar em dias as conversas de bares e botequins.
E Luciano está ali solitário entre tantos outros, quando percebe que Lucianna se aproxima dele, ele meio que desolado ao vê-la, mas segurou o nevosismo, mas ela foi se aproximando dele e perguntando:
- Ué Luciano, qual é a tua ?
- Diga meu, o que é que há, e foi logo beijando-a.
- Luciano, qual é a tua ? tornou a perguntar pela segunda vez.
- Não estou entendendo o que me perguntas.
- Estás pensando que somente pelo fato de eu gostar de te eu vou ficar a vida inteira me arrastando para te encontrar ? Não acredites nisso por que a vida ficou para ser vivida e não vegetada, não pense que vai ficar me enganando a vida toda, se não quer mais me namorar chegue e fale que agente termina e tudo fica numa boa.
- Calma, minha amada, nada é como tu está imaginando, sabes perfeitamente que eu te amo, já disse que és a mulher mais bela desta terra, eu te amo e sempre te amarei e jamais deixarei de te amar, para mim tu sempre será um complemento para a minha vida, só que agora estou te amando de um maneira diferente, estou te amando na verdade de um jeito que só tu merece, um amor fraterno.
- Qual é Luciano ? Perguntou ela outra vez.
- Acalme-se e ouça o que estou te falando, tens o direito de me ouvi e como falei fazes três anos que estamos com este romance, descobrir muita coisa, muitas são as surpresas. E metendo a mão no bolso, puxou a carteira e dela a foto e mostrou dizendo;
- Conheces está pessoa ?
Ele ficou calada e ele continuou:
- não é para ler o que está escrito atrás.
E ela disse:
- Parece comigo, quando eu era bebê, o meu pai mandou tirar uma foto minha quando eu tinha um aninho, parece com esta, é igualzinha, igualzinha não, quase semelhante, veja o meu narizinho, os olhos se parece com os meus, não achas ?
- Não será tu ? Perguntou ele.
- Quem sabe, respondeu ela.
E ele perguntou novamente:
- Tu se acha parecida, comigo ?
Ele calou outra vez e ele tornou:
- Fale, não fique muda, por acaso perdeste a língua ?
- Até logo.
- Lucianna....Lucianna, ele berrou enquanto ela foi-se afastando cada vez mais para longe.
Ele ficou ali no banco curtindo a solidão do tempo e observando as águas do Mearim que subia rio acima.
Ela foi para casa, era um pouco tarde da noite, mas ela não estava preocupada com isso. Chegou encontrou a governanta na porta que lhe perguntou:
- O que desejas, menina Lucianna
- Podes ir até o meu quarto, agora ?
- O que houve ?
- Lá eu te falo.
As duas foram para o quarto da jovem, sentaram e a menina falou calmamente;
- Eu te chamei aqui, por que sou sincera e sempre serei sincera contigo.
- Podes dizer o que desejas, menina Lucianna.
- Desejo saber a verdadeira versão daquele assunto que tu e a minha mãe estavam conversando, quando adentrei a sala naquele dia.
- Qual dia ? Fingiu ela como se estivesse esquecida.
- No dia em que entrei na sala e falavam de filhos adotivos.
- Esqueça isso menina, imaginas que estávamos falando de ti.
- Vai Júlia, comenta, me fale a verdade, eu tenho mais ou menos base do que falavam naquele dias, por favor não represente agora, até por que és uma péssima atriz, por que mentir se todos sabem da realidade ?
- Qual é a realidade, meniana ?
- Vamos Júlia, não represente.
- Eu, nada sei.
- Me ajude por favor.
- Quer saber da verdade Lucianna, eu não sei de nada, procure a sua mãe que ela lhe narra do que conversamos, vá dormir menina, por que estás tão preocupada com bobagem ?
- Nada de bobagem, estou mais ou menos sabendo o que esta acontecendo, não adianta fingir, vamos eu sei de tudo, eu sei que a dona Ilvã, falou alguma coisa para ti, diga, não me engane, não adianta mentir.
Olhando demoradamente para Lucianna ela disse;
- É ela me falou uns casos ai, sobre tu.
- Que caso ? Revele-me, para eu ver se é na realidade como percebo que é.
- Menina Lucianna, por que estás tão interessada nisso ?
- Calma Júlia, me conte realmente o que a dona Ilvã te falou.
- Eu vou ser franca contigo, mas pelo amor de Deus não envolva o meu nome, se algum dia quiseres revelar ao seu Quincas que ele não é o teu verdadeiro pai, faça do jeito que quiseres, mas nunca diga que eu falei alguma coisa.
- Júlia, eu quero saber, é o que ela te falou, a dona Ilvã ?
- Ela falou o que tu já deves saber, que tu és uma menina adotada, mas até hoje não conseguiram encontrar o teu verdeiro pai, por quer tu foste depositada na porta deles dentro de um cofo, é isso que queres saber ?
- Ele olhou para Júlia e disse:
- Pare jula, agora podes ir para o teu quarto.
A menina sentiu o golpe, ela chorou bastante, ela nunca imaginou que fosse filha adotiva e nem esperava saber que fora abandonada pelos pais.
Júlia saiu do quarto e a menina lastimou-se:
- O Luciano, deve saber de alguma coisa, talvez por isso ele tenha mudado repentinamente o comportamento dele para comigo, e aqueles professores ficam enchendo o saco dizendo que parecemos um com o outro, sendo assim o meu pai é o mesmo do Luciano. Mas, ele não poderia ter agido assim, por que motivo ele me abandonaria dentro de um cofo ? Mais antes ele tivesse me jogado no fundo do mar, com uma pedra amarrada no pescoço. Pelo menos no fundo do mar os peixinhos faziam festa com o meu corpo e não deixava eu ser espancada assim, como sou hoje, simplesmente roçavam em mim, suas escamas e seus pelos lisos e frio. Na verdade se essa conversa for verdadeira eu não passo de uma gata borralheira, em sala de lobo.
- Não te apavora com isso Lucianna, disse Júlia.
- Não estou apavorada, estou é decepcionada.
- Não devias te falado nada a te.
- Eu já sabia, é apenas mais uma página para o meu diário, entendeu ?
- Vou te pedi, esqueça isso.
Ela virou-se para a governanta e disse outra vez;
- Vou te pedir, sai daqui, quero ficar só. E levantou-se olhando demoradamente para a governanta e, quando esta ia saindo ela tornou a dizer:- Amanhã, me chame bem mais cedo do que de costume. bem cedo. quero encontrar com o meu namorado, o meu irmão e saber da verdade, quem é o meu pai.
- Menina Lucianna, esqueça isso.
- Júlia, faça o favor de ouvir as minhas ordens.
- Tudo bem, respondeu ela retirando-se do quarto e caminhando pelo corredor, enquanto a menina indagava:
- Por que só aparece problemas em minha vida  ? Por que tanta luta contra a minha pessoa, enquanto muitos estão aí jogados como filhos sem pai. O que fazer agora meu santo ? Tanto que faço. Rezo pela preservação da paz, enquanto muitos dizem que a paz e amor sempre resume-se em nada, principalmente quando não pretendemos dar, mas na realidade só os bons romances merecem amor. O meu por exemplo não foi um bom romance por que, namorei quase três anos com o meu próprio maninho, o beijei não como mano, mas como se fosse o meu eterno namorado e, até  pensei em marcar o noivado, mesmo contra a vontade dos velhos, e entendo que tinham razão e somente agora entendo, do por que eles serem contras. Sendo assim meu doce e hábil sentimento, jamais poderei ser culpado do meu romance ter sido um fracasso, porém agora só me resta imaginar o que eu vou fazer. Cruzar os braços ? Não. Não, isso eu não vou fazer, isso só se comunga com o comportamento da mulher mediana, agora a minha vida mudou, vou reunir a turma e narrar esse caso detalhadamente e, certeza tenho que ele sabe de muito mais caso do que eu. Sei que  conseguirei alguma coisa, afinal Deus é uno, e verdadeiramente deixa as coisas acontecerem naturalmente. Todos os homens se amam com o seu jeito de ser, por uma conversa aceitável, por não permitir preconceito jamais, como eu sempre agir e estamos nós é verdade em uma época de abertura e não é justo que uma mocidade que se diz moderna e atualizada aceite preconceitos, portanto seja lá o que for, eu jamais esquecerei da cena que fiz com o meu namorado e irmão. Ainda não deve ser tempo dele me procurar para restauramos as vidas. O que fizeram comigo não revelando nada foi uma injustiça e, sempre irei combater a injustiça, mesmo quando ela é usada como vingança. E jamais, jamais esquecerei que a governanta me dissera que eu fui deixada dentro de um cofo, como fosse eu um lixo qualquer, não posso aceitar isso, e se eu pudesse gritar agora para que todos os povos da terra me ouvisse, eu diria " HOMENS DO SÉCULO  VINTE, É HORA DE CESSAR O ÓDIO, A MÁGOA E FAÇAM NASCER NA TERRA A PAZ, O AMOR, A JUSTIÇA" por que , a mim, só me resta deitar e dormir.
Ela sentou-se na cama e olhando para o céu exclamou:
- Qual é o mal meu Senhor, para pague uma pena enorme ?
Ai ela deitou-se cobriu-se e dormiu.
No dia seguinte...
Muito cedo a governanta bateu á porta do seu quarto,a Ilvã percebeu e vagarosamente  abriu a porta um pouquinho sem fazer barulho para ver, o que acontecia e viu Lucianna andando pelo corredor, como quem ensaiava alguma coisa. ainda de chambre a menina parecia esta se preparando para uma apresentação. Ela olhou, observou e depois de muito tempo, interrompe a filha perguntando:
- Que fazes a está hora de pé ?
- Por que me vigias, mãe ?
- Quero apenas saber aonde vais, está hora ?
- Eu é que preciso saber, por que esconde tanto de mim a verdade, se eu já sei que não sou filha legitima dos senhores.
Muito assustada e levando a mão à boca ela perguntou:
- Quem te falou, isso ?
- A vida nada esconde de ninguem, no individualismo de cada um é que se esconde as vaidades principalmente quando percebemos que estamos misturados com a falsidade, a hipocrisia, com os plutocratas, ou então quando os ímpios começam a querer mostrar ao mundo as suas qualidades. Por que eu nunca esquecerei que a inveja é um ato dos covardes e preguiçosos, ela é a mana dos roubos, da vingança e, esses comportamentos mesclados à falsidade ou covardia, entenda como quiser é que fere as personalidades das pessoas.
- Com quem está aprendendo estas palavras bonitas, Lucianna ?
- Com a vida, ela também tem a versão do amor, não somente da dor, da safadeza, da sem-vergonhice, da mentira,do gostar, dói saber, do querer, e principalmente ela ensina a força de toda pessoa querer ser ela mesma, afinal a vida não aceita fantasias.
- Como tu estás sagaz.
- Não estou sagaz coisa nenhuma, desejo e tenho o direito de saber quem é o meu verdadeiro pai,senão vou por a boca no trombone e terei a força que descobrir a minha descendência. Por que o meu mano eu já descobrir e já  o encontrei.
Ela ouvia tudo, ficou pálida e amenina perguntou:
- Por que ficas pálida com a verdade, mamãe ?'
Lucianna, correu para o quarto, a mãe também e pôs-se a andar de um lado para o outro sem fazer nenhum ruido. Lucianna, bufava de raiva por não ter obtido nenhuma r4esposta da mãe. A Ilvã esta indecisa sem saber o que fazer, ela não saberia qual seria a reação da menina se afirmasse alguma coisa. De tão agita e insegura que ficou, começou a acariciar o rosto do esposo que acordou. Quincas não era um homem rustico, mas as vezes deixava a desejar em suas relações de intimidade com a esposa, ela na verdade era uma amante de prostitutas, e para elas exibia sem cerimonias as suas riquezas e benesses em bares  e botequins, adorava um a mesa de carteados em cassinos, sem que nessas horas se importasse com o pobre coração.
- Quincas...Quincas !?
- Falas, o que tens ?
- Estou sem sono, respondeu ela.
- È querida, como gosto de ver assim, vestida e toda sex.
- Mas, não é a primeira vez que me ver assim, respondeu ela.
- é claro que não. E sorriu meigamente dizendo:- sente-se aqui, disse mostrando a beira da  cama e continuou:- o que fazes acordada a esta hora ? e olhando para o rtelogio continuou:- agora são seis horas da manhã, ainda é muito cedo, além de que hoje é uma quarta feira. Por que e para que levantar tão cedo ?
- Querias conversar demais contigo, sobre a Lucianna.
- Fale, mas fale baixinho para que ela não nos ouça. O que ela aprontou dessa vez ?  Será que ela está querendo acabar com os nossos dias de vida ?
- ela não aprontou nada, somente acho que chegou o momento de dizer a ela que somos apenas pais adotivos dela.
- Não. Não faça isso, para que falar, qual 'o benéfico que iremos ter ?
- E quando ela descobrir ?
- Não pense nisso Ilvã, nem eu mesmo sei quem é o pai legitimo dela. e tem mais nem a governanta jula poderá saber desse assunto, isso é uma coisa totalmente proibida aqui de se comentar. Se acontecer dela saber as coisas se complicam, ou já falaste alguma coisa para ela ?
- Não. Não falei nada
O casal estava no quaro, mas Lucianna e a governanta trafegavam pela casa. Lucianna estava diferente dos outros dias, tinha um pedaço de pano amarrado na cabeça, um lenço vermelho pendurado no pescoço e um chambre fino sobre a camisola deixava transparecer as pernas torneadas e elegantes. Sentada á mesa percebeu que o casal havia levantados. Recebeu a benção deles enquanto eles cumprimentavam a governanta, ela foi dizendo;
- Seu Quincas, quero falar contigo.
Ele respondeu:
- Não tenho tempo a perder, vai estudar que tem melhor resultado, disse em tom grosseiro e, saiu para o banheiro social da casa, enquanto Ilvã olhava desolada para afilha.
E a menina perguntou:
- Estão escondendo alguma coisa de mim ?
Momentos depois ele voltou para a copa e todos sentaram à mesa, serviram-se do café, com exceção de Lucianna, que apesar de está ali presente não ingeriu nada.
- Pai...? ! ...pronunciou ela, enquanto Ilvã olhava assustada para Júlia, em uma demonstração de insegurança, medo e malícia.


Nenhum comentário:

Postar um comentário